quarta-feira, 7 de maio de 2014

Autobiografia na Música - Sala de Aulas - Capítulo 14 - Por Luiz Domingues


No segundo semestre de 1988, o contingente de alunos havia aumentado. Eu mantinha uma média que oscilava entre doze a quinze alunos. As dificuldades ficaram por conta da minha falta de estrutura operacional, à época. Por não possuir um telefone residencial, e nem sonhar com internet, o meu esquema de recrutamento era arcaico. 

Os interessados manifestavam-se através de cartas que eram endereçadas à caixa postal da banda, cujo controle diário, era meu. Com o rompimento que tivemos com o Rubens, infelizmente, fui obrigado no início de 1988, a contratar o serviço de uma outra caixa postal, desta feita bem mais próxima da minha casa, visto que a antiga caixa postal d'A Chave do Sol estava alojada em uma agência perto da residência dele, na Av. Santo Amaro, e a ficha cadastral também pertencia-lhe.

Mera burocracia, pois eu a controlei por anos a fio, ao caracterizar durante um bom tempo (anos...), o costume em ir visitá-la diariamente, pois se não o fizesse, o acúmulo enlouqueceria-me, e eu respondia a todas as cartas, de forma manuscrita. O outro grande agente da dificuldade, foi a distância. A não ser para alunos daquele bairro e redondezas, ir ao Jardim Bonfiglioli, era uma aventura e tanto, para a maioria. 

Outra questão, quem culminou em tornar-se roadie da "nova" Chave, sem Sol, foi um de meus alunos, César Cardoso. Ele já possuía uma experiência pregressa, pois um primo dele era baixista da banda "Civil", orientada pelo Pop Rock, ainda naquela predisposição oitentista oriunda da estética do Pós-Punk.


O Civil foi uma das últimas bandas do final daquela década, ainda a adotar tal estética, e fez um sucesso efêmero na mídia mainstream. Lembro-me do César a acompanhar-nos nos shows, dessa fase d'A Chave "sem Sol", e ele era extremamente dedicado, por ter auxiliado-nos bastante, e isso alongou-se até meados de 1989. Conforme já descrevi aqui, ele foi trabalhar como estagiário na MTV, no início dos anos 1990, e cresceu na profissão, pois hoje em dia é um profissional da Rede Globo, e se não engano-me, na produção do Fantástico; Jornal Nacional e outros programas jornalísticos peso pesado de tal emissora. Foi uma época em que o meu cotidiano foi "viajar" todo dia para o Jardim Bonfiglioli, pois as aulas mesclavam-se aos ensaios da banda.


Continua... 

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