quarta-feira, 22 de março de 2023

Autobiografia na Música - Patrulha do Espaço - Capítulo 351 - Por Luiz Domingues

Agora eu falo a respeito do áudio do disco e em específico das onze faixas das quais participo neste álbum. Em primeiro lugar é preciso destacar que o trabalho de captura feita pela unidade móvel do estúdio Orra Meu, foi muito bem feito. Capitaneado por André Miskalo, Gustavo Barcellos e Ricardo Schevano, e em perfeita sincronia com o equipamento de PA terceirizado pelo Sesc Belenzinho, mas operado por Rafael Marigo, que também era um técnico que costumava trabalhar nos estúdios Orra Meu de uma forma recorrente, foi portanto, pautado por esse bom entendimento entre os técnicos envolvidos que se tornou viável o caminho para que essa campanha fosse exitosa, e claro, além do fato de que a excelência do equipamento usado nessa empreitada, se revelou vital.
Mesmo sem muitos ensaios, principalmente a se considerar a enorme quantidade de músicos convidados em específico para esse show, acredito que a performance foi muito boa e assim, praticamente não houve falhas e dessa maneira, foi pouquíssima a necessidade de se recorrer à prática do "overdub" que precisou ser feita a posteriori nas dependências do estúdio.

Sobre o trabalho de mixagem, acredito que foi igualmente um trabalho muito bem executado e a masterização, idem, mas cabe uma reflexão de minha parte. Por conta da banda ter novamente buscado o peso como uma referência após o encerramento da nossa formação chronophágica em 2004, então muito focada em usar as raízes vintage do Rock como fonte inspiradora, toda a orientação desse álbum ao vivo de 2018, seguiu tal parâmetro no qual a banda mergulhara como uma opção no seu momento pós-2005, portanto, mesmo em temas mais amenos, o peso se fez presente e no tocante aos timbres das guitarras e até do baixo, se pendeu para tal vertente mais "modernosa" do Hard-Rock pós-anos 1980 como uma referência praticamente automática da parte dos técnicos envolvidos e com a anuência da banda. 
Como é bem sabido do leitor habitual da minha autobiografia, situa-se milhas longe das minhas convicções pessoais imprimir tal  característica estética, no entanto, como eu estive presente ao longo dessa turnê como um convidado não opinante e assim, respeitoso ao extremo com as resoluções tomadas pela banda, ou a trocar em miúdos, pronto para acatar a orientação generalizada, se fez necessário ser resiliente e dessa forma, participei sem criar nenhum embaraço, certamente. Todavia, o peso que o álbum apresenta em seu bojo, não é do meu agrado e em certos casos de canções que nasceram sob outros padrões, ou ditames para ser mais preciso, para o meu gosto, penso ser bem excessivo. 
Porém, estão ali registrados os momentos pelos quais eu tive o prazer de conviver mais uma vez com os meus companheiros de outrora, isso sem me esquecer de mencionar uma nova amiga que se tornou querida, na pessoa de Marta Benévolo, dotada de múltiplos predicados, como por exemplo a deter consigo um campo de visão cultural muito avantajado e a se revelar como uma artista plástica talentosa, entre outros atributos. 
 
Já em relação ao show que gerou esse disco, é preciso destacar igualmente uma série de amigos de outras tantas histórias na minha trajetória pessoal que eu tive o prazer de reencontrar e assim, ao folhear as páginas do encarte desse álbum e sobretudo ao escutar as suas faixas, eu sempre terei a lembrança boa dessa fase de 2018 & 2019, quando eu pude construir mais um longo capítulo da minha autobiografia, a conter uma nova etapa gerada com essa banda e assim, é claro que sempre terei orgulho e saudade desse tempo.  

Outras faixas não contidas nesse disco, ficaram à espreita de alguma oportunidade futura para compor novas coletâneas ou serem lançadas como faixas bônus de novos álbuns de inéditas que a banda viesse a gravar, haja vista que em 2023, a Patrulha do Espaço voltou para a estrada, ou seja, a abrir tal perspectiva. 
 
Outros shows dessa turnê de 2018-2019 também foram gravados e embora não com a mesma qualidade sonora desse show do Sesc Belenzinho, poderiam gerar novidades, com caráter bootleg, ou "rough mix" em algum momento. Aliás, eu sabia que havia ainda nessa fase de 2023, "outtakes" do nosso disco ao vivo de 2004, guardados e prontos para vir a tona a qualquer momento. Portanto, fico com o sentimento e esperança, de que a minha história com a Patrulha do Espaço ainda renderá novidades e nesses termos, é só uma questão de tempo para que eu possa anunciar tais fatos.
 
E mais um dado, ainda havia uma infinidade de vídeos da nossa formação para ganhar espaço público e muitos deles, em minha posse. Então, esse acervo que era grande, poderia crescer mais. 
 
