domingo, 19 de julho de 2015

Autobiografia na Música - A Chave do Sol - Capítulo 395 - Por Luiz Domingues


Várias tentativas de volta da banda à tona, ocorreram ao longo dos anos e até recentemente houve conversa nesse sentido (2015), momento em que escrevo este trecho e o publico este capítulo nos meus Blogs 2 e 3.

Já em 1989, o Zé Luiz me procurou e disse que o Rubens queria voltar com a banda em sua formação clássica como Power-Trio e pediu à ele, Dinola, para me sondar.

Eu estava nessa época a um passo de deixar a dissidência que se formou das cinzas da própria, A Chave do Sol, e só cumpria tabela na verdade, a gravar o álbum único dessa banda, para não deixar que esses colegas ficassem desamparados, entretanto, mesmo a sentir-me insatisfeito naquele momento, não achei conveniente voltar com A Chave do Sol ainda a viver esse impasse de estar na formação dessa dissidência. Hoje em dia, acho que tal percepção foi errada de minha parte, e em nada atingiria a ética, o ato de voltar para a minha banda, e nesse caso, creio que o Beto não ficaria chateado, pois ele sabia que eu estava insatisfeito com o rumo estético & artístico dessa banda dissidente.  
A volta da Patrulha do Espaço, com Rubens Gióia na guitarra

O Rubens detinha consigo uma data para ser usada na casa de shows "Dama Xoc", que era bem conceituada na época e poderia ter sido uma volta em grande estilo, sem dúvida alguma. Mas logo após comunicar que a minha decisão foi não aceitar a proposta, ele recebeu o convite do Rolando Castello Junior e foi participar de uma outra volta, ou seja, a reunião da Patrulha do Espaço, com ele a ocupar a vaga de guitarrista dessa super banda.

Muitos anos depois, no início anos 2000, Rubens e Zé Luiz mais uma vez procuraram-me. A Chave do Sol, mesmo sem existir mais, fora convidada a participar do programa: "Musikaos" da TV Cultura de São Paulo. Fazia muito sentido que a nossa banda estivesse presente em uma edição desse programa, pela sua ligação umbilical com a velha, "A Fábrica do Som", onde fôramos de fato, revelados ao grande público nos anos oitenta.  

Mas desta feita, eu é que estava a atuar com a Patrulha do Espaço, naquele momento, como um membro fixo e mais um desencontro ocorreu, portanto. Porém, A Chave do Sol se apresentou com um baixista substituto, e um vocalista. Infelizmente, e eu nem sei o motivo, tal formação da banda não teve planos de retomada oficial, ao ter sido montada apenas para cumprir o compromisso da TV.

Poucos anos depois, o Rubens ligou-me. Já não havia nenhum constrangimento em mantermos novamente contato cordial, mas também, ainda não havíamos restabelecido a amizade como deveria ser. Contudo, mesmo sem o clima de companheirismo de outrora, conversamos em bom nível. Ele acenou com a oportunidade de realizarmos um show em ritmo de "revival", acompanhados de bandas dos anos oitenta, contemporâneas nossas, primeiramente para uma casa noturna do bairro de Moema, na zona sul de São Paulo, mas com a possibilidade de expansão em outros locais e até cidades diferentes, fora de São Paulo. Mas eu estava com o "Pedra" nesse momento e realmente não seria bom que eu acumulasse um trabalho a mais, mesmo sendo uma banda que fazia parte da minha história pessoal, de forma muito intensa, além do carinho enorme pelo qual eu sempre nutri.

Chegamos a realizar um ensaio em 2005, no estúdio Overdrive de propriedade do Xando Zupo, onde o Pedra ensaiava e gravava. No entanto, houve a pendência em nos obrigarmos a providenciar um vocalista, pois o Dinola e o Rubens não queriam fazer o show em trio, e com o Beto a residir nos Estados Unidos, desde 1991, ficou aquele impasse de ter que arrumar um vocalista, e essa situação se arrastou, e assim, foi quando eu desisti. E de fato, os demais também desistiram da empreitada.

Dois anos depois, a cidade de São Paulo já promovia a sua famosa "Virada Cultural", e o Rubens mantinha bons contatos na Secretaria de Cultura Municipal, portanto conseguiu agendar A Chave do Sol no evento, mesmo que a banda simplesmente não existisse mais. Fui convidado, e agradeço por isso, é claro. Todavia, eu estava empenhado em gravar o segundo álbum do Pedra, e tive que recusar de novo a gentil oferta. Dinola e Rubens recrutaram outros músicos, e se apresentaram no Palco Rock do evento, com um público muito grande a assisti-los.

