Neste meu segundo Blog, convido amigos para escrever; publico material alternativo de minha autoria, e não publicado em meu Blog 1, além de estar a publicar sob um formato em micro capítulos, o texto de minha autobiografia na música, inclusive com atualizações que não constam no livro oficial. E também anuncio as minhas atividades musicais mais recentes.
Edy Star em destaque, mediante a presença dos cantores convidados, Jonnata Doll e Marcia Castro a rodeá-lo, com a banda postada na retaguarda. Show 50 Anos Cantando Raul - Sesc Belenzinho-SP - 14/10/2022. Click, acervo e cortesia: Carlos Eduardo Sabbag Pereira
Chegamos no horário combinado para o soundcheck, mas ali no ambiente do show houve um impasse básico e que não nos dizia respeito. Ocorreu que a produção do espetáculo (que havia contratado o Edy e vendera o projeto ao Sesc), contratara o serviço de um técnico para operar o P.A. do show, e esse profissional quando chegou ao local, constatou que a mesa de som que havia ali disponível não foi a mesma que estava prevista para ser usada mediante o "rider técnico" enviado previamente dentro da burocracia toda que envolve uma produção de show musical.
Resultado: o técnico do equipamento terceirizado só poderia operar em seu lugar se houvesse um acordo de adequação financeira para tal serviço e assim, duas horas foram gastas com telefonemas sendo feitos para a empresa, dona do equipamento, quando até que enfim saiu a autorização e assim, o técnico da empresa ficou de operar ao lado do técnico contratado a parte.
Carlinhos Machado através da sua selfie, registrou o momento imediatamente anterior ao início do trabalho de soundcheck. Show 50 Anos Cantando Raul. Sesc Belenzinho-SP - 14/10/2022. Click (selfie), acervo e cortesia: Carlinhos Machado
Em suma, tal impasse apenas serviu para reduzir dramaticamente o tempo para se fazer um soundcheck mais categorizado, porém, apesar dessa limitação, nós conseguimos chegar a um resultado bem razoável no palco e pasmem, com a possibilidade de "passar" algumas músicas que não foram ensaiadas no dia anterior.
Um breve vídeo a ilustrar o momento do soundcheck, com o Carlinhos Machado a "passar" o som da bateria e todos os demais músicos, eu Luiz Domingues incluso, no aguardo para cumprir o mesmo ritual inicial de equalização do som. Show 50 Anos Cantando Raul - Sesc Belenzinho-SP - 14/10/2022 - Filmagem, acervo e cortesia: Kim Kehl
Eis o link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=5BteAT1eDMI
Chegada a hora, quando fomos ao palco para a realização do show, iniciamos com um pequena tema instrumental criado pelo Kim Kehl a fazer alusões a algumas canções do Raul, e após uma vinheta a conter a voz do próprio Raul a falar sobre o Edy (cujo teor os fãs dele sabem de cor e salteado, por ser um depoimento famoso que ele prestara nos anos setenta), nós fizemos a execução do álbum d'Os Kavernistas em sua íntegra.
A banda em ação com os cantores convidados e Edy Star no protagonismo. Show 50 Anos Cantando Raul (Edy Star & Convidados) - Sesc Belenzinho - 14/10/2022. Clicks, acervo e cortesia: Lara Pap
Nessa segunda parte, além de algumas músicas do Raul mais óbvias, tocamos uma peça como, "Sapato 36", que não pode ser considerada exatamente como uma canção muito famosa no repertório mais usual desse artista, além do samba, "Teco Teco" (Pereira da Costa/Milton Vilela), e a bela canção clássica do Sérgio Sampaio, "Quero Botar meu Bloco na Rua", com cada canção defendida pelo Edy e os cantores convidados.
O show foi cumprido com muita leveza e recebido com um entusiasmo enorme da parte do bom público que compareceu ao enorme salão da dita "comedoria" do Sesc Belenzinho. Quando encerramos o espetáculo com a clássica canção-manifesto, "Sociedade Alternativa", percebemos que o dever foi mais do que cumprido, mas sobretudo exercido com felicidade e prazer por termos feito uma grande celebração desse artista e de quem gravitou em órbita, caso do Edy Star.
Dois flagrantes de parte da banda em ação. Show 50 Anos Cantando Raul (Edy Star & Convidados) - Sesc Belenzinho-SP - 14/10/2022. Clicks, acervo e cortesia: Wilton Rentero
Bem, não foi a primeira vez em que eu estive a acompanhar o Edy Star. Algumas apresentações foram feitas nessa mesma dinâmica, ou seja, como um trabalho avulso e outras foram computadas como uma atividade d'Os Kurandeiros pelo fato da nossa banda ter sido coprotagonista declarada do espetáculo. E posso afirmar que apesar deste show ter sido enorme em sua constituição, pelo repertório avantajado sob o ponto de vista numérico, foi um dos melhores pela performance em si e também pelo astral e interação com a plateia.
"Eu Fiz Pior" (Lula Côrtes), na interpretação de Jonnata Doll. Show 50 Anos Cantando Raul (Edy Star & Convidados) - Sesc Belenzinho-SP - 14/10/2022 - Filmagem, acervo e cortesia: Wilton Rentero
Eis o link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=8b8PR5TRziU
"Eu Quero Botar meu Bloco na Rua" (Sérgio Sampaio) - Show 50 Anos Cantando Raul (Edy Star & Convidados) - Sesc Belenzinho-SP - 14/10/2022 - Filmagem, acervo e cortesia: Wilton Rentero
Eis o link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=WCij_Ws3G0M
"Intro" + Êta Vida (Raul Seixas) - Show 50 Anos Cantando Raul (Edy Star & Convidados) - Sesc Belenzinho-SP - 14/10/2022 - Filmagem, acervo e cortesia: Wilton Rentero
Eis o link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=zV_-0lZf2p0
"Sociedade Alternativa" (Raul Seixas) - Show 50 Anos Cantando Raul (Edy Star & Convidados) - Sesc Belenzinho-SP - 14/10/2022 - Autoria desconhecida - Acervo: Kim Kehl
Eis o link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=_wNnCbOkcCQ
Edy Star em destaque. Show 50 Anos Cantando Raul (Edy Star & Convidados) - Sesc Belenzinho-SP - 14/10/2022. Click, acervo e cortesia: Carlos Eduardo Sabbag Pereira
Houve a presença maciça de muitos fãs do Raul Seixas no ambiente e claro que estes responderam com muito entusiasmo ao repertório todo apresentado.
Foi dessa forma que apesar de demorar para acontecer de fato, vide o cancelamento da data original por conta da pandemia da Covid, que o apontamento se cumpriu e com galhardia.
Na reta final da turnê com Edy Star, a dita, "Toca Raul", haveria uma maior concentração de shows, e aí sim, teríamos a ideia mais aproximada de uma turnê verdadeiramente, visto que as datas anteriores foram esparsas.
Desta feita, teríamos quatro shows concentrados no mesmo mês, dezembro de 2018 e a seguir a mesma dinâmica de visitar bairros distintos da cidade de São Paulo, entre si.
