Bem, a estrutura do festival era boa e sobre tal pormenor, eu não tenho queixas, pelo
contrário, elogios.
O transporte chegou rigorosamente no horário
combinado, a conter a minha residência como endereço base, e com a presença do motorista e um
assistente de produção, simpáticos e solícitos, um camarim decente,
embora fosse o menor (mas isso não incomodou-nos em nada), equipamento
condizente com a envergadura do evento etc.
Sabíamos de antemão
que o público seria hostil, pelo fato de haver na escalação do evento nomes como: Ratos de Porão, Os Inocentes, e Raimundos
como atrações principais. Amenizara a nossa situação, a presença do Golpe
de Estado, um digno representante do Hard-Rock brasileiro e que detinha
tradicionalmente, um público enorme na região do ABC, desde os anos
oitenta.
Uma outra capacidade extraordinária do Golpe de Estado, foi haver uma convivência harmônica com bandas de searas teoricamente hostis ao seu trabalho, tais como o Punk e
o Heavy-Metal, e aliás, eu nunca soube que o seu público em específico ou a banda em si,
houvesse sido hostilizada por ocasião de shows híbridos dessa natureza. Portanto,
ao pegar o vácuo dessa "proteção", sentimo-nos mais seguros.
Claro,
esse sentimento foi mais de minha parte do que uma expressão coletiva do Pitbulls on Crack, pois
os outros três estavam pouco ou nada preocupados com a possível
hostilidade de um público agressivo, hostil e de certa forma,
antagônico.
Eles contavam piadas como sempre, e a possibilidade de sermos
apedrejados, literalmente, só despertara-lhes a chance para criarem
inúmeras piadas, como de hábito.
E havia uma ligação clara do
Chris Skepis, com o movimento Punk, o que talvez amenizasse um pouco
essa perspectiva. De fato, desde o início das atividades do Pitbulls on Crack, sempre houve
um assédio positivo da parte dos punks para com o Chris, por conta de sua passagem
pelo "Cock Sparrer", banda britânica de Punk, da cena de 1977, portanto,
contemporânea daquelas bandas iniciadoras do movimento.
E assim,
sempre observei que ele era realmente muito respeitado e admirado nesse
meio, e nem o fato de usar cabelos longos pela cintura, um item
antagônico aos ideais dessa gente, incomodava-os. Pelo contrário, vi
muitas vezes ele ser abordado por fãs entusiasmados e a venerá-lo como
a um ídolo.
Claro que diante dessa perspectiva, também foi um
alento.
Mas convenhamos, talvez isso ocorresse em relação à alguns fãs
mais antenados dos Ratos de Porão e Inocentes, mas dificilmente aos seguidores da então
última moda noventista. Enfim, foi esse o panorama que apresentava-se para esse show, e lá fomos nós...
Fomos
bem recebidos pela produção, cumprimos o ritual do soundcheck sem problemas e fomos
para o camarim esperar pela nossa vez de apresentarmo-nos, e seria uma longa
espera...
Continua...
Neste meu segundo Blog, convido amigos para escrever; publico material alternativo de minha autoria, e não publicado em meu Blog 1, além de estar a publicar sob um formato em micro capítulos, o texto de minha autobiografia na música, inclusive com atualizações que não constam no livro oficial. E também anuncio as minhas atividades musicais mais recentes.
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