segunda-feira, 13 de outubro de 2025

Livro: A Chave do Sol (a autobiografia de Luiz Domingues na música - volume V/Tomo A - Matilda Cultural - 2025

Amigos, é com muita satisfação que eu anuncio o lançamento de mais um livro de minha autoria.

A dar continuidade no meu relato autobiográfico dentro da área musical, narro neste livro, "A Chave do Sol" (a autobiografia de Luiz Domingues na música - Volume V/Tomo A), a minha história com A Chave do Sol, banda de Rock que ajudei a fundar ao lado do guitarrista Rubens Gióia e do baterista José Luiz Dinola, nos idos de 1982.

A se considerar que esta autobiografia no seu âmbito geral segue a ordem cronológica do início dos acontecimentos, pode-se dizer que este é o primeiro pico de sucesso da minha carreira, pois no volume II, a tratar das duas passagens que tive pelo Língua de Trapo, especificamente sobre a segunda passagem que realizei por aquela banda, essa participação também gerou muita repercussão e sucesso midiático, porém, o ponto de partida d’A Chave do Sol não coincide com esse segundo momento de êxito com o Língua de Trapo, portanto, A Chave do Sol tem essa primazia na minha trajetória pessoal.

Dada a constatação do grande volume de texto arregimentado neste volume V, a opção foi pela divisão em dois tomos e nesse caso, neste tomo da parte A, é narrado o preâmbulo da fundação da banda em 1982, e os seus primeiros esforços para sair da inércia para uma condição modesta, porém animadora e logo a seguir, a galgar degraus de forma surpreendente.

A passagem meteórica do grande Percy Weiss pela formação, é descrita, assim como a entrada da promissora joia rara que foi Verônica Luhr, uma cantora incrível que ficou alguns meses na formação até meados de 1983. 

A sedimentação da imagem da banda como um power-trio através de várias participações gloriosas na TV, a impulsionou de uma forma extraordinária a culminar no lançamento do primeiro disco.

Um novo vocalista veio a seguir, Chico Dias, mas esse cantor não se firmou conosco, e assim, quando entrou o valoroso vocalista Fran Alves na formação, veio o segundo disco.

A banda era versada pelas tradições sessenta-setentistas em termos de estética Rocker na sua essência e nos anos oitenta tais termos eram proibitivos. Com a tentativa de adequação às estéticas em voga, a banda ficou no limbo e nesse momento teve que se reformular novamente a promover uma radical mudança de rota e formação, ao incorporar um novo vocalista, o decidido, Beto Cruz.

Esta parte A vai até aí, ao final de 1985, a descrever esse momento.

No próximo tomo, a parte B descreve o período de janeiro de 1986 ao final das atividades da banda, em dezembro de 1987.

Ficha técnica:

Livro A Chave do Sol (a autobiografia de Luiz Domingues na música – Volume V /Tomo A)

Revisão gramatical & ortográfica, carta catalográfica, arte e layout de capa e material de divulgação: Alynne Cavalcante

Editor: Cristiano Rocha Affonso da Costa

Foto do autor e apoio de divulgação: Michel Camporeze Téer

Uma produção da Matilda Cultural

Apoio: Clube de Autores  

O livro "A Chave do Sol" (a autobiografia de Luiz Domingues na música - Volume V/Tomo B), já está disponível para a aquisição através dos sites do Clube de Autores e Amazon.

https://clubedeautores.com.br/livro/a-chave-do-sol


quarta-feira, 8 de outubro de 2025

Autobiografia na música - Língua de Trapo - Capítulo 145 - Por Luiz Domingues

"Circular 46" vem a seguir, a se tratar de mais uma música calcada na sonoridade da MPB antiga. Com formato de samba bem típico dos anos vinte e trinta do século passado, somente não soa exatamente fidedigna pelo aspecto "retrô" no seu áudio de uma maneira integral, pela presença do piano elétrico comandado pelo ótimo Celso Mojola e pelo meu baixo, que além de ser elétrico, era algo que gerava até discussões internas na banda a se considerar a inclusão do baixo acústico tradicional na formação fixa da banda.

"Circular 46" - Demo Tape de 1980

Eis o link para assistir no YouTube:

https://youtu.be/PwtCKbKlXlk

Mais uma composição de Guca Domenico e Carlos Melo, de fato a se caracterizar como a zona de conforto para ambos, que sempre foi inspirada pelo cancioneiro da mpb da velha guarda, essa peça privilegia tal estética. No quesito da sua letra, a sua formulação se mostra ortodoxa de forma proposital para gerar os contrastes devidos a fim de provocar o humor. Inclusive na pronúncia forçada de certas palavras a exagerar na dicção, exatamente como os cantores dessa fase da MPB vinte-trintista executavam nas suas gravações. 