Entretanto, haveriam duas novidades adicionais. A primeira, foi que doravante, os próximos shows pelas Casas de Cultura seriam em bairros mais próximos e não tão extremamente periféricos como houvera sido em relação aos anteriores. E a segunda nova, foi que haveria uma edição bem no centro da cidade, em um local nobre, o Teatro Olido.
Ótimo ao pensar nos aspectos bons e ruins que tivemos nos anteriores, só poderíamos comemorar que não haveria a parte mais sofrida de ter que nos deslocarmos para os confins da extrema periferia de São Paulo e pelo contrário, só projetáramos que a parte boa, em ter contato com pessoas idealistas e amáveis que administram tais Casas de Cultura, haveriam por repetirem-se.
E assim, o próximo compromisso esteve marcado para ocorrer na Casa de Cultura de Santo Amaro. É longe do centro, certamente, mas não é periférico e assim, mediante o acesso muito facilitado e cercado por estações do metrô próximas, recheado por linhas de ônibus e por trem metropolitano, fez com que eu comemorasse, quando tomei ciência do seu endereço e mediante consulta prévia pelo Google Map, constatei estar encravado em uma bucólica praça com ares interioranos, em uma espécie de recuo estratégico da Avenida João Dias, uma famosa e movimentadíssima via do bairro.
Fácil demais para localizar, eu fui tranquilo para lá e assim que estacionei o meu carro em seu pátio, não muito grande mas funcional, vi o Carlinhos Machado a acenar-me. Ele já estava lá dentro e veio auxiliar-me prontamente para descarregar o meu equipamento e logo informou-me que não valeria a pena levar o equipamento para o salão onde o show ocorreria, pois apesar dele ser amplo, não haveria um camarim disponível ainda, visto que outros artistas estavam a usá-los com a programação a mostrarem-se lotada por diversas atrações e todas dispares entre si, a denotar ecletismo.
Gosto dessa característica, certamente, pois verificar diferentes apresentações musicais e misturadas com trupes de teatro infantil e adulto, tudo no mesmo espaço e no mesmo dia, foi algo que demonstrou uma extrema boa vontade de seus curadores, para diversificar ao máximo a carta de opções culturais para os moradores do bairro.
Nesses termos, quando eu cheguei, o Carlinhos informou-me que havia recém encerrado-se a apresentação de uma trupe de teatro infantil, denominada: "Ciclistas Bonequeiros", e de fato, enquanto conversávamos, víamos os artistas e seus contra-regras a carregarem o material do grupo para a van que usaram.
Interessante, nesta altura, eu percebia que a nossa turnê estava dentro da mesma engrenagem a rodar pelas diferentes Casas de Cultura, pois tal trupe já havia apresentado-se em outra casa de Cultura onde nós atuamos também, a Casa de Cultura Itaquera/Parque Raul Seixas. Ou seja, que positivo foi constatar que não éramos só nós que estávamos a rodar pelo mesmo circuito.
E antes desses artistas do teatro infantil, um cantor de salsa havia apresentado-se, Fernando Ferrer, a corroborar o que salientei acima, sobre o caráter eclético dessa programação.
Antes de nós, haveria uma peça teatral, denominada: "A Serpente". Bem, texto do Nelson Rodrigues, logo surpreendi-me por ver que apresentar-se-ia tal encenação às 18 horas e perante um público aparentemente desacostumado a lidar com um texto pesado dessa natureza e fora do ambiente tradicional de um teatro.
Para agravar a minha estupefação, eis que verifico a existência de muitas senhoras com idade mais avançada, crianças e adolescentes no recinto. Rescaldo natural das atrações anteriores, claro que ficaram para assistirem a próxima atração, mas muitos ali, para não dizer a maioria, não sabiam o que aguardava-lhes, e assim, ao contrário dos meus companheiros que foram lanchar no bar da esquina, eu fiquei para ver, também por essa curiosidade de verificar como seria a reação das pessoas ali presentes e certamente para absorver um texto do Nelson Rodrigues, que é denso por natureza e mesmo que o teor sempre centrado na questão da perversão sexual, não seja em tese do meu inteiro agrado, eu acho muito interessante o aspecto da obsessão do autor em desmascarar através da sua dramaturgia, a hipocrisia da sociedade puritana.
Bem, assim que os técnicos da trupe teatral sinalizaram estar tudo pronto, o produtor do espetáculo dirigiu-se à plateia e fez uma explanação sobre o teor da peça e exortou o aspecto de haver palavrões e muitas insinuações de atos libidinosos e até simulação de coito sexual na encenação e sendo assim, quem estivesse com filhos menores no recinto, que ficasse a vontade para retirar os menores dali e os preservar de constrangimentos.
Muito bem, ninguém pareceu incomodar-se e algumas crianças e adolescentes ficaram no salão, devidamente autorizadas pelos seus pais e tampouco os idosos mais pudicos esboçaram incomodarem-se com a possibilidade de haver cenas chocantes.
Não havia uma boa estrutura disponível, aquilo não era um teatro preparado com cenotécnica etc. e tal, mas assim mesmo com luz de serviço, a providência foi apagar uma parte da iluminação usual e deixar a luz provenientes das velas providenciadas pela produção do grupo teatral, para servir aos atores.
Sob uma sonoplastia tétrica, com estridências a causar incômodo proposital para gerar um clima tenso, eis que os atores entraram em cena enfileirados e fortemente maquiados, quase a se parecerem fantasmagóricos.
Mediante um tom de interpretação bastante nervoso, muitos gritos foram proferidos, com palavrões e situações a enfocar perversões sexuais dentro de uma determinada família fictícia e a culminar com um crime. Foi forte, achei que pesou naquele ambiente e perante a maioria ali despreparada para encarar um texto tão denso, e sobretudo pelas cenas com apelo sexual, mas foi o tal negócio, pelo lado estritamente cultural, considerei perfeitamente cabível a ideia de se encenar um texto do Nelson Rodrigues, gratuitamente para um público que raramente, ou mesmo nunca, fora a um teatro.
Encerrada a apresentação e que deduzi não ter sido uma sketch, mas sim uma versão condensada da peça completa, os técnicos rapidamente desmontaram a pequena estrutura cênica que ali levaram e foi quando eu ouvi dois dos atores a passarem perto de minha pessoa e a combinarem entre si um horário para o seu encontro, no dia seguinte, visto que encenariam o espetáculo em outra Casa de Cultura, desta feita no bairro da Brasilândia, no extremo da zona noroeste da capital paulista.
Bem, isso só reforçou tudo o que eu disse anteriormente, em tom de elogio à iniciativa salutar dessas Casas de Cultura, espalhadas pela cidade.
No
autosoundcheck... Kim Kehl, Carlinhos Machado na bateria, Edy Star;
Michel Machado, atrás e encoberto e eu (Luiz Domingues). Kim Kehl & Os
Kurandeiros na Turnê "Toca Raul". Casa de Cultura Santo Amaro, em São Paulo-SP, no dia 1º de dezembro de 2018. Click: Lara Pap
Chegara a hora do nosso show, quando rapidamente montamos o nosso backline e o apoio do PA da casa foi muito simples. Com a ausência de um PA profissional, o que havia disponível ali foi algo compatível apenas para uma apresentação intimista e em um bar sob pequena proporção.
