Acostumado a cantar pela noite carioca com a sua banda, Bruno pareceu ser apenas um convidado a mais a entrar na lista dos que convidamos, mas não foi assim o que ocorreu e mal sabíamos, mas seria o início de uma parceria das mais profícuas.
No dia 24 de junho de 2015, Bruno veio e se adaptou rapidamente ao nosso esquema de improviso total e apenas pediu para cantar duas canções de fora de nossos planos que o Kim preparou. Uma delas foi uma canção de uma banda Pop relativamente moderna, chamada: Keane" ("Everybody's Changing"), e a outra canção se tratou de uma balada, também, bem orientada pelo teor Pop radiofônico, mas esta a se revelar dos anos oitenta, do Whitesnake ("Is This Love").
Ambas estavam bem fora do nosso esquadro, naturalmente, mas não haveria nada de mal em incluí-las e naturalmente que o nosso convidado mantinha apreço por ambas e devia cantá-las com entusiasmo. A noite foi ótima e lembrou bastante o espírito das noitadas de 2014, embora estivéssemos sob um formato acústico bastante comedido doravante, e eu naquela situação de debilidade física, infelizmente.
Simpático, comunicativo e muito brincalhão, Bruno Mello estabeleceu sinergia instantânea conosco. Mas até então, quando a noite acabou, não suspeitávamos que essa parceria seria estabelecida de uma forma contínua e não em apenas uma apresentação sazonal.
Nessa mesma noite, o garoto, Guilherme Ramazotti, apareceu novamente e desta vez veio munido de um violão, sabedor que a Quarta Blues agora não poderia ser mais elétrica.
O rapaz tocou algumas canções conosco, naturalmente, e eu apreciei ver a sua persistência e coragem em querer tocar, e sobretudo ao não se inibir em voltar ao Magnólia sob uma segunda oportunidade, mas sobretudo por não se inibir em se oferecer para tocar com músicos experientes como nós, cinquentões a caminhar céleres para a idade sexagenária.
Da esquerda para a direita: Kim Kehl, Luiz Domingues, Alexandre Rioli, Bruno Mello, Guilherme Ramazotti e Carlinhos Machado
Noite de 24 de junho de 2015.
Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=StsvBpU1AzU
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https://www.youtube.com/watch?v=HWSWCZm8dhk
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https://www.youtube.com/watch?v=nGZgpLFeTHg
Quando chegou a quarta seguinte, fomos informados que Bruno Mello participaria de novo. Ele estava a viver uma rotina em sua empresa, ao passar a semana em São Paulo e só voltar ao Rio de Janeiro para rever a sua família nos finais de semana, portanto, a estar toda quarta disponível, ou quase toda, pois vez por outra ele teve que viajar à cidades interioranas a trabalho, para nos desfalcar.
Mas foi assim então, meio de improviso e sem alarde, que percebemos que Bruno Mello houvera se efetivado como membro da Magnólia Blues Band, praticamente.
Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=cufa_KP9dVQ
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https://www.youtube.com/watch?v=KPEk6xt35L0
E isso foi ótimo, pois além de ser um bom cantor, Bruno revelou-se um grande amigo que estabeleceu um entrosamento total para conosco.
Sob o ponto de vista musical, a sua entrada foi responsável por mudanças na nossa linha de atuação.
Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=mzrygMwCG3k
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https://www.youtube.com/watch?v=qqZcqAAST-g
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https://www.youtube.com/watch?v=AzNvoy3Jw6U
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https://www.youtube.com/watch?v=13HNuQP23uw
Claro que ele se entusiasmara para cantar e com desenvoltura, clássicos do Blues e do Rock'n' Roll, as molas mestras do nosso projeto, mas também propôs a inclusão de muitas baladas e o Kim apreciou essa abertura, pois passamos a tocar certas canções absolutamente inusitadas e que inclusive incorporaram-se também ao repertório d'Os Kurandeiros.
Canções como: "Rock'n'Roll Lullaby", "Guitar Man", "Year of the Cat", "Just the Way You Are", "I Never Cry", "The First Cut is the Deepest", "If", "Without You", "Sylvia", "Eu ando tão Down", e até a popularesca, "Feelings", entraram na base do puro improviso, e foi muito surpreendente verificar como agradaram em cheio ao público.
Aliás, "surpreendente" não é a melhor palavra, pois embora o evento fosse calcado no Blues, o público normal ali presente nunca foi formado por aficionados radicais, mas a se mostrar eclético, aberto a ouvir música de outras vertentes.
A Magnólia Blues Band em 29 de julho de 2015; Da esquerda para a direita: Kim Kehl, Alexandre Rioli, Bruno Mello, Luiz Domingues e Carlinhos Machado. Click: Lara Pap
Portanto, essa incorporação de tantas canções oriundas de um cancioneiro não necessariamente da raiz do Blues, foi um achado e esse mérito o Bruno teve ao nos propor tais inserções.
E claro, naturalmente que ele as apreciava, e elas se moldavam ao seu alcance vocal e timbre. E até o Rock Progressivo setentista foi anexado! Eu jamais poderia imaginar que tocaria: "Still, You Turn me on", do Emerson; Lake & Palmer, em uma Quarta Blues!
Muitas canções do Eric Clapton ("Bell Bottom Blues", "Wonderful Tonight", "Change the World", "Layla", "Lay Down Sally"), também anexaram-se, mas nesse caso, foi um tipo de material que o Kim mantinha em seu espectro natural por também conhecer bem a carreira do grande guitarrista inglês etc. e tal.