Abaixo, eis a ficha técnica básica do disco e os respectivos links para se escutar as faixas das quais eu participo, alojadas em um dos meus canais de YouTube.
Patrulha do Espaço CD Capturados Vivos em São Paulo 2018 Gravado ao vivo no Sesc Belenzinho de São Paulo, em 3 de novembro de 2018 
Técnicos de gravação ao vivo: André Miskalo, Gustavo Barcellos e Ricardo Schevano. (unidade móvel do estúdio Orra Meu - São Paulo) 
Mixagem: Gustavo Barcellos (estúdio Orra Meu - São Paulo) Masterização: Gustavo Vazquez (estúdio Rocklab - Goiânia) 
Arte e design gráfico: Marta Benévolo 
Operação de PA ao vivo: Rafael Marigo 
Roadies da turnê: Samuel Wagner, Daniel "Kid" Ribeiro, Diogo Barreto, Fábio Blanes, Criss Rock e Jardel Simões 
Apoio logístico: Manuela Santana 
Fotos: Dean Claudio, Marcelo Crelece, Edgar Franz "Bolívia" e Catá Rock, Leandro Almeida, Luciano Paim, Rafael Castejon e Marcos Kishi 
Produtor associado: Marcello Schevano 
Texto do encarte e produção geral: Rolando Castello Junior 
Suporte: Orra Meu estúdios/Records, Voice Music, Rock Artisan e Classic Metal. 
 
Rolando Castello Junior: Bateria 
Rodrigo Hid: Guitarra, teclados e voz 
Marcello Schevano: Guitarra, teclados e voz 
Marta Benévolo: Voz 
Luiz Domingues: Baixo e voz  
"São Paulo City" - CD Capturados Vivos em São Paulo 2018. Lançado em 2023
 
Eis o link para escutar no YouTube:
 
"São Paulo City" soa mais pesada do que o seu normal em nosso tempo como formação fixa da banda. Mas a essência do Blues-Rock setentista está ali registrada e todos os pontos "chave" da canção (a impressionante introdução de bateria com o Rolando, o solo em duo ultra melódico a evocar o som do "Wishbone Ash" e o refrão com as três vozes da comissão de frente da nossa formação, entrando com uma força avassaladora, estão ali bem delineadas, como nos velhos tempos.
 
"Nave Ave" - CD Capturados Vivos em São Paulo 2018. Lançado em 2023
 
Eis o link para ouvir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=CU-XoHpEgFU
 
A sutileza do Rock Progressivo ficou um pouco prejudicada pelo peso extra imprimido nesse áudio, mas sobre tal opção de padrão escolhido eu já falei anteriormente. Apesar disso, é uma boa performance da banda.
 
"Ser" - CD capturados Vivos em São Paulo 2018. Lançado em 2023
 
Eis o link para escutar no YouTube:
 
A volúpia dessa versão é bem grande, como sempre foi, naturalmente. Sem ser repetitivo, mas é preciso reforçar, a nossa ideia para executar essa música, sempre foi ter o Grand Funk como inspiração de Blues-Rock pesado, ali daquela fase de 1969,1970, mais ou menos, mas nesta versão, soa como um Hard-Rock pós anos 1990, se é que me entendem...

"Robot" - CD Capturados Vivos em São Paulo 2018. Lançado em 2023

Eis o link para ouvir no YouTube:
 
Sobre "Robot", de fato, a concepção da música foi o Hard-Heavy dos anos oitenta como base, ou seja, compatível ao seu nascedouro naquele contexto de 1985, quando foi concebida. E assim soou ao vivo, a preservar a sua característica.
 
"Berro" - CD Capturados Vivos em São Paulo 2018. Lançado em 2023
 
Eis o link para escutar no YouTube: 
 
Considero essa balada composta pelo saudoso, Ivo Rodrigues, como uma peça belíssima, super emotiva e toda concebida sob signos setentistas adoráveis, embora tenha sido gravada pela nossa banda em 1981, já a adentrar uma década hostil a essa concepção. Na história da nossa formação, nós a executamos poucas vezes, infelizmente, e foi por volta de 2003, em alguns shows da turnê do álbum ".ComPacto".  Por sorte, o Rolando a selecionou para fazer parte da lista da turnê de 2018-2019 e eu a toquei em todos os shows a imprimir uma dose de emoção muito grande na minha interpretação pessoal, por gostar muito dela, por identificar a raiz setentista explícita que ela contém e por ligar ao fato de que o seu compositor, Ivo, já havia partido, além dos amigos, Sergio Santana e Dudu Chermont, ambos da formação de 1980-1984 que a gravaram e tocaram muito ao vivo.

