terça-feira, 2 de maio de 2023

Autobiografia na Música - Boca do Céu - Capítulo 92 - Por Luiz Domingues

Da esquerda para a direita: Osvaldo Vicino, eu (Luiz Domingues) e Wilton Rentero. Ensaio do Boca do Céu na residência do Osvaldo Vicino. 3 de abril de 2023. Click (selfie), acervo e cortesia: Wilton Rentero.  

Muitas questões foram debatidas no âmbito interno da banda, através do grupo do "Whatsapp", entre o final de março e início de abril de 2023. Ponderou-se sobre muitos detalhes pertinentes à produção desse primeiro "single" e claro que a animação foi geral por conta da obviedade desse projeto e quero crer, nem preciso explicar ao leitor que acompanha a minha autobiografia, sobre o significado simbólico dessa ocasião. Para definir bem o sentimento que experimentamos, basta avaliar que para qualquer banda, chegar em um momento de gravação de uma música isolada ou de um álbum completo, é sempre uma grande marca e assim, o que dizer desta banda que estava prestes a passar pela primeira vez por tal experiência, no entanto sob uma defasagem de quase cinquenta anos?

Emocionante, portanto, para se dizer o mínimo, foi esse momento de abril de 2023, com essa perspectiva concreta a bater na porta da nossa banda formada por "adolescentes sexagenários", como o Laert observou tão bem. 

Enfim, animação juvenil/geriátrica a parte, por ser eu o componente mais experiente neste caso de se empreender uma gravação, tomei a dianteira e comecei a organizar a pré-produção, inclusive a pesquisar estúdios. Fiz uma lista com mais de dez estúdios de amigos meus, cuja excelência musical eu tinha plena confiança e ao colher os orçamentos, muitos desses ofereceram espontaneamente desconto significativo em torno de suas tarifas costumeiras em prol da nossa amizade, mas mesmo assim, dada a realidade de que o patamar com o qual trabalhavam era alto, normalmente, ficou pesado para a nossa condição.

Somente um desses estúdios foi muito além da amizade quando ofereceu espontaneamente um desconto, que na verdade sinalizou vir a ser uma oferta inacreditável, a demarcar praticamente uma "bolsa de gravação", ultra generosa, e assim, ao passar a situação para os amigos, não houve dúvida de que deveríamos fechar negócio com esse estabelecimento. Tal resposta generosa partiu do estúdio Prismathias, no qual eu havia tido a ótima experiência de ter gravado um single em 2018 e um CD completo em 2021, com Os Kurandeiros e dali em diante, a amizade e a confiança no trabalho do seu proprietário e técnico de áudio, Danilo Gomes Santos se estabeleceu. 

Da esquerda para a direita: Wilton Rentero, Osvaldo Vicino e eu (Luiz Domingues). Ensaio do Boca do Céu na residência do Osvaldo Vicino. 3 de abril de 2023. Acervo e cortesia: Wilton Rentero. Click (selfie): Luiz Domingues 

Fechado com o Danilo, entramos no processo da pré-produção para a gravação da música: "1969" e assim, mediante um último ensaio caseiro do trio de cordas, ajustamos mais alguns detalhes do arranjo das guitarras.

Da esquerda para a direita: Osvaldo Vicino, eu (Luiz Domingues) e Wilton Rentero. Ensaio do Boca do Céu na residência do Osvaldo Vicino. 3 de abril de 2023. Click (selfie), acervo e cortesia: Wilton Rentero.

Em termos de pré-produção, fechamos com a ideia então de convocarmos o Carlinhos Machado, meu amigo e companheiro n'Os Kurandeiros, a seguirmos uma ideia lançada pelo Laert, que sugerira em reunião anterior que o disco fosse gravado por muitos bateristas em face ao fato do nosso baterista original, Fran Sérpico, não tocar mais há muitos anos. 

Sabíamos que o cunhado do Fran, Nelson Laranjeira, havia participado de alguns ensaios conosco anteriormente em 2020 e 2022 e que se tornara um candidato a ocupar a vaga de baterista para se gravar possivelmente o álbum inteiro, mas quando o Laert lançou essa ideia alternativa em uma das nossas conversações mais recentes, ponderou-se que nesta primeira gravação de um single isolado, talvez fosse mais conveniente se convidar um baterista mais experiente em termos de gravação de estúdio e dessa forma, chegou-se no nome do Carlinhos Machado com o qual eu já havia gravado vários discos em favor d'Os Kurandeiros e pelo fato dele ser amigo do Laert há décadas, também. Com essa configuração fechamos o "núcleo duro" para realizar tal gravação da base primordial, mas haveria a presença de outros convidados para colaborar, igualmente.

Continua...

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