Após a minha participação como convidado de um show da Patrulha do Espaço, na condição de ex-componente, em junho de 2014, uma nova ocorrência com minha ex-banda apresentou-se no decorrer de 2016.
Através de uma mensagem via "inbox" pela Rede Social Facebook, o Rolando Castello Junior disse-me que planejava lançar uma nova coletânea da banda e que nesse novo álbum, haveria a presença de mais algumas músicas da formação da qual fiz parte, algumas extraídas dos álbuns oficiais de estúdio que gravamos e outras decorrentes ainda daquele material que gravamos ao vivo em meio a uma temporada realizada no Centro Cultural São Paulo, em julho de 2004.
De fato, da gravação de três shows dessa mini temporada no CCSP em 2004, lançamos o disco: "Capturados ao Vivo no CCSP em 2004" e anos mais tarde, o Rolando Castello Junior lançou mais uma canção ao vivo dessa gravação & formação, mediante um álbum híbrido, com material inédito e proveniente de uma formação mais moderna, em 2012, na condição de "bonus track", no caso, a canção "Rock com Roll".
Nessa nova investida, a meta foi colocar no mercado uma coletânea a trazer material da banda, tanto em faixas de estúdio quanto ao vivo, produzidas no pós ano 2000, como uma espécie de continuação da tetralogia "Dossiê Volumes 1, 2, 3 & 4, que fez um apanhado de toda a carreira da banda de 1980 a 2000, com exceção dos dois anos iniciais da banda (1977 & 1979), a conter os dois primeiros discos da fase com Arnaldo Baptista, suprimidos por conta de direitos autorais presos a uma gravadora/editora, irredutível em ceder tal material, uma pena.
Fiquei contente com a novidade, é claro, e mantive-me na expectativa de tal lançamento. Esse contato ocorreu por volta de abril de 2016.
Mais ou menos em agosto do mesmo ano, o Junior abordou-me novamente, para dizer-me estar com o disco pronto e que gostaria de entregar-me um lote de CD's da minha cota pessoal de recordação e ao pedir-me para eu ficar também com o lote de Rodrigo Hid, com o qual eu marquei um café posteriormente, para entregar-lhe seu o material.
Pois foi assim então, na noite de 28 de agosto de 2016, encontrei-me com o Junior e a sua atual esposa e vocalista da Patrulha do Espaço, Marta Benévolo, no saguão do hotel onde estavam hospedados, no bairro do Paraíso, zona sul de São Paulo. Ali, conversamos sobre os velhos tempos de nossa formação e mais detidamente sobre o lançamento dessa nova coletânea em questão.
Denominada: "Aventuras Rockeiras no Século XXI", apresenta uma boa retrospectiva do que a Patrulha do Espaço produziu no novo século, a englobar logicamente a formação "Chronophágica", da qual fiz parte e com espaço generoso na concepção do álbum, eu diria.
Ao extrair algumas canções de cada álbum, do CD Chronophagia para frente, incluso mais duas inéditas do mesmo bojo de canções gravadas para o disco ao vivo de 2004, a nossa formação ocupa mais da metade dessa coletânea. Sobre o critério de escolha do material, o Junior disse-me ter decidido-se a priorizar mais os Rocks tradicionais e o Hard-Rock, já a projetar para o futuro o lançamento de uma segunda parte dessa coletânea, desta feita centrada no material progressivo e psicodélico que a banda produziu e certamente, se confirmar tal lançamento, tende a ser mais um disco baseado na nossa formação, pois as formações que sucederam-nos, levaram a banda para um trabalho mais pesado, quase a beirar o Heavy-Metal, doravante.
Sobre o nosso material, então, as escolhas foram as seguintes:
1) CD Chronophagia - "Ser", "Tudo Vai Mudar" e "Retomada".
2) CD ".ComPacto" - "São Paulo City"; "Louco um Pouco Zen" e "Homem Carbono".
3) CD "Missão na Área 13" - "Universo Conspirante", "One Nighter", "Rock com Roll", "Vou Rolar", "For Loonies Only" e "Trampolim".
4) CD "Capturados ao Vivo no CCSP em 2004" - "Sai Dessa Vida" e "Vampiros".
A respeito do material extraído dos álbuns de estúdio não há muito a acrescentar. Falo então sobre as duas canções que não entraram no álbum ao vivo gravado em 2004. Tratam-se de duas músicas clássicas do repertório antigo da banda, oriundas da fase do trio dos anos 1980, Junior/Serginho/Dudu.
