Antes de avançar sobre a análise final, devo dizer que a nossa situação foi tão dramática em nossos últimos dias, que nem deu tempo para entrar em depressão. Alheio ao teórico fim da banda, decretado naquela reunião fatídica de 17 de dezembro de 1987, já no dia 21, eu estive no Rio de Janeiro para efetuar vendas do LP The Key em diversas lojas pela cidade, e também por Niterói.
A trabalhar como um burro de carga, literalmente, carreguei caixas de discos por diversos bairros, a usar ônibus e metrô, com sofreguidão.
Por conta do apoio do presidente do fã-clube d'A Chave do Sol no Rio, Ricardo Asmann, eu concedi entrevista na emissora de rádio, Transamérica FM do Rio, em 21 de dezembro, com o meu estado psicológico bastante abalado, mas sem poder falar em hipótese alguma que a banda acabara... falei sobre o novo disco recém lançado, e as perspectivas de shows que realmente estavam marcados para janeiro de 1988, como se estivesse tudo às mil maravilhas. E foi horrível, é claro, pela angústia que eu sentia internamente.
E também incólume à esse imbróglio, matérias e resenhas estavam a ser publicadas e continuariam sair na virada de 1988, ao enfocar o novo disco, fora entrevistas que já havíamos concedido anteriormente, e que só foram publicadas a posteriori.
Reproduzo neste capítulo tal repercussão do disco, mesmo ao avançar sobre o período de 1988, quando a banda simplesmente não existia mais.
Ao tratar-se do jornal, Folha de São Paulo, onde um certo editor desse periódico disse certa vez que a melhor banda de Rock vinda da cidade de Liverpool, Inglaterra, teria sido o "Echo and the Bunnymen", obter uma resenha discreta e sem depreciação, foi até para ser considerado como algo positivo.
Essa nota publicada nesse jornal popularesco (Notícias Populares), que era conhecido em São Paulo, como "espreme sangue", tamanha a sua apelação para o sensacionalismo do "mundo cão", foi forjada na base da força de vontade. Fruto raro de um contato que nos fora proporcionado pelo inoperante Studio V, em 1986, eu mesmo não tive preconceito em ir à redação e abordar a jornalista, Sonia Abrão. Era uma época onde a triagem em redações de jornais mainstream ainda era frouxa, portanto, fui diretamente à sua mesa e abordei-a. Ela me tratou com simpatia, mas claramente não se lembrara de mim por conta de termos participado de seu programa de rádio em 1986, mas publicou a nota, ainda que tenha sido uma mera reprodução do press-release oficial do LP.
Um amigo no Rio de Janeiro me colocou em contato com um colunista da Revista Amiga, que cobria tradicionalmente o mundo da TV, sobretudo as novelas. Mas esse rapaz mantinha uma coluna de Rock e Heavy-Metal e portanto, não perdi a oportunidade, e lhe entreguei o material em sua residência no bairro da Lagoa. Uma resenha curta, mas bem positiva, foi publicada então.
Foi muito boa a matéria do jornalista do "Popular da Tarde", de São Paulo, Arnaldo Branco Filho. Só o enaltecimento que fez no primeiro parágrafo, foi notável e explicara muito de nossa trajetória ter tido tantos percalços para penetrar no mundo mainstream. Dá para notar que na maior parte do tempo, usou o nosso press-release como base, mas ele soube dar sua interpretação e também foi feliz por incluir adendos pontuais.
Sempre foi bom ter apoio em jornais de bairro, um tipo de imprensa de pequeno porte, mas muito eficaz ao meu ver, pois mesmo tendo uma pequena tiragem, geralmente mantinha um padrão de público leitor, fidelizado. Neste caso da Gazeta do Tatuapé, bairro da zona leste de São Paulo, onde eu morava na ocasião, o destaque foi bem interessante, apesar do texto ter sido a mera cópia do nosso press-release. Mas melhor isso, com um texto bem explicado sobre o disco, ao texto controverso da parte de certos jornalistas incautos que escrevem asneiras, ou pior ainda, da parte de "inimigos" declarados e comprometidos com estéticas antagônicas, e que vão falar mal do seu trabalho, sem ao menos ouvi-lo.
Outro exemplo de jornal de bairro, o Jornal da Paulista circulava por bairros que são cortados pela avenida Paulista, como o Paraíso, Cerqueira César e Consolação. Tratou-se de uma nota curta e baseada no press-release, mas claro que ajudou.
Mais um exemplo de simplicidade franciscana, mas útil no cômputo geral, tivemos com a Folha Metropolitana.
Do mesmo grupo editorial da Folha Metropolitana, o Metro News era outro jornal distribuído gratuitamente em estações do Metrô, bem cedo para os seus usuários. E neste caso, tal publicação apenas replicou a nota do seu coirmão.
