domingo, 27 de agosto de 2017

Autobiografia na Música - Patrulha do Espaço - Capítulo 309 - Por Luiz Domingues

Conforme relatado em capítulo anterior, uma coletânea denominada: "Aventuras Rockeiras no Século XXI" fora lançada em 2016, a compreender um farto material da Patrulha do Espaço, focado na produção pós 2000, logicamente como sugere o título da obra.

Não repetirei a análise que fiz amplamente no capítulo anterior, mas realço que claro que ficamos todos (ao referir-me aos componentes de nossa formação), contentes com a inclusão de farto material de nossa fase e para ir além, acho que na verdade, com predominância acentuada. 

Contudo, ainda em 2016, teríamos mais uma boa surpresa, motivada por outra produção pela qual o baterista Rolando Castello Junior empenhou-se e desta feita, ao se constituir de uma celebração sua, pessoal, mas logicamente a respingar em todos que interagiram com ele nos diversos trabalhos que realizara em sua carreira. 

A ideia em que estava a trabalhar foi a de realizar uma série de shows, a aludir aos seus principais trabalhos na carreira e a primeira frente seria agrupar companheiros de diversas jornadas e claro que tal produção não seria nada fácil.

Ao final, quando uma logística delineou-se em torno dos companheiros que confirmaram presença nas apresentações, os shows foram montados da seguinte maneira: Patrulha do Espaço em formação atual + formação Chronophágica, Aeroblues e Inox.

A turnê foi montada para acontecer em três cidades: São Paulo, Curitiba & Buenos Aires e tudo foi gravado e filmado. 

Portanto, em uma segunda etapa e isso ocorreria ao final de 2017/início de 2018, certamente, uma caixa será lançada com CD's e DVD's a conter o material desses shows realizados. A caixa será naturalmente focada no espetáculo comemorativo pelos cinquenta anos de carreira de Rolando Castello Junior, no que ele considera o início de sua carreira, em 1966, quando tinha apenas treze anos de idade. Ou seja, dez anos antes do meu início, que ocorreu em 1976.

Foto de nossa formação da Patrulha do Espaço, em fevereiro de 2001. Click de Ana Fuccia

Sobre o que concerne-me diretamente, tudo começou com uma mensagem do Rolando Castello Junior no meu "inbox" da rede social Facebook. Claro que eu aceitei o gentil convite da parte dele sobre participar e ficou ainda mais prazeroso ao saber que a minha presença estaria vinculada a uma reunião completa de nossa formação. E ao saber que todos os demais companheiros estavam confirmados, logicamente que senti-me feliz por essa oportunidade em reunirmo-nos após doze anos de dissolução da nossa fase na história dessa banda.

Um ensaio foi marcado para os estúdios "Orra Meu", de propriedade dos irmãos Schevano, e eu sabia de sua construção, há anos e o próprio Marcello havia conversado comigo pela rede social Facebook, cerca de um ano antes, quando a estrutura física do empreendimento já estava praticamente pronta e ele queria saber se o meu primo, Emmanuel Barreto, que era dono do Site Cultural "Orra Meu", não importar-se-ia em que os irmãos Schevano registrassem tal denominação para batizar seu estúdio. 

Fiz a ponte e o meu primo sinalizou que não haveria problema algum e dessa forma, entraram com o protocolo no INPI, e assim, os irmãos Schevano selaram a sua marca. Fui convidado a visitar as suas instalações, mas ainda não havia tido uma oportunidade para tal. 

Os amigos da banda "Tomada" também haviam convidado-me a visitar as sessões de gravação de seu novo álbum, mas não fora possível realizar tal intento. 

Dessa forma, eu só fui tomar contato com o estúdio, no dia em que fui ensaiar com a Patrulha do Espaço, ao final de outubro de 2016, e fiquei boquiaberto com as suas instalações, equipamentos e com o ritmo de atividades que já apresentava naquela altura, mesmo sendo ainda recém-inaugurado. 

Em suma, fiquei impressionado com a qualidade das salas de ensaios e sobretudo das salas de gravação, que apresentam uma infraestrutura de estúdio de alto padrão norte-americano ou europeu. 

