Eu, Luiz Domingues, no soundcheck, a timbrar o baixo Fender Precision no palco do CCSP. Foto: Grace Lagôa
Foi sem
dúvida o show que fizéramos até então, mais agitado nos bastidores,
a se descontar o Festival em que abrimos o Uriah Heep, em 2006.
O frenesi
provocado por atores, músicos e pessoas a ajudarem na produção, foi
intenso.
Essa movimentação por si só, já foi bastante estimulante
para todos e certamente que tal vibração foi primordial para o sucesso
do espetáculo.
Como já disse, houveram intervenções improvisadas dos atores, a abordarem as pessoas na fila da bilheteria, e dessa forma já a causarem um pequeno frisson prévio.
Lu
Vitaliano em ação no palco e a interagirem no mezanino acima, as outras
atrizes, Lucia Capuchinque (esquerda), e Ana Paula Dias (direita). Foto: Grace Lagôa
O show começou, enfim e a primeira
sketch do grupo teatral "Comédia de Gaveta", iniciou-se. O mote da
sketch, foi uma menção à comédia grega clássica, mas adaptada
livremente de forma a aludir ao show de Rock que Parabelum e Pedra
fariam a seguir.
Os atores usaram maquiagem pesada e indumentária
muito chamativa, mesmo com poucos recursos financeiros, pois usaram de
muita criatividade para tal.
O texto, que pareceu um pouco rebuscado no início, amenizara-se na metade e final da sketch e apesar da performance ter sido um pouco prejudicada pela falta de bom senso do público, eis que arrancou muitos aplausos ao seu término e criou assim uma atmosfera muito favorável para o Parabelum entrar em cena e fazer o seu show.
De
que forma foram prejudicadas as atrizes?
Ao contrário da reação típica de um
público teatral acostumado a observar tal dinâmica durante tal tipo espetáculo, o
público de um show musical não mantinha essa predisposição natural de
guardar o silêncio e a discrição, em suma.
Com
o Parabelum já a postos para iniciar o seu show, as atrizes encerraram
a sua sketch. Da esquerda para direita: Ana Paula Dias, Caio Ignácio à
bateria, Lu Vitalliano, Lucia Capuchinque e Cezar de Mercês no canto
direito, a segurarem mãos um baixo híbrido entre o acústico e o elétrico. Foto:
Grace Lagôa
Sendo assim, a trupe teatral
teve que esforçar-se para interpretar o texto, em meio ao falatório sem
noção das pessoas na plateia. Além do fato de que no início do show, foi inevitável o entra-e-sai de pessoas no auditório, a provocar-se um déficit
de atenção para quem já estava ali bem instalado e a fim de aproveitar o show.
Então,
desacostumados com essa novidade que estávamos a imprimir, o público
atrapalhou um pouco o desempenho das atrizes, mas não foi nada que fosse
tão desastroso. Tanto foi assim, que ao final, os aplausos foram
acalorados, a deixá-las gratificados.
Houve uma segunda intervenção da trupe, entre os shows do Parabelum e do Pedra.
Paralelamente, nesse início, o artista plástico Diogo Oliveira já estava em ação. Em um primeiro momento, ele estava colocado em um canto do palco, com pouca iluminação, propositalmente, para não desviar a atenção da sketch teatral.
Mas paulatinamente a iluminação o colocou em um destaque e dessa forma, a sua atuação a pintar telas ao vivo, foi elogiadíssima.
Uma primeira e
espontânea reação muito positiva em relação à performance dele, foi da
parte de muitas crianças que estavam presentes no auditório. Assim que começou o
espetáculo teatral, muitas preferiram não prestar atenção na performance
dos atores e ao saíram dos seus assentos para sentaram-se ao redor do Diogo, e vê-lo a pintar de perto.
Diogo Oliveira em ação, a pintar as suas telas ao vivo
Vi essa cena, sentado na plateia, pois nesse momento, havia deslocado-me no escuro para assistir o início do espetáculo. Aliás, eu e todos os demais membros do Pedra.
E foi muito gratificante ver a performance de ambos, o Comédia de Gaveta e Diogo Oliveira.
Quando
as atrizes deram a deixa do final de sua sketch, esse mote evocava
diretamente o Parabelum, ao dar uma ideia de espetáculo alinhavado. Essa
foi uma bela solução, pois deu sentido ao happening que propúnhamos. As atrizes mal saíram de cena, e o Parabelum já tocava os seus primeiros acordes!
Continua...
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