quarta-feira, 8 de julho de 2015

Autobiografia na Música - Pitbulls on Crack - Capítulo 114 - Por Luiz Domingues

Com a minha saída, os demais companheiros ficaram chateados, é claro. Éramos uma banda unida, desde a sua criação, em janeiro de 1992, sem mudanças na formação, e isso é um fato raro para qualquer banda. 

Mas apesar de ter sido desagradável para todos, incluso eu mesmo, a minha saída foi amena e o nosso relacionamento de amizade sempre foi tão tão bom que eu prontifiquei-me a indicar um substituto e dessa forma, houve a presença de dois alunos meus preparadíssimos para assumir o meu posto: Marcos Martines e Ricardo Schevano. Ambos culminaram em participar, em épocas diferentes, é claro, a garantir uma boa continuidade para o Pitbulls on Crack, após minha saída. 

Soube que a banda fez shows em 1998 e 1999, mas dentro daquela estratégia que avistara-se quando de minha saída em 1997, ou seja, a confirmar-se uma volta às pequenas apresentações em casas noturnas do circuito underground de São Paulo.

O Deca abraçou a ideia do Sidharta, em princípio, mas permaneceu no Pitbulls on Crack, pois gostava daquela sonoridade, e mesmo com a banda a voltar para um estágio anterior na carreira, não importou-se em tocar em casas pequenas e mal estruturadas, novamente. Louvo essa determinação da parte dele, e também de Chris e Pastor, é claro. Eu não sabia precisar a data em que a banda encerrou atividades oficialmente, pois não acompanhei mais, desde que saí em 1997, até que fui informado a posteriori.

Foto do último show oficial do Pitbulls on Crack, em 17 de janeiro de 2005, sem a minha presença naturalmente, mas a contar com o meu ex-aluno, Ricardo Schevano, no baixo, e a usar um Rickenbacker de cor "Fireglow" igual ao meu, mas com a diferença do meu ser modelo 4003, e o dele, 4001. Segundo o Chris, a banda  manteve-se viva até meados dos anos 2000, e fez o seu último show oficial no Manifesto Bar, de São Paulo. Click de Patrícia Cecatti. Acervo e cortesia de Chris Skepis

Depois disso, fiquei a saber que o baterista, Juan Pastor, ingressou em uma banda com orientação Punk-Rock, que fez um certo sucesso no âmbito underground, mas ele prosperou para valer foi como radialista e produtor de TV. Ele já tinha tido uma grande ascensão na Rádio 89 FM, durante os anos bons em que eu estive no Pitbulls on Crack, ao chegar em um patamar onde tornou-se um alto funcionário administrativo, para acumular o cargo como locutor e ainda por cima por ter emplacado um personagem cômico que virara um grande sucesso da rádio, o "Pepe Gonzalez", ao fazer de fato, um grau de sucesso mastodôntico, visto que a rádio ostentava uma audiência monstruosa, a brigar no topo de cima no ranking das mais ouvidas, em todas as medições oficiais de mercado, incluso o famoso "Ibope".

Não admirou-me em nada, pois o seu talento como redator de humor era natural. Ele sempre foi um dos três humoristas do Pitbulls on Crack que eu citei o tempo todo, ao longo da narrativa dessa banda. 

Depois disso, eu o vi em vários programas de TV, onde foi a embrenhar-se até tornar-se o produtor do programa: "Pânico na TV", quando alimentou os atores & cômicos com muito texto engraçado, que adveio de sua imaginação humorística nata. Nos dias atuais está como produtor do Programa da Sabrina Sato, na Rede Record de TV. Reencontrei-o através da Rede Social Orkut, em 2010, e mesmo que falemo-nos pouco atualmente, tenho-o como um bom amigo.

O Deca, teve aquele pouco tempo com o Sidharta (já tudo devidamente relatado no capítulo dessa banda), mas encontrou-se mesmo foi com o "Baranga", banda onde entrou em 1999, mais ou menos, e pela qual segue firme até hoje, a demarcar uma carreira sólida com muitos shows e cinco CD's. Ali naquela banda ele é feliz, ao tocar Rock'n' Roll visceral, ao estilo do grupo australiano, "AC/DC", sem "frescuras", e onde extravasa toda a sua energia Rocker primordial.

