Na mesma sessão, ao constatarmos que a gravação da bateria estava aprovada ao se mostrar absolutamente dentro da pulsação proposta pelo "click" a marcar 125 bpm, e mediante ótima performance da parte do Carlinhos Machado, e além de tudo ainda sobrara tempo, resolvemos gravar o baixo, imediatamente. Uma ideia levantada pelo Laert foi aclamada por todos, incluso eu mesmo, no sentido de que a primeira parte da música: "Astrais Altíssimos" poderia ter uma sonoridade mais próxima possível da estética do Rockabilly de teor cinquentista e na segunda parte, a ser executada mediante uma leve pausa planejada no arranjo entre as duas partes, eis que a sonoridade da banda seria mais em torno do Rock'n' Roll, porém sob o viés setentista.
Eis o momento no qual eu, Luiz Domingues, fui flagrado pela lente da câmera a mexer na equalização do amplificador. Boca do Céu no estúdio Prismathias de São Paulo. 8 de abril de 2024. Click, acervo e cortesia: Carlinhos Machado
Com isso, o Laert ambicionara a sonoridade do baixo acústico, bem típico da escola do Rockabilly, no entanto, na impossibilidade de eu não tocar tal instrumento com desenvoltura e nem mesmo a reunir meios para arrumar um baixo acústico que evidentemente eu não possuía, a solução foi mexer na equalização do meu instrumento, o tradicional baixo elétrico.
Com o meu velho Fender Jazz Bass, instrumento com o qual eu gravei todos os discos da minha carreira, mediante trabalhos realizados com muitas bandas diferentes das quais fui componente e eis de novo a usá-lo para gravar com a minha primeira banda de carreira, finalmente! Boca do Céu no estúdio Prismathias de São Paulo. 8 de abril de 2024. Click, acervo e cortesia: Moacir Barbosa de Lina ("Moah")
Gravei com o Fender Jazz Bass, ou seja, um baixo que tem a frequência grave como um trunfo natural, porém, ele também pode obter timbres mais agudos e até distorcer no seu limite, quase a se assemelhar a um modelo Precision, todavia, a minha intenção foi claramente já buscar a sonoridade mais encorpada para a música inteira e no caso da parte inicial da canção, ainda mais baseada no grave para realçar o fator "Rockabilly" proposto pelo Laert.
É claro que não ficaria tão perto de um baixo acústico clássico, no entanto, eu mexi na equalização do amplificador e no sinal da linha, o Danilo Gomes Santos também ficou avisado sobre tal intenção para que na hora da mixagem, pudesse igualmente exercer tal busca na diferenciação dos timbres pela equalização dos paramétricos e na compressão ao seu dispor, e assim delimitar bem a diferença entre as duas partes.
Eu, Luiz Domingues, a gravar o baixo da música: "Astrais Altíssimos". Boca do Céu no estúdio Prismathias de São Paulo. 8 de abril de 2024. Clicks, acervo e cortesia: Moacir Barbosa de Lima ("Moah")
Feito isso, gravei rapidamente a primeira parte e mediante uma breve pausa para timbrar novamente, gravei a parte final da música com mais "ranhura", a caracterizar uma sonoridade de baixo mais condizente com o padrão dos anos setenta.
Com o apoio moral dos companheiros e a boa condução técnica do Danilo Gomes Santos, eu consegui gravar o restante da música com tranquilidade e gostei muito do resultado sonoro obtido dessa captura, inclusive nas timbragens distintas do instrumento para demarcar bem a intenção de obter diferenciação entre as duas partes da canção.
Na foto 1, Osvaldo Vicino e Wilton Rentero durante a gravação da guia para a bateria. Na foto 2, Laert Sarrumor a observar os trabalhos na sala técnica e na foto 3, Carlinhos Machado a gravar a bateria. Boca do Céu no estúdio Prismathias de São Paulo. 8 de abril de 2024. Click, acervo e cortesia: Carlinhos Machado
Ao término da primeira sessão de gravação de "Astrais Altíssimos", estávamos todos muito felizes pelo resultado obtido na captura da bateria e do baixo. A guia fora muito satisfatória, estávamos rigorosamente dentro do "click" proposto como pulsação, a performance dos instrumentos que foram gravados oficialmente estava ótima e assim, o caminho para a gravação das bases e solos de guitarra ficou muito bem sedimentado para ocorrer no dia seguinte, mediante a realização da segunda sessão de gravação.
