Fernando Ceah na linha de frente, a cantar com Os Kurandeiros. Show dos Kurandeiros no Espaço Cultural Gambalaia de Santo André / SP, em 15 de agosto de 2014. Foto: Vanessa Anchieta
Encravado em um quadrante estratégico entre o centro de São Paulo, e já a apontaro para os primeiros bairros da zona oeste, tais como: Santa Cecília, Higienópolis, Pacaembu, Campos Elíseos, Barra Funda e Perdizes, a sua localização excelente, com estação de metrô muito próxima, fazia dele, bastante usado por artistas de diversas searas da música brasileira.
De bandas de Rock a veteranos da velha guarda da MPB, o fato é que tal estúdio mantinha a sua tradição. Portanto, além de tudo, pelo fato da amizade com Fernando Ceah e também pela passagem do próprio Kim Kehl como ex-membro do "Vento Motivo" em um passado próximo, tudo isso somado fez com que a ambientação do Curumim fosse muito familiar aos Kurandeiros, o que certamente contribuiu para o melhor andamento do trabalho, possível.
Show d'Os Kurandeiros no Santa Sede Rock Bar de São Paulo. 23 de julho de 2016. Foto: Rogério Utrila
E foi o que ocorreu, com a receptividade calorosa de Ceah em seu estabelecimento e com a sua própria atuação como operador de áudio na captura inicial da base que ali gravaríamos.
A ideia foi cumprirmos uma gravação otimizada, com o Power-Trio primordial a tocar ao vivo para finalizar a base. Sob tal predisposição, creio já ter explanado a minha opinião em capítulos anteriores (principalmente a enfocar a minha passagem por outras bandas por onde atuei no passado), sobre o que penso dessa metodologia de gravação.
Só para resumir rapidamente, não é a minha predileção. Sei que o argumento a favor versa sobre a autenticidade da volúpia ao vivo capturada por uma banda e isso é positivo, não nego, mas particularmente, prefiro a estratégia mais convencional, do "um por vez", com a bateria a ser gravada inicialmente, aí sim com suporte de guia ao vivo, mas todos os demais instrumentos a posteriori, com a bateria oficial gravada, e a guia a servir como base, sendo substituída por cada novo instrumento gravado oficialmente dentro do processo.
Show d'Os Kurandeiros na Casa Amarela de Osasco-SP. 7 de maio de 2016. Foto: Maurício Marcondes Santos
Entretanto, sei que a verba que Os Kurandeiros dispunha era modesta e claro, gravar a base ao mesmo tempo tornou-se premente, e não seria a primeira vez que eu gravaria um disco sob tais circunstâncias. Outro aspecto, se por um lado fora temerário para uma banda que não costumava ensaiar usar tal prerrogativa de gravação, por outro lado, por sermos uma banda com constante atuação ao vivo e mais do que acostumada a interagir e improvisar sem receios, não houve nada a temer, por conseguinte.
Não deu outra, passado o rápido preâmbulo de captura dos timbres primordiais de cada instrumentista, Kim, Carlinhos e eu, Luiz, colocamo-nos a disposição de Fernando Ceah para o início dos trabalhos.
Um ponto que poderia desestabilizar-nos, foi a falta de comunicação visual melhor com o Carlinhos Machado, devido ao fato da sala por ele usada estar longe visualmente da técnica, e tal contato apenas ser possível em ser estabelecido mediante a imagem do baterista por um monitor de TV. Mas nem esse fator limitante foi capaz de atrapalhar a nossa performance, pois na realidade, nós gravamos as três canções com poucas tomadas, de tão seguro que foi.
Portanto, bateria, baixo, bases de guitarra e até alguns solos e contra solos, foram gravados nessa tarde, sob uma rapidez que surpreendeu a todos. Esperávamos uma gravação tranquila, mas o resultado final mostrou-nos algo além de nossas mais otimistas previsões, pois chegáramos ao estúdio por volta das 15 horas, e passava um pouco das 19 horas, quando eu já estava no trânsito, a caminho da minha residência.
Foto a capturar o final dos trabalhos no estúdio Curumim, de São Paulo, na sessão inicial de gravação da base com as três canções do EP Seja Feliz. Da esquerda para a direita, na sala da técnica: Carlinhos Machado, Fernando Ceah, Kim Kehl e Luiz Domingues. 28 de julho de 2016. Foto: Lara Pap
Gravamos três canções compostas pelo Kim, com estilos e intenções diferentes uma das outras. A primeira, "A Noite Inteira", foi um Rock fortemente influenciado pelo Blues-Rock, com elementos Glitter, bem ao sabor setentista. Na prática, seria como se o "Humble Pie" soasse como o "Mott the Hoople" (ou vice-versa), para que o leitor familiarizado com sonoridades daquela década possa identificar.
A segunda canção, "Faz Frio" tem forte identificação com o Pop sessenta-setentista. A olho nu (o ouvido, na verdade...), parece uma canção sessentista do Burt Bacharach, mas no desenvolver do arranjo e entrada dos teclados de Nelson Ferraresso, foi a ganhar uma outra aura, ao se parecer muito com as baladas setentistas dos discos dos Rolling Stones nessa década, notadamente ao final da "Era Mick Taylor" e início da "Era Ron Wood" para quem conece bem a carreira dos Rolling Stones.
E a terceira canção, não há dúvida, neste caso o Kim quis trazer a atmosfera do Acid-Rock sessentista de Jimi Hendrix, com brutal carga de Blues-Rock pesado, a tratar-se de: "Filho do Vodu". Esmiuçarei mais as canções em capítulo próximo, quando abordar o lançamento do disco em si.
Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=KkvDb6b8ik8
Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=vGiXPblJsYA
Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=Fk9u4AxwCqU
Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=7XHpsGi6SaU
Agosto de 2016
Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=pDKXA9F8mYE
Eis o Link para assistir no TouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=68eQ7JaQYWM
Com o disco pronto no estúdio, o anúncio acima alertou de que em breve estaria disponível para venda. Outubro de 2016
Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=r_imQ7256xI
E assim foi, com muita eficácia e alegria que consumou-se uma produção simples, mas que no cômputo geral, revelou-se bastante interessante e ouso dizer, sofisticada, pelo ponto de vista artístico, por inúmeros aspectos.
Primeiro pela versatilidade das canções, a demonstrar algumas das múltiplas facetas que Os Kurandeiros apresentam normalmente em seus shows pela noite, ao transitar por muitos estilos e escolas do Blues, Black Music em geral e Rock, principalmente, mas com cada item desses troncos citados, a representar ainda mais possibilidades em desdobramentos incalculáveis.
Segundo, pela riqueza que cada instrumentista, incluso os convidados, trouxe para cada canção. Terceiro pela qualidade do áudio e proposta com timbres vintage e quarto, por sermos uma banda extremamente objetiva no estúdio, ao não dar margem a postergações intermináveis e mesmo assim, a mostrar qualidade no seu produto final.
Sobre o disco em si, e a análise das faixas e produção em geral, falo em capítulo posterior, com maior apuro.
Continua...
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