O local em questão foi a Casa de Cultura da Vila Guilherme, apelidada pelos moradores do bairro como "Casarão" e logo que o show foi fechado, Carlinhos Machado e Renata "Tata" Martinelli se manifestaram com entusiasmo porque já haviam tocado ali com outros trabalhos e nos avisaram que o local era muito bonito.
De fato, me dirigi ao local no dia marcado, 7 de setembro de 2024, acompanhado de Kim Kehl e quando chegamos na entrada do estabelecimento, ficamos impressionados com a sua beleza arquitetônica. Localizado em uma bonita praça com ares interioranos, se tratava de uma velha escola estadual, possivelmente construção essa dos anos 1930 pelo estilo, a se mostrar verdadeiramente como um "casarão".
Bairro simpático da zona norte de São Paulo, a Vila Guilherme não é periférica e pelo contrário, está perto de outros bairros antigos e importantes da cidade, tais como a Vila Maria, Santana e Tucuruvi, e assim, em meio às suas ladeiras, mostra partes residenciais tranquilas e muitas praças como essa que avistamos.
Bem, estacionamos o carro e logo avistamos a simpática persona do baixista Neto, da banda Cracker Blues, que faria "dobradinha" conosco nessa tarde/noite. Ele também havia chegado na mesma hora e a perspectiva foi boa demais, haja vista que o Cracker Blues é uma excelente banda cujo trabalho se situa entre o Blues-Rock e o Southern-Rock, portanto, mantinha há anos uma sonoridade bastante próxima do som da nossa banda.
Ficamos apreensivos, no entanto, e na verdade já sabíamos que por força de obras na instalação, o show não seria realizado no bonito espaço interno do "casarão", que pelas fotos que vimos, se parecia bastante com o saguão da Faap, a Faculdade Armando Álvares Penteado, pelas escadarias ali presentes. Dessa forma, nos deslocamos para um salão designado pela direção da CC Vila Guilherme, a se tratar de um espaço amplo, retangular como característica e com diversas vidraças.
A julgar pelo seu aspecto arquitetônico, ficou claro que aquele espaço era usado para aulas de dança, artes plásticas ou artes marciais e isso foi confirmado quando mirei o mural a conter a programação da casa.
Por ser retangular e com muitas janelas, logo eu e Kim confabulamos que a acústica ali seria muito difícil por tais características nada favoráveis para a realização de um show musical e ainda mais show de Rock, mas nos resignamos, na medida em que Os Kurandeiros já haviam feito shows sob condições adversas por muitas vezes e além do mais, tanto eu quanto ele, já havíamos passado por situações semelhantes a defendermos outros trabalhos, igualmente.
Muito bem, os companheiros da nossa banda e também do Cracker Blues foram chegando e após ser montado o palco, começamos o soundcheck. A estabelecermos a ordem inversa, o Cracker Blues começou primeiro a sua preparação e com o salão vazio, foi difícil para eles chegar a um resultado de mixagem minimamente satisfatório e claro que no nosso caso, não seria diferente. A única esperança de haver uma sonoridade pelo menos razoável, seria no sentido de que as duas bandas haveriam de tocar bem baixo no palco e mesmo assim, a depender da pressão exercida, poderia ficar muito desconfortável para os bateristas de ambos.
Bem, combinamos isso entre nós e quando fizemos o nosso soundcheck, já tínhamos a noção de como estava o som do PA mediante a audição do Cracker Blues na sua preparação e agora ali no palco, a perspectiva foi igualmente muito difícil, pois tocar com volume baixo em demasia é um exercício extremamente desconfortável em via de regra, principalmente para os bateristas e assim, soubemos que foi o remédio amargo ante o inevitável. Paciência.
No camarim da Casa de Cultura da Vila Guilherme, Carlinhos Machado no comando da "selfie", com Kim Kehl, Phil Rendeiro, Renata "Tata" Martinelli e eu (Luiz Domingues), atrás e a brincarmos. Os Kurandeiros na Casa de Cultura da Vila Guilherme de São Paulo. 7 de setembro de 2024. Click ("selfie"), acervo e cortesia: Carlinhos Machado
O público começou a adentrar o salão e assim nos recolhemos ao camarim. O Cracker Blues foi anunciado, e eu fui assistir o começo do show dos meus amigos e cujo trabalho, muito admiro.
Continua...