quarta-feira, 20 de novembro de 2024

Crônicas da autobiografia - Entrevistas equivocadas na imprensa escrita - Por Luiz Domingues

    Eu, Luiz Domingues, sob o click de Lincoln Baraccat em 2020

                            Aconteceu no decorrer da carreira inteira

No meio jornalístico, nem todo setorista de cultura é preparado para exercer bem atividade. Aliás, é bem típica a predisposição de qualquer redação de veículo grande de cobertura geral, a colocar estagiários recém formados ou ainda a cumprir o curso de jornalismo, em qualquer especialidade, sem levar em conta o desejo pessoal do novo funcionário e assim, muitos mudam constantemente de setor conforme se firmam nas empresas e assim, mais experientes, e com moral construída com seus chefes, se colocam aptos para buscar as especialidades com as quais se identificam melhor.

Em suma, muitas vezes o artista é abordado por um repórter que lhe entrevista e fica nítido que o entrevistador não tem a menor noção do que perguntar, ao denotar a completa falta de familiaridade com o assunto.

Mas isso não significa dizer que sob uma outra circunstância mais favorável, haja uma melhor sincronia. Muito repórter de veículo especializado pode conduzir a sua linha de raciocínio a fim de formular seu questionário, tendo como base a pura idiossincrasia de sua parte ou pior ainda, mediante manipulação deliberada, embora velada, para atender algum fator ideológico e pode ser ainda mais grave se na real intenção, haja um planejamento prévio no sentido de prejudicar você, a sua banda ou a escola estilística pela qual o seu trabalho pertence, simplesmente para favorecer antagonistas que podem ser do campo mercadológico a visar privilegiar forças advindas de outras vertentes e que atendem interesses opostos aos seus. 

E pode haver mais uma anomalia nesse tipo de relação, ou seja, por pura vaidade do mau jornalista em questão, as perguntas capciosas podem ocorrer e na mesma medida, as edições "marotas" também não são incomuns. Você conversara animadamente com o entrevistador, porém, quando a revista ou o jornal chegava às bancas, surpreendia-se com o conteúdo adulterado e certamente desfavorável à sua imagem ou simplesmente desdenhoso para com a sua obra.

Já no campo da imprensa alternativa, e a falar sobre um viés mais antigo, não baseado na realidade pós-internet, os fanzines eram geralmente publicações modestas, porém feitas com um grau de paixão enorme da parte de seus realizadores. Havia e ainda há colegas meus que desprezam tais veículos, por pura soberba descabida, a achar que as suas respectivas personalidades artísticas e consequentes obras, seriam muito maiores que esses humildes meios de comunicação e claro que eu jamais compactuei com tal afirmativa e toda vez que eu fui abordado por fanzineiros, e não importando qual era a tiragem que seus fanzines alcançavam e nem mesmo a sua aparência como acabamento gráfico, eu sempre atendi as solicitações de seus idealizadores com o mesmo respeito e atenção com a qual atendi jornalistas a serviço de órgão mainstream da imprensa.

Mas mesmo assim, ou seja, a se levar em conta que o fanzineiro é antes de tudo um apaixonado pelo Rock, pela música, pela arte & cultura, ou tudo isso junto, ainda assim, estamos sujeitos a ser abordados por pessoas com interesses secundários. Um exemplo que não é raro, é receber o convite para uma entrevista, ou matéria e mesmo uma resenha e no mesmo contato o fanzineiro lhe oferecer um pacote a ser pago, que lhe garantiria uma entrevista extensa com direito a foto na capa ou se recusada a ideia de se pagar, a sua participação de antemão ser anunciada sob um reduzida nota, como se fosse uma compra de anúncio classificado, a provar que a abominável prática do famigerado "jabá", tem formas alternativas de ser aplicado pelos oportunistas.  

De volta a falar sobre a imprensa maior, há também o caso das entrevistas deslocadas de contexto. Muitas revistas (isso a se pensar nas décadas anteriores), que não continham nenhuma familiaridade sequer com a cultura vista sob um prisma amplo, acharam em determinado ponto de suas existências que seria importante conter uma coluna sobre o assunto, assim, jogada a esmo, simplesmente para passar uma ideia de pluralidade. Acredito que se fosse através de uma espécie de revista centrada no campo do erotismo e sensualidade, como eram as revistas ditas para o "público masculino", eis que a tendência abriu campo para a disseminação e nesse sentido, surgiram colunas com tal abordagem em revistas similares. 

Para ser mais explícito, se a revista Playboy mantinha as entrevistas supostamente "sérias" nas suas páginas internas de coloração amarelada para destacar exatamente tal conteúdo em meio aos ensaios de fotos com moças nuas que era o seu verdadeiro chamariz, é claro que o paradigma foi criado.

Bem, nesse caso de revistas assim não conectadas com o campo cultural, jornalistas completamente despreparados chegavam com questionários sem nenhuma conexão com a sua realidade, tampouco da sua banda, nada a ver com o contexto do Rock e tudo mais. 

E não somente nas revistas de teor sensual, mas também em veículos destinados à economia, política, esportes e até revistas infames de fofocas sobre atores de novelas eu já tive a oportunidade de ser entrevistado e geralmente nesses casos tão díspares, eu já sabia que o teor da perguntas seria medíocre, de quem não sabe absolutamente nada sobre o universo do  qual eu e meus colegas pertenciam.

Na contramão, houve ocasiões nas quais me surpreendi. O veículo era adverso, mas o repórter veio preparado para uma entrevista bem embasada, mediante perguntas bastante pertinentes. Nesse caso, pela coincidência do repórter em questão (ou o seu editor), ser um aficionado, porém, foram exceções e certamente motivadas por um mero golpe de sorte.

E o supra-sumo da abordagem desdenhosa da parte de veículos maiores é convidar artista para uma entrevista e mesmo que você já tenha uma carreira consolidada com discos, tenha fãs e uma agenda constante de shows lotados pela audiência, mas não faça parte exatamente do patamar mainstream, a abordagem é construída de forma a não perguntar nada sobre o trabalho em si, mas com um questionário montado pelo mote do artista que não consegue sobreviver de sua arte. Com o enfoque nessa premissa, a ideia, se não é humilhar, chega bem perto disso no aspecto subliminar, ao formular perguntas que passam ao largo da obra que você forjou. Cheguei a participar de entrevistas com tal teor bem no começo da carreira, mas depois de um certo tempo, as evitei, exatamente por saber qual era a intenção e nesse caso, exerci o direito de não achar que a exposição ajudar-me-ia e pelo contrário, seria algo ultrajante.  

Para pontuar, digo que ao contrário, toda vez que fui entrevistado por um bom profissional convenientemente bem preparado, com cultura avantajada sobre o meio, foi um prazer enorme. Respeito mútuo e preparo jornalístico da parte de quem entrevista faz a diferença, ao criar empatia e por conseguinte, total fluidez nas respostas.  

sábado, 16 de novembro de 2024

Crônicas da autobiografia - O retrocesso medieval proposto - Por Luiz Domingues

O pré-Língua de Trapo em ação no ano de 1979. Click de Rivaldo Novaes

Aconteceu entre o tempo final do Boca do Céu, e início do Língua de Trapo, durante o ano de 1979

Em meio aos esforços para engrandecer a minha primeira banda, o Boca do Céu, a minha rotina do cotidiano durante o ano de 1979 se dividira entre as atividades da banda, a minha determinação pessoal para melhorar como músico e sim, cursar e passar pelo dito "terceiro ano colegial", que eu cumpria em termos de estudo formal.

