Tudo é
instinto nessa fase inicial da vida, e isso é tão forte, que mesmo quando vamos
a aumentar o poder da racionalização, ainda os seguimos, simplesmente.
Nesses
termos, desde que nascemos, nos movimentamos em alongamentos instintivos que
visam dar vazão ao fenômeno do crescimento e mais do que isso, a preparar a
musculatura e os ossos, para enfrentar a vida que é plena de movimentação por
natureza e necessidade.
Fazemos isso
desde o berço e na verdade já o fazíamos em estado de absoluto torpor, submersos no líquido
amniótico, dentro do ventre materno, quando ao nos espreguiçarmos, chutávamos a nossa progenitora, mas sem maldade
alguma, deduzo. Foi por puro instinto em curso.
Nascemos
enfim, e somos mini humanos, mamíferos vertebrados, inteligentes, mas
completamente inaptos para suprirmos as nossas necessidades básicas, por um longo
período.
Todavia, o
instinto está ali em plena função para nos induzir à procura do movimento, sempre. E
assim, um dia, o brinquedinho colorido que faz barulhinhos engraçados, fica longe
do nosso alcance e mais forte que chorar para chamar a atenção do adulto mais
próximo disponível que sempre vem nos auxiliar, o comando instintivo faz com
que você tente alcançá-lo por sua própria conta.
E se está no
chão e ainda que protegido por uma armação curiosa que os adultos colocam ao
seu redor, você busca se mexer e aos trancos e barrancos, busca incansavelmente conseguir o
deslocamento.
Através dessas
primeiras tentativas, não somos muito diferentes de tartarugas que ficam às
vezes com o casco para baixo e promovem assim esforços desesperados para
reverter o quanto antes a situação desfavorável.
E quando
chegamos ao objetivo alcançado, os adultos vibram e o pequeno humano só absorve que tal
euforia é prazerosa, mas nem deduz que é por conta de seu feito, um verdadeiro campeão atlético...
Não percebe
tampouco que aquela conquista abrira campo para novas investidas. Você é um
alpinista inconsciente e não sabe que ao se erguer por uns poucos centímetros do chão,
abriu caminho para alcançar o cume do Everest, se um dia o desejar.
E assim,
as suas investidas começam a ficar cada vez mais interessantes. Agora você
consegue locomover-se de um cômodo a outro da sua residência! Os adultos
comemoram e outros adultos são chamados para te ver a se esforçar por isso, quando todos
sorriem para você.
Mas há o
lado ruim nessa mobilidade adquirida: o
caminho é minado... existem muitos perigos à sua espreita. Conquistas enormes que os
adultos chamam de “móveis”, podem ser perigosos. Objetos podem cair de cima
desses obstáculos, fora que o tempo todo algum adulto lhe diz para não tocar em
pequenas caixinhas colocadas nas partes baixas, que pelo tom de voz deles,
parecem representarem terríveis fontes de perigo.
Não sabia raciocinar ainda, mas por que
aquilo existia se era perigoso colocar o dedo? O que é uma tomada? O que
significa “energia elétrica?” Bem, tais respostas
só viriam bem depois. O melhor a fazer foi acostumar-me com a advertência de não tocar
naquilo e nada mais.
Mais alguns meses e outros perigos entrariam nessa lista de proibições.
Definitivamente, o Lar era maravilhoso pelo seu conforto proporcionado pelos
adultos a visar o seu bem-estar, mas já computava-se a ideia de que haviam
aspectos negativos.
Tal qual a realidade
dura lá de fora, o lar já preparava a consciência para entender que a dualidade
entre bem e mal norteia a vida.
Mas nada
disso era inteiramente compreendido nesse instante. O que importou nessa fase em que agora me encontrava, foi que eu conseguia
deslocar-me e assim saciar a minha sede por experimentações, como um pequeno
explorador deslumbrado em conhecer um novo planeta, ou uma outra estranha dimensão.
Os adultos
chamam essa mobilidade primitiva como: “engatinhar”.
Trata-se de
um verbo. Engatinhar é
na prática, o início da nossa independência.
Daí a
pedir a chave do carro para o pai, acontecem muitos fatos nesse ínterim e demanda tempo. Mas
como tudo é ponto de vista, pode passar a voar, também. É uma questão de percepção sobre aproveitar o tempo de vida, o melhor possível.
Hahahaah genial!
ResponderExcluirMas que bom que apreciou, Christine !
ExcluirSeguimos em frente com essas observações sobre a primeira infância.
Muito grato por ler e comentar !
E a aventura só começando...
ResponderExcluirExatamente !
ExcluirUma longa e produtiva jornada pela frente...
Grato por ler e comentar !!
Linda crônica :)
ResponderExcluirGrato, Kim !
ExcluirFiquei contente por saber que apreciou.
Grato por ler, comentar e elogiar !!
Assisti o filme "O começo da vida" no Netflix e recomendo. Esta época da vida de todos nós é mega importante. Adorei a crônica!
ResponderExcluirMaravilha de dica, Lourdes ! Vindo de você a referência, só pode ser coisa boa.
ExcluirGrato por ler, comentar e elogiar a crônica !