Mas foi o que tivemos e assim resilientes por natureza, montamos o nosso backline já a deduzir que os instrumentos de cordas contariam apenas com a emissão de seus respectivos amplificadores e a bateria & percussão, soariam in natura. No minúsculo PA, apenas a vozes e com um agravante desagradável: sem monitores.
Em suma, o remédio seria tocar bem baixo, a observar o limite da pequena emissão que as vozes ali teriam. Outra observação, a casa, assim como em outras que visitáramos, mostrava-se como um patrimônio antigo, com valor histórico acentuado.
Por esse aspecto, foi uma maravilha constatar ser uma construção muito antiga, talvez a remontar ao século XIX e que ali houvera sido uma espécie de entreposto para pequenas caravanas com carroças etc. e tal. E pelo fato de possuir tais características arquitetônicas tão remotas, apresentou-nos um pé direito altíssimo, com uma estrutura de telhado muito antiga pelo estilo e que encantou-nos.
Pelo lado prático e nocivo, logo deduzimos que a reverberação ali seria terrível e assim, foi mais um motivo para coibirmos o volume, ao máximo que pudéssemos.
No autosoundcheck... Kim Kehl, Carlinhos Machado na bateria, Edy Star; Michel Machado, atrás e encoberto e eu (Luiz Domingues). Kim Kehl & Os Kurandeiros na Turnê "Toca Raul". Casa de Cultura Santo Amaro, em São Paulo-SP, no dia 1º de dezembro de 2018. Click: Lara Pap
Fizemos um autosoundcheck um tanto quanto constrangedor, visto que o público já estava ali sentado a esperar-nos, mas nessas circunstâncias, foi inevitável.
Começamos o show e mesmo sem uma iluminação mínima e um aparato de som nas mesma condições, fomos a conduzir o espetáculo com dignidade artística acima do esperado e quem for músico, ou mesmo artista de outra modalidade, há de entender-me bem, mas um fator foi crucial para o show deslanchar: o público não importou-se com as condições técnicas desfavoráveis e emitiu um entusiasmo que reverberou de primeira em nosso combalido ânimo.
Portanto, com a sinergia ali estabelecida, o show deslanchou. Haviam alguns fãs do Raul Seixas ali e claro que isso ajudou-nos sobremaneira.
E foi um contraste com a fala de um senhor oriundo da organização local, que imbuído de boa vontade, embora completamente desinformado sobre o teor do nosso espetáculo, anunciara ao público, antes mesmo da peça teatral iniciar-se, que: -"Edy Star, um cantor, interpretaria as canções do Raul Seixas".
Não totalmente falaciosa tal afirmação, mas na verdade a revelar-se uma informação bastante incompleta, Edy não era um cantor "cover" do Raul Seixas, tampouco um cantor qualquer que resolvera homenagear o Raul, mas um companheiro do Raul em vida e que inclusive, ambos conheciam-se muito antes da fama artística adquirida por ambos, lá na Bahia, nos idos de 1955... bem, ninguém é perfeito, o bom homem não fez por mal.
No
camarim, a oportunidade para posar a visar uma foto promocional da turnê... Michel Machado, Kim Kehl, Edy Star e eu (Luiz Domingues) e Carlinhos Machado. Kim Kehl & Os
Kurandeiros na Turnê "Toca Raul". Casa de Cultura Santo Amaro, em São Paulo-SP, no dia 1º de dezembro de 2018. Click: Lara Pap
Encerramos com bastante euforia e até acima da mais otimista das nossas previsões e ficamos felizes pela recepção calorosa das pessoas. E também por termos feito um espetáculo com bastante sacrifício, ante as adversidades técnicas ali presentes.
Ao final, o senhor responsável pela Casa, veio pedir-me desculpas pela falta de estrutura técnica e ao mesmo tempo a elogiar-nos, salientou que o nosso trabalho merecia ser apresentado em um teatro com boa infraestrutura de som e iluminação etc. Foi muito digno da parte dele, mas eu disse-lhe que não precisava desculpar-se, visto que a falta de estrutura ali certamente não fora por sua culpa, mas motivada pelos desmandos do poder público municipal e que pelo contrário, eu reconhecia o esforço dele e de sua equipe, haja vista as atrações que ali apresentaram-se naquela tarde.
Se faltou estrutura material, não faltou boa intenção e boa vontade para manter a Casa com um padrão de atuação frenética, com tantas atrações arroladas e todas com ótimo nível artístico.
Foi assim, em 1º de dezembro de 2018, na Casa de Cultura de Santo Amaro, na zona sul de São Paulo-SP. Missão cumprida e para a nossa alegria, a próxima etapa estava marcada para o dia seguinte, na Casa de Cultura do Butantã, na zona sudoeste da cidade.
O próximo compromisso da nossa banda deu-se com a retomada da turnê, "Toca Raul", em conjunto com Edy Star e o percussionista, Michel Machado. Foi a terceira etapa e nesta altura, já estávamos habituados não somente com a parte musical, mas com as particularidades que marcaram tal turnê.
Como por exemplo o fato de que o circuito das Casas de Cultura que visitamos e ainda visitaríamos na sequência, caracterizaram o nosso mergulho mais profundo pela periferia da cidade de São Paulo, em várias regiões. Já havíamos visitado os bairros do M'Boi Mirim (no extremo da zona sul) e Cidade Tiradentes (no extremo da zona leste) e houvera sido uma boa aventura deslocarmo-nos para tais quadrantes longínquos e a fazer uso de caminhos muito tortuosos.
Agradecemos o fato de vivermos a realidade da Era digital e se não fossem os aplicativos dos Smatphones e o uso do Google Map como consulta obrigatória quando realizada no dia anterior para cada viagem dessas, realmente teria sido muito difícil chegar em tais logradouros. Esse foi o lado mais sombrio, eu diria.
Mas o lado bom, compensara tudo e não falo apenas pelo prazer de se realizar os shows, mas a constatação de que em tais Casas de Cultura, a amabilidade demonstrada pelas pessoas responsáveis pela sua administração e sobretudo pelo seu engajamento em causas culturais e sociais nobres, encantara-me.
Observei tais características fortemente nas edições anteriores já citadas e agora, nessa terceira edição, não somente comprovei tal prerrogativa novamente, como fiquei ainda mais impressionado. Para início de conversa, a Casa de Cultura Itaquera, fica dentro de um Parque Público, denominado: Raul Seixas, no bairro José Bonifácio, na zona leste de São Paulo.
Um verdadeiro oásis em meio a um enorme conjunto habitacional e a conter uma vegetação vasta, com brinquedos para a criançada, quadras esportivas e diversas atividades culturais oferecidas através de apresentações artísticas, cursos os mais variados etc. e tal.
Assim que cheguei, vi a presença de Carlinhos Machado que chegara antes de todos. Rapidamente ele auxiliou-me a estacionar dentro do Parque e enquanto esperávamos pelos demais, conversamos sobre a beleza do local e o quanto aquele equipamento seria vital para a população daquele bairro e arredores.
A banda a tocar no palco improvisado, no alpendre da casa de administração do parque. Kim
Kehl & Os Kurandeiros + Edy Star e Michel Machado. Turnê Toca Raul.
Casa de Cultura Itaquera / Parque Raul Seixas, bairro José Bonifácio.
