quarta-feira, 8 de julho de 2015

Autobiografia na Música - Pitbulls on Crack - Capítulo 109 - Por Luiz Domingues

O próximo passo seria enfim um show exclusivamente nosso, e a ser realizado em um espaço onde costumava ser sempre agradável apresentar-se pela estrutura boa à disposição, tradição de shows na cidade e localização excelente. Tratou-se do Centro Cultural São Paulo, um enorme complexo cultural multiuso e acoplado a uma estação do metrô. Tocaríamos sozinhos, embora a nossa participação estivesse vinculada a um festival anual, geralmente produzido no mês de julho, naquele espaço, e denominado: "Sintonia do Rock".

Eu, Luiz Domingues e Rodrigo Hid, em foto de 1996, na minha sala de aulas

Como já houvera ocorrido durante o show do "Pitstock", convidamos novamente o jovem, Rodrigo Hid para tocar teclados e desta vez, com a possibilidade dele poder usar o piano acústico do CCSP, a sua participação seria muito mais rica, do que naquela ocasião, onde a sua participação restringira-se ao uso do sintetizador Mini-Moog.

Como a banda não esmerava-se muito na parte estrutural e entre outros atributos, a divulgação de shows, essa parte foi feita muito precariamente, como de costume. Praticamente a contar com a tímida divulgação da parte do Centro Cultural São Paulo, apenas, e quase nada mais (se fosse hoje em dia, a internet cairia como uma luva para a mentalidade "low profile" da banda, nesse quesito), realmente não deu para esperar uma multidão presente.

O show foi tranquilo e a participação do Rodrigo enriqueceu mesmo o som, com ele a tocar bem piano e Mini-Moog. É interessante notar que toda aquela atmosfera "hippie" evocada no aparato da lata e na tenda que montamos no camarim, já se mostrara como a vibração que eu e Rodrigo construiríamos bem pouco tempo depois ao formarmos o "Sidharta", e que desembocar-se-ia na Patrulha do Espaço, a partir de 1999. 

Mas é fácil observar essa coincidência agora, com tantos anos de distância. Pois nessa época, eu só sentia cansaço por ver o Pitbulls on Crack não ter mais para onde se expandir e todo aquele "sonho", não passar disso, na prática: um "sonho"...

Daí em diante, eu passei a fomentar na minha imaginação a ideia de buscar o meu caminho, e assim desligar-me do Pitbulls on Crack e ir formar uma banda com características radicais nesse sentido, enfim, mas ainda não fora uma decisão tomada. Só dois meses depois isso aconteceria de fato. Portanto, quando digo que foram os estertores do Pitbulls on Crack, baseio-me muito mais na minha perspectiva pessoal, pois seriam de fato os meus últimos momentos na banda. O Pitbulls on Crack continuaria sem a minha presença, com dois baixistas sucessivos após a minha saída, mas de fato, a perspectiva que eu senti, de forma pessoal, confirmar-se-ia, pois a banda arrastou-se por mais algum tempo, e naquela toada com shows sazonais.

Enfim, ainda a falar sobre esse show, a presença melancólica de apenas sessenta pessoas, e em sua maioria esmagadora, formada pelo meu exército de Neo-Hippies, deu a mostra de que o Pitbulls on Crack, infelizmente, esgotara as suas possibilidades de expansão. Foi assim, em 4 de julho de 1997, que apresentamo-nos no Centro Cultural São Paulo, com sessenta pessoas na plateia.

Continua...

Nenhum comentário:

Postar um comentário