Nota-se em ambas uma pegada setentista ainda ao sabor do Rock brasileiro daquela década e mesmo ao terem sido gravadas no início dos anos oitenta pelo trio clássico citado, a intenção da banda ainda rezava por tal cartilha tradicionalista e portanto, quando gravadas pela nossa formação "Chronophágica", evidentemente que tiveram em nossa interpretação, a mesma intenção, naturalmente.
Em "Sai Dessa Vida", impressiona o som de baixo nessa captura. O Fender Precision ronca forte ao extremo. O riff inicial em 7/4 fica naquele limiar entre o Hard-Rock e o Prog- Rock. Com solos muito vigorosos e uma interpretação vocal solo de Rodrigo com muita força, a nossa interpretação impressiona. O Junior arrebenta com a levada vigorosa e as viradas inacreditáveis.
Sobre "Vampiros", essa canção que é uma composição do saudoso Ivo Rodrigues (ex-guitarrista e vocalista das lendárias bandas paranaenses, "A Chave" e "Blindagem"), o Rodrigo mais uma vez brilha no vocal solo. É bem verdade que o andamento está bem mais acelerado do que a gravação original de estúdio, mas creio que tal entusiasmo soa bem nessa versão ao vivo.
Marcello e Rodrigo brilham nas guitarras e o meu baixo Fender Precision segue o padrão da faixa anterior, com uma timbragem aguda, ardida, alguns graus a mais do que eu normalmente equalizo no amplificador para shows ao vivo, mas certamente fruto da masterização do CD que deve ter realçado os agudos, sobremaneira.
A parte do solo principal que foi feita de uma forma desdobrada tem um belo arranjo, gosto muito da sincronia de guitarras e baixo.
O Junior arrebenta, é impressionante como até em meio a uma levada aparentemente tranquila, ele dá um jeito de torná-la sofisticada, com uma empolgação Rocker que só quem viveu os anos 1960 & 1970, sabe o que realmente significa.
Os backing vocals são simples, mas aparecem com força e ao se ouvir no headphone, a minha voz está do lado direito e a do Marcello, no esquerdo.
Ao falaro da concepção geral do CD, a masterização foi feita no estúdio Rocklab, em Goiânia-GO, sob a batuta do amigo, Gustavo Vasquez.
Toda a parte de ilustrações ficou a cargo de Marta Benévolo e "Cerrado Goiano" e sinceramente não sei se este último trata-se de uma brincadeira, uma pessoa ou um espaço/estúdio onde foi feito o trabalho.
As ilustrações aludem ao espaço sideral/astronautas e motivações análogas. Na capa principal, vê-se um foguete de concepção "futurista" ao sabor dos anos cinquenta do século passado, encravado no solo de um planeta/asteroide e três astronautas do lado de fora, a carregarem baixo, guitarra & prato de bateria, a usarem roupas espaciais bem "retrô", ao parecer uma ilustração de Comics/HQ dessa época, portanto, sob uma concepção muito bonita e lúdica ao mesmo tempo.
Na parte interna, são várias lâminas, a apresentarem o padrão típico das coletâneas produzidas pelo Rolando, com texto muito bem escrito ao explicar o teor do lançamento e situar o leitor & ouvinte na história enfocada da banda nesse período proposto, informações técnicas precisas sobre as canções e o disco em si.
Está recheado com fotos das respectivas capas dos álbuns que cederam canções para a coletânea e das formações da banda envolvidas nesse contexto. Produção geral e concepção de Rolando Castello Junior.
Alguns dias depois de receber tal material das mãos do Junior, marquei um café com o Rodrigo Hid e entreguei-lhe a sua cota de CD's desse lançamento. Assim, em 31 de agosto de 2016, encontramo-nos na padaria da esquina da minha rua e pudemos colocar a conversa em dia, e eu a entregar-lhe o material.
Achei que o próximo reencontro com ex-companheiros da Patrulha do Espaço dar-se-ia em um ano aproximadamente, com o possível lançamento do segundo volume dessa coletânea que o Junior disse-me estar a planejar produzir, mas na verdade, veio bem antes e com direito a um show de reunião histórico e emocionante para todos. E melhor ainda, abriu outra oportunidade de um disco ao vivo a mais, gravado em pleno 2016. Eu conto sobre essa aventura, logo mais.
Continua
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