São Paulo-SP. 4 de novembro de 2018. Click: Lara Pap
Logo eu fui apresentado pelo Carlinhos à administradora, uma simpática senhora chamada: Aurora e ao caminhar um pouco por tal ambiente bucólico, vi que pequenas charretes coloridas, semelhantes aos famosos, "Tuc-Tuc" indianos, conduziam crianças com a presença de monitoras a segurarem livros infantis em mãos, a narrarem historinhas para os pequenos, enquanto passeavam.
O palco onde atuaríamos, seria na verdade um alpendre de uma casa bem antiga, com característica de casa de fazenda e naquele instante, a atração anterior estava a apresentar-se. Tratou-se de um combo sambista a representar a velha guarda da Escola de Samba Camisa Verde e Branco, tradicional na cidade de São Paulo.
Foram vários cantores em cena, bem idosos, mas com uma vitalidade fora do comum, acompanhados de músicos/membros da escola em questão, a tocarem instrumentos de percussão típicos, além de instrumentistas de cordas, também típicos do samba e um tecladista, que pareceu-me não usual ao combo, pois este se apresentou a ler partitura o tempo todo e harmonizava de uma forma bem sofisticada, a denotar possuir formação erudita ou seja, ele encorpou bem o sambão dos veteranos e simpáticos cantores. Achei bem animada a apresentação e o público presente respondeu com entusiasmo com muita gente a dançar e cantar junto.
Dentro da casa, a hospitalidade foi enorme, antes mesmo de perguntarem o meu nome, já estavam a trazer-me um café passado na hora, ou seja, essa turnê não estava a ser apenas marcada pelos caminhos tortuosos e longínquos, mas permeada pelo contato com pessoas simples, mas idealistas e muito amáveis.
Eis que os demais companheiros chegaram, e assim, paulatinamente eu e Carlinhos que já estávamos a par da questão do estacionamento e onde tocaríamos, ajudamos nessa orientação logística aos demais.
A banda em ação, com Edy Star a cantar. Kim
Kehl & Os Kurandeiros + Edy Star e Michel Machado. Turnê Toca Raul.
Casa de Cultura Itaquera / Parque Raul Seixas, bairro José Bonifácio.
São Paulo-SP. 4 de novembro de 2018. Click: Lara Pap
Então fomos avisados que o show da Escola de Samba estava para acabar e que teríamos cerca de meia hora para arrumar o nosso palco.Tudo muito simples, não haveria como consumir mais tempo do que o programado.
Nesse ínterim, eu pude verificar a existência de inúmeras ilustrações emolduras pelas paredes, a enfocar a figura de Raul Seixas. De certo, de todos os shows dessa turnê, este haveria de ser o mais coadunado pela ambientação, com a proposta do espetáculo e certamente com a figura do Edy e tudo o que ele representa nesse universo formado pelos apreciadores da obra do Raul Seixas.
Com o apoio do simpático técnico de som da Casa de Cultura, eis que aprontamos tudo e verificamos haver na plateia que ali aguardava-nos, a presença de fãs de Raul Seixas, pelas suas vestimentas e adereços a denotar tal apreço pessoal pelo Raulzito.
Mais flagrantes da banda em ação. Kim
Kehl & Os Kurandeiros + Edy Star e Michel Machado. Turnê Toca Raul.
Casa de Cultura Itaquera / Parque Raul Seixas, bairro José Bonifácio.
São Paulo-SP. 4 de novembro de 2018. Click: Lara Pap
Então, eis que iniciamos a apresentação e foi agradabilíssimo tocar com uma resposta tão boa do público. E por sentir tal sinergia positiva, o Edy, que é um artista muito experiente, soltou-se inteiramente e aquele seu lado ator/entertainer de cabaré europeu, fez com que improvisasse diversas brincadeiras com o público, que por sua vez, reagiu bem às piadas e interagiu fartamente com ele.
Inclusive, durante a nossa execução de "Maluco Beleza", três rapazes cantaram, a convite do Edy, mas no terceiro rapaz, que saiu muito do padrão da afinação, o Edy deu um basta sutil na brincadeira e retomou, ainda bem.
Uma panorâmica da banda no palco, com a perspectiva do público. Kim Kehl & Os Kurandeiros + Edy Star e Michel Machado. Turnê Toca Raul. Casa de Cultura Itaquera / Parque Raul Seixas, bairro José Bonifácio. São Paulo-SP. 4 de novembro de 2018. Click: Lara Pap
Enfim, encerramos a apresentação e o clima estabelecido fora tão bom que poderíamos ter até estendido um pouco mais, mas sem iluminação e com a tarde a cair rapidamente, não teve outro jeito.
Foi certamente o melhor show da turnê, até então, e ficamos contentes com tudo o que vivenciamos ali naquela tarde de 4 de novembro de 2018, no Parque Raul Seixas, no bairro José Bonifácio, na zona leste de São Paulo.
Em meio a tantas situações prazerosas que ali observamos, houve espaço para uma ocorrência engraçada, também. Eis que em determinada música que tocávamos, o percussionista, Michel Machado observou-me que havia uma figura exótica a assistir-nos. Tratou-se de um homem a trajar um roupão de banho, que estava ali a assistir-nos. Ora, será que havia alguma piscina disponível no Parque? Ou talvez o rapaz morasse em algum apartamento no entorno, oriundo daquele imenso conjunto habitacional e ao ouvir o som, saiu do banho em sua residência e foi conferir imediatamente o show? Ou mesmo, para fazer jus ao Raul Seixas, o patrono do Parque e o homenageado em nossa turnê, tal espectador fantasiara-se como um genuíno: "Maluco Beleza?" Bem, ficamos sem saber, mas que foi exótico, isso foi.
Na desmontagem do equipamento, o simpático técnico de som contou-me sobre a atuação como militante da organização da Casa de Cultura e o quanto estava magoado por ter ouvido de uma certa senhora (que representava o poder na Secretaria de Cultura Municipal), em recente vistoria, que esta ordenara a completa remoção dos grafites que ornavam a casa, em si.
Ao indagar-lhe sobre o por que dessa ordem, a tal senhora limitou-se a dizer-lhe que aquilo tratava-se de uma aberração e que a "verdadeira" arte era feita apenas por Monet, Rembrandt, Rafael etc.
Chateado, o rapaz dizia-me que não sabia o que dizer aos artistas que haviam feito as ilustrações, todos jovens egressos daquele bairro simples da periferia e que obviamente sentiram-se honrados em prestar tal melhoramento ao Parque que serve-lhes, tão bem.
Bem, a discussão sobre o que é arte ou deixa de ser, vai longe e não cabe aqui, abrir tal reflexão que é bem complexa, No entanto, é bom frisar o que eu vi ali, ou seja, um conjunto de ilustrações criativas e que coloriam o espaço de uma maneira bem salutar, portanto, no mínimo, faltou sensibilidade para essa senhora altiva, que na qualidade de uma gestora de políticas culturais, principalmente no tocante ao lidar-se com populações carentes de bairros periféricos, decididamente não entende nada e deveria ater-se às suas visitas às galeria de arte sofisticadas dos bairros nobres da cidade ou mudar-se para Paris, como desejasse, mas jamais manter um cargo com poder decisório dessa monta para desrespeitar os munícipes, mediante as suas convicções pedantes. E sobre as ilustrações, eu observei inclusive a existência de imagens do Raul Seixas, o patrono do Parque.
