Quando somos
jovens, tendemos a achar que somente com a nossa extrema boa vontade para empreendermos as ações corretas, nós vamos mudar o sistema podre que rege o mundo
desde que tomamos conhecimento de sua engrenagem e da qual, apenas herdamos dos
nossos pais, avós e demais longínquos ascendentes. Trata-se certamente de um pensamento nobre,
edificante e de fato, graças a tal idealismo e juventude é que o mundo evoluiu,
em tese. Mas não com a urgência que os bem-intencionados almejam, aliás, muito
longe disso.
Foi nesses termos que um desses rapazes cheio de boas intenções e energia para dar o seu melhor, deparou-se com tal realidade de precisar enfrentar o retrocesso e ainda por cima, por uma via torta.
Foi nesses termos que um desses rapazes cheio de boas intenções e energia para dar o seu melhor, deparou-se com tal realidade de precisar enfrentar o retrocesso e ainda por cima, por uma via torta.
Ocorreu que
esse jovem, chamado: Antonio, estava feliz da vida por ter sido contratado para
trabalhar em uma empresa de médio porte, em um bairro da periferia. Assim que
foi recrutado para atuar em tal corporação com bom nível para o seu modesto padrão
social, o seu objetivo revestiu-se de um sentimento elevado, muito além de
imbuir-se do profissionalismo necessário para ali atuar e nem mesmo o bom
salário oferecido fora a sua principal motivação, pois o que ele almejara,
revelou-se como algo mais ambicioso.
Ele desejou mesmo, foi mudar alguns
métodos que julgava serem arcaicos no desenrolar da metodologia daquela firma e ao
modernizá-la, dar assim a sua contribuição para uma maior eficácia e por conseguinte, atender melhor a sociedade e sobretudo, a população, através do consumidor
comum, tão desrespeitado, em via de regra.
Mas a
engrenagem ali dentro, mostrara-se o avesso de sua proposta, visto que o seu proprietário
antipatizou com ele, logo no primeiro dia, no primeiro documento que
apresentou-lhe, visto que esse senhor, que fundara tal estabelecimento há
muitos anos, debochava acintosamente de funcionários novatos que chegavam com o
seu idealismo em torno de novas metas e entre tantas novas propostas pelas
quais ele nutria uma verdadeira ojeriza, estava a questão da escrita com
correção gramatical impecável, algo que ele não suportava.
Adepto de um
conceito antigo, pelo qual a ideia de quem falava o idioma português com a
devida observação das regras gramaticais, era em sua concepção, uma pessoa
dotada de soberba, ele rasgava tudo o que os seus subordinados escreviam com tal
predisposição e exigia um texto mais perto da fala do povo mais simples, como ele mesmo
gostava de enfatizar.
Na contrapartida, Antonio sabia que mostrava-se vergonhoso que documentos ali expedidos para cumprir diversas funções, fossem enviados para terceiros, sobretudo, com um nível de dissertação tão constrangedor e assim, Antonio, logo no primeiro dia sentou-se à máquina de escrever e preparou um memorando, mediante um texto redigido com absoluta correção, dentro das técnicas gramaticais e ortográficas que aprendera nos bancos escolares, mas assim que o chefe, o senhor, Xavier Zucoletti, leu o documento, soltou uma gargalhada debochada e falou bem alto, para que todos ali em volta ouvissem e compactuassem com o desagradável escarcéu em tom de humilhação:
Na contrapartida, Antonio sabia que mostrava-se vergonhoso que documentos ali expedidos para cumprir diversas funções, fossem enviados para terceiros, sobretudo, com um nível de dissertação tão constrangedor e assim, Antonio, logo no primeiro dia sentou-se à máquina de escrever e preparou um memorando, mediante um texto redigido com absoluta correção, dentro das técnicas gramaticais e ortográficas que aprendera nos bancos escolares, mas assim que o chefe, o senhor, Xavier Zucoletti, leu o documento, soltou uma gargalhada debochada e falou bem alto, para que todos ali em volta ouvissem e compactuassem com o desagradável escarcéu em tom de humilhação:
-"O Tonho da Lua que escreveu este documento, pensa que aqui é o fórum, com essa fala de
advogado”.
E em seguida, mudou o semblante e o tom e advertiu, diretamente:
-“Olha aqui, rapazinho, não começa com frescura aqui dentro, não, que eu não
gosto dessa conversinha de menino educado. Aqui é empresa de povão, e essa
coisa aí, é para gente metida, de bairro de bacana”.
Chocado e
constrangido, Toninho não pôde acreditar que havia sido humilhado e advertido
por escrever corretamente e mais que isso, não podia conceber que uma pessoa
pudesse achar que a chave para alcançar o sucesso fosse se portar deliberadamente como um
agente a propagar a ignorância.
No processo diametralmente oposto, tornou-se
uma tortura insuportável para ele, ter que escrever textos medíocres, a conter
erros crassos e gírias abomináveis, além de fazer um uso indiscriminado de
abreviaturas. Cansado de
compactuar com tamanho disparate, Antonio considerou que em documentos que não
necessariamente eram examinados e assinados por Xavier, ele poderia enfim
observar o decoro mínimo necessário, mas um dia, ele foi chamado à sala da
diretoria e teve uma surpresa desagradável.
Xavier estava com uma folha timbrada da firma, a conter um comunicado dirigido para uma empresa fornecedora, que houvera sido redigido por Antonio. Ocorreu que por azar, tal documento fora devolvido pelo correio, visto que o seu destinatário havido mudado de endereço e não notificado a empresa do velho Xavier.
Xavier estava com uma folha timbrada da firma, a conter um comunicado dirigido para uma empresa fornecedora, que houvera sido redigido por Antonio. Ocorreu que por azar, tal documento fora devolvido pelo correio, visto que o seu destinatário havido mudado de endereço e não notificado a empresa do velho Xavier.
Muito
contrariado, Xavier afirmou que tal redação era vergonhosa para a sua empresa e
que aquele seria o seu último aviso para Antonio, e que não queria mais que ele
repetisse tal “erro” que o envergonhara, visto que talvez fossem pensar que a
firma dele era “metida a besta”.
No entanto, Antonio surpreendeu o seu chefe
fanfarrão, ao pedir-lhe demissão em caráter irrevogável.
No caminho para a casa, Antonio se sentira chateado
por ter saído do emprego, mas ao mesmo tempo aliviado, pois de fato, não suportava mais viver contrariado a trabalhar nesses termos, por ser obrigado a a compactuar com a propagação da
ignorância e assim, contribuir com uma inversão de valores que era diametralmente
contrária aos seus sonhos de se construir um mundo com mais luz para vencer as
trevas e não o contrário, como Xavier o obrigava a trabalhar.
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