Dentro do ambiente escolar, havia uma série de alunos que como eu, ainda estávamos ligados com os ideais contraculturais, e como Rockers com identificação hippie, mantínhamos uma aparência coadunada com os valores do Rock sessenta-setentista e assim, ainda que em fase de franca diminuição nessa ocasião, os usuários de longas cabeleiras estavam devidamente distribuídos pelas salas de aulas da escola.

                Eu (Luiz Domingues), em 1979. Acervo próprio

Nesse nesse específico ano, apesar de sempre ter tido uma postura "zen" e respeitosa no ambiente escolar, aliás, desde que ingressei no sistema educacional no ano de 1968, infelizmente eu tive um problema e de novo ressalto que na verdade, o problema não foi gerado por alguma ação minha, de forma alguma.

Explico: eis que um novo professor entrou em cena, a ministrar a discutível matéria de "OSPB" (organização social e política brasileira) para o ano letivo de 1979. Nos anos anteriores, nenhum professor houvera me hostilizado por eu manter aparência de "hippie", mas esse profissional em específico passou o ano inteiro a me hostilizar de uma forma gratuita e claro, estimulado por uma série de preconceitos que continha no seu âmago.

Não houve nenhuma surpresa de minha parte que esse sujeito a ministrar tal matéria, fosse um reacionário por natureza, como geralmente eram os entusiastas desse conteúdo com alta dose de doutrinação embutida em suas entranhas. No entanto, eu já havia enfrentado anteriormente professores da matéria semelhante, ou sejam, a indefectível "educação moral e cívica" durante a conclusão do ensino fundamental e não havia tido grandes problemas além do óbvio que essa matéria inseria em si, mas esse senhor se incomodou ao me ver no fundo a sala a usar uma longa cabeleira e não escondeu isso de ninguém, apesar de eu jamais ter me insubordinado à sua autoridade.

Com certa frequência, comentários sobre a "decadência social" promovida pelos "hippies cabeludos" vinham em voz alta, a mirar-me e completamente desconectados do contexto da matéria que nos passava, como um tipo de ataque covarde da parte desse pulha preconceituoso. Contudo, eu nunca retruquei a sua grosseria gratuita.

Certa vez ele citou o filósofo, Arthur Schopenhauer, ao pedir para que eu me levantasse e respondesse uma pergunta da matéria, mas a sua intenção foi apenas que eu ficasse de pé e em evidência para me atingir com um ataque frontal e gratuito ao citar o famoso aforismo cunhado por tal pensador: "cabelos longos, ideias curtas".

Ora, essa colocação misógina da parte do filósofo, foi abominável por natureza, embora esteja no contexto da época na qual viveu entre os séculos dezoito e dezenove e ao ir além, o preconceituoso incomodado com a minha aparência a distorceu, pois certamente interpretou a minha longa cabeleira como um sinal de homossexualidade, ou seja, o ataque foi duplo, no sentido de que primeiro: compactuava com a lógica abominável do filósofo que citou, ao considerar a mulher como um ser intelectualmente inferior ao homem e reforçou o preconceito ao julgar-me como um homem que desejava ser mulher, portanto, alguém que quisesse abdicar da minha "natural" superioridade no conceito dele, para se tornar inferior, isto é, a me chamar de desprovido de inteligência sob dois aspectos. Em suma, que raciocínio tacanho e carcomido de preconceitos dos mais abomináveis.

Certa vez, quando da administração da primeira prova formal bimestral, esse senhor já a se colocar como uma pessoa na terceira idade na ocasião, ao distribuir os papéis de prova aos alunos, fez uma explanação absolutamente lamentável e eu diria, criminosa, pois certamente que ele não tinha esse direito sob o ponto de vista pedagógico, quando disse aos berros: "eu não dou nota dez para ninguém, devo deixar claro. Mesmo que o aluno acerte todas as questões, mesmo que use de argumentação brilhante para defender a sua tese e esteja inteiramente correto no seu raciocínio, a nota dez eu só dou para Deus. Portanto, partindo dessa premissa, nenhum ser humano jamais poderá ter a mesma quantificação".

Bem, foi inacreditável ouvir essa afirmativa de um fanático religioso a usar do seu poder como professor para inventar um critério irracional para avaliar o desempenho dos seus alunos. E se o aluno dependesse da nota dez para fechar a média e passar de ano? Seria reprovado pelo beato? Inadmissível!.

Lá pela metade do ano, ele teve uma crise de nervosismo, quando fez um ataque às religiões orientais e ao citar o hinduísmo, centrou as suas baterias de ódio explícito ao criticar duramente as imagens de Deuses com a anatomia híbrida e/ou com a presença de muitos braços na representação visual de suas supostas imagens. E para demolir essas crenças, citou passagens da Bíblia a referendar a ideia de que o Deus único no qual acreditava criou a humanidade à sua semelhança e que era inconcebível haver gente ignorante que acreditava na multiplicidade de Deuses e sobretudo sobre as divindades que eram híbridas, a apresentar características humanas e animais em um mesmo corpo.

Aos berros, falava ser intolerável adorar um Deus com "cara de macaco ou elefante". Ora, o beócio nunca foi buscar entender as metáforas, alegorias e analogias de outras crenças e portanto, como um fanático monolítico que se revelara, jamais levou em consideração que nessa mitologia em específico, criaturas com vários braços tem como metáfora a ideia de que cada braço representa uma característica do referido Deus e no caso das feições animais, o raciocínio é o mesmo ao usar a analogia com os animais para realçar aspectos inerentes tais como força, destemor, argúcia, agilidade e outros, como algo meramente alegórico. E claro, a denotar que interpretava a Bíblia de uma forma literal e deveras infantil, sem entender as metáforas e simbologias ali descritas, e que à luz da razão, também são exóticas em muitas passagens, convenhamos.    

E para encerrar esta crônica, narro o ápice dessa atuação da parte desse professor e que ao mesmo tempo revelou a personalidade desse sujeito tão detestável pela sua verve autoritária e ignorante. Eis que ele propôs um estudo sobre o comportamento humano a se provar como algo altamente controverso.


Hipócrates, na antiguidade, formulou uma teoria a explicar a saúde do ser humano e que ao mesmo tempo tentava propor a mesma tese em relação ao seu comportamento, quando estabeleceu a questão sanguínea como tal parâmetro. Alguns séculos depois, o romano, Galeno, partiu desse estudo e avançou a estabelecer as bases do que veio a ser conhecido como "teoria humoral".

