Mais ou menos em março de 1982, paralelo ao final decadente do Terra no Asfalto, o meu amigo Cido Trindade convidou-me para mais um trabalho. Ele conheceu uma compositora chamada, Lily Alcalay, que tinha um repertório próprio, com composições sob forte acento na MPB, mas com bastante sofisticação jazzística.
A Lily era uma pessoa centrada, com uma boa visão do que desejava na vida, visão realista do meio artístico. Tinha o sonho de em possuir um suporte de gravadora e empresário, claro, mas sabia que precisava galgar muitos degraus para chegar nessa situação, sem ilusões.
Então, começamos a ensaiar, focados nas oportunidades que ela encontraria para sua carreira, e sabíamos que não seriam nada glamourosas. Talvez apresentações intimistas em casas noturnas de pequeno porte, e festivais de MPB, sob um primeiro instante.
Fizemos um primeiro show em um auditório bom, a superar as expectativas iniciais, contudo. Aconteceu no auditório da Faculdade Fiam, no campus do Morumbi, zona sul de São Paulo, em 1° de setembro de 1982. Eu já estava envolvido com "A Chave do Sol" em seus momentos iniciais de trabalho, e às vésperas da estreia oficial dessa banda, em 25 de setembro de 1982.
O show foi bom, correto e simples na sua proposta intimista. Eu e Cido bem comedidos, e a estabelecermos dinâmicas bem acentuadas para não atrapalhar a delicadeza harmônica do violão e voz, dela. Infelizmente, foram poucas pessoas para assistir-nos. Em um Teatro com cerca de trezentos lugares, apenas vinte e cinco pessoas ocuparam poltronas. Parentes e amigos da Lily, basicamente, como seria a esperar-se para uma artista iniciante.
Mas existiu um componente exótico nessa história minha com a Lily Alcalay. Na verdade, havia um terceiro músico envolvido nessa banda de apoio. Ele estava a ensaiar conosco desde abril de 1982, mais ou menos, mas não participou do show, por um motivo triste, que acomete muitos músicos, e sobre o qual, revelarei logo mais.
Continua...
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