A letra trata de uma sátira de costumes a brincar com os maneirismos antigos e ao mesmo tempo, alfinetar as mazelas sociais amplificadas pelo descaso das autoridades de então, nitidamente preocupadas em privilegiar as camadas mais altas da sociedade em detrimento da grande massa carente a viver com muitas dificuldades. 

Na parte musical em si, gosto bastante da mixagem estabelecida, que dentro da realidade de uma demo tape gravada com parcos recursos, surpreende pelo seu resultado final bastante aceitável, bem entendido, para o padrão de demo-tape gravada ao final dos anos setenta, em um estúdio não muito preparado adequadamente e sob poucos canais disponíveis.

O som do baixo seguiu a timbragem das outras músicas que gravei nessa mesma fita e mais uma vez surpreende em determinados trechos. E destaco o timbre do piano elétrico a se mostrar bem agradável.

Laert Sarrumor a interpretou, mas há uma divertida inserção do Carlos Melo ao final.

"Vampiro S.A." - Demo Tape de 1980

Eis o link para assistir no YouTube:

https://youtu.be/QvRcD2NdQVU

E para encerrar a análise, a faixa "Vampiro S.A." tem como estilo musical o Heavy-Metal e note o leitor que em 1980 esse estilo, a se constituir de um derivado da corrente do Hard-Rock, nem era celebrado de uma forma definitiva e assim, pensávamos na canção como um tema a seguir o estilo do "Rock Pesado" ou como se costumava falar a respeito de peças mais radicais dentro do espectro do Hard-Rock, seria então ao se usar um termo da época: "pauleira".

A letra da música é uma das mais hilárias criadas pelo Laert Sarrumor a usar a literatura gótica de terror para satirizar a figura dos sanguessugas que drenam o sangue das pessoas humildes, geralmente as figuras execráveis e hipócritas que se colocam como pessoas de bem, com valores religiosos e a cultuar a integridade da família como núcleo base da sociedade, mas que na prática, se portam como os vampiros a sugar o sangue do povo.

Essa música se tornou icônica para o Língua de Trapo doravante e de fato, a sua interpretação ao vivo evocava uma mistura de atmosfera de Heavy-Metal com literatura gótica de terror, com o Laert a interpretá-la trajado como o conde Drácula e a ter como apoio, a genial atuação do ator Paulo Elias Zaidan, outro saudoso amigo, a interpretar um anão corcunda (Igor), como o seu assistente lacaio.

Nessa gravação da demo, o uso excessivo do pedal fuzz ficou sujo em demasia e a atuação do trio base, baixo/bateria/guitarra é simplória e não convence como uma peça de Rock pesado propriamente dita. Tempos depois a banda gravou essa faixa de uma maneira melhor, é bem verdade.

Bem, essas foram as músicas extras que enfim resgatei em 2025 e agradeço muito ao Laert Sarrumor por esse oferecimento. Abaixo, deixo as outras faixas repetidas em relação às que já havia garantido em 2022.

"Romance em Peruíbe" - Demo Tape de 1980

Eis o link para assistir no YouTube:

https://youtu.be/GmXIrmIfLtg

"Tragédia gramatical" - Demo Tape de 1980

Eis o link para assistir no YouTube:

https://youtu.be/3L4Xln6GjTk

Resta acrescentar que a capa da fita K7 a conter a demo-tape de 1980 e reformulada em 1981, foi criação de Cassiano Roda, um grande colaborador da banda do início das suas atividades.

E mais um dado: a única música que eu não coloquei juntamente no meu canal 1 do YouTube, a respeito desse resgate de 2025, foi "A Vingança do Hipocondríaco", não repetida nessa versão da demo-tape, exatamente por ter sido suprimida na sua versão de 1981. Nesse caso, o leitor e fã do Língua de Trapo a encontra no meu canal 3 do YouTube, além do meu Blog 3. 

Boa surpresa a reforçar o meu museu virtual, esse adendo de 2025 muito me agradou. Fico na expectativa de ter mais boas surpresas  sobre o Língua de Trapo no futuro, quando das minhas duas passagens pela sua formação, entre os anos setenta e oitenta. 

sexta-feira, 3 de outubro de 2025

Autobiografia na música - Língua de Trapo - Capítulo 144 - Por Luiz Domingues

Feliz pelo resgate de mais material concernente à minha primeira passagem pelo Língua de Trapo e a reforçar dessa forma o meu portfólio pessoal de carreira, eu gostaria de analisar então as faixas que disponibilizei neste momento de setembro de 2025.

