quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Autobiografia na Música - Pedra - Capítulo 68 - Por Luiz Domingues

Fomos a perceber o clima tenso com os subordinados do produtor Marcelo, e não entendíamos tal comportamento, pois de nossa parte, não havíamos dado motivo algum para tal. Demorou para notarmos enfim que o clima deteriorava-se a cada minuto, por conta das ações atrapalhadas e cheias de soberba descabida por parte de "R".

        O nosso roadie, Daniel "Kid", no camarim do Via Funchal
 
Quando percebemos que ninguém apareceria no camarim para  chamar-nos, tomamos a dianteira e começamos a colocar o nosso equipamento no palco, para esperar a nossa vez de fazer o soundcheck. 

Pelo cronograma do evento, a banda: "Tropa de Choque" deveria passar o som, inicialmente, para depois tal tarefa ser cumprida pelo Salário Mínimo. A seguir viríamos nós, e por fim o Uriah Heep.  

Bem, logo de imediato, digo que esse cronograma estava errado. 
Independente de tratar-se de uma banda internacional e consagrada, o Uriah Heep, por ser a atração principal (headliner), deveria passar primeiro, a estabelecer a ordem inversa, e assim deixar a última banda, pronta para ser a primeira atração como "open act".

Mas, além do cronograma estar equivocado, o Pedra foi a única banda presente no Via Funchal naquele instante, e quando os técnicos do equipamento do PA viram-nos a colocarmos os instrumentos e equipamentos na coxia imensa do teatro, eles pediram-nos para adiantarmos o soundcheck.  

Não se tratou de uma ação correta quebrar o cronograma, mas dada a ausência das demais bandas nacionais, sob um esforço colaborativo, nós instruímos os nossos roadies a começarem a montagem rapidamente. 

De fato, ao se pensar dessa forma mais prosaica, não custava nada adiantar e assim se ganhar tempo, mas foi um procedimento errado por uma questão de ordem que qualquer músico deveria saber, é claro. 

Quando já estávamos quase prontos para os primeiros passos da passagem de som, chegaram os membros do "Tropa de Choque" e um pequeno desconforto instaurou-se, com esses rapazes a pensar que estávamos a atropelar a sua vez de fazer o soundcheck. Um membro dessa banda chegou a questionar o Rodrigo Hid, cujo Kit de teclados era maior que a da tecladista deles, sobre o espaço cênico mínimo que teriam para atuar. 

Claro que o rapaz não entendeu que estávamos só a nos  posicionar para o soundcheck e os nossos equipamentos não ficariam no palco, durante esse procedimento técnico sobretudo quando do show deles, própria e evidentemente dito.

A nossa banda reunida no palco do Via Funchal, momentos antes da realização do soundcheck. Fotos de Grace Lagôa

Continua...

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