E o Chris Skepis, com quem também falo esporadicamente, embora ele viva a brigar comigo porque devo-lhe uma visita, faz anos...
Depois do Pitbulls on Crack, eu soube que ele montou uma outra banda autoral, desta feita ao estilo Punk-Rock, e cujas baterista e a baixista, eram duas belas garotas. Tal banda foi batizada como: "Gutter Cats", a gerar uma clara alusão ao Alice Cooper (esta é um a música famosa do repertório desse artista), mas posteriormente, com a saída de uma garota e entrada de um rapaz, foi rebatizada como: "Final Fight"  

Em 2007, o Chris convidou-me para integrar uma banda Tributo ao Alice Cooper, artista que ambos adoramos etc. Mas a minha vontade de tocar em shows cover, que nunca foi boa, estava ainda menor nessa fase, e eu declinei do convite. Soube que seria um projeto amparado com uma produção abonada e que os shows que realizou a posteriori, foram de fato bem produzidos, a incluir truques cênicos usados pelo Alice Cooper verdadeiro e portanto, deve ter divertido-se muito, mas não dava, simplesmente, para eu ter feito parte.

Por volta de 2008, Chris convidou-me para um novo trabalho autoral, e desta feita seria uma banda a seguir as escola do Rock Progressivo, ao estilo "Gentle Giant", banda que também adoramos, ambos. Muito boa a proposta, e eu teria aceitado com prazer, mas estava nessa ocasião a trabalhar com o Pedra, e não fazia sentido abraçar um outro trabalho autoral em paralelo. Foi uma pena!

Quando entrei para o mundo digital, enfim, em 2010, ele foi um dos primeiros que descobriu-me na rede social, Orkut, e bombardeou-me com links para baixar discos pirata de artistas das décadas de 1960 & 1970 que adoramos. Ele deve ter milhares de CD's baixados, assim como DVD's de shows e mesmo antes da Internet popularizar-se, a sua coleção de fitas VHS e de discos piratas de vinil, se mostrava impressionante. 

Tremenda persona do bem, o Chris é um eterno Rocker com quinze anos de idade, e eu admiro muito essa capacidade dele, para viver 24 horas por dia, esse sonho lúdico, e isso certamente não o deixa envelhecer, jamais.

Fora a nossa paixão mútua pelos seriados do Irwin Allen, especialmente, "Lost in Space". O Robot, Will Robinson, e o Dr. Smith, são os nossos ídolos em comum.

A minha última notícia sobre o Pitbulls on Crack veio em 2011. O Deca enviou-me um E-Mail a dizer-me que um produtor estava a oferecer a oportunidade de bancar a produção de um show, e da gravação de um novo disco da banda, se todos os membros originais aceitassem.

O Pedra estava com suas atividades encerradas, e eu ainda não havia entrado na banda, Kim Kehl & Os Kurandeiros, tampouco assumido com o Ciro Pessoa & Nu Descendo a Escada, portanto, poderia até pensar na possibilidade, por que não?

Não saí do Pitbulls on Crack por problemas particulares de relacionamento com nenhum dos três, pelo contrário, sempre dei-me bem com os três. No entanto, desconfiei da história do enigmático produtor. Com cinquenta e um anos de idade, se acreditar em mecenato no Brasil já se mostrava inviável, agora, com a minha idade e com todo o respeito ao produtor: investir no Pitbulls on Crack, tantos anos depois? Qual a lógica comercial?
 

Não paguei para ver, e disse ao Deca que não estava interessado e dei-lhe o motivo, no que, ele também experiente, concordou. Bem, não aconteceu nada, como foi esperado, e foi melhor assim, para ninguém frustrar-se em aventurar-se com uma proposta vinda de uma pessoa que ninguém sabia quem realmente era e pretendia.
Continua...

Nenhum comentário:

Postar um comentário