Como sempre atuou com participações, a tocar o seu piano em apresentações que Os Kurandeiros faziam ali naquela casa, há anos (mesmo antes da minha entrada naquela banda em 2011), ele vislumbrou a possibilidade de nos tornarmos uma "outra" banda, com a intenção específica de tocarmos toda quarta-feira na casa, e a cada semana, trazermos um convidado da cena do Blues, para o acompanharmos, para executar-se clássicos do gênero.
Aceitamos a ideia, pois não atrapalharia em nada os nossos planos para manter a agenda d'Os Kurandeiros em plena atividade, além de nos colocarmos também como o "Nu Descendo a Escada", a banda de apoio de Ciro Pessoa, ou a trocar em miúdos, eu (Luiz Domingues), Kim Kehl e Carlinhos Machado, fomos o núcleo duro de três bandas, com trabalhos distintos.
E assim,
logo no início de janeiro de 2014, essa história começou a ser contada, e
a cada semana, muitas figuras importantes da cena do Blues foram
convidadas e se apresentaram conosco, em noites que entraram para a
história.
O Rock'n' Roll, logicamente, mas também a Soul Music, R'n'B, Gospel, Funky, Jazz, Country e até passeios por gêneros distantes dos princípios iniciais, como os ritmos latinos, a música Pop, Hard-Rock, Glitter Rock, Rock Progressivo, MPB... enfim, a Quarta Blues foi eclética e generosa para quem a vivenciou.
E assim atravessamos o ano de 2014, com muitos convidados, e fica a lembrança registrada em nossa memória, mas disponível em fotos e vídeos, também, desses grandes momentos a recepcionar tantos artistas sensacionais. A maioria deles, guitarristas, mas também foram muitos baixistas, tecladistas, gaitistas, e cantores que estiveram conosco, fora as aparições surpreendentes, como o caso de um saxofonista que saiu da plateia que veio participar, certa vez.
Ao final de 2014, a estratégia se pôs a mudar, e uma tentativa de convidar bandas inteiras para dividir a noitada foi feita e com sucesso em algumas ocasiões, a se estender ao começo de 2015.
Um problema de saúde, justamente comigo, fez com que a banda sofresse por um período, quando eu estive impedido de atuar, a enfrentar a internação hospitalar e cirurgias. E para agravar a situação, foi um período onde a casa sofreu sanções da parte do poder público, por motivo de excesso de ruído e quando voltou à ativa, uma nova fase sobreveio, com a obrigatoriedade de apresentar-se de forma acústica.
Por sorte, logo um convidado mudaria tal panorama. Ao se tornar um membro fixo da banda, o cantor, Bruno Mello, chegou com a proposta de trazer o elemento Pop à "Quarta Blues", e assim, tal direcionamento fez com que a adequação do formato acústico se encontrasse com tal repertório sob o teor Soft-Rock, e assim, uma nova fase adveio para a banda.
Porém, o Bruno era do Rio de Janeiro, e quando o seu trabalho corporativo encerrou-se em São Paulo, a sua partida também significou a sua saída da banda, infelizmente.
Seguimos em 2015, a mesclar o repertório tradicional do Blues com o cancioneiro Pop da "Era" Bruno Mello, mas sem convidados doravante, a não ser quando alguém do meio veio nos visitar e subiu ao palco para uma participação informal.
Ao entrarmos em 2016 com mesma toada, sabíamos no entanto que a situação da casa não estava alheia à situação do país naquele instante de turbulência política, social e econômica, sobretudo, portanto, fomos a suportar o projeto na determinação, mas a pressentir que ele estava a ser minado pelas circunstâncias distantes à nossa vontade.
Enfrentei de novo problemas de saúde, se bem que desta feita mais amenos e mal voltei às atividades, eis que o Alexandre Rioli, sem outra alternativa, anunciou modificações na estrutura da sua casa, e a "Quarta Blues" foi cancelada, e consequentemente, a banda desfeita.
Fica a ressalva que esta banda poderá voltar em ocasiões sazonais e talvez possa haver uma reativação de suas atividades no futuro, e se isso ocorrer, novos capítulos poderão ser escritos no futuro. Fica aqui o agradecimento pelos dois anos e quatro meses de atividade que atingimos, e que muitas alegrias nos proporcionou em tantas quartas-feiras.
Com calor e frio, chuva e céu estrelado, estivemos ali firmes e fortes a tocar, recepcionar grandes artistas, a produzirmos momentos de brilhantismo musical para nos orgulharmos, improvisos, erros para darmos risada de nós mesmos, aplausos e suspiros.