Eu, Luiz Domingues, a gravar o baixo da música "Astrais Altíssimos". Boca do Céu no estúdio Prismathias de São Paulo. 8 de abril de 2024. Click, acervo e cortesia: Carlinhos Machado
Cabe registrar que da minha parte eu tive a oportunidade de obter interessantes reflexões nessa sessão em específico. Por exemplo, pelo lado emocional, foi um prazer ser partícipe da construção dessa música, pela obviedade da situação. Foi comovente, mas sem que isso interferisse no equilíbrio para gravar, longe disso, aliás, mas o fato dessa canção ter sido uma das nossas primeiras peças criadas pela nossa banda em seus primórdios de 1976, tal fato me despertou uma sensação muito boa de concretização de algo remoto que não fora cumprido há quase cinco décadas atrás.
Mesmo a se levar em consideração que o mesmo raciocínio deveria ser atribuído à "1969", canção então já gravada e lançada e "Rock do Cometa" em fase de construção igualmente, foi com "Astrais Altíssimos" que eu pude mais do que elucubrar, mas sentir tal energia muito boa, a caracterizar de forma palpável o sentido do "resgate" que idealizamos em 2020.
E a outra constatação que eu pude fazer foi no campo mais técnico, ao perceber que essa banda ultrapassara enfim o seu limite dos anos setenta e ganhara uma aura de banda ativa, com a formação de um "calo", figurativamente a falar. O fato de haver três membros bem experientes e dois que não tiveram essa vivência no mesmo padrão durante o longo hiato no qual ficamos afastados uns dos outros, até então fazia com que a banda não soasse com aquela desenvoltura una. Porém, após gravar "1969", realizar um show ao vivo, participar da gravação de um programa de rádio, também a tocar ao vivo e gravar mais duas músicas em estúdio, certamente que forneceu um salto para os dois membros menos experientes e isso tornou possível para a banda, se tornar mais coesa.
Em suma, esse fator me deixou orgulhoso por verificar que os companheiros com menor carga de experiência haviam crescido e também pelo fato da banda, como uma unidade propriamente dita. tenha alcançado um patamar maior ao subir um degrau. Com isso, mais um recorde foi batido na minha opinião, pois foi nesse ponto de 2024, que finalmente o Boca do Céu deixou aquele degrau dos principiantes de 1976 e evoluíra como grupo, portanto a caracterizar que realizáramos mais um sonho não conquistado nos anos setenta.
Para concluir, devo dizer que toda banda precisa criar uma "casca" e o Boca do Céu nos frustrara nos anos setenta por ter ficado longe desse estágio e finalmente em 2024, com essa predisposição do "resgate" em curso, nós atingíramos tal patamar, antes tarde do que nunca!
Veja abaixo alguns vídeos da gravação do baixo da música: "Astrais Altíssimos":
Gravação do baixo de Luiz Domingues - "Astrais Altíssimos" - 1ª sessão - Estúdio Prismathias de São Paulo. 8 de abril de 2024 - Filmagem, acervo e cortesia: Wilton Rentero
Eis o link para ver no YouTube:
https://youtube.com/shorts/4qElBC1Ppq0?feature=share
Gravação do baixo de Luiz Domingues (vídeo 2) - "Astrais Altíssimos" - 1ª sessão - Estúdio Prismathias de São Paulo. 8 de abril de 2024 - Filmagem, acervo e cortesia: Wilton Rentero
Eis o link para assistir no YouTube:
https://youtube.com/shorts/w7vP1TTnhtU?feature=share
Gravação do baixo de Luiz Domingues (vídeo 3) - "Astrais Altíssimos"- 1ª sessão - Estúdio Prismathias de São Paulo. 8 de abril de 2024. Filmagem, acervo e cortesia: Wilton Rentero
Eis o link para ver no YouTube:
https://youtube.com/shorts/H6Ah5N-Sb
Gravação do baixo de Luiz Domingues (vídeo 4) - "Astrais Altíssimos"- 1ª sessão - Estúdio Prismathias de São Paulo. 8 de abril de 2024. Filmagem, acervo e cortesia: Wilton Rentero
Eis o link para ver no YouTube:
https://youtube.com/shorts/4igoUVij4IU
Gravação do baixo de Luiz Domingues (vídeo 5) - "Astrais Altíssimos"- 1ª sessão - Estúdio Prismathias de São Paulo. 8 de abril de 2024. Filmagem, acervo e cortesia: Wilton Rentero
Eis o link para ver no YouTube:
https://youtube.com/shorts/ibN6RHEFA5
Na confraternização geral ao término da 1ª sessão de gravação da música: "Astrais Altíssimos", da esquerda para a direita: Osvaldo Vicino, eu (Luiz Domingues), Danilo Gomes Santos, Laert Sarrumor, Carlinhos Machado, Moacir Barbosa de Lima ("Moah") e Wilton Rentero. Boca do Céu no estúdio Prismathias de São Paulo. 8 de abril de 2024. Click (selfie), acervo e cortesia: Wilton Rentero
Continua...
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