O próximo show dessa turnê, seria apenas em 1° de dezembro de 2018, todavia, um show regular d'Os Kurandeiros aconteceria antes e a ser realizado em uma casa que não visitávamos desde 2017.
Edy Star, rodeado pelas pessoas amáveis e muito prestativas que compunham a direção da Casa de Cultura Itaquera/Parque Raul Seixas. O rapaz com chapéu e a mocinha bonita, auxiliaram bastante na logística. A moça com cabelos curtos e vestimenta ao estilo indiano, é a administradora, chamada: Aurora e o rapaz com camiseta azul, ao lado Edy, o técnico de som. Os
Kurandeiros + Edy Star e Michel Machado. Casa de Cultura Itaquera/Parque Raul Seixas. Bairro José Bonifácio em São Paulo. Dia 4 de
novembro de 2018. Filmagem: Lara Pap
Eis acima, um compacto do show: "Toca Raul" com Kim Kehl & Os Kurandeiros + Edy Star e Michel Machado. Casa de Cultura Itaquera / Parque Raul Seixas. Bairro José Bonifácio em São Paulo-SP. Dia 4 de novembro de 2018. Filmagem: Lara Pap
Eis o Link para assistir no YouTube: https://www.youtube.com/watch?v=G3o-f0IqyCg
Com o bom ensaio realizado durante a semana e uma apresentação informal realizada em meio a um show regular d'Os Kurandeiros, na véspera, quando Edy apareceu e passou o show inteiro ao vivo em nossa apresentação, nós ficamos seguros enfim, para iniciarmos a turnê "Toca Raul" com a presença de Edy Star e também com o percussionista, Michel Machado.
Bem, o primeiro ponto a observar-se em relação a esta turnê, foi o fato de que ela montara-se em sua logística a prestigiar apresentações pelo circuito de Casas de Cultura da Prefeitura de São Paulo, sob a administração da Secretaria Municipal de Cultura. Por serem equipamentos montados em bairros longínquos, espalhados pelos quatro cantos da cidade, já fiquei feliz por saber que levaríamos o nosso show para espaços tão bem intencionados em sua missão para levar arte & cultura às populações mais carentes em oportunidades, em todos os sentidos e principalmente no tocante às questões culturais.
Um prazer a mais, portanto, por poder ter contato com os moradores desses bairros tão distantes dos bairros mais centrais da cidade, que pela magnitude territorial da megalópole de São Paulo, ficam distantes da vida cultural mais proeminente da cidade.
Alguns dias antes de realizarmos esse primeiro show da turnê, que realizar-se-ia na Casa de Cultura M'Boi Mirim, no extremo da zona sul de São Paulo, fomos informados que a banda de Heavy-Metal, Vodu, veterana dos anos oitenta e que recentemente anunciara a volta de suas atividades, também apresentar-se-ia no mesmo dia e mais que isso, uma informação vaga dera conta que haveriam outras atrações no mesmo dia.
Fui o primeiro a chegar ao local, no dia da apresentação e tirante as dificuldades operacionais que enfrentei para arrumar um local para estacionar, visto que o entorno do equipamento cultural mostrou-se densamente povoado por estabelecimentos comerciais, incluso um mercado ao estilo Horti-Fruti, muito movimentado.
Por sorte, arrumei uma vaga muito perto e tive o apoio de funcionários da Casa de Cultura, nesse sentido. Aliás, foi a minha primeira boa impressão ali, visto que eu fui muito bem recebido e tratado, de pronto, pelos funcionários da Casa de Cultura, do mais humilde ao mandatário máximo.
Outra observação boa que eu fiz ali, logo que cheguei, veio do mural de atividades, onde eu tomei ciência de que muitas atividades sob cunho nobre, eram feitas gratuitamente a atender-se os moradores do bairro. Aulas de línguas estrangeiras, reforço escolar, aulas de dança e artes plásticas, atividades para a terceira idade e também, muito interessante, cursos de cultivo de hortas e pomares caseiros. Tudo gratuito e apoiado por um sem número de voluntários e em sua maioria, jovens. Impressionei-me por tudo isso e por ver o idealismo e ânimo dessa rapaziada em servirem a sua comunidade.
Logo, uma apresentação iniciou-se, bem simples, com alguns músicos a dar um apoio para um grupo de dança folclórica a defender-se as tradições culturais do estado do Pará. Admirei a sua apresentação feita com bastante dignidade.
Havia pouco público presente, o que achei estranho, visto ser um espaço bem localizado em um ponto do bairro do M'Boi Mirim, fartamente provido por um comércio pujante, e portanto, densamente povoado.
Logo avistei a figura do baterista do Vodu, Sergio Facci e logo em seguida, outro velho conhecido, André "Pomba" Cagni, pessoas que conheço desde os anos oitenta. No caso do André, ele como sempre ativo na militância cultural e política, conversamos um pouco sobre o panorama político daquela atualidade e ele revelou-me que não candidatara-se para o pleito de 2018, visto ter empreendido tais tentativas em eleições anteriores, mas que estava na militância e logicamente apoiava certos candidatos que citou.
Bem, logo chegaram os demais membros de sua banda e os guitarristas, apesar de serem veteranos em termos cronológicos, em nossa faixa etária, digamos assim, não eram os componentes originais, mas o simpático vocalista, Andrews Góis, que cumprimentou-me efusivamente, estava na formação dessa volta da banda às suas atividades.
Eis que Carlinhos Machado chegou e assistiu comigo o final da apresentação do grupo de dança folclórica paraense. Kim Kehl também chegou e ambos tiveram dificuldades para estacionarem os seus respectivos automóveis. A tarde esvaía-se e o Vodu estava prestes a iniciar o seu show, quando Edy Star e a seguir, o percussionista, Michel Machado, chegaram.
Set List que cumprimos na apresentação. Os
Kurandeiros + Edy Star na Turnê "Toca Raul". Casa de Cultura do M'Boi
Mirim, de São Paulo, em 1º de setembro de 2018. Foto: Lara Pap
O show do Vodu começou e o PA fora contratado por eles e compartilhado conosco mediante divisão de despesas. O equipamento pertencia e foi operado por um técnico chamado, Rizzo, que sonorizara um show d'Os Kurandeiros, realizado no Templo Club do bairro do Bexiga, em janeiro de 2016.
Bem, eu pude assistir boa parte do show do Vodu e verifiquei que a equalização e também a iluminação providenciada pela equipe do Rizzo, trabalhou bem. E a banda mostrou estar muito bem afiada, em grande forma técnica e artística e mesmo que o Heavy-Metal não seja um gênero do meu agrado, mas dentro do estilo e da proposta deles, o show foi muito bom.
Infelizmente, também na apresentação do Vodu, o público não apresentou um aumento do seu contingente. Uma pena, pois o palco estava bonito com um equipamento de som & iluminação terceirizado, sob bom nível e uma banda com qualidade a tocar.