Esse texto serviu de base na Idade Média, séculos depois, para ser considerado como um parâmetro, como a teoria mais avançada aos padrões da época e claro, sob as bênçãos das forças religiosas que dominaram tal fase da história da humanidade a ferro e fogo, literalmente.

Bem, o tempo passou, o estudo de Galeno ficou totalmente ultrapassado e usado apenas como fato histórico a envolver a medicina, a antropologia e a psicologia sob uma análise geral e claro, circunscrito ao fato de que sob o ponto de vista filosófico, é tratado nos dias atuais apenas como algo registrado nos anais da história, sendo descartado como estudo sério, faz tempo.

Entretanto, a proposta desse "mestre", se pelo ponto de vista curricular foi um engodo, ao menos serviu para tornar patente de onde vinham as suas ideias reacionárias. Como um religioso extremista e fanatizado, é claro que isso explicou bem a sua linha detestável de aula e claro, coadunado com a repressão, o autoritarismo, o reacionarismo em alta voga nas décadas de sessenta e setenta e tudo isso amalgamado com um cabedal de preconceitos despropositados sob o ponto de vista pessoal da parte desse energúmeno.

Fiz as provas bimestrais, a obter notas boas que me garantiram a aprovação, e a responder o que ele queria ler, sem nunca contestá-lo. Alguns colegas da sala de aula chegaram a se solidarizar comigo pela perseguição que sofri e se admiraram por eu nunca haver respondido a altura ou a formular uma queixa na direção da escola. Bem, eu poderia ter feito isso e não seria descabido pelo ultraje que sofri, no entanto, acho que agi bem ao aguentar o vilipêndio, justamente porque foi exatamente o que ele queria, isto é, provocar-me para gerar a minha reação.

Para quem não sabe qual é a base dessa formulação teórica que adveio da antiguidade e foi tida como a última palavra durante a Idade Média e boa parte da Renascença, veja abaixo o resumo do que o tal professor de "cabelos curtos e ideias medievais" me impingiu durante o ano de 1979, ou seja, segundo Hipócrates e Galeno, os seres humanos seriam divididos em quatro tipos:

Sangue (sanguíneo): O sangue era considerado o humor principal e era associado às características de calor e umidade. Uma pessoa com predominância do sangue era vista como otimista, extrovertida, sociável e cheia de energia. Eles eram vistos como pessoas alegres, comunicativas e entusiasmadas.

Fleuma (fleumático): A fleuma era associada ao frio e à umidade. Uma pessoa com predominância da fleuma era vista como calma, tranquila, paciente e reservada. Eles tendiam a ser observadores, racionais e não expressavam muita emoção.

Bile Amarela (colérico): A bile amarela estava associada ao calor e à secura. Uma pessoa com predominância da bile amarela era vista como enérgica, determinada, assertiva e competitiva. Eles eram considerados líderes naturais, com uma tendência a serem dominantes e focados em objetivos.

Bile Negra (melancólico): A bile negra era associada ao frio e à secura. Uma pessoa com predominância da bile negra era vista como introspectiva, pensativa, analítica e sensível. Eles tendiam a ter um temperamento melancólico, com uma tendência a serem perfeccionistas e preocupados com detalhes*.

De minha parte, eu passei de ano a concluir o curso médio, cheguei ao final do ano a comemorar o fato de que estava a participar do meu primeiro trabalho profissional como músico (na banda de apoio do compositor, cantor e músico, Tato Fischer), e também em meio à formação de uma banda cover que tocaria muito na noite paulistana e a ganhar dinheiro (o "Terra no Asfalto"), e igualmente envolvido com os primeiros tempos na formação do "Língua de Trapo".  

Portanto, o aborrecimento saiu da minha mente bem rapidamente ao ponto de que eu nem me lembrar do nome desse senhor. A pensar nas ideias de Galeno, creio que muito provavelmente esse senhor tão reacionário se considerava como um típico "sanguíneo", mas na verdade, era apenas um escolástico medieval a viver o século vinte com uma mentalidade ultrapassada, a se portar como um sujeito anacrônico, parado em um tempo obscuro e ocorrido há séculos.

sexta-feira, 1 de novembro de 2024

Livro: Língua de Trapo (a autobiografia de Luiz Domingues na música - Volume II) - Matilda Produções/Clube de Autores - Lançado em outubro de 2024

É com imenso prazer que eu anuncio o lançamento do segundo volume da minha autobiografia na música, se tratar da minha história pessoal com o Língua de Trapo.

Antes de mais nada, esclareço que este livro não é a biografia oficial do Língua de Trapo, mas sim a narrar uma segunda parte da minha autobiografia pessoal, portanto, é o volume II das minhas memórias e trata da minha experiência em particular, com a minha visão pessoal e tão somente, sobre a fase pela qual eu fui componente do grupo, aliás, duas fases.  

Com essa banda eu tive duas passagens, ou seja, fui membro desde os movimentos iniciais que precipitaram a sua fundação, a participar desde junho de 1979, tendo permanecido até janeiro de 1981. E depois, tive uma nova passagem entre outubro de 1983, até julho de 1984

Logo que as atividades da minha primeira banda, o Boca do Céu, se encerraram em abril de 1979, o vocalista Laert Sarrumor, que também era componente dessa banda, convidou-me a participar de um grupo que estava a ser montado na faculdade de jornalismo Cásper Líbero, instituição na qual ingressara naquele mesmo semestre. O objetivo foi inicialmente apenas fazer um espetáculo de música e poesia para os alunos da faculdade, porém convites surgiram e tal grupo foi a ser requisitado doravante e a crescer no circuito universitário em meio a diversas apresentações e participações em festivais de MPB, quando culminou na fundação oficial do Língua de Trapo, já em 1980. 

Trato sobre tais primórdios nos primeiros capítulos e a seguir a cronologia, falo a respeito de uma metamorfose que não acompanhei in loco, mas absorvi a posteriori, quando voltei e encontrei o grupo inteiramente profissionalizado, a viver um momento de grande expansão em todos os sentidos.

E explano também sobre o fato concreto de que essa, em meio a tantas bandas que tive e ainda tenho na minha carreira longeva, foi a única não exatamente caracterizada como uma banda de Rock, propriamente dita, porém, dentro do seu ecletismo que lhe serve para exercer tão bem a sua verve dentro da sátira e do humor, sua verdadeira vocação artística, o Rock também é uma das ferramentas que usa com maestria para para tirar "sarro e humor" da sociedade.

São muitas as histórias relatadas sobre a banda em seus bastidores, as minhas impressões em meio a dois momentos muito diferentes de sua história, análise de época e um profundo agradecimento aos talentosos colegas com os quais convivi e atuei, com muita satisfação e orgulho.

