quinta-feira, 20 de junho de 2019

O Calor que Angustia - Por Luiz Domingues


A sensação corpórea do calor quando ainda não o entendemos, é um dos incômodos mais desagradáveis para se lidar, nessa tenra fase da vida. Isso porque no do frio, no caminho inverso, reveste-se de um outro tipo de situação e solução, senão vejamos: quando está frio no ambiente, logo sentimos o aconchego de algo que surge e pesa sobre o nosso corpo. 
 
Não sabemos o que é, mas o contato do tecido, seja a roupa que usamos em si ou um cobertor, lençol, manta, edredom ou qualquer similar, resolve a questão em poucos segundos e a seguir, torna-se algo tão gratificante, que logo associamos ao prazer, pois sim, é um prazer manter a calor normal do corpo humano, quando a temperatura ambiente é muito mais baixa e essa é uma das primeiras lições acerca da vida e da realidade do mundo material. 
Contudo, o contrário é bem diferente. Aquela angustiante sensação do bafo, gerado pela ausência completa de uma brisa que amenize um ambiente quente, não é resolvida com a simples retirada das vestimentas e dos complementos que usamos no berço. 
 
A não ser que o ambiente seja climatizado ou no mínimo, ventilado, a questão do calor é muito mais difícil para ser suportada nessa idade. E existem as agravantes, pois de fato, não é à toa que os médicos pediatras alertam tanto os pais, para tomar o devido cuidado para não deixar de hidratar os seus filhos pequenos, visto que a desidratação nessa idade é muito rápida (nos idosos também ocorre isso), portanto, a sensação da sede que resseca a boca e a garganta, é muito desagradável e igualmente o suor que mostra-se grudento e mal cheiroso. 
 
Isso sem contar com a respiração que se torna ofegante e muitas vezes a provocar a taquicardia pelo esforço redobrado do coração, para proporcionar que o pulmão compense o seu déficit. 
 
A ideia de se usar meias e/ou sapatinhos, é evidentemente rejeitada e para o pequeno humano que ali sofre e nada entende, logo associado a algo muito inconveniente e arrisco dizer, tal dedução é perpetuada para o resto da vida a se tornar um hábito evitar tais acessórios no verão, sempre que possível, assim que ganhamos consciência.
Claro que não é uma regra absoluta, cada pessoa formula uma opinião pessoal ao longo da vida e certamente que há um grande contingente da população que simplesmente adora o calor, notadamente pessoas nascidas e criadas em países quentes, caso do Brasil, mas ali, na fase onde nada entendemos e vivemos os primeiros dias e semanas circunscritos ao berço, a sensação do calor não é agradável, pois entre outros infortúnios, é de certa forma uma experiência claustrofóbica, quando sentimo-nos presos em tecidos dos quais não conseguimos nos desvencilharmos sozinhos, que esquentam e incomodam sob tais circunstâncias.

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