terça-feira, 19 de abril de 2016

Ser Acróbata e Deixar de Sê-lo - Por Luiz Domingues

A elasticidade é total em uma fase da vida em que os conceitos que definem os aspectos acrobáticos, esportivos e nos princípios do contorcionismo não fazem nenhum sentido para o pequeno Ser sem consciência de tais fatos.
 
Mas quem se preocupa com a semiótica antes de completar um ano de idade?
 
Ali, a viver os dias iniciais da existência, o que se levava em conta, além de satisfazer as necessidades básicas de um corpo humano (apoio que algum adulto culmina em nos proporcionar, via de regra), na verdade é confuso e que só virá a ser um objeto de exploração, muito tempo depois, pela obviedade impingida pelo curso da vida.
Primeiro ponto, os meus pés tocam na minha cabeça sem nenhum esforço e sem que haja a necessidade de existir algum ter preparo físico diferenciado. Eu não fui nenhum atleta de alto padrão, tampouco artista circense para exercer tal proeza atlética.

Diante da absoluta normalidade para dobrar o corpo dessa forma e a observar a reação dos adultos, em absoluta passividade diante de tal proeza, intuía inocentemente que isso sempre seria assim.
Todavia, claro que isso não se processou e bastou alguns poucos meses para tal capacidade arrefecer-se, e posso dizer, tal dificuldade além de ter sido uma das primeiras frustrações da vida, foi também um sinal de que o corpo continha limites, aliás, muitos.

Uma lição de vida ali nos primórdios da existência, e claro, sem a menor consciência disso, a absorver aleatoriamente tal ensinamento.
O corpo a apresentar limites foi apenas um dos enigmas. Na verdade, se tratou de uma questão menor diante da extrema perplexidade que permeava tais momentos, em que a falta de um raciocínio mínimo fez com que tudo parecesse algo abstrato ao extremo.
 
A grande questão e que demoraria para ser minimamente compreendida, fora outra e de cunho muito mais grandioso.
Pareceu incrível, mas para um pequeno bebê, sem nenhuma possibilidade de raciocinar ainda, aquela sensação de não entender a própria individualidade foi algo bastante angustiante. Eu não digo que sabia, mas certamente sentia esse impasse, então incompreensível.

Diante de tal confusão mental inevitável absorvida nessa fase da vida, ser um contorcionista e perder tal capacidade repentinamente, foi na verdade, o menor dos desafios... 

4 comentários:

  1. Hahahah que âgulo interessante de visão! Eu, ainda hj, me pego em atrevimento de movimentos que AINDA FAÇO! É bem verdade que sempre, desde criança, fui adepta de ginástica e, posteriormente, ballet, capoeira e ainda, recentemente, yoga...mas já passei por uma hérnia de disco amigo, forte...o que me livrou dela? Fisioterapia e uma ooperação espiritual...nunca mais ignorei o "outro lado"...Bjuss!

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  2. Sim, Christine !

    A elasticidade do bebê de poucos meses é algo incrível, e desafia até as leis da física de certa forma. Depois, bem rápido, vamos perdendo tal capacidade natural, a não ser os atletas e artistas circenses que treinam exaustivamente para ter tal mobilidade por questões profissionais.

    Sobre o que relatou-me, bacana que a fisioterapia e a ajuda espiritual te recuperaram. Fico contente em saber.

    Muito grato por ler e comentar a minha crônica !!

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  3. Você nasce e tem todas as possibilidades do mundo. Aí cresce e percebe que deixou inúmeras delas pelo caminho. Um caminho sem volta infelizmente!

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    1. Isso, uma autêntica cartilha pré moldada, para não dizer um manual de instruções, mas só que nos damos conta muito tempo depois.

      Muito grato por ler, e trazer essa visão a mais para o tema.

      Abraço, Lourdes !

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