O ser humano
por sua constituição é pleno de nuances, sob complexidades múltiplas e com
direito a inúmeras variantes que passam por fatores tão ramificados, que
suscitam estudos em separado e muito pormenorizados, assim a justificar a existência de tantas matérias a
estudá-lo, no âmbito das especialidades acadêmicas (e por séculos, é bom ressaltar e antes disso, sob uma forma livre e empírica).
No entanto, a se viver ali nos primeiros meses de vida, sobre tal complexidade nada sabemos e assim, tudo surpreende, ao fazer das sensações ante tais manifestações, apenas uma forma rudimentar do aprendizado inicial, sem nenhuma sofisticação intelectual, mas certamente a conter uma experiência riquíssima para o pequeno Ser que começa a interagir com a realidade da existência.
E tal fenômeno do aprendizado difuso, revela-se muito
forte na percepção do bebê, ante as expressões faciais, gestuais e ruídos
emitidos pelos adultos.
Quando muito
pequeno e sem a mínima condição cognitiva em compreender as palavras através do seu
significado, o que impressiona é uma mistura de sensações, como afirmei no
parágrafo anterior e a associação livre em torno disso, faz com que aprendamos
o mais básico dos sentimentos humanos, de uma maneira dual: os aspectos da concordância e
discordância.
Adultos emitem sinais claros de quando estão bem ou mal
humorados, pelo tom de voz, expressão facial e gestual. Dessa forma, nós logo aprendemos que
quando tudo vai bem, a fala é mansa, as risadas acompanham-na em graduações,
a partir do sorriso sereno à gargalhada escandalosa a desvelar a anatomia da arcada
dentária, além dos sons emitidos em termos de cânticos, visto que pessoas
alegres tendem a cantarolar, assoviar e entoar notas musicais.
O gestual acompanha esse
manancial de percepções despertadas ao pequeno bebê, certamente. Adultos quase
não conseguem disfarçar o seu estado de espírito e assim, quando estão bem, gesticulam com movimentos engraçados, mas quando estão nervosos... dá
medo pois seu comportamento com os braços e pernas são bruscos, ameaçadores.
E logo
percebemos que o tom de voz muda conforme o humor do adulto, igualmente. Quando
tudo está bem a fala é amena, pausada, sem respiração ofegante. Caso contrário,
fica muito alto o volume de sua emissão, a intercalar com gritos assustadores,
gemidos e/ou grunhidos que causam angústia ao bebê, que apenas sente o baixo
astral, mas sem a capacidade para discernir o que aquilo significa (e quando
aprende, verifica que geralmente são contrariedades tão idiotas, que não dá para acreditar como as
pessoas alteram o seu comportamento motivadas por tais insignificâncias, ao gerar tamanho dispêndio de energia).
E existe a questão do choro. O nosso instinto é despertado, desde que deixamos o ventre materno e algum humano detentor de uma mão pesada, desfere-nos um literal tapa nas nádegas, a deixar claro que a vida material é baseada em sensações, sentidas literalmente na própria pele, logo de início.
E existe a questão do choro. O nosso instinto é despertado, desde que deixamos o ventre materno e algum humano detentor de uma mão pesada, desfere-nos um literal tapa nas nádegas, a deixar claro que a vida material é baseada em sensações, sentidas literalmente na própria pele, logo de início.
Portanto, é a primeira
lição que aprendemos, ou seja, choramos para reivindicar a ação dos adultos a
coibir os nossos incômodos naturais, mas incompreensíveis nos primeiros dias,
semanas e meses a fio.
Mas à medida que nossa compreensão do mundo aumenta,
verificamos que quando flagramos adultos a chorar, a conotação é completamente
diferente.
Choramos pois sentimos fome, em primeira instância e mais cedo ou mais tarde uma
mamadeira com leite quentinho nos será oferecida pela mamãe, vovó, babá ou
outra pessoa qualquer. Basta encostar a boca no bico da mamadeira e paramos de
chorar imediatamente, mediante a resolução do problema.
Contudo, o choro dos adultos parece muito diferente. É dolorido, não passa rapidamente, denota conter outras motivações que logicamente estão longe de nossa compreensão naquele instante imerso em torpor, pelo qual atravessamos.
Contudo, o choro dos adultos parece muito diferente. É dolorido, não passa rapidamente, denota conter outras motivações que logicamente estão longe de nossa compreensão naquele instante imerso em torpor, pelo qual atravessamos.
Em breve começaremos a entender a múltipla
função do choro, inclusive ao apresentar a paradoxal atribuição da alegria, da emoção
por alguma coisa que conquistamos e cuja posse era muito difícil, a denotar um
triunfo épico, por exemplo.
Mas... calma (!), há muito chão ainda para engatinhar, bebê! A
vida e a complexidade do ser humano demanda anos de aprendizado e na verdade,
nunca esgota-se...
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