domingo, 5 de janeiro de 2025

Autobiografia na música - Kim Kehl & Os Kurandeiros - Capítulo 209 - Por Luiz Domingues

Foi muito bom novamente ter contato com um show no ambiente de uma Casa de Cultura. Os Kurandeiros já haviam feito anteriormente diversos shows em equipamentos culturais dessas características e foi ótimo levarmos o nosso espetáculo para mais uma instalação cultural da prefeitura de São Paulo, com a proposta de se fazer uma apresentação gratuita para a comunidade do bairro representado por tal local e de antemão, já sabíamos que seria muito gratificante.  

O local em questão foi a Casa de Cultura da Vila Guilherme, apelidada pelos moradores do bairro como "Casarão" e logo que o show foi fechado, Carlinhos Machado e Renata "Tata" Martinelli se manifestaram com entusiasmo porque já haviam tocado ali com outros trabalhos e nos avisaram que o local era muito bonito.

De fato, me dirigi ao local no dia marcado, 7 de setembro de 2024, acompanhado de Kim Kehl e quando chegamos na entrada do estabelecimento, ficamos impressionados com a sua beleza arquitetônica. Localizado em uma bonita praça com ares interioranos, se tratava de uma velha escola estadual, possivelmente construção essa dos anos 1930 pelo estilo, a se mostrar verdadeiramente como um "casarão".

Bairro simpático da zona norte de São Paulo, a Vila Guilherme não é periférica e pelo contrário, está perto de outros bairros antigos e importantes da cidade, tais como a Vila Maria, Santana e Tucuruvi, e assim, em meio às suas ladeiras, mostra partes residenciais tranquilas e muitas praças como essa que avistamos. 

Bem, estacionamos o carro e logo avistamos a simpática persona do baixista Neto, da banda Cracker Blues, que faria "dobradinha"  conosco nessa tarde/noite. Ele também havia chegado na mesma hora e a perspectiva foi boa demais, haja vista que o Cracker Blues é uma excelente banda cujo trabalho se situa entre o Blues-Rock e o Southern-Rock, portanto, mantinha há anos uma sonoridade bastante próxima do som da nossa banda. 

Ficamos apreensivos, no entanto, e na verdade já sabíamos que por força de obras na instalação, o show não seria realizado no bonito espaço interno do "casarão", que pelas fotos que vimos, se parecia bastante com o saguão da Faap, a Faculdade Armando Álvares Penteado, pelas escadarias ali presentes. Dessa forma, nos deslocamos para um salão designado pela direção da CC Vila Guilherme, a se tratar de um espaço amplo, retangular como característica e com diversas vidraças. 

A julgar pelo seu aspecto arquitetônico, ficou claro que aquele espaço era usado para aulas de dança, artes plásticas ou artes marciais e isso foi confirmado quando mirei o mural a conter a programação da casa.

Por ser retangular e com muitas janelas, logo eu e Kim confabulamos que a acústica ali seria muito difícil por tais características nada favoráveis para a realização de um show musical e ainda mais show de Rock, mas nos resignamos, na medida em que Os Kurandeiros já haviam feito shows sob condições adversas por muitas vezes e além do mais, tanto eu quanto ele, já havíamos passado por situações semelhantes a defendermos outros trabalhos, igualmente.

Muito bem, os companheiros da nossa banda e também do Cracker Blues foram chegando e após ser montado o palco, começamos o soundcheck. A estabelecermos a ordem inversa, o Cracker Blues começou primeiro a sua preparação e com o salão vazio, foi difícil para eles chegar a um resultado de mixagem minimamente satisfatório e claro que no nosso caso, não seria diferente. A única esperança de haver uma sonoridade pelo menos razoável, seria no sentido de que as duas bandas haveriam de tocar bem baixo no palco e mesmo assim, a depender da pressão exercida, poderia ficar muito desconfortável para os bateristas de ambos.

Bem, combinamos isso entre nós e quando fizemos o nosso soundcheck, já tínhamos a noção de como estava o som do PA mediante a audição do Cracker Blues na sua preparação e agora ali no palco, a perspectiva foi igualmente muito difícil, pois tocar com volume baixo em demasia é um exercício extremamente desconfortável em via de regra, principalmente para os bateristas e assim, soubemos que foi o remédio amargo ante o inevitável. Paciência.

No camarim da Casa de Cultura da Vila Guilherme, Carlinhos Machado no comando da "selfie", com Kim Kehl, Phil Rendeiro, Renata "Tata" Martinelli e eu (Luiz Domingues), atrás e a brincarmos. Os Kurandeiros na Casa de Cultura da Vila Guilherme de São Paulo. 7 de setembro de 2024. Click ("selfie"), acervo e cortesia: Carlinhos Machado

O público começou a adentrar o salão e assim nos recolhemos ao camarim. O Cracker Blues foi anunciado, e eu fui assistir o começo do show dos meus amigos e cujo trabalho, muito admiro. 

Continua...

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