Fiquei muito orgulhoso desse sucesso pessoal dos irmãos Schevano, e claro que a minha ligação com ambos era antiga, basta ao leitor olhar a minha autobiografia quando cito-os desde que Ricardo Schevano apresentou-se para ser meu aluno, no longínquo ano de 1994, e a trazer consigo o seu irmão caçula, Marcello para a minha sala de aulas e dali veio toda a interação que eu tive com a primeira banda deles, o "Essex", depois tivemos juntos o Sidharta e a Patrulha do Espaço com o Marcello etc.

Na copa do estúdio "Orra Meu", a formação Chronophágica da Patrulha do Espaço, reunida após doze anos da dissolução dessa fase na história da banda. Da esquerda para a direita: Luiz Domingues, Rolando Castello Junior, Rodrigo Hid, Marcello Schevano e a presença do vocalista do "Carro Bomba", Rogério Fernandes, a interagir conosco. Outubro de 2016. Foto: Daniel "Kid"

Encontrei-me com Marcello Schevano e Rodrigo Hid nas dependências do complexo de estúdios Orra Meu, localizado no bairro da Saúde, em São Paulo e logo a seguir, encontrei-me com o Rolando Castello Junior na copa do mesmo. 

E como se não bastasse conter essa estrutura toda, eles ainda possuíam uma laje externa imensa e que dava margem à construção de mais salas de estúdios e até um auditório que tranquilamente comportaria duzentas pessoas bem instaladas, para a realização de shows. 

Por ora, é apenas uma espécie de "fumódromo" do estúdio, e a visão que se teme ali de uma parte do bairro, com uma impressionante selva de pedra, ultra urbana, é incrível, principalmente no período noturno.

A banda a ensaiar e a fazer aquele som Rocker e com a volúpia de outrora, resgatada. Viva a Chonophagia! Da esquerda para a direita: Luiz Domingues, Rodrigo Hid e Marcello Schevano na linha de frente, com Rolando Castello Junior na bateria, pronto a realizar as suas viradas impossíveis. Estúdio Orra Meu, São Paulo. Outubro de 2016. Foto: Daniel "Kid"

Ensaiamos e foi muito prazeroso tocar aquelas oito músicas previamente escolhidas para o show ("Ser", "Tudo Vai Mudar", "Nave Ave", "São Paulo City", "Homem Carbono", "Rock com Roll", "Vou Rolar" e "One Nighter"). 

Na hora do ensaio, "One Nighter" foi cortada, por questão de falta de espaço, visto que dividiríamos o espetáculo com a formação então atual da Patrulha do Espaço + convidados. Então, fechou-se em sete canções. 

Outro ponto importante sobre o critério de escolha das canções, privilegiou-se o repertório mais Hard-Rock/Rock'n' Roll, com a inclusão de apenas um número progressivo, no caso de "Nave Ave". A falta de tempo para ensaiar e sobretudo a necessidade de coibir exageros a se pensar no "todo" do show, fez com que essa escolha fosse a mais acertada.

Foi ótimo ensaiar com os velhos colegas e tocar aquelas canções com a velha volúpia Rocker e típica da Patrulha do Espaço de nossa formação, sendo claro que comentamos que no futuro ficaria aberta a possibilidade de uma nova reunião para dessa vez, haver mais espaço de tempo e a inclusão de temas mais progressivos no repertório.

Não havia muito tempo para ensaiar, visto que outros ensaios estavam marcados com outros convidados e o bloco de shows com o Alejandro Medina a envolver o som da banda porteña, "Aeroblues", em que o Junior foi membro nos anos setenta, além do "Inox", outro trabalho dele, desta feita nos anos oitenta, precisavam ocorrer e dessa forma, marcou-se mais um ensaio apenas e só para passar o set, sem repetições, para dali a dois dias e esse apronto rápido só comportara mesmo a presença do repertório mais Hard-Rock, mesmo, sem chance para os temas progressivos e psicodélicos. 

Bem, agora reunir-nos-íamos no dia 4 de novembro de 2016, no palco do Sesc Belenzinho, em São Paulo.

Continua... 

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