Lembro-me de um show em Ponta Grossa, no Paraná, cuja viúva do Ivo, Suka Rodrigues, esteve presente e quando começamos a executá-la eu sinalizei para ela, mostrando o céu, como uma metáfora sobre onde o Ivo estaria e foi a minha forma de prestar o meu sentimento.
 
Esta versão tem a voz impressionante do grande cantor, Rogério Fernandes, como convidado e com aquele "canhão" que ele tem na garganta, realmente a música se agigantou ainda mais. E apesar do peso todo, soou muito bem.

"Serial Killer" - CD Capturados Vivos em São Paulo 2018. lançado em 2023

Eis o link para ouvir no YouTube:
 
Canção um tanto quanto obscura do repertório da banda, foi gravada em 1992 e ficou de fora do álbum: "Primus Inter Pares", para ser lançada como single e fazer parte de coletâneas a posteriori. Tema Hard-Rock bacana, contém um bom riff e nesta versão teve a voz do Rogério Fernandes novamente com a sua performance demolidora (Percy Weiss a gravou em 1992), e a guitarra de Xando Zupo como convidado, que também a gravou nessa ocasião. 
 
"Livre como você" - CD Capturados Vivos em São Paulo 2018. Lançado em 2023

Eis o link para escutar no YouTube:
 
Bela canção orientada pelo Southern-Rock setentista em linhas gerais, essa música faz parte do disco "Z-Sides", álbum solo do guitarrista Xando Zupo e que teve como banda base na sua gravação feita em 2003, a nossa formação completa da Patrulha do Espaço em sua fase chronophágica.  Nesta versão ao vivo, com a repetição total dos músicos que a gravaram, incluso Xando Zupo, o tema soou muito bem e se tornou uma peça rara da discografia da Patrulha do Espaço com a sua inclusão, pois anteriormente só era achada no disco de Xando Zupo.

"Arrepiado" - CD Capturados Vivos em São Paulo 2018. Lançado em 2023

Eis o link para ouvir no YouTube:
 
Versão super emocionante desse clássico do repertório mais antigo da nossa banda . Aqui, com a não menos potente voz de Xande Saraiva no comando e com a sua ótima atuação como guitarrista ao fazer o solo de slide super melódico. 
 
Essa versão já havia sido lançada anteriormente, como um bônus para o relançamento do disco homônimo de 1980, através de uma edição de luxo comemorativo dos quarenta anos do seu lançamento em 2020.

"Mar Metálico" - CD Capturados Vivos em São Paulo 2018. Lançado em 2023

Eis o link para escutar no YouTube:
 
Música muito querida dos fãs na fase do trio clássico de 1980-1984 (Rolando, Serginho e Dudu), esse tema nunca fora executado pela nossa formação chronophágica, nos quase seis anos em que estivemos juntos, uma infeliz coincidência, pois além de ser uma música querida dos fãs, nós sempre gostamos muito dela.
 
Música composta pelo meu amigo e companheiro de Kurandeiros, Kim Kehl, essa peça é originariamente do repertório de sua ex-banda, o Lírio de Vidro que fez a sua fama no Rock paulista nos idos de 1979 e 1980, abrindo shows do Made in Brazil e Tutti-Frutti e da própria, Patrulha do Espaço.
 
Nesta versão, Kim Kehl atuou junto conosco, fez o solo e a música soa como um Hard-Rock quase Prog, a lembrar bastante o som do "Uriah Heep" nos anos setenta. 

"Olho Animal" - CD Capturados Vivos em São Paulo 2018. Lançado em 2023

Eis o link para ouvir no YouTube: 
 
Tema que o fã da Patrulha do Espaço em sua fase mais pesada exige, normalmente, nesta versão tem novamente a voz impressionante de Rogério Fernandes como um destaque.

"Columbia" - CD Capturados Vivos em São Paulo 2018. lançado em 2023

Eis o link para escutar no YouTube:
 
"Columbia" geralmente sempre fechou todo show da nossa banda após 1982, quando ela foi lançada, uma tradição mantida desde então e que permaneceu em nossa formação, aliás. Assim como no nosso disco ao vivo de 2004 (mas lançado em 2007, para deixar claro), mais uma vez um disco ao vivo com a nossa formação usa tal tema para encerrá-lo. Desta feita, porém, com um arranjo mais direto, sem aquela introdução mais "Prog-Rock" da nossa formação, com uma intenção a la "Jethro Tull", inclusive no uso de flauta.  

E assim eu encerro a minha análise sobre o álbum ao vivo, "Capturados Vivos em São Paulo 2008", mais um disco para ostentar com orgulho na minha discografia com a Patrulha do Espaço e na carreira em geral.
 
Diante das circunstâncias comentadas acima e respaldada também pela perspectiva de mais material antigo vir à tona, esta história muito possivelmente, continua...

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