quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Autobiografia na Música - Pedra - Capítulo 72 - Por Luiz Domingues

Subimos ao palco e aprontamo-nos para tocar. Pela coxia, víamos um público razoável a contar com seguramente mais de mil e quinhentas pessoas e posteriormente, ficamos a saber que durante a nossa apresentação, haviam cerca de mil e oitocentas pessoas presentes ali a nos ver, praticamente a lotação final de pico do show do Uriah Heep. 

A tensão esteve no ar, no entanto, com os técnicos do PA contratado a discutirem com rispidez com os músicos da banda que antecedeu-nos. A atitude desses elementos foi muito desrespeitosa com tais colegas nossos e sabíamos que receberíamos o mesmo tratamento, ou até pior.

Enquanto subíamos do camarim para a coxia do teatro, ouvimos os últimos acordes da última música da banda anterior. Irritado pelo tratamento vil dispensado pelos técnicos petulantes e prepotentes, o vocalista China Lee, do "Salário Mínimo", fez um discurso inflamado sobre o tratamento sempre diferenciado que as bandas internacionais tinham em relação às nacionais etc. 

Claro, ele teve toda a razão por estar chateado, mas particularmente, achei que esse destempero, ainda que respaldado, foi muito excessivo, pois o público não sabia da história dos bastidores, e dessa forma, o discurso ficou demais para os seus ouvidos. 

Mas paciência, eu posso entender o descontentamento dele, embora fique a ressalva que o problema realmente foi a incrível má vontade desses energúmenos, mesmo com o produtor do evento, a chamar-lhes a atenção com veemência, horas antes. 

Eu emprestei o meu amplificador para o baixista do Salário Mínimo, mesmo porque, tinha/tenho amizade com o vocalista China Lee, e solidarizei-me com o fato do mapa de palco deles ser semelhante ao nosso e por conta disso, a sua banda estar a ser também prejudicada pela má vontade dos técnicos em seguir o "rider técnico" de cada banda, por pura preguiça e desdém. 

O Emmanuel estava pronto para capturar imagens do nosso show pela coxia, mas uma produtora a serviço da casa veio adverti-lo para que ele desligasse a câmera, sob a pena de ser imposta uma multa de valor absurdo, segundo as suas palavras. 

A questão foi: cobrar como? Iria exigir os documentos pessoais dele e emitir uma multa para uma pessoa física? Ou exigiria o CNPJ do Pedra, como se fôssemos uma empresa? Enfim, nós deveríamos ter filmado tudo, e passado a multa para o "R", isso sim.

Continua...

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