Língua de Trapo (a autobiografia de Luiz Domingues na música - Volume II)
 
Autor: Luiz Domingues
Editor: Cristiano Rocha Affonso da Costa
Revisão gramatical, diagramação e carta catalográfica: Alynne Cavalcante
Arte e lay-out final da capa/contracapa e material promocional: Victoria Costa
Foto do autor: Lincoln Baraccat
Capa do Compacto "Sem Indiretas" de 1984: Louis Chilson 
Almofada com foto da capa do compacto "Sem Indiretas"de 1984: Amanda Fuccia
Fotos e material impresso que ilustram a capa contracapa: acervo particular de Luiz Domingues (créditos dos fotógrafos nos agradecimentos do livro)
Uma obra proporcionada pela Matilda Produções
Apoio gráfico: Clube de Autores
Outubro de 2024

Vendas pelos sites do Clube de Autores e Amazon:

domingo, 27 de outubro de 2024

Autobiografia na música - Trabalhos avulsos (Golpe de Estado & Convidados) - Capítulo 126 - Tributo à Nelson Brito - Por Luiz Domingues

Conforme me fora notificado anteriormente, eis que um novo espetáculo ficou marcado para o Golpe de Estado, a se configurar como mais uma homenagem ao seu saudoso baixista, Nelson Brito, meu amigo de muitas décadas. E este com a mesma configuração anterior em relação ao espetáculo no qual eu havia participado, ou seja, a contar com a presença de cinco baixistas convidados, eu incluso, para suprir a ausência do nosso querido amigo que partira.

Eu já havia sinalizado ao Marcello Schevano que aceitaria participar novamente e de fato, assim que ele me confirmou a data, eu reiterei a minha predisposição para estar junto a banda e seus outros convidados, todos eles amigos do Nelson e meus igualmente, portanto, mais uma vez haveria de ser uma bela homenagem.

Marcado para ser realizado na unidade do Sesc Paulista, localizado na avenida homônima, a única diferença em relação ao show anterior foi a inclusão de mais uma música para cada convidado, ou seja, a caracterizar um espetáculo com vinte músicas do repertório da banda, a representar todos os seus discos.

No meu caso, foi acrescentada a canção: "Forçando a Barra", peça de seu segundo disco, o LP homônimo, lançado em 1988. 

Um ensaio foi marcado para ocorrer nas dependências do estúdio Orra Meu, em 14 de outubro de 2024, uma segunda-feira e com a possibilidade de haver um segundo ensaio na quarta-feira, dia 16.

Novamente reunido com os amigos na área livre de convivência do estúdio Orra Meu para preparar o show tributo a Nelson Brito. Da esquerda para a direita: João Luiz, Marcello Schevano, Fabio Cezzar, Ricardo Schevano, Daniel Kid, eu (Luiz Domingues), Pepe Bueno e Roby Pontes. Estúdio Orra Meu de São Paulo. 14 de outubro de 2024. Acervo e cortesia: Marcello Schevano. Click: Letícia Helena

Na parte musical, a banda estava afiada como sempre e todos os convidados haviam feito bem a "lição de casa", portanto, o ensaio se provou eficaz. Tanto que o segundo ensaio foi mantido, mas quem se sentiu seguro logo no primeiro, nem compareceu ao segundo, o que foi o meu caso. Não fiquei sabendo a posteriori, mas creio que esse segundo apontamento foi cancelado, com a sensação de que não seria necessário.

O meu único receio foi poder me controlar melhor, haja visto que no show anterior eu senti a carga emocional pela perda do amigo e me desconcentrei durante o show e principalmente no camarim após a minha saída de cena, quando me senti abalado pela lembrança do dia triste que tive ao lado da esposa do Nelson no dia em que fui visitá-lo no hospital, pois foi justamente no momento no qual cheguei ao quarto, ele estava a ter uma crise e só me restou tentar consolar a sua esposa no pior momento possível. Tal recordação se aflorou assim que avistei a presença dela na plateia durante esse show anterior e ali eu mergulhei em um caldeirão de emoções fortes, por estar a atuar no calor do espetáculo, a ocupar a vaga dele, a tocar as suas músicas, mediante as suas linhas de baixo e a ter consciência do quanto ele amava a sua banda, suas canções e assim, para potencializar ainda mais o apelo emocional, com a sua foto gigante no painel de fundo, a esposa ali e mirar-me e a tocar as suas canções, não foi fácil me controlar. Paciência, sou humano também.

Na mesma intenção da foto anterior. Ensaio do Golpe de Estado e seus convidados. Estúdio Orra Meu de São Paulo. 14 de outubro de 2024. Acervo e cortesia: Marcello Schevano. Click: Letícia Helena

Bem, a julgar pelo ensaio, quando nos reunimos novamente, claro que falamos muito do Nelson, cada qual a expressar as suas muitas lembranças. Lamentamos novamente a sua ausência, mas tudo se atenuou com as lembranças boas que todos evocaram. Portanto, conformado exatamente ninguém ali estava, porém, falar sobre os bons momentos que cultivamos da amizade para com ele, nos deu alento.

E particularmente eu me senti mais forte. Tive a certeza de que nesse segundo show eu não haveria de me desestabilizar tanto, sem perder a concentração e a não gerar uma energia ruim. Se existir de fato uma espécie de "vida após a morte física", nessa dimensão na qual o Nelson foi habitar doravante, ele recebeu a nossa energia boa ali a falarmos coisas boas sobre ele e no show, com toda a carga explosiva do som produzido pela banda que ele tanto amou, através das músicas que criou, a massa energética haveria de ser ainda maior.

Uma ideia surgiu, a proporcionar que cada baixista convidado escrevesse um texto a ser repercutido nas redes sociais, a dar conta de como cada um conheceu e forjou amizade com o Nelson. Tais depoimentos ficaram emocionantes da parte de todos os baixistas convidados e exatamente o texto que eu preparei, o transcrevo abaixo:  

"Foi na metade de janeiro de 1983, que a minha banda na ocasião, A Chave do Sol, conseguiu dar o seu primeiro passo um pouco maior, haja vista que vínhamos desde setembro de 1982 a trilhar a dura labuta da típica banda iniciante, ou seja, a nos apresentarmos em casas noturnas obscuras, festivais underground & afins.
 
Isso ocorreu quando um "olheiro" de uma casa de maior porte nos viu a atuar em uma bar da Alameda Santos e nos convidou a assinarmos um contrato para uma temporada no então badalado, "Victoria Pub", a viver os seus dias de auge e a se constituir na prática de uma casa da jovem burguesia paulistana, embora a programação fosse Rocker na essência.
 
A nossa missão foi nobre: abrir toda terça e quinta os shows do Tutti-Frutti de Luiz Carlini, Simbas & Cia., ou seja uma formação espetacular dessa famosa banda. Dividiríamos a missão com outra banda que já tinha uma história pregressa no campo da música autoral a remontar aos anos setenta, mas que nessa fase, se dedicava às releituras de clássicos do Rock internacional dos anos 1960 e 1970, chamada como: "Fickle Pickle", cujo vocalista era um ex-co-autor de músicas do Casa das Máquinas, apelidado como "Catalau" e que eu conhecia desde 1980, época na qual ele quase entrou como componente de uma banda cover pela qual eu atuava, chamada: "Terra no Asfalto". 
 