Registros da apresentação. Os
Kurandeiros + Edy Star na Turnê "Toca Raul". Casa de Cultura do M'Boi
Mirim, de São Paulo, em 1º de setembro de 2018. Fotos: Lara Pap
Subimos ao palco e iniciamos com uma pequena "overture" que o Kim criara, a evocar uma micro "pout-pourri" com citações de diversas canções do Raul Seixas, o alvo da nossa turnê com Edy Star.
Em seguida, tocamos "Pro Raul" canção do repertório d'Os Kurandeiros e que no set list, foi denominado como: "Raul foi para o Beleléu".
E só então, entrou em cena, Edy Star, de fato uma grande estrela, o último membro da confraria dos "Kavernistas" ainda entre nós e de sua entrada em diante, foi uma sucessão de clássicos executados provenientes de sua carreira solo, do repertório dos Kavernistas, do qual foi membro e do Raul Seixas, seu grande companheiro de jornada artística. Não tivemos um grande contingente, mas este vibrou muito com as canções, a cantar, dançar e aplaudir com muito entusiasmo.
Flagrantes da apresentação. Os
Kurandeiros + Edy Star na Turnê "Toca Raul". Casa de Cultura do M'Boi
Mirim, de São Paulo, em 1º de setembro de 2018. Fotos: Lara Pap
Todos nós divertimo-nos bastante nessa apresentação e saímos muito felizes com a receptividade do público e das simpáticas pessoas que cuidam desse espaço cultural. Foi no dia 1º de setembro de 2018. Um início muito bom para a turnê, lá no bairro do M'Boi Mirim, extremo da zona sul de São Paulo.
Eis abaixo, um especial com alguns momentos da apresentação d'Os Kurandeiros com Edy Star e Michel Machado, na Casa de Cultura do M'Boi Mirim, de São Paulo, em 1º de setembro de 2018.
Eis abaixo o link para assistir no YouTube: https://www.youtube.com/watch?v=4W3N2MAwkD4
"Metamorfose Ambulante" (Raul Seixas), com Os Kurandeiros & Edy Star, na Casa de Cultura do M'Boi Mirim, em São Paulo, no dia 1º de setembro de 2018.
Eis o Link para assistir no YouTube: https://www.youtube.com/watch?v=weP3cK45CR4
"Al Capone" (Raul Seixas), com Os Kurandeiros & Edy Star, na Casa de Cultura do M'Boi Mirim, em São Paulo, no dia 1º de setembro de 2018.
Eis o Link para assistir no YouTube: https://www.youtube.com/watch?v=pvFCXg5-oV4
"O Crivo" (Raul Seixas), com Os Kurandeiros & Edy Star, na Casa de Cultura do M'Boi Mirim, em São Paulo, no dia 1º de setembro de 2018.
Eis o Link para assistir no YouTube: https://www.youtube.com/watch?v=hwkNoqzpCxw
"Maluco Beleza" (Raul Seixas), com Os Kurandeiros & Edy Star, na Casa de Cultura do M'Boi Mirim, em São Paulo, no dia 1º de setembro de 2018.
Eis o Link para assistir no YouTube: https://www.youtube.com/watch?v=_rDCTMM7Q6o
"Êta Vida" (Raul Seixas), com Os Kurandeiros & Edy Star, na Casa de Cultura do M'Boi Mirim, em São Paulo, no dia 1º de setembro de 2018.
Eis o Link para assistir no YouTube: https://www.youtube.com/watch?v=Tq6a5IdfBGw
"Quero Ir" (Raul Seixas), com Os Kurandeiros & Edy Star, na Casa de Cultura do M'Boi Mirim, em São Paulo, no dia 1º de setembro de 2018
Eis o Link para assistir no Yo Tube: https://www.youtube.com/watch?v=Ys-OGZxSwrk
Confraternização final, pós-show. Da esquerda para a direita: Carlinhos Machado; Michel Machado; Edy Star; Kim Kehl e Luiz Domingues. Os Kurandeiros + Edy Star na Turnê "Toca Raul". Casa de Cultura do M'Boi Mirim, de São Paulo, em 1º de setembro de 2018. Foto: Lara Pap
Então, o próximo compromisso dessa turnê seria apenas ao final de outubro. Mas ainda em setembro, houve boas novas para Os Kurandeiros, no campo da divulgação. A dar início, tivemos um especial com cerca de quarenta minutos de duração na Webradio Orra Meu, de Ribeirão Preto-SP, que foi ao ar, em 7 de setembro de 2018.
Em seguida, outro bom especial na Webradio RST, de Niterói-RJ, no ar em 19 de setembro de 2018.
E para coroar o apoio bom que tivemos em Webradios nesse mês, a música: "A Galera Quer Rock" foi marcada para ser executada no playlist da Webradio Crazy Rock, entre os dias 22 e 26 de setembro de 2018.
E assim fechamos o mês, felizes por tais acontecimentos e também por perspectivas que já avistavam-se para o mês subsequente. Continua...
Conforme eu contei anteriormente, quando fiz parte da banda de apoio do cantor, Edy Star, por ocasião de seu show na "Festa Odara", versão de 14 de novembro de 2014, fora um prazer tocar e muitas observações positivas foram objeto de minha avaliação, nesse trabalho.
Em 2015, eu recebi o telefonema da cantora, Renata "Tata" Martinelli e desta feita, ela é que estava a organizar os preparativos para uma série de shows que Edy Star realizaria em um circuito de teatros da prefeitura de São Paulo, a estabelecer uma espécie de mini turnê, mas eu estava em plena fase de convalescença de minhas duas primeiras cirurgias (fiz mais uma a posteriori), e não pude aceitar o convite, ao perder a oportunidade.
E no meio do caminho ainda ocorrera a "Virada Cultural" de São Paulo, onde eu também perdera a chance de realizar um show perante uma grande multidão, com direito a um cachê robusto, inclusive...
Entretanto, ao final de 2016, o Kim Kehl mais uma vez abordou-me (e ao Carlinhos Machado, também), e convidou-me novamente a fazer parte da banda de apoio de Edy Star, e desta feita seria em moldes diferentes da apresentação da qual eu participara em 2014.
Primeiro, que não seria anunciada a nossa participação como "Easy Rider Band", mas apresentar-nos-íamos com a nossa identidade habitual, ou seja, "Os Kurandeiros". Segundo aspecto, a festa desta vez seria temática e o mote escolhido fora a efeméride dos "cinquenta anos do movimento tropicalista na MPB", a demarcar o espaço de tempo entre 1967 e 2017.
Dessa forma, o repertório sugerido pelo Edy, versava muito em canções de Caetano Veloso e Gilberto Gil, como base do espetáculo, mas haveria as canções tradicionais que compõe o repertório base do Edy, em suas apresentações regulares, ou seja, bastante Rocks da Era pré-Jovem Guarda e algumas canções mais modernas, além é claro de muito material clássico do Raul Seixas, pela ligação artística e histórica que ambos tiveram nos anos setenta etc. e tal.
O palco montado para o soundcheck no Cine Joia. À esquerda, eu, Luiz Domingues a fazer os meus últimos ajustes no baixo e amplificador. 13 de janeiro de 2017. Click, acervo e cortesia: Carlinhos Machado
E um terceiro ponto, talvez temerário em tese, que revelava-se na extrema simplicidade da formação, por resumir-se ao Power-Trio dos Kurandeiros e a inclusão de apenas um músico a mais para reforçar o time, na figura do percussionista, Michel Machado.
