Após os ensaios realizados em fevereiro, eu fiquei no aguardo das coordenadas sobre a logística da etapa paranaense da turnê e a preparar-me individualmente, quando escutei as músicas que houveram sido escolhidas para tocarmos.
Nos primeiros dias de abril, eis que Rolando e Marta, enviaram-me as informações e infelizmente, houve nesse ínterim, a má novidade de que o show de Curitiba houvera "caído", o que no jargão da música profissional significa que fora cancelado.
Uma grande pena, pois uma banda dessa magnitude na história do Rock Brasileiro, não ter tido a oportunidade em tocar na capital paranaense em sua turnê de despedida, foi algo bastante decepcionante para nós e para os fãs curitibanos e de cidades vizinhas.
E muito pior ficou, quando o Rolando Castello Junior revelou-nos o motivo do cancelamento, a denotar uma completa falta de noção do produtor local que à nossa revelia, decidira "trocar" a nossa data a esmo, sem consulta prévia e obviamente a ignorar o fato de que a nossa banda não era local e uma mudança de datas dessa maneira, quebraria toda a nossa logística traçada para trabalharmos no estado do Paraná.
Foi uma grande pena e também motivo de chateação generalizada pelas circunstâncias e isso motivou que o Rolando postasse um longo depoimento em tom de desabafo através das redes sociais da Internet e diga-se de passagem com toda a razão e assim a reforçar o sentimento nefasto que o Brasil do ano 2018, não foi terreno adequado para uma banda de Rock estar na ativa, com a devida seriedade profissional da parte dos contratantes amadores, em sua maioria, que não apresentam nenhuma noção mínima do negócio que afirmavam administrar.
Conformados com o cancelamento de Curitiba, a logística paranaense foi repensada para atender somente a apresentação na cidade de Ponta Grossa, no interior do estado.
Eu e Rodrigo recebemos as nossas passagens aéreas com destino a Curitiba e a nossa planificação seria chegarmos um dia antes, ou seja, o dia em que deveríamos tocar na capital paranaense. Usaríamos o dia para um ensaio e no dia seguinte, seguiríamos para a cidade interiorana de Ponta Grossa, mediante o uso de uma van. Nessa etapa, não teríamos a presença do Marcello, infelizmente, portanto, a nossa apresentação dar-se-ia mediante o formato de um quarteto: Rolando, Marta Rodrigo e eu (Luiz Domingues).
Em relação à viagem, preocupei-me de imediato com uma questão pueril, mas da qual, não tive controle algum, aliás, ninguém teve. O que ocorreu, foi que há meses eu acompanhava pela imprensa, as notícias sobre as mudanças promovidas nas regras da aviação, no tocante à questão da acomodação da bagagem, na parte interna das aeronaves.
Até pouco tempo antes, era possível entrar com um instrumento musical de cordas do porte de uma guitarra, violão ou baixo elétrico, com o chamado "soft bag" de mão, aquele invólucro mais simples para carregar o instrumento no ombro, como uma mochila.
No entanto, as regras da aviação mudaram e a justificar-se pelo fato do valor das passagens terem popularizado-se ao ponto do avião ficar muitas vezes mais barato que os ônibus.
Outrora um meio de transporte elitizado, nos tempos atuais, a aviação cortara muitos benefícios com os quais agraciavam os seus clientes e neste momento de 2018, a bagagem de mão, fora posta em cheque ao ponto de haver uma regra sobre o seu tamanho máximo e pior, qualquer outra bagagem despachada para a ala de carga da aeronave, passara a ser cobrada.
Resumo da ópera bufa: para transportar o instrumento em um bag para dentro da cabine, havia o risco iminente de um funcionário vetar a sua entrada e dessa maneira, seríamos obrigados a despachá-los como carga comum e mediante um frágil bag de ombro, é claro que chegariam destroçados ao seu destino final... ou seja, uma questão simplória mas que angustiou-nos, eu e Rodrigo, por alguns dias a motivar uma frenética troca de informações pelas redes sociais, à cata de informações precisas sobre tais regras esdrúxulas da parte das companhias aéreas.
Diante desse impasse, eu não tive outra alternativa a não ser determinar o uso de um hard-case tradicional que fosse despachado com um mínimo de segurança de que não chegaria destroçado em Curitiba e amargar taxas na ida e na volta, a diminuir o valor do cachê. No caso do Rodrigo, ele resolveu viajar com duas guitarras em um Bag duplo e despachar a sua pedaleira, que seria pequena, mas que sabíamos de antemão que seria vetada pelos funcionários na companhia na hora de se emitir o ticket de embarque.
Feito isso, a nossa saída esteve marcada para as 12:40 horas da quinta feira, do aeroporto de Congonhas e ante tantas adversidades impostas pela logística aérea, comemoramos isso como um pequeno toque ameno, pois ainda mais desagradável seria se fosse marcado para Cumbica, que é um aeroporto que fica muito mais longe...
Continua...
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