Rubão Sabino é um grande artista. Sei disso desde os anos setenta quando tomei contato com sua atuação brilhante em discos e shows ao vivo com grandes artistas da MPB, todos verdadeiramente sensacionais com os quais ele tocou com o seu baixo super "swingado", sendo um dos maiores, senão o maior baixista brasileiro especializado em Black Music em geral.
Rubão é mestre nos estilos da Soul Music, R'n'B, Funk; Rock'n' Roll e ao mesclar tudo isso à MPB, ele verdadeiramente arrebentou ao gravar dúzias de discos de grandes astros da música brasileira, ao nos legar arte, beleza e portanto, a escrever o seu nome na história.
Ao visar elaborar uma matéria para a Revista Bass Player, da qual eu fui colaborador, eu o entrevistei e assim como ocorrera com o grande Carlão Gaertner, a entrevista ficou tão rica, que independente da matéria condensada para a revista, faço questão de publicá-la na íntegra, aqui no meu Blog 2.
Mais que um extraordinário músico, Rubão Sabino é um Ser Humano incrível. As nossas conversas reservados pela Rede Social Facebook revelaram-me um outro lado do artista que eu já admirava, ao se mostrar como uma pessoa sensacional.
Solícito, bondoso e de uma humildade cativante, se eu já gostava dele como artista, a minha admiração aumentou em 100% depois que conheci o lado humano dele, também.
"Alegria, alegria: é manhã de um novo dia, podes crer, amizade!"
Com vocês, o mestre do swing no Baixo, o grande Rubão Sabino:
Rubão Sabino - Com 15 anos um colega me levou no centro do Rio, no Largo da Carioca pra conhecer uma gafieira que tinha baile todo os dias, isso em 1965, e lá não tinha contra baixo, o dono do "Máximo Dance", abriu um crediário pra mim e eu comprei o meu primeiro contra baixo, um baixo Phelpa, e naquele momento não tinham baixistas disponíveis, era uma novidade o baixo eletrônico, estava tudo no começo e já tinha muito bons guitarristas na praça então optei escolhendo o contra baixo definitivamente, e fiquei fixo na gafieira tocando de sexta, sábado e tocando em outros lugares aos domingos, tipo "Estudantina" da Praça Tiradentes em termos de gafieira, junto a Máximo Dance eram as principais, e então eu toquei em todas as gafieiras do Rio, onde eu aprendi e desenvolvi um conhecimento em todos os tipos de musicas dançantes e seus ritmos
Blog do Luiz Domingues 2 - Fale-me da cena musical de quando entrou efetivamente na música
Blog do Luiz Domingues 2 - Conte-me sobre sua atuação com Dom Salvador e Abolição
Blog do Luiz Domingues 2 - Fale a respeito de sua atuação ao lado de Toni Tornado
Rubão Sabino - O Toni Tornado era muito ligado em James Brown. Quando ele sentiu a minha pulsação, pirou. Gravamos um LP e Compacto, e entre as musicas, "Podes Crer Amizade" um soul de primeira gravado no Brasil.
Blog do Luiz Domingues 2 - E com outros artistas, notadamente Gilberto Gil, quais discos gravou e quais histórias boas tem para contar?
Rubão Sabino - Com o grupo Abolição fiz show e disco com fantástico Jards Macalé, "Aprendendo a Nadar". E o Jards era ligado ao Gil, que me viu no show.
Rubão Sabino gravou muitos discos e excursionou muito pelo mundo inteiro com Gilberto Gil
Blog do Luiz Domingues 2 - Sobre o baixo, especificamente, fale sobre seu estilo Soul de tocar e quais baixistas internacionais e brasileiros o inspiraram, a criar o seu estilo
Rubão Sabino - Na minha influência de baixistas brasileiros vem o Sebastião Neto do "Brasil 66", de Sérgio Mendes, e Tião Marinho, baixista de estúdio fixo na época da gravadora Odeon e que me ensinou a ler cifras, além do meu fã Luizão Maia, meu amigão que ficou assombrado comigo e me assistiu gravando várias vezes.
