terça-feira, 18 de agosto de 2015

Autobiografia na Música - A Chave/The Key - Capítulo 32 - Por Luiz Domingues


Os shows estiveram muito raros nesse ano de 1989, e no primeiro semestre, após aquele show realizado no Dama Xoc, já mencionado, só tocamos no Black Jack Bar, em poucas ocasiões, doravante. Isso ocorreu primeiramente em 31 de março e 1º de abril, com públicos a contar com cento e vinte e duzentas e oitenta pessoas, respectivamente. Repetiríamos a dose em 16 de maio de 1989, com duzentas pessoas na casa.

Uma explicação para ter havido tão poucos shows em muitos meses, além do desânimo interno observado na âmago da banda, e a escassez de melhores oportunidades, também teve um outro componente. O fato, é que Edu e Fábio estavam a se envolver com outros trabalhos e diante das circunstâncias, não haveria como exigir deles a atenção total à nossa banda.
O Fábio estava a receber muitos convites e passou uma boa fase desse ano a viajar para Belo Horizonte, onde em princípio gravou com a banda mineira, "Overdose", mas ele culminou em receber outros convites, também.  
E no caso do Edu, ele formalmente entrou em uma outra banda, onde vislumbrou uma oportunidade de carreira melhor que as incertezas que A Chave/The Key mantinham naquele momento. Tratou-se de uma banda chamada: "Anjos da Noite", cujo vocalista era filho do cantor sertanejo, Sérgio Reis e segundo consta, o seu pai não estaria a medir esforços para usar todo o seu prestígio no meio artístico, para fazer tal banda atingir o mainstream. 


Foi uma proposta musical muito mais Pop do que A Chave/The Key tivera, e claro que o Edu seduziu-se por tal oportunidade, mesmo por que um de seus irmãos, e que era igualmente um guitarrista virtuose, chamado: Átila Ardanuy, já era componente desse grupo.

Enfim, daí em diante, além de todas as dificuldades que estávamos a enfrentar e o meu desânimo a cada dia maior, passamos a lidar também com o choque de agendas e muitos impedimentos no tocante à disponibilidade de horários para ensaios. Pior ainda, o Edu sinalizou que usaria algumas músicas de sua autoria para o disco a ser gravado pela outra banda, e não as disponibilizaria para o nosso LP.

Isso irritou bastante o Beto, que ainda acreditava e lutava bravamente por essa banda, principalmente, mas eu estava a cada dia mais alheio, e na verdade, me sentia emocionalmente fora da banda, embora estivesse a protelar uma saída oficial, apenas para não deixar ninguém na mão.

Nesse ínterim, o produtor Chicão anunciou que estava quase pronto a dar-nos o sinal verde para iniciar a produção do LP a ser gravado.
Com esse clima todo que eu descrevi acima, foi difícil reunir forças para se animar. Mas teve de se manter um grau de respeito um pelo outro, e sobretudo ao Chicão, que não sabia de nada disso que nos ocorria internamente e pelo contrário, estava bem animado a nos produzir.  Portanto, isso teve de ser levado em conta para que tirássemos não sei de onde, forças para não desapontá-lo.


Continua... 

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