Agendada para atuar mais uma vez na Feira de Artes da Vila Pompeia, a nossa banda desta feita compareceu com uma novidade, pois o nosso guitarrista, Kim Kehl, propôs que fizéssemos uma apresentação a conter um repertório diferenciado.
A ideia foi tocar algumas baladas municiadas com forte teor Pop, que tínhamos à nossa disposição regular em nosso repertório extenso para tocar em casas noturnas. Por que, não? Eu logo imaginei que seria interessante tocar tais canções inusitadas que costumavam gerar suspiros para pessoas da faixa etária sexagenária, por envolver músicas que tocaram em emissoras de rádio, nos idos de 1969 a 1972, basicamente.
Portanto, acostumado com tal tipo de reação efusiva que despertávamos entre os mais veteranos, em nossas aparições em casas noturnas, eu imaginei que perante a costumeira grande massa que teríamos no ambiente da Feira, haveríamos por causar a mesma reação, ao menos entre os mais antigos.
Por ser uma feira bem familiar, a presença de um público híbrido seria garantida, a conter bastante público a viver a meia e terceira idade, portanto, eu fui confiante em imaginar que ao tocarmos canções com o apelo de: "Rock'n Roll Lullaby", "Without You", "Tell me Once Again" e "Reflections of my Life", entre outras, a surpresa seria seguida de uma ótima reação acalorada da parte das pessoas mais velhas e certamente a conter bons laços afetivos com o final dos anos sessenta e início dos setenta.
E nesta 32ª edição da Feira, eu (Luiz Domingues) e Carlinhos Machado, teríamos uma missão extra, pois nós dois havíamos aceitado o convite do guitarrista, Lincoln "The Uncle" Baraccat para estarmos em sua banda de apoio, "Uncle & Friends" para atuarmos em outro palco, no último horário do dia.
No caso do Carlinhos Machado, a sua jornada fora tripla, pois antes do show d'Os Kurandeiros, ele já havia apresentado-se com uma banda cover, chamada: "Santanaz", um grupo especializado em reproduzir o som do grande, Santana, e que mediante a inclusão de uma letra "Z", deveras capciosa ao final da sua grafia e justamente por conta desse trocadilho, passou a brincar com a confusão gerada e certamente enganar certos adeptos do Heavy-Metal ao induzi-los ao erro, por possivelmente considerá-la como uma representante de sua seara demoníaca. Hilário pela ironia, com certeza.
Técnicos montam o palco "Boulevard", no período matutino, na esquina das Ruas Padre Chico e Diana, no bairro da Vila Pompeia. Kim Kehl & Os Kurandeiros na 32ª Feira de Artes da Vila Pompeia em São Paulo-SP. 19 de maio de 2019. Click, acervo e cortesia: Carlinhos Machado
Bem, assim que eu e Kim chegamos próximo ao palco, verificamos que aquele quadrante da Feira estava super lotado e com as barracas montadas pelos expositores, a todo vapor. Dia com temperatura amena, mediante céu aberto sem nuvens e com a presença do sol, foi a típica tarde de outono paulistana. Enfim, o cenário excelente para que tocássemos com muita tranquilidade. Uma banda, cujo nome não guardei, tocou antes de nós e com proposta semelhante de executar música Pop, no entanto a observar-se duas questões:
1) Eles eram especialistas, assumidamente para tocar covers pela noite e nós, ao contrário, caracterizávamo-nos por sermos autorais e abrirmos espaço esporádico para as releituras em nossas apresentações regulares.
2) A nossa proposta para aquele dia, fora tocar alguns covers do cancioneiro Pop, a abranger o período entre 1969 e 1972, e no caso dessa banda, observamos que tocaram muitas canções Pop dos anos 1980.
Portanto, a despeito de nutrirmos muitas restrições ao espectro oitentista, eu em específico, mais ainda, ficou patente que a nossa proposta fora dificultada pela concorrência, visto que o cancioneiro oitentista estaria em tese muito mais próximo da memória afetiva da maioria ali presente, mesmo os mais jovens, por osmose.
Bem, preocupação meramente pueril, visto que tocaríamos o nosso repertório escolhido e ponto final, sem temores.
E foi o que ocorreu, quando entramos em cena e tocamos os temas propostos. Claro que muita gente não reconheceu tal repertório por nós escolhido, mas os mais velhos vibraram, pelo inusitado das opções que ali executamos, pois poder-se-ia esperar de nós um repertório baseado em Rock Clássico, Blues-Rock, Soul Music/R'n'B, Folk-Rock, Psicodelia e até Hard-Rock e Prog Rock, estilos que estávamos acostumados a utilizar, porém a Pop Music mais comercial, pode ter surpreendido muita gente ali presente, certamente.
O Power Trio básico d'Os Kurandeiros em ação! Kim
Kehl & Os Kurandeiros na 32ª Feira de Artes da Vila Pompeia em São
Paulo-SP. 19 de maio de 2019. Click, acervo e cortesia: Rogério Utrila
Enfim, não tocamos somente releituras e é claro que incluímos algumas canções autorais, entre as quais, "Oh Rita" e "Andando na Praia", o nosso então mais recente "single", e eu fiquei muito feliz que esta última, que encerrou a nossa apresentação, arrancou aplausos muito entusiasmados e até o sincero pedido de bis que veio diretamente da multidão!
Missão cumprida em mais uma aparição d'Os Kurandeiros na Feira da Pompeia. Ocorreu no dia 19 de maio de 2019 e o meu olho clínico contabilizou cerca de trezentas pessoas a prestarem atenção em nosso som, enquanto estivemos no palco.
Alguns dias depois, novamente uma música da nossa banda foi relacionada para ser executada no programa: "Só Brasuca", da Webradio Crazy Rock. Entre 25 e 31 de maio de 2019, fomos contemplados com essa oportunidade de ouvir a nossa música: "O Filho do Vodu", nas ondas radiofônicas.
E logo no início de junho, o Blog 2112, lançou uma espécie de manifesto em torno do Hard-Rock brasileiro e incluiu a nossa banda nesse seleto rol e curiosamente a envolver também duas ex-bandas minhas, a tratarem-se da Patrulha do Espaço e d'A Chave do Sol.
Dessa forma, essa manifestação agraciou-nos em 6 de junho de 2019, em diversas Redes Sociais, tais como o Instagram, Twitter, Facebook e Tumblr.
Continua...
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