Fica a lembrança das quartas regadas a futebol no telão (quanta está o jogo? Quem fez o gol?), mas sobretudo, com muita música e conversas agradáveis em meio a tantos amigos presentes. No meu caso em específico, foi um aprendizado e tanto, pois jamais preparei-me para ser "músico da noite", e toda a minha carreira foi focada no som autoral. Portanto, após quase quarenta anos a tocar apenas o que criei, fui impelido a aprender a acompanhar, tocar muitas músicas que nem conhecia, e aprender assim a dinâmica do improviso sob outro viés que não autoral.
Respaldado pelos amigos Kim, Carlinhos e Alexandre, só posso agradecer pela paciência que tiveram comigo nesse sentido, em tolerar as minhas falhas e incentivar-me a adaptar-me à essa realidade musical.
E assim foi a Magnólia Blues Band, uma banda que nasceu para tocar clássicos do Blues, mas que no desenrolar dos fatos, mostrou-se muito eclética, por tocar diversos outros gêneros. Sou muito grato à essa banda pelo aprendizado, e pelas noitadas de dezenas de quartas, muito felizes, de 2014, 2015 e 2016.
A falar das pessoas que estiveram nesse projeto, agora:
1) Equipe do Magnólia Villa Bar:
Por ser uma banda criada para atuar exclusivamente em uma casa noturna, naturalmente que não dispunha de uma equipe de produção própria para auxiliá-la. Portanto, nomeio apenas três pessoas, funcionárias do Magnólia Villa Bar, que estiveram conosco nesses anos todos.
A) Dona Terezinha, a cozinheira da casa, a quem agradecemos pelos lanches, os clássicos : "X-Músico", que ela preparava com carinho para serem consumidos no intervalo das apresentações.
B) Edson da Silva - Técnico de som que operava o PA da casa, e muitas vezes se esmerou para consertar situações de emergência, com panes aqui ou acolá, portanto, receba o nosso muito obrigado por tudo.
C) Lídia Forjaz - A gerente da casa, que sempre nos tratou com extrema simpatia, e costumava aplaudir-nos, mesmo lá de longe, no caixa do estabelecimento...
2) Os músicos convidados:
Um super agradecimento à todos os músicos que aceitaram convite, e lá foram nos brindar com o seu talento e simpatia. Gostei de tocar com todos e muitos, se tornaram meus amigos doravante.
Meu muito obrigado a: Chico Suman, Carlinhos "Jimi" Junior, Ivan Marcio, Wagner Andrade, Duca Belintani, Lincoln Mugarte, Rui Bueno, Rodrigo Batello, Marceleza Bottleneck, Adriano Segal, Xando Zupo, Fabio Brum, Anette Santa Lucia, Adriano Deep, Baby Labarba, Big Chico, Thomas T. Love Jensen, Ricardo Corte Real, Marcelo (saxofonista da plateia), Alex Dupas, Edu Dias, Ciro Pessoa, Isabela Johansen, Marcião Pignatari, Paulo Toth, Amleto Barboni, Maria Arruda Alvim, Claudio "Casão" Veiga, Dino Linardi, Guilherme Spilack, Fernando Ceah, Binho "Batera", Rodrigo Hid, Dino Linardi, Ryu Dias, Ayrton Mugnaini Junior, Marcos Mamuth, Rubens Gióia, Nelson Ferraresso, Maria Christina Magliocca, Paulo Morgado, Wilson Ricoy, Roger Bacelli, Cris Stuani, Fulvio Siciliano, Milton Medusa, Carlos Frederico Bomeisel, Norba Zamboni, Paulo Sá, Michael Navarro, Fernando Vinhas, Ed Cruz Junior, Banda Electric Pepper, Elizabeth "Tibet" Queiróz, Fernando Rappoli, Lili Mallagolli, Frank Hoernen, Banda Four Ol' Bones, Claudio "Moco" Costa, Rico Bass, Marco "Pepito" Soledad, Rey Bass, Kalil Bentes, Rodolfo Braga, Fernando Alge, Paulo Krüeger, Alê Bass, Sérgio Luongo, Guilherme Ramazotti, Joe Roberts, Willie de Oliveira, Marcelo (gaitista da plateia), Marco "Bacalhau" Aurélio e Sérgio Candido dos Anjos.
Um destaque especial para Fulvio Siciliano e Cris Stuani que chegaram a substituir, Kim Kehl, quando este não pode comparecer em duas ocasiões; Binho "Batera" que substituiu Carlinhos Machado também sob uma circunstância emergencial, e Sérgio Luongo, Rey Bass e Alê Bass, que cobriram a minha ausência quando eu fiquei doente.
