sábado, 27 de outubro de 2018

Autobiografia na Música - Patrulha do Espaço - Capítulo 314 - Por Luiz Domingues

Fomos então para Curitiba ao final da manhã da quinta-feira, dia 12 de abril de 2018. Assim que chegamos ao aeroporto de Congonhas, em São Paulo, eu e Rodrigo fizemos os trâmites do check-in e ao verificarmos que ainda teríamos um bom tempo de espera pela frente, sentamo-nos no saguão principal e tivemos uma agradável surpresa musical. 

Uma banda tocava no local para entreter os transeuntes. Repertório muito bom, regado por clássicos do Rock, Blues & R'n'B/Soul Music, mais MPB, chamou-nos a atenção pela sua qualidade sonora. Pelo que ouvíamos, devia ter duas guitarras, baixo, teclados, bateria, um pequeno naipe de metais e dois vocalistas solo, mais um pequeno coral formado por backing vocalistas. 

No entanto, a surpresa veio mesmo quando a apresentação encerrou-se e as pessoas iniciaram a dispersar, ao abrir a visão para a banda que não havíamos enxergado até então: tratava-se de uma banda da Polícia Militar de São Paulo, com todos os músicos a tocarem fardados. 

E quando começaram a desmontar o equipamento, vimos o apoio que tiveram de um séquito de roadies, igualmente policiais, que rapidamente levaram tudo para uma van da corporação e aí, percebemos que havia também uma equipe de segurança, com outros policiais que estavam em pontos estratégicos daquela saguão, a dar apoio. Ora, além de ser uma banda muito boa (um dos vocalistas tinha uma voz espetacular, a lembrar cantores clássicos da Soul Music norte-americana), não havia como negar-se que eles tinham um aparato de segurança, perfeito...

Embarcamos enfim e a não ser pela aeromoça que irritou o Rodrigo, ao pedir-lhe com certa veemência para ele deixar o bag duplo das guitarras, na parte da frente do seu pé e não atrás, ao insistir em um maneirismo sem sentido que era uma regra de sua companhia, a viagem transcorreu tranquila. 

Chegamos muito bem e mediante um ônibus urbano especial, rapidamente fomos à rodoviária da capital paranaense, onde encontrar-nos-íamos com o Rolando, que já estava há dias hospedado em um hotel próximo, por conta de compromissos familiares que estava ali a cumprir. 

No período da tarde, após o almoço, estava marcado um ensaio em um estúdio local. Seria na verdade um ensaio inicial, pois por força da logística, a vocalista, Marta Benévolo, ainda não estava na cidade e a sua chegada estava prevista apenas para as vinte duas horas, portanto, um segundo ensaio foi marcado para o período noturno/madrugada.

Ensaio da Patrulha do Espaço no período vespertino em Curitiba-PR. Estúdio Old Black, no bairro do Batel. Da esquerda para a direita: Luiz Domingues (sentado), Renato Ximú (o nosso anfitrião/técnico); Rolando Castello Junior e no primeiro plano, a comandar a selfie, Rodrigo Hid. 12 de abril de 2018. Click (selfie), acervo e cortesia de Rodrigo Hid
 
Por volta de dezessete horas, fomos para o bairro do Batel, onde instalamo-nos no estúdio Old Black, comandado pelo guitarrista, Renato Ximú. Ambientação, super anos sessenta, com fotos dos Rolling Stones (fase Brian Jones), pelas paredes, além de ícones do Folk Rock norte-americano dessa década remota, porém muito querida, é claro que senti-me muito bem. 

Ali fizemos um ensaio bem sucinto, só para checar algumas dúvidas prementes, que foram poucas, na verdade, ainda bem. Bairro agradabilíssimo pelo fator do sossego residencial, do Batel saímos já com a noite presente. 

Tanto na ida, quanto na volta, pelo percurso, o Junior fez as vezes de um cicerone. Ele morara por muitos anos na cidade, do final dos anos oitenta a até quase o término da década posterior, portanto, a conhecia como a palma da mão. 

Se não fosse um grande artista, poderia ser um guia turístico excelente, pois ele forneceu-nos tantas informações sobre a cidade como um todo, principalmente em suas características culturais, que realmente foi um prazer ter essa conversação em todos os táxis que ocupamos na capital paranaense, nesses dois dias em que lá transitamos. 

E a minha impressão sobre a cidade só valorizou-se ainda mais, não só por tal fornecimento de informações, mas por minha própria percepção de uma cidade que é uma metrópole, mas mantém uma organização notável em sua logística básica em termos de limpeza, ordem pública, ordenação do trânsito, a ostentar um comércio pujante e uma rede de serviços, excelente.

Na foto acima, o outro estúdio que visitamos, ao final da noite de 12 de abril, com o avançar pelo dia 13, em plena madrugada. No enquadramento, o set de ensaio do Rodrigo Hid. Estúdio do Nilo, no bairro Mercês, de Curitiba-PR. Click, acervo e cortesia de Rodrigo Hid.
 
Chegamos ao hotel com tempo para descansar e jantar. Marta chegara de Brasília, no horário previsto e mesmo por ser cansativo para todos, lá fomos nós ao bairro Mercês, uma parte mais alta da cidade e portanto mais fria. Ainda era o início de abril e mesmo assim, ao tratar-se de Curitiba que é tradicionalmente a capital mais fria do país, claro que ficou mais gelado para todos, com direito a uma névoa. 

Ensaiamos das 23 horas até cerca de 1:30 da madrugada, no estúdio do Nilo, bem confortável e bem equipado. Com um arsenal de guitarras, violões e baixos vintage pelas paredes, claro que ali também  se mostrara como uma ambientação bem 1960's & 1970's, ou seja, meio caminho andado para a vibração ser boa na hora de ensaiar.

A banda, apesar do cansaço e do avançar do trabalho pela madrugada adentro, esteve feliz nesse bom ensaio realizado. Da esquerda para a direita: Rodrigo Hid a comandar a "selfie", Luiz Domingues, Marta Benévolo e Rolando Castello Junior. Estúdio do Nilo, no bairro Mercês, de Curitiba-PR. 12 para 13 de abril de 2018. Click (selfie); acervo e cortesia de Rodrigo Hid
  
E foi mesmo agradável e produtivo ensaiar ali, apesar do avançado da hora, cansaço generalizado e com direito a deslocamentos aéreos e seus inevitáveis percalços burocráticos a serem cumpridos pelos aeroportos...

O set de ensaio de Rodigo Hid, no ensaio. Patrulha do Espaço a ensaiar em Curitiba-PR, no estúdio do Nilo, no bairro Mercês. 12 para 13 de abril de 2018. Click, acervo e cortesia de Rodrigo Hid
 
Encerrado o ensaio, que foi muito produtivo e deu-nos a segurança definitiva para fazermos o show sem dúvidas prementes no dia seguinte, ainda ficamos a conversar com o simpático proprietário do estabelecimento, um guitarrista Rocker a professar dos ideais, como nós. 

Contudo, a madrugada avançara e a despeito de ali ter estado bem agradável a estada, chamamos um táxi e fomos para o hotel, descansarmos, enfim. Não tivemos atividades matutinas, portanto, o sono atrasado pôde ser sanado e a logística do dia seguinte previu a saída do hotel, rumo à Ponta Grossa-PR, por volta de 13:30 horas.

Viagem curta, com cerca de cento e vinte Km de distância apenas de Curitiba, não haveria por gerar contratempos, assim desejamos, mas a lembrar dos tempos de nossos infortúnios com o nosso ônibus, nos anos 2000, eis que pequenos revés estavam a aguardar-nos.

Continua...

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