Tocar em formato "Power-Trio" é algo que eu fiz muito na vida, em boa parte da carreira d'A Chave do Sol e voltei a praticar nessa fase com Os Kurandeiros, desde 2011, e claro que não preocupava-me em nada, no entanto, para acompanhar um outro artista e com o repertório proposto, a presença de um segundo guitarrista a apoiar na harmonia e melhor ainda, se fosse um tecladista, seria ótimo pelas circunstâncias, mas isso não foi possível e assim, tivemos que preparar muitas músicas sob um curto espaço de tempo e com essa formação bem básica.
Pior que isso, algumas canções escolhidas para a apresentação, ostentavam características experimentais acentuadas, caso de canções como: "Alegria, Alegria" e "Tropicália", a conter todos aqueles detalhes com orquestrações e elementos psicodélicos "nonsense", portanto, tocá-las assim, em formato Power-Trio, e só com o acréscimo de um percussionista, seria temerário sob uma primeira avaliação.
O set de guitarra de Kim Kehl, pronto para a ação, no Cine Joia. Click, acervo e cortesia: Kim Kehl
Certo, preparamos tudo e fomos para o primeiro ensaio, embora dias antes disso, o Edy Star fora convidado pelo Kim Kehl e fez uma breve aparição em um show dos Kurandeiros, onde ele cantou algumas canções que tocaríamos na Festa Odara.
Nessa participação, nós estávamos prontos para tocar tais músicas baseadas nos arranjos e tonalidades dos seus respectivos álbuns, onde estão registradas, mas o Edy surpreendeu-nos com pedidos de mudanças súbitas no andamento e tonalidades. Bem, maneirismo típico de cantor, quem está acostumado a tocar em banda base de cantores, sabe o quanto isso é normal, apesar de ser obviamente um transtorno e tanto para qualquer instrumentista, tal como um piloto a estabelecer modificações na rota, com o avião em pleno voo...
Já no ensaio, a mostrar-se contrariado com certas tonalidades e andamentos, ele fez várias pedidos para que estabelecêssemos outras modificações e ali, tratara-se da véspera do show, portanto, lá fui eu fazer transporte de harmonia para várias canções e na dúvida, fiquei com duas versões de cada música preparadas, exatamente por prever que na hora do show, não seria nada surpreendente que ele desistisse da modificação e pedisse para tocarmos no tom original do disco.
Mais habituado a lidar com tal tipo de situação, o Kim aproveitou e contou-me que quando acompanhou uma dessas duplas sertanejas mainstream, era comum os sujeitos pedirem modificações harmônicas aos músicos, com o show em andamento, ao provocar desconforto generalizado para a banda inteira, naturalmente. Tudo bem, saímos todos ilesos do ensaio, e assim, seria contar com o velho espírito Kurandeiro do improviso, em eventuais momentos de pane, e modéstia a parte, a nossa banda de tanto tocar na base do improviso, ficara bastante calejada nesse sentido.
Nesse click da fotógrafa, Carol Mendonça, a partir do mezanino do Cine Joia (nós e Edy, bem lá no fundo), dá para ter-se a dimensão do ambiente triangular da sala, com o palco a perfazer o seu ângulo. 13 de janeiro de 2017
O local do show seria outro, também, desta vez em relação ao show em que eu participara em 2014. Ainda mais interessante ao meu ver, o Cine Joia, uma ex-sala de cinema, ainda mantinha a sua arquitetura cinquentista, muito glamorosa. Cinéfilo que sou desde a tenra infância, não contive o meu ímpeto, assim que cheguei ao estabelecimento e fiz uma turnê solitária pelas suas dependências.
Cinema histórico na cidade de São Paulo, para quem não conhece sua trajetória, digo resumidamente que tal sala fora construída com o intuito de exibir filmes japoneses e sem legenda, exatamente para atender a colônia nipônica radicada na cidade e registre-se, São Paulo é a maior cidade "japonesa fora do Japão", no mundo, dada a imigração que foi massiva por aqui e que naturalmente gerou milhões de descendentes. Por anos a fio, o Cine Joia cumpriu a sua função com muita dignidade, sendo um polo cultural para a colônia, ao apoiar principalmente os imigrantes mais idosos, que tinham imensa dificuldade para aprender o nosso idioma e assim, ir ao Cine Joia e assistir um bom filme japonês e poder ouvir a sua língua, evitava que entrassem na depressão inevitável pela não adaptação ao Brasil.
E claro, o Cine Joia fica encravado no centro do bairro da Liberdade, onde a tradição dos orientais construiu-se na cidade e por décadas foi considerado o bairro japonês da cidade. Ainda há nos dias atuais a presença de um comércio fortíssimo dos japoneses ali, mas nos dias atuais, os chineses e coreanos também estão ali a trabalhar nos serviços, em profusão.
Bem, apesar disso tudo, por ser uma ex-sala de cinema e não ter sido muito drasticamente modificada para vir a ser uma casa de shows na atualidade, o palco em formato de uma concha, pareceu-me mal aproveitado, com uma profundidade que não servia para nada e a parte útil de fato, prejudicada pela dimensão exígua. Bem, a vantagem foi que tocamos em quarteto, com um mapa bem simples. Bateria e percussão na linha de trás e guitarra e baixo na segunda linha, para deixar a frente para o Edy, a estrela da noite, naturalmente.
No acesso ao camarim, a banda reunida com Edy Star, momentos antes do show. Da esquerda para a direita: Luiz Domingues, Kim Kehl, Edy Star, Michel Machado e Carlinhos Machado. Cine Joia, 13 de janeiro de 2017. Foto: Carol Mendonça
Gostei do caminho interno para os camarins, com certo sentido labiríntico e a existência de muitos cartazes antigos de filmes japoneses que certamente ali foram exibidos. Isso foi incrível mesmo, gostei muito de ver essa memorabilia ali exposta, ainda que não exatamente bem cuidada, uma pena. Nos momentos antes do show, Edy divertiu-nos no camarim, ao contar-nos histórias sobre suas andanças por Portugal, no início dos anos setenta, quando atuara como ator, em montagens teatrais.
Os Kurandeiros (Carlinhos Machado, Kim Kehl & Luiz Domingues), no camarim do Cine Joia, em 13 de janeiro de 2017, desta feita a serviço de Edy Star. Foto: Lara Pap
Sobre a organização, tudo foi muito bem azeitado, essa rapaziada organizava essa festa há anos, portanto tudo correu muito bem, não tive nada a reclamar e pelo contrário, só tenho elogios. Incluso na contratação de um equipamento de som e iluminação com qualidade, ou seja, foi um alívio para todos.
Outra foto do momento do soundcheck, no período da tarde. Da esquerda para a direita: Kim Kehl, com Carlinhos Machado ao fundo na bateria, Edy Star, Michel Machado na percussão, atrás e Luiz Domingues.Foto: Lara Pap.
