sábado, 30 de março de 2013

Autobiografia na Música - Boca do Céu / Bourréebach - Capítulo 53 - Por Luiz Domingues


Concentramos nossas forças no objetivo em participarmos do Festival do Teatro Paulo Eiró, a manter a mesma dinâmica de ensaios.


Conforme já havia comentado anteriormente, nosso guitarrista, Osvaldo Vicino, dava sinais de dispersão já há algum tempo, mas nesse segundo semestre, parece que degringolou mesmo, com sistemáticas faltas, e um ar desinteressado nos ensaios, a contrastar com o comportamento norteado pela força de vontade, que exibira desde o começo, em 1976. A gota d'água deu-se no dia em que íamos para o ensaio, a caminho da residência da Pollyana Alves, em um sábado, e o vimos  a caminhar em uma rua próxima à Av. Paulista, com cabelos cortados, e a usar um figurino ao estilo do John Travolta. Dias depois, ele confessou-nos que dirigia-se à uma Discothèque... suportamos tal situação mais um pouco, mas a ruptura estava anunciada.
Nessa época (setembro de 1978), fui com o Laert assistir alguns shows do Festival de Jazz de São Paulo, que causou muito alarde à época. Foi uma edição do famoso Festival de Montreux / Suíça e muitas atrações internacionais excelentes apresentaram-se.
Eu e o Laert (encontramo-nos com Pollyana Alves e sua irmã, a super simpática, Eliana Rímoli Alves, também ali no ambiente do festival), fomos ver “Chick Corea”; “John MacLaughlin”; “Patrick Moraz”; “Hermeto Paschoal”; “Egberto Gismonti” etc. Pela TV, nos outros dias em que não fomos (fomos em dois), vi “B.B.King”; “Etta James”; “Al Jarreau”...
Por exemplo, ao assistir o show pela TV, constatei que Etta James exagerou, ao levantar a blusa, e cantar com os seios desnudos, por alguns instantes e isso provocou uma reação indignada do comentarista da TV Cultura de São Paulo, Zuza Homem de Mello, que ignorou o show sensacional que ela estava a realizar, para centrar a sua indignação pelo ato dela, mediante suas impressões moralistas. 


B.B. King foi maravilhoso. Foi a primeira vez que o Rei do Blues veio ao Brasil e todos ficamos maravilhados com a presença desse grande mestre, em palco paulistano. Anos depois e ele passou a comer pastel, nas feiras livres de São Paulo, tamanha a quantidade de vezes em que voltou para tocar aqui, mas naquela época, foi uma novidade extraordinária.



Nos shows que assisti ao vivo, adorei o John MacLaughlin. Com um quarteto afiado. Lembro-me de que na banda dele, o baixista foi o Fernando Saunders, que posteriormente tocou com Jeff Beck, e outras feras. Na bateria, teve a presença de Tony Franklin, e no violino, L. Shankar, cuja presença aqui causava furor entre os Hippies locais, por este músico ser sobrinho do citarista indiano, Ravi Shankar. Apesar da óbvia influência jazzística, via fusion, esse quarteto tinha pegada, como rockers, a tocar com uma garra incrível, fora o seu virtuosismo habitual.


Continua...

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