Quero ir sem precisar voltar, pois que há tempos germina em mim o cheiro bom da terra molhada, o gosto na boca do verde sem fim, onde a alma em floresta se alimenta de musgo.
Quero ir, seguir, leve como pássaro que deixa o ninho, como grito
que se liberta, ecoa longe e me chama, e eu ouço o seu chamar a cada sol
que nasce e, à noite, quando chega a lua.
Quero ir sem olhar pra trás, apenas indo, indo, absorvendo marés, o orvalho dos prados, neblinas onde eu possa me perder, oculta do mundo, mergulhando profundamente dentro de mim.
Quero me perder na relva doce e calma e brotar do chão, criatura recém criada, inundada de céu, onde o silêncio ensurdecedor reine e, na esperança de redenção, mergulhar nos confins do meu ser.
Quero ir depositando com carinho, no chão mágico da minha estrada, as lágrimas que eu nunca tive coragem de chorar, palavras que ficaram presas e eu nunca disse.
Quero olhar frente a frente a Vida, sem medo do obscuro que vive em mim e, transmutando minhas imperfeições numa luta serena e tranquila, quero expurgar minha escuridão, partir minhas correntes e cadeias e sorrir em paz diante da minha pequenez perante o Infinito.
Quero chegar ao fundo de mim, me confrontar e, de alma nua, olhar dentro dos meus próprios olhos e lutar, de mansinho, até não restar lugar pro orgulho, pro mesquinho e pra tudo o que é negativo e que dessa batalha resulte amor, paz, fraternidade, beleza, abraço quente que consola, e que a música que preenche o Universo, preencha também a fluidez da minha alma.
Que nessa caminhada, o que há de mais sublime possa me tocar e ficar comigo, penetrar meus poros e veias, me ensinar a bondade e a tolerância, o amor que nada pede em troca e apenas se doa, simples e límpido.
Seguir em frente, deixar pra trás incompreensões, tristezas, mágoas e seguir, de peito aberto, em direção ao perdão mais impossível, à compreensão mais incompreensível, fazendo brotar amor do solo árido, áspero e completamente inatingível.
Quero me perder dentro desse caminho e ir... sem precisar voltar.
Tereza Abranches é colunista fixa do Blog Luiz Domingues 2. Escritora e artesã, desenvolve também estudos sobre literatura e espiritualidade.
Nesta
crônica, nos fala sobre os caminhos que todo ser humano deve percorrer no mergulho interior de sua trajetória, buscando não só as respostas, mas sobretudo os acertos em sua trajetória.
Lindo Tereza! Sempre tentando, ir sem voltar...sempre em frente por mais difícil que pareça.
ResponderExcluirVerdade, Jani... sempre em frente, por mais que doa.
ResponderExcluirObrigada pelo incentivo carinhoso de sempre.
Grande beijo!
Convite à uma linda viagem!!! Lindo texto!
ResponderExcluirRealmente é um convite e é incrível quando vivenciamos o que há de melhor em nós.
ExcluirObrigada pelo seu comentário!
Com certeza, você consegue nos transportar para a beleza de nos perdermos nesse caminho sem precisar voltar! Só nos resta agradecer por mais esse momento maravilhoso que você nos proporciona!
ResponderExcluirRafael querido, obrigada pelo carinho das suas palavras, isso é um incentivo e tanto, sempre.
ExcluirFico sem palavras pra agradecer a você e a todos que leem e viajam comigo pelos caminhos.
Grande beijo!
Tem momentos magistrais. Mas o texto terminaria em "Eu quero um caminho sem volta." O que vem depois é prolixo.
ResponderExcluirJoel, amigo querido, agradeço pelo seu comentário e se você acha que o texto terminaria em: "Eu quero um caminho sem volta", que seja então, o que importa é ter tocado você, o que me deixa muito feliz!
ExcluirBeijo!
Belíssimo Tereza! Muito obrigada por nos proporcionar essas doces linha!
ResponderExcluirObrigada pelo elogio, Lounew!
ExcluirComo sempre digo, amo tocar corações e mentes, esse é o meu principal objetivo e quando vejo que consegui, o meu coração e mente também ficam em festa!
Paz e Luz, querido!
Parabéns, Tereza!!! Você consegue expor em palavras, toda sua sensibilidade. Lindíssimo texto!!! Deus te abençoe!!! Obrigada!!!!! Seu espírito é leve e transparente. Bjs
ResponderExcluirMonica, não tenho como expressar minha alegria com as suas palavras , percebo que elas vêm do fundo da sua alma.
ExcluirObrigada pelo carinho e ternura.
Bênçãos sobre você também e que a nossa luta pra termos um espírito leve e transparente seja diária e sem tréguas.
Grande beijo!