Os outros componentes eu não conhecia até então, mas vim a saber que o guitarrista, Raul Müller, era ex-membro do lendário "Lírio de Vidro" de Kim Kehl, banda que surgira no final da década de setenta. E a super "cozinha" da banda era constituída por Nelson Brito e Paulo Zinner, ambos com o Fickle Pickle desde 1977, ainda com André Christovam na guitarra e posteriormente, Chris Skepis.
Em suma, eu conheci o Nelson ali nos labirínticos corredores do Victoria Pub e fiquei muito sensibilizado pela sua generosidade, pois mesmo sem me conhecer, ele ofereceu-me o seu amplificador para que eu o usasse nos quatorze shows que A Chave do Sol ali realizou.
 
Jamais me esqueci desse gesto solidário da parte dele e dali em diante, ficamos amigos e solidários um com o outro por anos a fio.
E como eu gostava de vê-lo a atuar, assistindo da coxia do Victoria Pub e vibrando com a execução perfeita que ele interpretava das linhas de baixo de John Entwistle, Paul McCartney e Bill Wyman entre outros ídolos nossos do Rock da década de 1960, com aquela volúpia Rocker avassaladora, bem no espírito dessa cena que amávamos. 
 
Veio a posteriori o Golpe de Estado e a sua consagração pessoal como artista contundente e famoso no meio Rocker brasileiro. A minha carreira foi diferente em comparação à que ele construiu com uma banda apenas, porém, e não por coincidência mas por afinidade, todas as bandas pelas quais eu atuei doravante, interagiram fortemente com o Golpe de Estado, portanto, foram inúmeras as histórias construídas conjuntamente pelos bastidores de shows, ambientes de rádio, TV e redações de jornais que visitamos para falar sobre shows, discos sendo lançados e outras ações promocionais, além da colaboração direta, um com o outro nas produções de estúdio, quando gravamos discos com as nossas respectivas bandas e sem contar com as "canjas" nos shows, um na banda do outro. 
 
Até que um dia ele partiu para viver em uma outra dimensão. O que isso mudou na nossa amizade? Nada, pois continuamos a ser amigos e um dia eu irei viver nessa outra dimensão, também, e lá, continuaremos a cultivar a nossa amizade a celebrarmos juntos o som do The Who, Beatles e Rolling Stones e conversarmos animadamente sobre as peripécias do Dr. Smith, Robot & Will Robinson, entre tantas coisas que gostamos e somente quem viveu os anos sessenta sabe do que estou a falar".
 
Bem, o dia do show chegou e lá fui eu imbuído de produzir mais essa boa energia junto aos colegas para que o Nelson a recebesse, fosse lá onde estivesse.
 
Continua...

quarta-feira, 23 de outubro de 2024

Autobiografia na música - Boca do Céu - Capítulo 147 - Por Luiz Domingues

Wilton Rentero e Carlinhos Machado presentes na sala de recepção do estúdio, prontos para acompanhar a quinta sessão que trouxe a participação de dois músicos convidados. Boca do Céu no estúdio Prismathias de São Paulo. 5ª sessão. 29 de julho de 2024. Click e acervo: Luiz Domingues

A quinta sessão foi uma das mais divertidas, pois recepcionamos dois músicos convidados para abrilhantar ainda mais a faixa "Serena". Além do Marcos Martins, amigo querido e ótimo percussionista do Língua de Trapo, nós planejamos a inserção de outros instrumentos e para tal convocamos dois ótimos músicos para sanar as nossas expectativas.

No comando da "selfie", Carlinhos Machado. Atrás, o grande Rodrigo Hid e eu (Luiz Domingues). Boca do Céu no estúdio Prismathias de São Paulo

O primeiro deles, dispensa uma grande explicação sobre a sua persona e trajetória, a se tratar do meu queridíssimo companheiro de muitas jornadas, Rodrigo Hid. Neste caso, o convocamos para gravar duas rápidas inserções do órgão Hammond e uma intervenção de Mellotron. 

E a outra participação foi uma ideia de arranjo que partiu do Wilton Rentero, ao sugerir a colocação de uma flauta no trecho final, algo bem específico para ser acionado durante a segunda parte mais com feição "Prog-Rock" que aliás, fora recentemente anexada à canção.

E para cumprir tal missão, quem sugeriu a participação de um conhecido seu, foi o Osvaldo Vicino, que lembrou-se que uma amiga dele que era cantora e inclusive fazia parte juntamente com o seu marido de uma banda que costumava tocar clássicos do Rock Progressivo setentista e nesse grupo, havia um flautista.

Dito e feito, Osvaldo acionou a sua amiga e mediante tal contato estabelecido, convidou esse rapaz e ele gentilmente veio nos atender. Em princípio, esse músico nos pediu uma definição muito clara do que queríamos e dessa forma, o Wilton Rentero escreveu a parte dele na partitura, ou seja, a ideia seria em tese, seguir a linha melódica proposta pela guitarra desenhada que ele (Wilton) mesmo criou nessa parte. 

Da esquerda para a direita: o flautista convidado, Arnaldo Geretch, Osvaldo Vicino, Wilton Rentero e Carlinhos Machado. Boca do Céu no estúdio Prismathias de São Paulo. 5ª sessão. 29 de julho de 2024. Click e acervo: Luiz Domingues

Arnaldo Geretch foi o flautista que abrilhantou a nossa balada. E se a princípio a sua proposta foi de tocar somente aquilo que fora estabelecido na partitura, eis que na hora de gravar ele se soltou e ao improvisar, levou a flauta a estabelecer um voo livre na parte posterior final e nós todos gostamos de imediato do que ele criou. Dessa forma, a fugir da partitura pré-estabelecida, a sua contribuição foi muito boa.

Já sobre os teclados, o órgão Hammond atuou nas duas partes progressivas e no trecho final, ao conferir aquele toque Prog-Rock que queríamos para tais trechos. 

Nas três fotos, alguns momentos da participação do amigo Rodrigo Hid a gravar o som do órgão Hammond e Mellotron para a nossa música "Serena". Boca do Céu no estúdio Prismathias de São Paulo. 5ª sessão. 29 de julho de 2024. Click e acervo: Luiz Domingues

Sobre o Mellotron, essa foi uma ideia que se impregnou na minha imaginação desde que começamos a trabalhar no projeto do resgate, em 2020. Para ser mais exato, em 2021, quando de fato, mesmo em meio à pandemia, começamos a ensaiar em estúdios e prepararmos corpos harmônicos e mapas, ainda que provisórios para que as músicas ganhassem esqueletos para se começar a trabalhar.

Isso porque na parte de desdobrada rítmica que cai na harmonia do tom de lá maior, eu sempre achei que tal trecho lembrava demais músicas como "Space Oditty" do David Bowie e principalmente "O Toque" de Rita Lee & Tutti-Frutti. 

Sugeri isso aos colegas e eles sinalizaram que poderíamos tentar tal obtenção do timbre clássico do Mellotron ultra sessenta-setentista, mas ocorreu que nos teclados do Rodrigo, esse recurso de simulação não existia e o Danilo Gomes Santos também não o tinha entre os seus plug-ins do Pro-Tools da máquina disponível no estúdio Prismathias, simplesmente porque dentre tantos timbres de teclados clássicos, esse em especial ele não tinha e assim, nós estabelecemos uma parceria e compramos juntos o programa específico de timbres do Mellotron que foi usado e ficou magnífico ao meu ver (e também na percepção de todos, inclusive do Rodrigo que tocou e o adorou), e do Danilo que se surpreendeu como a escolha desse teclado em específico, que na sua percepção ficara excelente no contexto geral da canção.  