Ah, se não tivéssemos Leopoldo Rey como amigo, jamais teríamos resenhas na Revista Bizz, naturalmente comprometida com o enaltecimento e manutenção do status quo de estética vigente das correntes derivadas do Pós-Punk. Tirante a informação errônea de que os nossos discos anteriores eram "totalmente instrumentais", a resenha foi bem simpática e ser comparado ao Deep Purple, uma grande honra, embora eu desconfie que ele se referiu ao trabalho do Deep Purple no pós-1984, portanto kilometros distante de seus melhores dias...
Na revista Metal, mais uma resenha ótima do grande crítico, Tony Monteiro, detalhista e sempre isento, pois mesmo sendo nosso amigo, nunca deixou de apontar aspectos negativos quando os detectou. Ainda bem, ele enxergou muito mais méritos do que deméritos no nosso disco.
Na mesma edição, em outra página, uma nota a nos citar, sob uma análise sobre o panorama de 1987. Soou engraçada a afirmação quase jocosa da legenda da foto, ao nos designar a alcunha de: "Hard-oxigenado", ao estabelecer uma clara alusão ao cabelo tingido do Beto.
Resenha na mesma edição n° 43, da revista Metal, sobre o nosso show no teatro Mambembe, no início de dezembro de 1987. O Tony Monteiro citou o desconforto do Azul Limão, que eu revelei em capítulo anterior, e na sua opinião, seu set fora longo demais, fator que eu não achei na hora, mas nesse caso fez um certo sentido a animosidade do público, apesar da detestável demonstração de bairrismo que eu me lembro que ocorreu, também.
Covardia total, mas foi Eduardo Russomano quem assinou essa resenha do PL The Key para a revista Rock Brigade. Entretanto, a despeito de ser nosso amigo, roadie e ex-funcionário, o Edu escreveu bem, e acho que não transpareceu ao leitor comum, que talvez não fosse muito correto ele ter escrito, por questões éticas de conflito de interesses.
Uma opinião forte da parte da jornalista, Amanda Desireé, a escrever pela revista Roll, deu conta de que o preconceito contra bandas do mundo pesado sempre foi grande na mídia mainstream e ao mesmo tempo, ela nos tirou desse espectro, quando deixou claro que o nosso trabalho era bem mais ameno...
Eu e Beto concedemos essa entrevista para o jornalista, Tony Monteiro, que foi publicada na revista Metal, n° 43. O tom de desilusão e medo pelo futuro sombrio mostra-se terrível, e refletira o que passávamos nessa época que precedeu o lançamento do disco, e quando a matéria foi publicada, os nossos piores temores já haviam se confirmado, infelizmente...
Eis acima uma entrevista conduzida pelo Eduardo Russomano, para a revista Rock Brigade. Bem, quando iniciou a falar sobre a ex-empresária, Sonia e o Studio V, o Edu sabia de cátedra o quanto aquela associação nos fora prejudicial...
Nota em um fanzine do México, chamado: "Heavy-Metal Suterraneo", onde o Eduardo de Souza Bonadia, da Rock Brigade, era correspondente no Brasil.
Essa matéria não tem assinatura, mas acredito ter sido escrita pelo jornalista, Sérgio Martorelli, para a revista Roll. Ela é boa em linhas gerais, mas dá os seus pitacos em alguns pontos negativos do novo trabalho que lançáramos, principalmente no quesito das letras usadas nas canções. Bem, nesse caso, receio que ele teve razão em criticar, pois o excesso de romantismo que o Beto imprimiu nas suas criações, foi realmente um ponto negativo.
Uma resenha que eu infelizmente perdi para o portfólio, mas é digna de nota, saiu no Jornal da Tarde de São Paulo. Nela, o crítico nos massacrou impiedosamente e ao salientar sobre as nossas letras, as qualificou como "ginasianas", ao fazer menção à sua infantilidade romântica. Infelizmente ele teve razão, igualmente.
Na revista Metal de janeiro de 1988, ficamos bem cotados na lista dos "melhores de 87".
E lá estava novamente o Leopoldo Rey a nos colocar na revista Bizz, em um ranking de melhores discos de 1987...
Resenha sobre o show do Teatro Mambembe em dezembro de 1987, e na mesma edição, houve uma nota sobre a formação da banda dissidente, que forçosamente eu e Beto tivemos que formar a seguir, e que foi publicada na revista Rock Brigade, em janeiro de 1988.
Na revista Metal nº 46, estávamos em 7º lugar no ranking de vendas de discos, em meio a uma lista mesclada com lançamentos internacionais, e a levar-se em conta se tratar do mundo do Heavy-Metal
Uma resenha muito boa ocorreu nas páginas do jornal alternativo, Contracorrente, assinada pelo Tony Zimmermann, que era o pseudônimo de um jornalista famoso que eu conhecia bem, mas em respeito ao fato de que o uso de um pseudônimo denota desejo de se manter oculto, oficialmente, claro que não revelarei quem era, de fato.
Resenha do LP The Key, na Revista Burrn!, do Japão, que era uma das maiores revistas do mundo do Heavy-Metal e Hard-Rock nos anos oitenta.
Continua...
Nenhum comentário:
Postar um comentário