sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Autobiografia na Música - Pedra - Capítulo 75 - Por Luiz Domingues

Estávamos com o sentimento de dever cumprido, no camarim. E eu ainda tive tempo para confraternizar com o China Lee, vocalista e líder do Salário Mínimo, com o qual encontrei-me no andar superior, onde ficava o seu camarim. A conversa girou em torno do futebol, pois ele tem estreita relação com o assunto, já que é fanático torcedor da Portuguesa de Desportos, e já foi até dirigente da sua maior torcida uniformizada, a "Leões da Fabulosa".

Rimos de passagens engraçadas que ele contou sobre muitos apuros que ele passara em estádios e o Emmanuel estava junto, a ouvir e interagir, embora não tenha filmado nossa conversa. 

Ninguém da produção do evento veio despedir-se de nós. O comportamento deles foi arredio do começo ao fim, e como eu já comentei anteriormente, a única explicação plausível para tal atitude, foi a indisposição que possivelmente tenham tido com o pseudo empresário "R", que tivemos a infelicidade de arrumar às vésperas do evento, e sobretudo, pela imprudência de o testarmos em um evento desse porte e sim, ao corrermos o risco dele envergonhar-nos com as suas atitudes amadorísticas e histriônicas.

Bem, se esse foi o nosso erro, mesmo assim, ainda acho que não merecíamos termos sido tratados daquela maneira, pois o nosso comportamento foi extremamente profissional, ao respeitarmos os horários acordados e não gerar por conseguinte, nenhum problema à organização do evento. Pelo contrário, fomos solidários e ajudamos em alguns aspectos, inclusive ao levarmos o nosso técnico, Renato Carneiro, que foi providencial, pois este competente profissional auxiliou diretamente as outras bandas e principalmente a técnica do Uriah Heep, que não teve apoio da produção, visto que ninguém da equipe técnica contratada e responsável pelo PA e monitoração, falava inglês.

E dessa forma, além da comunicação, o Renato auxiliou-a de forma técnica, ao lidar diretamente com a equalização. A contrapartida dessa cooperação instantânea, foi que ela gentilmente deixou o Pedra atuar com a pressão sonora quase igual à do Uriah Heep, quando a praxe do show business, seja sempre que banda de abertura atue com 20% da capacidade do PA. 

O último ato dessa história, deu-se no estacionamento da casa. Muito simpático, o guitarrista do Uriah Heep, Mick Box apareceu, acompanhado de um roadie, que carregava duas guitarras dele. Ele conversou com o Xando brevemente, enquanto os nossos roadies encerravam o carregamento da Van.

Eu que sou fã do Uriah Heep, não participei desse momento na íntegra, pois quando cheguei ao estacionamento, o Mick Box estava quase a despedir-se. Mas em compensação eu passei pelos demais componentes, quando cruzei rapidamente por eles, que caminhavam em direção ao elevador. 

Voltamos ao estúdio contentes com o saldo positivo de termos agradado o público em sua maioria, ao arrancar-lhes aplausos, feito muito difícil de obter-se em sendo uma banda de abertura para um show de dinossauro internacional, e ainda por cima, em nosso caso sendo uma banda praticamente a começar da estaca zero, em termos de projeção, como o Pedra foi naquela ocasião.

A ideia agora, foi usar esse saldo em nosso favor, aliado ao bom barulho que estávamos a angariar com matérias positivas que elogiaram o CD, mais execução radiofônica e clips bem feitos, em película de cinema, e com assinatura de um diretor famoso no meio. 

E nessa planificação, uma parcela dessa esperança, deveria ser depositada nas mãos de "R", o "manager" que supostamente alinhavaria tais elementos e transformaria tal bom "momentum" em oportunidades para a banda. Deveria ter sido isso, porém...

Continua...

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