Arnaldo Geretch, o nosso convidado que gravou flauta e Danilo Gomes Santos na preparação do microfone para captar o instrumentos. Boca do Céu no estúdio Prismathias de São Paulo. 5ª sessão. 29 de julho de 2024. Click e acervo: Luiz Domingues

Sessão super gratificante pelo aspecto musical e pelo clima de extrema camaradagem que ali estabelecemos com os nossos convidados, essa etapa da gravação de "Serena" nos empolgou muito quando paramos para ouvir o material gravado nessa noite de uma terça-feira.

Na primeira foto, o nosso convidado especial, Arnaldo Geretch e Osvaldo Vicino. Na segunda foto, a partitura escrita por Wilton Rentero para  o Arnaldo Geretch se orientar para gravar. Boca do Céu no estúdio Prismathias de São Paulo. 5ª sessão. 29 de julho de 2024. Foto 1: Click e cortesia de Luiz Domingues. Foto 2 de Wilton Rentero

Encerrado esse trabalho final de acabamento que ficou finíssimo para a canção, houve uma 6ª sessão marcada a seguir, mais curta e para arrematar detalhes pontuais dos nossos dois guitarristas.

Essa sexta sessão veio a ocorrer bem adiante por uma dificuldade de agenda que tivemos com o estúdio, ou seja, em 9 de setembro e foi bem ligeira, apenas para se gravar pequenas partes que não haviam sido trabalhadas por falta de oportunidade em sessões anteriores que chegaram ao limite de tempo que havíamos acordado com o estúdio.

Na primeira foto, Osvaldo Vicino a preparar a sua guitarra, enquanto Wilton Rentero o auxilia. Na segunda, Danilo Gomes Santos a preparar a posição do microfone. Boca do Céu no estúdio Prismathias de São Paulo. 6ª sessão. 9 de setembro de 2024. Clicks e acervo: Luiz Domingues

O encerramento das gravações das quatro músicas que começamos a gravar em março de 2024, dar-se-ia com a conclusão dos backing vocals das quatro peças. Para tal, contávamos com um intrincada manobra para adequar quatro agendas distintas e muito difíceis em torno do estúdio nos oferecer uma data e horário possível que fosse compatível com as concorridas agendas de Cacá Lima e Renata "Tata" Martinelli, nossos cantores convidados e assim, a agenda mais flexível seria a do Laert. Finalmente conseguimos conciliar todas as adversidades nesse sentido e a data de 12 de setembro foi marcada para encerrarmos as gravações dessas quatro canções.

No entanto e para nos animar muito mais, entramos em uma fase das mais promissoras, pois não tivemos apenas essa boa perspectiva de conclusão da gravação das quatro canções, a abrir caminho para a finalização das mesmas, com a mixagem e a masterização. Falo sobre tais fatos a seguir!

1) "Serena" - Gravação da flauta (vídeo 1) - Estúdio Prismathias de São Paulo - 5ª sessão - 29 de julho de 2024 - Filmagem e acervo: Luiz Domingues

Eis o link para assistir no YouTube:
https://youtu.be/Vb1IknyizTI

2) "Serena" - Gravação da flauta (vídeo 2) - Estúdio Prismathias de São Paulo - 5ª sessão - 29 de julho de 2024 - Filmagem e acervo: Luiz Domingues

Eis o link para assistir no YouTube:
https://youtu.be/K4VN21taip8

3) "Serena" - Gravação da flauta (vídeo 3) - Estúdio Prismathias de São Paulo - 5ª sessão - 29 de julho de 2024 - Filmagem e acervo: Luiz Domingues

Eis o link para assistir no YouTube:
https://youtu.be/cUS3xZUKOuk

4) "Serena" - Gravação da flauta (vídeo 4) - Estúdio Prismathias de São Paulo - 5ª sessão - 29 de julho de 2024 - Filmagem e acervo: Luiz Domingues

Eis o link para assistir no YouTube:
https://youtu.be/Jajpuxkbnmo

5) "Serena" - Gravação da flauta (vídeo 5) - Estúdio Prismathias de São Paulo - 5ª sessão - 29 de julho de 2024 - Filmagem e acervo: Wilton Rentero

Eis o link para assistir no YouTube:
https://youtube.com/shorts/zqozRGcRCB8?feature=share

6) "Serena" - Gravação da flauta (vídeo 6) - Estúdio Prismathias de São Paulo - 5ª sessão - 29 de julho de 2024 - Filmagem e acervo: Wilton Rentero

Eis o link para assistir no YouTube:
https://youtube.com/shorts/qPAbUPYcfJg?feature=share

7) "Serena" - Gravação da flauta (vídeo 7) - Estúdio Prismathias de São Paulo - 5ª sessão - 29 de julho de 2024 - Filmagem e acervo: Wilton Rentero

Eis o link para assistir no YouTube:
https://youtube.com/shorts/Dyj8YQs1Jw

8) "Serena" - Gravação da flauta (vídeo 8) - Estúdio Prismathias de São Paulo - 5ª sessão - 29 de julho de 2024 - Filmagem e acervo: Wilton Rentero

Eis o link para assistir no YouTube:
https://youtube.com/shorts/OpvJVvxzpuI?feature=share

9) "Serena" - Gravação da flauta (vídeo 9) - Estúdio Prismathias de São Paulo - 5ª sessão - 29 de julho de 2024 - Filmagem e acervo: Wilton Rentero

Eis o link para assistir no YouTube:
https://youtube.com/shorts/mqERNhLscmA?feature=share

10) "Serena" - Gravação da flauta (vídeo 10) - Estúdio Prismathias de São Paulo - 5ª sessão - 29 de julho de 2024 - Filmagem e acervo: Wilton Rentero

Eis o link para assistir no YouTube:
https://youtu.be/Q2qjI7efYh0

11) "Serena" - Gravação da flauta (vídeo 11) - Estúdio Prismathias de São Paulo - 5ª sessão - 29 de julho de 2024 - Filmagem e acervo: Wilton Rentero

Eis o link para assistir no YouTube:
https://youtube.com/shorts/XHF467qQI-c?feature=share

12) "Serena" - Gravação da flauta (vídeo 12) - Estúdio Prismathias de São Paulo - 5ª sessão - 29 de julho de 2024 - Filmagem e acervo: Wilton Rentero

Eis o link para assistir no YouTube:
https://youtube.com/shorts/n6dse8ieTZk?feature=share

13) "Serena" - Gravação da flauta (vídeo 13) - Estúdio Prismathias de São Paulo - 5ª sessão - 29 de julho de 2024 - Filmagem e acervo: Wilton Rentero

Eis o link para assistir no YouTube:
https://youtube.com/shorts/IRekP92bzdQ?feature=share