Edy Star é um artista performático e por conter a formação como ator, não contentava-se em cantar e fazer mise-en-scène tradicional, mas sempre buscava um algo a mais. Durante o soundcheck, ao olhar o palco com uma considerável altura em relação ao patamar básico do público (havia também um mezanino muito bonito), ele inventou de iniciar o show a vir a cantar por trás do público e subir ao palco por uma escada de acesso frontal. Até aí, tudo bem, boa a ideia pelo aspecto impactante que daria na hora do espetáculo, todavia a escada era íngreme, sem apoio de segurança e pior, sob a plena escuridão estabelecida sobre o público e iluminação ofuscante na contraluz, portanto, o risco dele desequilibrar-se e cair seria enorme e colocava-se aí nessa receita a sua idade cronológica, com quase oitenta anos de idade naquela ocasião, portanto isso gerou uma preocupação generalizada.
Luiz Domingues na primeira foto, Kim Kehl na segunda e Michel Machado & Luiz Domingues na terceira. Edy Star + Os Kurandeiros na "Festa Odara", no Cine Joia de São Paulo. 13 de janeiro de 2017. Clicks de Carol Mendonça
Mas ele insistiu e de fato, na hora do show a banda entrou a tocar a música: "Os Mais Doces Bárbaros", que aliás é uma canção que eu adoro do repertório desse trabalho do super grupo formado por Gil, Gal, Bethânia e Caetano, quando atuaram como uma banda nos anos setenta. Foi inevitável buscar a minha lembrança sobre por quantas vezes eu fui ao Cine Belas Artes assistir o documentário dessa turnê dos "Doces Bárbaros", e adorava ver a abertura do show com essa mesma canção e com o Arnaldo Brandão a destruir tudo no seu baixo Fender... claro que toquei com muito prazer ao pensar nessa minha reminiscência setentista e óbvio que tocaria a canção na mesma intenção do Arnaldo, com aquele swing todo orientado pelo R'n'B/Soul Music.
E o Edy fez o que prometeu... veio a cantar da plateia, com um canhão de luz ao estilo, "super trouper", a acompanhá-lo e todo "Glam", subiu apoiado por seguranças e não perdeu o pique...
Edy Star, todo "Glam" ao microfone, com Luiz Domingues no primeiro plano e atrás, encobertos, o percussionista, Michel Machado e o baterista, Carlinhos Machado. 13 de janeiro de 2017, no Cine Joia de São Paulo. Click de Carol Mendonça
Fora disso, o repertório recheado por músicas da tropicália e MPB, acertou na mosca, eu diria, pois o público saiu a cantar e dançar o tempo todo. O percussionista, Michel Machado, era (é) um excelente músico e tratou de fornecer o "champignon" ao show, como dizia o saudoso, Wilson Simonal.
Uma panorâmica do palco. Da esquerda para a direita: Kim Kehl, Edy Star e Luiz Dominguesna linha de frente. Atrás, Carlinhos Machado e Michel Machado. Festa Odara no Cine Joia de São Paulo. 13 de janeiro de 2017. Click de Carol Mendonça
Um dado engraçado sobre esse show, ocorreu que em um determinado momento, eu olhei para baixo e vi algumas pessoas a chamar-me a minha atenção, mediante gesticulação. Quando fitei-as, vi que uma menina mostrou-me uma tela de um "tablet" com os seguintes dizeres grafados: "Fora Temer"... e além do mais, ela e a sua turminha faziam sinais para eu ir ao microfone e insuflar a massa com tal "mantra".
Ora, eu não poderia tomar tal iniciativa de forma alguma, visto eu ser ali um acompanhante. O dono do show era o Edy, e eu jamais poderia afrontá-lo ao tomar uma atitude impertinente dessas. Segundo ponto, mesmo não sendo nada simpático ao governo desse senhor citado e ao seu partido, eu não faria isso nem que fosse um show regular dos Kurandeiros, minha banda, e onde teria liberdade para tomar uma atitude dessas se fosse o caso, pois mesmo assim, isso só seria cabível se a banda toda estivesse de acordo com a tomada de posição política e além de amplamente debatido no nosso ambiente interno, houvesse 100 % de concordância com tal tomada de posição em público, ao expor a banda dessa forma.
Ao pensar nisso tudo sob uma fração de segundos e sem deixar de tocar, simultaneamente, eis que eu sinalizei para a garota que não poderia fazer isso, mas não fui hostilizado por ela e seus amigos. Pelo contrário, ela sinalizou-me com o dedão, ao fazer o clássico sinal de "positivo", a denotar entender a minha posição ali em cima do palco.
Mas não adiantou nada eu não ter evitado essa manifestação, pois na primeira pausa possível entre uma canção e outra, alguém do público emitiu a palavra de ordem e a massa aderiu com contundência. Mas nós ignoramos a manifestação e encobrimos o coro com tal teor político, ao começar imediatamente o próximo número e ninguém ali sentiu-se ofendido. Passaram a cantar e dançar, com o "comício" político a encerrar-se de forma natural...
Bela perspectiva com o público de frente e toda a banda a ser agraciada com o púrpura profundo proposto pelo iluminador so espetáculo... Festa Odara, no Cine Joia de São Paulo. 13 de janeiro de 2017. Click de Carol Mendonça
Finalizamos o show com o público bastante satisfeito, a aplaudir bastante o Edy e por conseguinte a banda. Acho que demos o recado e cumprimos a missão com bastante sucesso. No camarim, no momento do pós-show, o cansaço foi grande. A madrugada quente de verão estava avançada e pela vidraça ali disponível, víamos a Avenida 23 de Maio, semi deserta, uma cena rara por tratar-se dessa via de São Paulo, tradicionalmente sempre cheia, mesmo durante a madrugada.
Na saída, recebemos muitos cumprimentos. Essa sinalização do público de que havia gostado, foi muito positiva e surpreendeu de certa forma quando alguns mais antenados, fizeram considerações mais embasadas da nossa performance e a demonstrar ter cultura Rocker, pelas colocações feitas. Prazeroso, portanto, por essa não esperávamos e claro que foi um incentivo a mais.
Edy Star sob as bênçãos de Caetano Veloso nas imagens projetadas ao fundo do palco. Carlinhos Machado ao fundo, na bateria e Luiz Domingues no primeiro plano. Festa Odara no Cine Joia de São Paulo. 13 de janeiro de 2017. Click de Carol Mendonça
Missão cumprida, foi o meu segundo show com Edy Star e mais uma vez foi prazeroso por muitos aspectos já citados ao longo deste capítulo. Aconteceu em 13 de janeiro de 2017, no Cine Joia, localizado no bairro da Liberdade, zona centro-sul de São Paulo, com cerca de quinhentas pessoas presentes.
E assim foi este trabalho avulso (embora híbrido, posso afirmar, visto que a estrela fora o Edy, mas Os Kurandeiros levaram crédito, igualmente).
Capítulo sempre aberto para novas investidas, Já tenho uma nova história, procure pelo capítulo 87, por favor, amigo leitor!
Um resumo da "Festa Odara" em 13 de janeiro de 2017, no Cine Joia do bairro da Liberdade, em São Paulo. Edy Star com Os Kurandeiros
Eis o Link para assistir no YouTube: https://www.youtube.com/watch?v=UR__OGJ8rBo