Blog do Luiz Domingues 2 - Fale a respeito desse feito que considero muito importante, em ter sido considerado o primeiro baixista a usar baixo Fender com pulsação e ser tão preciso no tempo. E acrescente um dado: usava Fender Jazz Bass, ou Precision, ou ambos?
Rubão estraçalhando com um baixo Fender, a tocar na "Companhia Paulista de Rock", a espetacular banda que acompanhava Erasmo Carlos, nos anos setenta
Rubão Sabino - Usei baixo Phelpa, Giannini, Snake, Music Man, GL, Yamaha, Ibañez, Fodera. Mas os baixos da Fender, Precision e Fender Jazz Bass, que pra mim são os que representam a sonoridade perfeita em termos da eletrônica a sonoridade básica, e em relação ao baixo eletrônico. É o "Land Rover"...Vai em todas!!
Blog do Luiz Domingues 2 - Conte-me sobre outros trabalhos realizados, gravações, bandas paralelas e produção musical de outros artistas com os quais envolveu-se até os dias atuais
Rubão Sabino - Tive banda com Marcelo Yuca (ritmos africanos e Jamaicano), tive também banda instrumental/fusion com Léo Gandelman, Willian Magalhaes e já fiz uma apresentação com dois contrabaixos: Rubão e Nico Assumpção.
Blog do Luiz Domingues 2 - Explique-me sobre o documentário sobre sua carreira, feito com apoio da Secretário de Cultura do Espírito Santo e qual é a participação de Diego Scaparo nessa produção.
Acima, Rubão a conversar com membros da produção do documentário em sua homenagem e a se observar o visual de sua cidade, a bela Cachoeiro do Itapemirim, no Espírito Santo.
Rubão Sabino - Diego Scapara é um cineasta de Cachoeiro do Itapemirim e quando jovem ouvia muito o Gil. E o Gil fez uma musica pra mim que tem o nome do meu pai, João Sabino, e cita Cachoeiro.
Blog do Luiz Domingues 2 - Quais os seus baixos e set de equipamento na atualidade?
Rubão Sabino - Tenho dois amplificadores: um Acoustic e um Yamaha. Um baixo acústico e à minha disposição, um Music Man, um Fender Jazz Bass e um Ibanez de seis cordas
Eis acima um entre inúmeros discos clássicos da MPB setentista que teve o brilho do espetacular baixo de Rubão Sabino registrado para sempre!
Blog do Luiz Domingues 2 - Como define sua escolha de instrumentos/equipamentos e timbre?
Rubão Sabino - Poxa Luiz, eu sou um musico bem simples. Quando eu comecei não tínhamos muitas opções como temos hoje, pra mim funciona assim de acordo com a "gig", dependendo de quando eu vou ganhar, os baixos que eu tenho no momento servem para manter a me manter em forma por hoje no show business. É tudo muito complexo, além do som envolver o visual e o momento, tendências. Comecei a gravar em 1968 e estamos indo pra 2017 e me sinto dentro de todos os contextos atuais em relação ao baixo.
Nota do editor: músico simples? O Rubão é genial e demonstra ser muito grande com essa humildade cativante! Os realmente grandes são humildes, não tenho dúvida e Rubão faz parte desse seleto rol.
Blog do Luiz Domingues 2 - Fale de seus planos atuais e para o futuro.
Rubão Sabino - Meus planos atuais são de tocar muito contrabaixo, estudo piano, guitarra, canto e compor. Tenho um trabalho praticamente pronto com exceção da bateria que é o Ronaldo Silva que gravou e eu toco todos os outros instrumentos e canto...tenho um disco instrumental raridade, "Rubi no Sabão".
O Blog Luiz Domingues 2 agradece pela entrevista, simpatia a história, a música o groove e o baixo Fender muito bem tratado pelas mãos de um gênio chamado: Rubão Sabino!
Excelente o trabalho e a contribuição do Rubão Sabino para nós. E também sua excelente ideia de entrevistá-lo. Mandou muito bem Luiz!
ResponderExcluirExatamente, Lourdes !
ExcluirO legado desse grande artista para a música brasileira, é imenso. E fico contente em ter feito essa entrevista com ele e ainda mais por saber que você gostou.
Grande abraço !!