14) "Serena" - Gravação da flauta (vídeo 14) - Estúdio Prismathias de São Paulo - 5ª sessão - 29 de julho de 2024 - Filmagem e acervo: Wilton Rentero

Eis o link para assistir no YouTube:
https://youtube.com/shorts/HuvZ7HY0kI4?feature=share

15) "Serena" - Gravação da flauta (vídeo 15) - Estúdio Prismathias de São Paulo - 5ª sessão - 29 de julho de 2024 - Filmagem e acervo: Wilton Rentero

Eis o link para assistir no YouTube:
https://youtube.com/shorts/DMa21W62Itg?feature=share

16) "Serena" - Gravação da flauta (vídeo 16) - Estúdio Prismathias de São Paulo - 5ª sessão - 29 de julho de 2024 - Filmagem e acervo: Wilton Rentero

Eis o link para assistir no YouTube:
https://youtube.com/shorts/tlbQLcj40TA?feature=share

17) "Serena" - Gravação do mellotron  (vídeo 1) - Estúdio Prismathias de São Paulo - 5ª sessão - 29 de julho de 2024 - Filmagem e acervo: Luiz Domingues

Eis o link para assistir no YouTube:
https://youtu.be/2zSiZAVo23I

18) "Serena" - Gravação do mellotron  (vídeo 2) - Estúdio Prismathias de São Paulo - 5ª sessão - 29 de julho de 2024 - Filmagem e acervo: Luiz Domingues

Eis o link para assistir no YouTube:
https://youtu.be/JOcdeVfcJdw

19) "Serena" - Gravação do mellotron  (vídeo 3) - Estúdio Prismathias de São Paulo - 5ª sessão - 29 de julho de 2024 - Filmagem e acervo: Luiz Domingues

Eis o link para assistir no YouTube:
https://youtu.be/AfAj0ZmBa24

20) "Serena" - Gravação do mellotron  (vídeo 4) - Estúdio Prismathias de São Paulo - 5ª sessão - 29 de julho de 2024 - Filmagem e acervo: Luiz Domingues

Eis o link para assistir no YouTube:
https://youtu.be/CtkaNAnSnzc

21) "Serena" - Gravação do mellotron  (vídeo 5) - Estúdio Prismathias de São Paulo - 5ª sessão - 29 de julho de 2024 - Filmagem e acervo: Luiz Domingues

Eis o link para assistir no YouTube:
https://youtu.be/dFox6zupcSQ

22) "Serena" - Gravação do mellotron  (vídeo 6) - Estúdio Prismathias de São Paulo - 5ª sessão - 29 de julho de 2024 - Filmagem e acervo: Luiz Domingues

Eis o link para assistir no YouTube:
https://youtu.be/tvdavCt2fWA

23) "Serena" - Gravação do mellotron  (vídeo 7) - Estúdio Prismathias de São Paulo - 5ª sessão - 29 de julho de 2024 - Filmagem e acervo: Luiz Domingues

Eis o link para assistir no YouTube:
https://youtu.be/C8Y7ce0ZA60

24) "Serena" - Gravação do órgão Hammond  (vídeo 1) - Estúdio Prismathias de São Paulo - 5ª sessão - 29 de julho de 2024 - Filmagem e acervo: Luiz Domingues

Eis o link para assistir no YouTube:
https://youtu.be/dlnz-1VnBF4

25) "Serena" - Gravação do órgão Hammond  (vídeo 2) - Estúdio Prismathias de São Paulo - 5ª sessão - 29 de julho de 2024 - Filmagem e acervo: Luiz Domingues

Eis o link para assistir no YouTube:
https://youtu.be/EjIdsFqjXkI

26) "Serena" - Gravação do órgão Hammond  (vídeo 3) - Estúdio Prismathias de São Paulo - 5ª sessão - 29 de julho de 2024 - Filmagem e acervo: Luiz Domingues

Eis o link para assistir no YouTube:
https://youtu.be/OGNXGRQYAvw

27) "Serena" - Gravação do órgão Hammond  (vídeo 4) - Estúdio Prismathias de São Paulo - 5ª sessão - 29 de julho de 2024 - Filmagem e acervo: Luiz Domingues

Eis o link para assistir no YouTube:
https://youtu.be/m7KQvBSqvlU

28) "Serena" - Gravação do órgão Hammond  (vídeo 5) - Estúdio Prismathias de São Paulo - 5ª sessão - 29 de julho de 2024 - Filmagem e acervo: Luiz Domingues

Eis o link para assistir no YouTube:
https://youtu.be/ZgCwELSnqPc

29) "Serena" - Gravação do órgão Hammond  (vídeo 6) - Estúdio Prismathias de São Paulo - 5ª sessão - 29 de julho de 2024 - Filmagem e acervo: Luiz Domingues

Eis o link para assistir no YouTube:
https://youtu.be/P2V7tYor_LU

30) "Serena" - Gravação do órgão Hammond  (vídeo 7) - Estúdio Prismathias de São Paulo - 5ª sessão - 29 de julho de 2024 - Filmagem e acervo: Luiz Domingues

Eis o link para assistir no YouTube:
https://youtu.be/PIj1GmrW1_E

31) "Serena" - Gravação do órgão Hammond  (vídeo 8) - Estúdio Prismathias de São Paulo - 5ª sessão - 29 de julho de 2024 - Filmagem e acervo: Luiz Domingues

Eis o link para assistir no YouTube:
https://youtu.be/VtgR7Csxjkk

Continua...

sexta-feira, 18 de outubro de 2024

Autobiografia na música - Boca do Céu - Capítulo 146 - Por Luiz Domingues

Eu (Luiz Domingues) a praticar uma "selfie" perante a mesa de mixagem, pronto para dar suporte aos colegas durante a 4ª sessão de gravação da música "Serena". Boca do Céu no estúdio Prismathias de São Paulo. 4ª sessão. 21 de julho de 2024. Click (selfie) e acervo: Luiz Domingues

Foi em um domingo, 21 de julho de 2024, com a presença do frio bem moderado de um inverno atípico, que nos reunimos novamente no estúdio Prismathias para mais uma sessão de gravação da música "Serena". Usamos essa quarta sessão para encerrarmos as participações de guitarras e instrumentos acústicos gravados por nossos guitarristas. 

Nesses termos, como sessão para arremates como se caracterizou, o que é mais notável a ser relatado foi a inclusão de uma viola caipira, aquela típica de oito cordas, e para executar um detalhe pontual em um trecho da canção, mediante o uso de slide, o que ficou bem bonito no arranjo final da peça. E além disso, Carlinhos Machado também aproveitou a sessão para gravar um singelo detalhe de percussão por ele planejado.

Na primeira foto, Wilton Rentero usa o slide na viola caipira para estabelecer a conexão entre Cascatinha & Inhanha e Robert Johnson, o sertão do Brasil e a beirada do rio Mississippi. Na segunda foto, Osvaldo a acrescentar um estratégico acorde final para a canção, mediante o uso do violão Folk. Boca do Céu no estúdio Prismathias de São Paulo. 4ª sessão. 21 de julho de 2024. Clicks e acervo: Luiz Domingues

Sobre essa percussão, a ideia foi acrescentar um efeito de carrilhão ao final da canção, o que lhe conferiu uma atmosfera lúdica interessantíssima.