Bem, e assim nossas apresentações ficaram cada vez mais ecléticas.
Tocamos nos dias 1º, 8, 15, 22 e 29 de julho de 2015.
Mais músicas inusitadas foram incorporadas. Uma versão de "Smile" do Charlie Chaplin, tocada em versão Soul Music era muito agradável de ser executada. Isso abriu caminho para que tocássemos outras trilhas de filmes ("Arthur" e "Everybody's Talking", por exemplo), e claro que era ótimo.
Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=EebOL_S0ryk
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https://www.youtube.com/watch?v=hQeLDl8BQMw
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https://www.youtube.com/watch?v=1RLeR0ugvQw
Luiz Domingues & Osvaldo Vicino: metade do Boca do Céu reunido em 2015, trinta e nove anos depois de sua fundação!
Ainda em agosto, eu tive uma visita maravilhosa em meio a uma dessas Quartas Blues: Osvaldo Vicino, o meu velho amigo, guitarrista da minha primeira banda, o "Boca do Céu", havia dito que gostaria de me rever para colocarmos a conversa dia (fora as redes sociais, onde conversávamos desde 2012, aproximadamente, não nós víamos pessoalmente desde 1978, portanto, houve muita conversa para se colocar em dia.
Fiquei muito feliz quando o vi a adentrar o salão do Magnólia Villa Bar e mesmo não sendo possível conversarmos muito, pois eu ainda convalescia, foi um grande momento para a minha jornada particular.
Como eu já salientei no capítulo sobre o Boca do Céu, o primeiro desta autobiografia, o Osvaldo foi o iniciador de tudo para eu pudesse me tornar músico, pois até então, tudo fora vago, apenas um devaneio, um sonho etéreo que eu alimentara desde 1974, 1975, aproximadamente. Graças à ele, em abril de 1976, quando me convidou para formar uma banda "de verdade", foi a porta que se abriu para que eu fosse de fato concretizar tudo etc.
Osvaldo Vicino & Luiz Domingues, em 2015, a representar o Boca do Céu de 1976!
Que prazer portanto, revê-lo nessa noite e só fiquei chateado por estar em estado de debilidade física, a me recuperar das cirurgias que fizera recentemente e portanto, a tocar sentado, de forma comedida.
Seguimos em setembro nessa rotina, ao tocarmos nos dias 2, 16, 23 e 30. Somente no dia 9, não contamos com a presença de Bruno Mello, devido à suas idas esporádicas para cidades interioranas.
Bruno nos falava sempre que o trabalho na empresa era massacrante, com a devida pressão por resultados que é típica do mundo corporativo. E nesses termos, dizia-nos abertamente que o final de semana no Rio com a sua esposa e filha, e as quartas a cantar com a nossa banda, estavam a se configurar como a sua válvula de escape para administrar o cansaço. Imaginávamos o quanto era salutar para ele participar e de nossa parte, era sempre um prazer contar com a sua presença.
Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=hYDiCWDN8KQ
Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=fO-UJrIvTsQ
De certa forma, a sua figura e situação, me fizeram recordar do Paulo Eugênio Lima, vocalista da banda: Terra no Asfalto com a qual toquei no longínquo período de 1979-1982. Bruno me lembrava muito o Paulo Eugênio, pelo fator de ser um bom cantor, comunicativo, extrovertido e também por ter uma vida dividida entre a música e o trabalho no mundo corporativo tão competitivo e estressante.
Em outubro, tocamos juntos nos dias 7, 14 e 21. No dia 21, além do Bruno Mello, tivemos a presença ilustre do vocalista, Willie de Oliveira, ex-backing vocalista do Tutti-Frutti e Cães & Gatos da Rita Lee nos anos setenta e posteriormente, vocalista do "Rádio Táxi", nos anos oitenta. Claro que Willie cantou conosco, também.
Última apresentação de Bruno Mello conosco, e com a visita de Willie de Oliveira, ex-vocalista do Rádio Táxi
Todavia, infelizmente, o dia 21 de outubro marcou a última apresentação de Bruno Mello conosco, ao menos em 2015. Terminado o seu trabalho em São Paulo com a empresa, Bruno voltaria a dar expediente no Rio de Janeiro e doravante, salvo um novo deslocamento, ou viagem de cunho pessoal, ele não teria motivo mais para estar em São Paulo. Perdemos o nosso crooner e todos ficamos chateados com a sua partida, mas foi algo inevitável.
Dali em diante, Bruno manteve a amizade pela via virtual e sempre posta comentários de apoio ás nossas apresentações, fora as brincadeiras etc. Terminou uma Era, mais uma para a Magnólia Blues Band e hoje posso afirmar que essa fase nos deu fôlego para firmar a ideia das apresentações acústicas, portanto, foi providencial o Bruno ter entrado para a banda dessa forma inesperada, pois graças à sua presença e influência, um repertório Pop com baladas até inusitadas, deu um rumo novo para a banda, a garantir a transição que fomos obrigados a fazer pelo fato de estarmos proibidos de usar a eletricidade de outrora.
E no meu caso, tocar Soft-Rock no meu estado de saúde claudicante, a apresentar-me a tocar sentado e sem nenhuma volúpia Rocker, veio a calhar com esse repertório de FM ao cair da noite.
Continua...
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