Alguns anos depois e o Luiz Calanca me procurou via inbox do Facebook, e disse que desejava contar com o trio original d'A Chave do Sol, para um show que produziria na Galeria de Vidro, a se tratar de um pequeno espaço em anexo ao Teatro Olido, no centro de São Paulo, onde ele fora o seu curador.

Foram muitas conversações, mas eu declinei mais uma vez do convite, pois sabia que o Dinola não queria participar e seria portanto uma versão reduzida d'A Chave do Sol, novamente.

Em conversas reservadas com o Rubens, eu o incentivei muito a remontar a banda com novos músicos, mas não para realizar shows sazonais e saudosistas, mas sim, para mergulhar em um trabalho novo e sustentável.  
Foto de um ensaio que Rubens Gióia promoveu para esse show  realizado em 2012

Ele montou um time bom, com o ex-guitarrista do Inox e também tecladista, Fernando Costa, no baixo, o vocalista Acqua, que é muito bem conceituado na noite paulistana, a fazer covers e shows tributo a bandas clássicas do Rock, e um bom baterista chamado Pedro. Infelizmente, ficou só por essa apresentação em 2012.  

No ano de 2014, Rubens esteve presente em uma apresentação d'Os Kurandeiros, onde eu estava a tocar desde 2011, em uma casa noturna na zona norte de São Paulo, e novamente me fez uma proposta sobre a nossa banda. Desta feita, ele queria entrar em estúdio e gravar músicas inéditas que me disse ter preparadas, e a versão de "Saudade", canção de 1986, que nunca gravamos oficialmente em discos, e cujo registro há apenas duas versões provenientes de duas demo-tapes.

A ideia em si não foi má, mas eu contra-argumentei que se ele estivesse disposto a investir dinheiro, seria mais válido então que me auxiliasse no resgate de material antigo, pois em plena ação que eu estava para preparar esta autobiografia, gastara (e tenho gasto) bastante dinheiro em resgatar material de áudio e fotos para compor estes capítulos. Mas ele não achou interessante a ideia, e tudo bem, continuei a investir isoladamente e como registro, anuncio que arrumei apoio de uma produtora, recentemente (2015), e já tenho resgatado muito material inédito, e vou resgatar ainda mais. 

E sobre a repercussão da banda na mídia, após o seu término oficial em 1987, tal fenômeno continuou a existir, aliás ocorre até os dias atuais. Por exemplo, alheios à informação de que havíamos parado e a confundir com a dissidência formada, que na prática é uma outra banda inteiramente diferente, muitas matérias e resenhas avançaram sobre 1988, ainda a falar com entusiasmo da nossa banda. Já dei um apanhado sobre tal repercussão em capítulos anteriores.

Muitos anos depois do final oficial da banda, em 2001, o Luiz Calanca reuniu o áudio do compacto de 1984, mais o EP de 1985, e promoveu o lançamento em CD, com uma capa caprichada e dupla, a conter as duas capas originais dos discos, e as suas respectivas fichas técnicas. Além disso, há um texto em adendo, assinado pelo jornalista, Ricardo Bataglia, a falar sobre a história da banda. Claro, com tal lançamento, suscitou-se alguma notoriedade na mídia, ao ser publicado algum material a respeito.

 
Em 2011, mais ou menos, eu fui abordado pela viúva do vocalista, Fran Alves, Sandra Alves, a contar-me que um rapaz a havia procurado e queria travar contato com os ex-membros da banda para que o autorizássemos a criar um Blog sobre a nossa banda.

Ora, claro que podia e desde então, esse rapaz conhecido como, Will Dissidente, vem a produzir um trabalho magnífico. Considero o Blog "A Chave do Sol", como um completo Museu vivo sobre a história da banda. Claro que já colaborei com material, esclarecimentos e a minha autobiografia que lhe serve de base para a história da banda que ele vem a publicar aos poucos, sob sua ótica, e no uso das suas próprias palavras. É muito positivo, portanto!

Visite-o:
http://achavedosol.blogspot.com.br/

Recentemente (2015), o nosso querido amigo, Tony Monteiro, que tanta força nos deu nos anos 1980, quando foi jornalista das revistas: Roll; Metal e Mix, abordou-me por E-mail e solicitou uma entrevista sobre A Chave do Sol. Tal entrevista foi dividida em duas edições da Revista Roadie Crew, nas edições 198 e 199, respectivamente, lançadas em julho e agosto de 2015. 

Dessa forma, além das ações do Blog d'A Chave do Sol (liderado por Will Dissidente), e da minha autobiografia publicada em dois Blogs, tivemos, neste segundo semestre de 2015, uma reportagem dupla em numa revista impressa com circulação nacional, e notoriedade no métier do Rock.
 






 


É muito bom constatar, então, que três décadas depois, o trabalho ainda repercute.

Continua...

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