"Tragédia afrodisíaca" - Demo Tape de 1980

Eis o link para assistir no YouTube:

https://youtu.be/kWtoH9lZo2o

Para início de análise, falo a respeito da faixa "Vingança Afrodisíaca", composição de Guca Domenico e Carlos Melo. A se tratar de um típico samba-de-breque, estilo antigo dentro da vertente do samba e muito apreciado pelos membros da banda, a se constituir de uma forma muito conveniente para expressar letras com alta dose de ironia e até escárnio explícito, a brincar principalmente com a sátira aos costumes e moral vigente, enfim, tal canção usou e abusou de tal prerrogativa e com maestria, eu devo observar.

Na parte técnica do áudio, apesar dessa produção ter sido muito modesta e com direito à inevitável redução em meio a uma época na qual as gravações eram analógicas e neste caso, feitas com poucos canais disponíveis, é surpreendente como apesar das limitações inerentes ao recursos dos quais tivemos, a faixa soa bem. 

As cordas representadas pelo violão, cavaquinho e o baixo, estão bem mixadas e a percussão também se mostra muito bem. O baixo em questão me surpreendeu pelo timbre, pois a despeito de todo o preconceito que havia sobre os instrumentos de marcas nacionais naquela época, eis que o Giannini que eu tinha, a se tratar de uma réplica de baixo Rickembacker, se mostra muito bem, com um timbre médio-agudo bem característico de seu modelo e ao mesmo tempo, com um interessante peso resguardado pelas frequências graves.

Sob a interpretação excelente do Laert Sarrumor, essa música fez muito sucesso nas apresentações do Língua de Trapo desde 1980, e assim prosseguiu nos anos posteriores, sempre a constar da lista de músicas de seus shows, até os dias atuais, inclusive.

A respeito do teor de sua letra que é controverso para os dias atuais, muito provavelmente essa música teria problemas de aceitação generalizada pelo fato de estabelecer piadas sexistas e a ironizar os travestis, mas é o tal negócio: discussões a parte sobre as formas respeitáveis de se fazer humor, se são aceitáveis ou não mediante o entendimento geral de 2025, é fato que no contexto de 1980, era um tipo de humor popular e decorrente até nos programas dessa verve a se provar como popularescos na TV de então, e além do mais, é inegável que a sua construção é bem concatenada enquanto peça de humor.  

"Prazer" - Demo Tape de 1980

Eis o link para assistir no YouTube:

https://youtu.be/Q1QtA0tShgs

"Prazer" é outra canção que fez muito sucesso nos primeiros tempos do Língua de Trapo. Composição do Laert Sarrumor, é uma canção que flerta com a bossa nova, mas que insere, igualmente, elementos do samba-canção e da seresta em sua constituição. 

Sob uma letra muito inteligente criada pelo Laert (com sempre, dentro da sua genialidade nata), as ironias neste caso são finas, a usar até do cinismo como ferramenta para brincar com o tema do prazer e nesses termos, ao fazer insinuações divertidas não apenas sobre a libido humana pela via camuflada do duplo sentido, como lançar dardos sobre o comportamento inadequado de certos políticos e neste caso, a se pensar na época pela qual essa música foi composta e mais executada ao vivo, o alvo maior era um certo governador de estado que tinha a fama de ser um ladrão contumaz, mas que demorou décadas para de fato se comprovar as suas falcatruas.

A falar da parte musical e do áudio dessa gravação em específico, acho interessante que o violão executado pelo saudoso Lizoel Costa, tenha recebido o efeito de um pedal Phaser 90 e essa determinação deve ter sido feita pelo meu amigo Lizoel, baseado no fato dele ter tido em sua vida um lado Rocker que os demais membros da banda não tinham, com a minha óbvia exceção.  

Há a incidência de uma percussão discreta, porém muito eficaz através da atuação do grande Fernando Marconi. Em grande parte de sua ação, dá a impressão que ele estabeleceu um típico desenho rítmico de samba através de uma singela caixa de fósforos. Não me recordo, sinceramente, se o Fernando usou de fato uma simplória caixa de fósforos para gravar ou se utilizou um instrumento de percussão formal para reproduzir tal atmosfera tão informal a caracterizar uma ação improvisada de mesa de bar. 

Aliás, cabe acrescentar que essa questão de se edulcorar encontros boêmios de bar, sempre foi um mote usado pelo Língua de Trapo ao longo da sua carreira inteira, exatamente para recriar uma atmosfera de MPB antiga, um de seus motes prediletos, principalmente na ótica de Guca Domenico e Carlos Melo, os membros mais entusiasmados pelas raízes tradicionais da MPB.

Vale ainda ressaltar que a interpretação do Laert é cheia de maneirismos que são divertidíssimos, ao abusar de gritinhos e onomatopeias e que eu afirmo que funcionavam ao vivo de uma maneira muito eficaz. 

Continua...