Assombrosamente bonito, poderia faturar milhões em comerciais de margarina e família feliz. Um pequeno Ás.
Ainda tinha a idade em que minha mãe me levava pela mão, de calças
curtas; ia com ela pela cidade do Rio de Janeiro. Tudo era mágico. Um
cheiro de fumaça aromática subia pela calçada, perto da loja de sapatos
que saímos. Seria sexta-feira? Seria perto do Natal?
Meu Deus, os anos oitenta ainda nem tinham chegado. Mammas e Papas
faziam sucesso. Uma negra gritava, abanando o carvão.
--- Milho verde. Olha o milhão.
Minha mãe teve uma inspiração divina naquele momento.
--- Quer um milhão, filho?
--- Quero.
Enrolado em sua própria casca, eu ia feliz com meu primeiro milhão. Eu
ainda não tinha nove anos de idade. Já era uma estrela. Nasci
predestinado aos grandes momentos.
Marcelino Rodriguez é colunista sazonal do Blog Luiz Domingues 2. Escritor de vasta e aclamada obra, aqui nos tratar uma micro crônica divertida e poética, ao evocar a inocência da infância
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