sábado, 25 de julho de 2020

Autobiografia na Música - A Chave do Sol - Capítulo 401 - Por Luiz Domingues

Eis que após a proposta feita pelo amigo, Geraldo "Gegê" Guimarães, a ideia passou por um processo forte de amadurecimento. Então, diante dessa prerrogativa, eu fui impelido a materializar tal sentimento. 

Por uma feliz coincidência, ao final de julho de 2019, eu recebi o recado do José Luiz Dinola, que ele houvera sido convidado por um velho amigo nosso em comum, o ex-roadie d'A Chave do Sol, Edgard Puccinelli Filho, para comparecer a um evento, a tratar-se do lançamento de um vídeoclip da banda, "Power Blues", cujos membros eu conhecia de longa data, inclusive. 

Ora, rapidamente eu também recebi o mesmo convite da parte do Edgard e assim, ficou certo de que nós dois, eu e Dinola, nos veríamos no ambiente da casa de shows, Madame Satã, aonde realizar-se-ia o show do Power Blues, para lançar o seu vídeoclip da música: "Mentes Criminosas", a ser realizado em 17 de agosto de 2019. 

Durante o evento das bandas Power Blues e Santa Gang, em 17 de agosto de 2019, na casa de espetáculos, Madame Satã. Da esquerda para a direita: Edgard Pucinelli Filho a usar a sua famosa fantasia de "El Diablo", eu (Luiz Domingues), Dalam Junior (ex-baixista das bandas Anthro e Madame Butterfly, além de ser um dos coordenadores do evento, "Praça do Rock", nos anos oitenta, José Luiz Dinola e Lucio Zaparolli, vocalista do grupo, Santa Gang. Acervo: Dalam Junior
 
Então, nesse referido dia de agosto, eis que eu encontrei o Dinola nas dependências do Madame Satã e em meio a uma série de reencontros muito prazerosos, pois a casa estava abarrotada com músicos amigos nossos em comum, inclusive muitos egressos da cena oitentista, portanto, contemporâneos d'A Chave do Sol. 

Mais uma foto de bastidores, do evento no Madame Satã, onde eu estive cercado por muitos amigos. Da esquerda para a direita: José Luiz Dinola, Kim Kehl, eu (Luiz Domingues) e o extraordinário guitarrista, Milton Medusa. Click, acervo e cortesia: Jani Santana Morales

Então, eu pude passar a ideia para o Dinola, que aceitou e surpreendeu-me muito positivamente, visto que além de aceitar, ele demonstrou um grau de entusiasmo muito além do que eu imaginaria, pois ficou nas entrelinhas que ele interpretara a proposta de um show comemorativo de reunião da nossa banda, como uma oportunidade de resgate do trabalho. 

Ora, não foi essa a intenção primordial, mas se ele interpretou dessa forma e tal perspectiva o animara, por que não, usar tal fagulha como um fator motivacional para o projeto, mesmo que no calor dos acontecimentos, não se tratasse exatamente do caso.

No entanto, assim como houvera ocorrido comigo, pessoalmente em relação aos trabalhos recentes que eu fizera com a Patrulha do Espaço e o Pedra, em termos de reunião comemorativa, como algo apenas marcado pela nostalgia, sem intenção de retomada das atividades dessas duas bandas. No entanto, eu considerei a animação dele com a ideia, muito positiva.

Dinola perguntou-me o que tocaríamos e sinceramente, eu não havia pensado em nada, pois do momento em que o Gegê lançara a proposta, até ali, a minha determinação seria apenas consultar os amigos, para depois pensarmos em repertório. 

Na minha ideia preliminar, eu adoraria tocar apenas o repertório mais antigo, de nossos primórdios de 1982 & 1983, e a privilegiar a fase do nosso Power-Trio clássico. Entretanto, ao ponderar melhor, um show comemorativo, com a reunião da formação clássica da nossa banda, não poderia ficar sem executarmos músicas tais como: "Um Minuto Além e "Sun City", por exemplo, de forma alguma, por uma questão de lógica e respeito à nossa própria história. 

Claro que não, tais canções não poderiam faltar de forma alguma essa é uma questão inquestionável, não há contra-argumentação. 

Ali mesmo no cocktail do Power Blues (houve a abertura do grupo, "Santa Gang", que coincidentemente também anunciara show de volta às atividades artísticas e com a sua formação quase clássica, mas também reforçada por vários velhos amigos nossos em comum e acrescento, o Rubens Gióia teve participação em uma formação dessa banda, ao início de 1981, como é bem sabido pelos fãs d'A Chave do Sol).

No decorrer da nossa conversa, eis que o Dinola, questionou quem seria o cantor para esse show, visto que nenhum de nós três apresentava grandes dotes vocais, por natureza.

Ora, esse houvera sido um ponto nevrálgico em nossa organização como banda nos anos oitenta. Por considerarmos que sempre precisávamos de um vocalista, ficamos errantes a buscarmos essa resolução durante toda a carreira da banda, quando na realidade, o Rubens cantava afinado, ainda que não detivesse uma grande emissão, o Zé Luiz apresentava um grande potencial e de fato, ele melhorou muito com o decorrer do tempo e eu também melhorei bastante no meu momento pós-Sidharta e ao longo da minha longa estada na formação da Patrulha do Espaço, eu pude aprimorar ao menos o backing vocals, afinado.

Portanto, a nossa busca incessante por um vocalista nos anos oitenta, foi de certa forma precipitada e certamente obsessiva, hoje em dia eu tenho essa convicção. 

Por outro lado, ao buscarmos e termos tido tantos vocalistas de ofício na formação, eis que o material criado com tal perspectiva, ficou difícil para ser vocalizado por nós três do Power-Trio original e assim, uma reunião da nossa banda, teria que contar com um convidado especial, isso tornou-se patente, para ocupar tal lacuna. 

Continua...

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