Carlinhos Machado pronto para gravar o som do carrilhão. Boca do Céu no estúdio Prismathias de São Paulo. 4ª sessão. 21 de julho de 2024. Click e acervo: Luiz Domingues

Cumprida essa quarta sessão de forma bem rápida, planejamos usar a sessão subsequente para gravar os instrumentos pilotados pelos nossos queridos amigos, músicos convidados. Porém, por uma questão emergencial da parte de um deles, por conta da ocorrência de doença grave em família, tal agendamento não foi possível e assim, ele gravou a sua participação em seu estúdio particular e nos enviou os arquivos de sua gravação para vários instrumentos de percussão que preparou para nós e ficou muito boa a sua participação. 

Ele nos enviou a sua participação no dia anterior à nossa quarta sessão, ou seja, em 20 de julho de 2024 e eu falo a respeito do percussionista do Língua de Trapo, Marcos Martins, um grande músico e pessoa de uma gentileza ímpar.

No caso, planejamos uma percussão na parte cantada em sentido onomatopaico de "Serena", quando lhe pedimos o uso de congas, timbales e cincerro para dar um clima de Rock latino a la "Santana", o que ele cumpriu com desenvoltura e ainda nos trouxe o acréscimo de outros instrumentos, tais como a pandeirola, caxixis e temple block, todos colocados juntamente no trecho que havíamos planejado a inserção da percussão e em outros trechos da música como experiência, com liberdade para usarmos ou não tais adendos extras que ele criou. Bem, ficou sensacional, deu um "molho" incrível como planejamos e as ideias extras que ele trouxe foram incorporadas em outros trechos, certamente.

1) "Serena" - sessão extra - Percussão: Marcos Martins - 20 de julho de 2024 - estúdio próprio - Filmagem e acervo: Luiz Domingues

Eis o vídeo para assistir no YouTube:
https://youtu.be/_PO3pQqHcUc

1) "Serena" - 4ª sessão - Viola caipira - 21 de julho de 2024 - Filmagem e acervo: Luiz Domingues

Eis o vídeo para assistir no YouTube:

https://youtu.be/ltN34isG0BY 

2) "Serena" - 4ª sessão - Viola caipira (vídeo 2) - 21 de julho de 2024 - Filmagem e acervo: Luiz Domingues

Eis o vídeo para assistir no YouTube:
https://youtu.be/2WbEJFhg2nY

3) "Serena" - 4ª sessão - Viola caipira (vídeo 3) - 21 de julho de 2024 - Filmagem e acervo: Luiz Domingues

Eis o vídeo para assistir no YouTube:
https://youtu.be/X-3cLmMQZC0

4) "Serena" - 4ª sessão - Viola caipira (vídeo 4) - 21 de julho de 2024 - Filmagem e acervo: Luiz Domingues

Eis o vídeo para assistir no YouTube:
https://youtu.be/TtGnJlMj0GI

5) "Serena" - 4ª sessão - Viola caipira (vídeo 5) - 21 de julho de 2024 - Filmagem e acervo: Luiz Domingues

Eis o vídeo para assistir no YouTube:
https://youtu.be/pBFjhfpiBh4

6) "Serena" - 4ª sessão - Viola caipira (vídeo 6) - 21 de julho de 2024 - Filmagem e acervo: Luiz Domingues

Eis o vídeo para assistir no YouTube:
https://youtu.be/9mJALObjVGA

7) "Serena" - 4ª sessão - Viola caipira (vídeo 7) - 21 de julho de 2024 - Filmagem e acervo: Luiz Domingues

Eis o vídeo para assistir no YouTube:

https://youtu.be/VjiqcJqnK24

8) "Desprogramação" - Sessão extra - 21 de julho de 2024 - Filmagem e acervo: Luiz Domingues

Eis o vídeo para assistir no YouTube:
https://youtu.be/E1zHxkLYl84

9) "Desprogramação" - Sessão extra (vídeo 2) - 21 de julho de 2024 - Filmagem e acervo: Luiz Domingues

Eis o vídeo para assistir no YouTube:
https://youtu.be/pCauTmksGio

10) "Serena" - 4ª sessão - Carrilhão - 21 de julho de 2024 - Filmagem e acervo: Luiz Domingues

Eis o vídeo para assistir no YouTube:
https://youtu.be/W-984GbwCAY

11) "Serena" - 4ª sessão - Carrilhão (vídeo 2 ) - 21 de julho de 2024 - Filmagem e acervo: Luiz Domingues

Eis o vídeo para assistir no YouTube:
https://youtu.be/W-984GbwCAY

12) "Serena" - 4ª sessão - Violão de 12 cordas - 21 de julho de 2024 - Filmagem e acervo: Luiz Domingues

Eis o vídeo para assistir no YouTube:
https://youtu.be/hOgFiGOrKDI

13) "Serena" - 4ª sessão - Violão de 12 cordas (vídeo 2) - 21 de julho de 2024 - Filmagem e acervo: Luiz Domingues

Eis o vídeo para assistir no YouTube:
https://youtu.be/swOHiSHFlVI

14) "Serena" - 4ª sessão - Violão de 12 cordas (vídeo 3) - 21 de julho de 2024 - Filmagem e acervo: Luiz Domingues

Eis o vídeo para assistir no YouTube:
https://youtu.be/2ucKdlhO-Q4

15) "Serena" - 4ª sessão - Violão de 12 cordas (vídeo 4) - 21 de julho de 2024 - Filmagem e acervo: Luiz Domingues

Eis o vídeo para assistir no YouTube:
https://youtu.be/UeYYc8eApQs

16) "Serena" - 4ª sessão - Violão de 12 cordas (vídeo 5) - 21 de julho de 2024 - Filmagem e acervo: Luiz Domingues

Eis o vídeo para assistir no YouTube:
https://youtu.be/CANPfvIFRRc

17) "Serena" - 4ª sessão - Violão de 12 cordas (vídeo 6) - 21 de julho de 2024 - Filmagem e acervo: Luiz Domingues

Eis o vídeo para assistir no YouTube:
https://youtu.be/zVa9SM5ImAk

18) "Serena" - 4ª sessão - Violão de 12 cordas (vídeo 7) - 21 de julho de 2024 - Filmagem e acervo: Luiz Domingues

Eis o vídeo para assistir no YouTube:
https://youtu.be/9R4z4Sj8jeI

Carlinhos Machado levou ao estúdio o poster original contido no LP "Abraxas", do Santana, para comemorar a percussão inserida na música "Serena". Wilton Rentero fez questão de posar com tal relíquia em mãos e na parede do estúdio Prismathias, Milton Nascimento nos abençoou, igualmente. Boca do Céu no estúdio Prismathias de São Paulo. 4ª sessão. 21 de julho de 2024. Click e acervo: Luiz Domingues

Continua...