3) Membros da Magnólia Blues Band:
Da esquerda para a direita: Kim Kehl, Bruno Mello, Carlinhos Machado & Luiz Domingues
A) Bruno Mello - O meu agradecimento à este grande cantor, que veio inicialmente para ser mais um convidado de honra de uma edição da "Quarta Blues", mas que foi a repetir atuações e que consideramos o quinto membro dessa banda, mesmo não tendo percorrido toda a trajetória da banda.
Por sua atuação como cantor e pelo poder de suas sugestões, Bruno desempenhou uma colaboração muito grande, a trazer uma nova fase à banda, com repertório alternativo de forte apelo Pop, vindo a calhar pelas necessidades sonoras que se desenharam naquele momento, em termos da obrigatoriedade da banda coibir volume e ímpeto, a apresentar-se de maneira acústica.
A sua participação foi entre junho e outubro de 2015, mas a amizade solidificou-se ad eternum, tenho certeza.
Alexandre Rioli em foto de Lincoln Baraccat
B) Alexandre Rioli - Tecladista de formação Blues/Rock'n' Roll, bom de Boogie-Woogie, muito acrescentou à banda com o seu piano sempre cheio de nuances coloridas.
Dono do Magnólia Villa Bar, foi o idealizador da banda e do Projeto "Quarta Blues". Sou-lhe grato pela oportunidade, acolhida em sua casa, a se estender ao usufruto de sua infraestrutura, mas sobretudo ao seu piano enriquecedor nas centenas de músicas que tocamos ali naquelas quartas.
Carlinhos Machado, baterista superb & gentleman
C) Carlinhos Machado - O nosso baterista é um dos maiores gentleman que já conheci. Um sujeito solícito, super humano, amigo de todas as horas. Sou-lhe grato pelas noitadas todas que fizemos juntos nessa banda, e aproveito para lhe agradecer pela solidariedade nos momentos difíceis que eu tive em 2015 e 2016, por conta de meus problemas de saúde, e onde ele gentilmente me deu suporte, ao ajudar-me em uma fase onde a proibição médica de carregar peso se fez premente e assim, Carlinhos foi um amigão em dar-me essa força braçal nas horas difíceis.
O lado bom desta parte do relato é que não estou a escrever em tom de despedida, visto que encerrada as atividades da Magnólia Blues Band, estou a pleno vapor com ele em uma outra banda ("Os Kurandeiros), sendo assim, a minha parceria com Carlinhos seguirá por muito tempo, assim espero.
Kim Kehl, em foto de Lincoln Baraccat
D) Kim Kehl -
O nosso guitarrista, por ter forte conhecimento na área do Blues,
naturalmente tornou-se nosso pilar para esse projeto dar certo. Com o
Kim na banda, sempre foi mais de 50% de certeza de que tudo daria certo,
independente dos convidados a cada semana, pois tocávamos seguros com
ele no leme da embarcação.
Tudo o que
eu disse sobre o Carlinhos, serve ipsis litteris para o Kim, e
acrescento que graças aos seus esforços pessoais, e de sua esposa, Lara
Pap, a Magnólia Blues Band teve uma carreira amplamente documentada,
a contar com um acervo de fotos e vídeos de toda a sua carreira. Todo
esse material está disponível no seu canal pessoal do YouTube e muitos (não todos,
tem muito mais), eu reproduzi nos capítulos da história da banda.
E mesmo
caso, espero prosseguir em sua companhia por muito tempo, na outra
banda onde tocamos na atualidade ("Os Kurandeiros").
Bem, como
eu já enfatizei, está banda pode voltar e gerar mais histórias. Se
acontecer, serão registradas devidamente nesta autobiografia.
Uma
particularidade não musical, esta banda (assim como Os Kurandeiros
enquanto trio - eu, Luiz, Carlinhos & Kim), é uma banda inteiramente
formada por palmeirenses. A Magnólia Blues Band é uma banda alviverde
100%, fato raro na minha carreira, onde sempre atuei em bandas bem
misturadas em termos de paixões clubísticas, e tal fato só foi
parcialmente interrompido com a presença do Bruno, torcedor do
Fluminense.
Está
encerrada a história da Magnólia Blues Band, mais uma banda em que eu tive
orgulho de ser componente, e enriquece a minha trajetória geral.
Ficam em aberto as histórias d'Os Kurandeiros, diversos desdobramentos com trabalhos avulsos e capítulos reabertos por bandas que eu tive no passado, que geraram novas histórias.
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