Odores que
se misturam: alguns agradáveis, outros acres, até passíveis de provocar
náuseas e ardência ocular, barulhos assustadores de toda a monta (produzidos por vassouras;
espanadores; móveis que são arrastados com truculência e o pior de todos, o
abominável aspirador de pó elétrico), e a sensação de confusão generalizada,
com pessoas a se locomoverem apressadamente e a emitirem sons.
O que ocorre e por que
esse tumulto acontece, não todos os dias, mas de uma forma ocasional?
Logicamente que só muito depois, com a raciocínio formado, tomamos conhecimento
desse fato, mas ali, na fase em que somos completamente vulneráveis a tudo e
sem entender absolutamente nada sobre tal processo, só há uma certeza: tal prática incomoda!
Eis que o bebê não acorda espontaneamente como geralmente o faz, mas vez por outra é acordado, assim, de forma abrupta ao ser surpreendido pelo inevitável dia da faxina caseira. E aí, leve-se em consideração que cada família tem o seu hábito e há lares em que isso não costuma ser assim tão espaçado, ou seja, talvez seja diário, dada a dimensão da habitação ou pela demanda de uma família numerosa, que naturalmente produz mais sujeira doméstica etc. e tal.
Eis que o bebê não acorda espontaneamente como geralmente o faz, mas vez por outra é acordado, assim, de forma abrupta ao ser surpreendido pelo inevitável dia da faxina caseira. E aí, leve-se em consideração que cada família tem o seu hábito e há lares em que isso não costuma ser assim tão espaçado, ou seja, talvez seja diário, dada a dimensão da habitação ou pela demanda de uma família numerosa, que naturalmente produz mais sujeira doméstica etc. e tal.
Mas o fato é que para o bebê, o dia da
faxina é algo assustador pela incidência dos ruídos assustadores, odores
desagradáveis e pelo tumulto perpetrado pelos adultos, a gerar apreensão.
Para
que serve exatamente, descobrimos em breve, assim como passamos a gostar de tal ação
pelo seu resultado a gerar bem-estar, mas enquanto isso não ocorre, o tal dia
da faxina talvez seja algo tão assustador quanto a ação de uma briga
generalizada, com o devido perdão pela comparação absurda.
Então tudo
tem que ser higienizado? Sim, e logo percebemos a associação direta com o
banho a prover a mesma ação, em relação ao nosso próprio corpo.
E por outro
lado e também por pura associação de ideias, se existe a ação da limpeza, é por
que seres vivos e objetos estão à mercê da sujeira e por conseguinte, tal ação
obriga-nos a permanentemente provermos o ato da higienização. Parece e de fato
o é, uma obviedade quando ganhamos consciência, todavia, enquanto somos bebês,
só gera-nos a sensação de apreensão o famigerado dia da faxina e algum tempo
depois, quando já estamos a pensar efetivamente, poderá suscitar a seguinte dúvida para a
criança: -“então a vida é suja?”
Independente da maneira com a qual o pai ou a mãe irá responder tal pergunta, deixo aqui uma reflexão extra no ar e não necessariamente a ver com o mote desta crônica, mas não resisto: se limpar é o mesmo que purificar na morfologia, em termos filosóficos, ganha uma outra conotação.
Independente da maneira com a qual o pai ou a mãe irá responder tal pergunta, deixo aqui uma reflexão extra no ar e não necessariamente a ver com o mote desta crônica, mas não resisto: se limpar é o mesmo que purificar na morfologia, em termos filosóficos, ganha uma outra conotação.
Portanto, se o mundo é sujo e estamos desde que entramos nele,
imbuídos da obrigação de nos purificarmos constantemente, haverá de chegar um dia em que
transcenderemos a sujeira, não é uma dedução lógica? Pois em termos
metafísicos, estarmos sujos e ao nos limparmos constantemente, a sugerir um moto
perpétuo, não parece fazer sentido, não acha?
Então, a
completa incompreensão do bebê talvez mantenha um elo, afinal de contas, com a
sublimação da sujeira. Bem, é apenas uma conjectura.
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