Os seus pais eram pessoas simples e naturalmente não entendiam o motivo de seu filho ter demonstrado tal característica tão estranha e não tiveram noção sequer, sobre como proceder exatamente para buscar um apoio qualquer de algum especialista que pudesse estudar o caso e emitir um parecer.
Teria sido um caso a ser estudado pela medicina? Aparentemente, não, pois não envolvia nenhuma anomalia de ordem física, mas poderia ser algo mental, daí a ser estudado pela psicologia, quiçá psiquiatria, portanto, seria um caso a se analisar.
O que efetivamente incomodou a família e mais ainda o menino Antal, no entanto, foi o fato de que a sua fama se espalhara pela vizinhança e o assédio o tornou recluso, a evitar sair de casa, haja vista que era sempre interpelado a realizar a sua proeza e assim, ele se sentia ridicularizado por ser tratado como um menino fora do normal.
Entretanto, ele era um menino absolutamente normal, que apenas queria brincar com seus irmãos, primos e amigos, mas a sua proeza o marginalizara.
E o que ele fazia de forma espantosa e que surpreendia as pessoas, afinal de contas? Bem, ele tinha a estranha capacidade de estabelecer uma conta aritmética absolutamente inusitada, de uma forma rápida e como resultado, acertava com precisão a data de aniversário com dia, mês e ano de qualquer pessoa, mediante um número aleatório que a própria pessoa lhe dissesse.
Qual a lógica? Nenhuma, aparentemente, mas o menino ouvia o número e ao balbuciar uma série de adições, multiplicações e subtrações absolutamente sem sentido concreto, chegava a um resultado incompreensível e mediante tal número tão aleatório, ele olhava firmemente para os olhos do seu interlocutor e lhe dizia exatamente o dia, mês e ano que tal pessoa nascera.
Assim que a pessoa confirmava a veracidade da data por ele expressa, geralmente as demais que rodeavam o menino, vibravam com o acerto e regozijavam-se, ao enaltecer o prodígio de Antal. Mas ele odiava esse tipo de manifestação e abaixava a cabeça normalmente, como a se sentir culpado. Mais do que isso, ele na verdade se sentia deprimido por estar a fomentar tal fama indevida.
Ele não havia completado nem quatro anos de idade e sentia medo de sair às ruas, pois costumava chorar com frequência e buscava o quarto como refúgio em meio ao seu tormento.
Entretanto, as pessoas da vizinhança não paravam de bater palmas na porta da sua residência, a solicitar a exibição dessa capacidade da parte do pequeno Antal e a sua família também não teve mais paz.
Bem, sem saber que fazer, o seu pai, o senhor Gabor, não teve outra ideia a não ser procurar trabalho em uma outra cidade e assim promover a mudança da família para algum lugar em que o seu filho não fosse conhecido e claro, instrui-lo a nunca mais exibir a sua capacidade para fazer tais contas incompreensíveis, para chegar em um resultado tão fora de propósito.
Bem, foi com muito sacrifício que Gabor conseguiu garantir trabalho e efetuar a mudança da família e ali, mais crescido, o garoto ocultou a sua desconcertante linha de raciocínio e teve paz para ser um garoto normal, a brincar e frequentar as aulas da escola fundamental.
Já quase adolescente, ele perguntou à sua mãe, um dia, por que ele tinha essa capacidade que nenhum dos seus irmãos possuía. Sem saber o que lhe responder, a senhora sua mãe, chamada, Teçá, se limitou a dizer que não sabia o motivo.
Foi então que Antal lhe disse: não serve para nada, mãe. De fato, tal proeza não tinha utilidade alguma a não ser gerar a curiosidade e no caso dele, a significar apenas o sofrimento.
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