Cheguei no horário combinado ao recinto e paulatinamente todos os companheiros e membros da equipe técnica foram aparecendo no amplo salão da chamada "comedoria", ou a trocar em miúdos, a se tratar do amplo salão usado como um gigantesco restaurante e que se transforma em espaço para shows ao vivo naquela unidade.
O trabalho foi muito bom da nossa equipe, dos quais com exceção de um rapaz mais novo que deve ser funcionário do estúdio Orra Meu, e funcionário do Marcello Schevano, reconheci todos: Ricardo, um excelente roadie, o responsável pela "lojinha" de vendas de CD's e souveniers, Wilson "Caramelo", e os clássicos roadies da nossa banda, desde o apogeu da nossa formação: Samuel Wagner e Daniel "Kid".
Fiquei bastante satisfeito igualmente com a equipe terceirizada designada pelo Sesc para a operação do equipamento de PA, monitoração e iluminação. Além de muito bem preparados no quesito técnico de suas respectivas funções, todos se mostraram solícitos, respeitosos e humildes em contraste com a média normal nesse meio que é a de termos que lidar com gente presunçosa, prepotente e com acentuada presença de estrelismo descabido. No camarim, eu pude conversar com o técnico de monitor (Chico), por bastante tempo e gostei da sua postura super profissional, e ao mesmo tempo, bastante cordial, quando me contou boas histórias sobre o seu trabalho em geral e shows recentes de medalhões da MPB que havia realizado como técnico, bem recentemente.
Faço um parêntese, no entanto, para registrar que o Sesc sempre foi uma instituição elogiável sob muitos aspectos, porém, constantemente pecava pela extrema burocracia exigida nas tratativas dos shows e por regras esdrúxulas no tocante aos seus protocolos exigidos da parte dos artistas e técnicos, no dia da apresentação em si. Sei que já falei a respeito disso em tom de crítica construtiva ao longo de muitos capítulos anteriores, inclusive sobre outras bandas com as quais eu atuei em muitas unidades dessa instituição e não apenas da Patrulha do Espaço, mas não poderia deixar de registrar que na contramão de buscar melhorar a relação, pelo contrário, houve uma piora acentuada nesse quesito em 2024.
Quando a companheira, Marta Benévolo, me mostrou um manual de conduta moderno enviado pela instituição à produção da banda, fiquei pasmo. As restrições ao trabalho de fotógrafos e cinegrafistas se tornaram tão absurdas que eu fiquei em dúvida se valeria a pena convidar profissionais munidos de equipamentos de alto padrão para registrar o espetáculo ante tais circunstâncias tão adversas e se não seria melhor contar com a cobertura informal vinda de pessoas da plateia com os seus registros feitos pela via do telefone celular.
Proibir o músico de beber água no palco mediante o uso de garrafas pet de pequeno porte, foi algo surreal e por aí foi o circo de horrores que eu li nesse manual certamente elaborado por algum energúmeno que não conhece o funcionamento de um show musical normal.
Bem mais engessados do que nunca, nos resignamos e brincamos que atrás do palco deveria existir um filtro de barro, daqueles prosaicos que víamos nas casas de nossos bisavós e copos de plástico para que os músicos pudessem se hidratar no decorrer do espetáculo. Pasmem, falamos isso como brincadeira, mas na hora do show foi quase isso que foi providenciado, apenas a faltar o antigo filtro citado, substituído por um garrafão de água, mas o princípio foi o mesmo. Inacreditável e leve-se em conta que tal dispositivo foi alojado atrás do palco e mediante uma barreira de "cases" de equipamentos ali existentes. Em suma, só dava para qualquer músico ir lá beber água após o término da apresentação, pois no seu decorrer, se tornara impossível pela falta de mobilidade total. Portanto, algo proposital, certamente como agente limitador.
Bem, a despeito desses aborrecimentos injustificáveis, cumprimos o ritual do soundcheck com relativa tranquilidade, pois em dado momento, o Rolando Castello Junior pisou em falso ao sair do praticável da bateria e sofreu um pequeno acidente. Passado o susto inicial e a dor que o acometeu, fomos ao camarim para aguardar a hora de começar o show.
O espetáculo foi montado para observar duas partes distintas, com a formação então atual da Patrulha do Espaço em 2024, a iniciá-lo e na segunda parte, a formação chronophágica assumiria para tocar o CD ".ComPacto", doravante denominado como: "Compacto+/Maioridade", na sua íntegra e ao final, as duas formações se uniriam para a execução do número final.
Foto 1: O excelente baixista, Fabio Cezzar. Foto 2: Marcello Schevano. Foto 3: A cantora, Marta Benévolo e Marcello Schevano ao seu lado. Foto 4: Fabio Cezzar e Rolando Castello Junior em ação. Patrulha do Espaço no Sesc Belenzinho de São Paulo. 7 de junho de 2024. Clicks, acervo e cortesia: Moacir Barbosa de Lima ("Moah")/Produtora Bicho Raro
E assim se cumpriu, quando o decano e único membro de todas as formações, Rolando Castello Junior subiu ao palco acompanhado da cantora, Marta Benévolo, que está na banda há quase duas décadas, de Marcello Schevano, que é da nossa formação chronophágica, mas sempre gravitou nas produções posteriores da Patrulha do Espaço, mesmo quando a nossa formação encerrou-se e o mais novo componente, Fabio Cezzar, um excelente baixista, membro da banda Hard-Rock, "King Bird" e com destacada passagem pelo histórico grupo, "Casa das Máquinas", e este, meu amigo de muitos anos.
O repertório escolhido para ser defendido pela então formação atual de 2024, privilegiou mais músicas da produção contemporânea da banda, com canções oriundas de seus discos pós-2012, com uma menor incidência do material mais remoto dos anos setenta e oitenta e a evitar músicas da fase chronophágica, exatamente por que a nossa formação estaria a cumprir a segunda e derradeira parte do show.
Foto 1: o trompetista, Beto Pizzulin. Foto 2: O saxofonista, André Knobl com Marcello Schevano mais à frente.Patrulha do Espaço no Sesc Belenzinho de São Paulo. 7 de junho de 2024. Clicks, acervo e cortesia: Dean Cláudio
Mediante um bom e entusiasmado público, a formação de 2024, tocou com desenvoltura e nos dois últimos números de sua participação, a apresentar a espetacular presença dos convidados, André Knobl e Beto Pizzulin, sax alto e trompete, respectivamente e ambos do grupo instrumental, NeuroZen, quando foram executadas as músicas: "Vamos curtir uma juntos" e "Simples toque", peças clássicas do primeiro disco da banda pós-Arnaldo Baptista, lançado em 1980, e regravadas com esse arranjo a conter naipe de metais em 2021. E foi bem empolgante, eu posso afirmar ao assistir a performance dos amigos pela coxia.
Chegara a hora, a formação chronophágica foi chamada ao palco.
Continua...
Nenhum comentário:
Postar um comentário