domingo, 3 de setembro de 2017

Autobiografia na Música - Kim Kehl & Os Kurandeiros - Capítulo 59 - Por Luiz Domingues

Da esquerda para a direita: Kim Kehl, Carlinhos Machado e Luiz Domingues. Os Kurandeiros ao vivo no Fofinho Rock Bar em 5 de fevereiro de 2017. Foto: Lara Pap

O próximo passo d'Os Kurandeiros ocorreu novamente no ambiente do "Fofinho Rock Bar", e desta feita o automóvel do nosso convidado, Cris Stuani, não teve falhas mecânicas e assim, a sua presença a fazer uma apresentação solo, na base da voz e violão, só abrilhantou a tarde & noite. 

Contudo, as condições de trabalho em nada melhoraram, e se nós já não estranhávamos tal situação, o nosso convidado ficou estupefato, ainda por se considerar tratar-se de uma apresentação acústica. 

Pois é, assim que ele subiu ao palco e preparou-se para iniciar sua performance, Cris falou ao microfone algo como: -"por favor desliguem o som mecânico que vou começar!" 

Entretanto, nós o advertimos que não desligariam o som do salão e que ele deveria iniciar o seu show assim mesmo e lá foi ele heroicamente a cantar "Come Together" dos Beatles, e a ter a concorrência de um som mecânico a reproduzir vocalistas de Heavy-Metal com os seus gritos agudos típicos, vindos do salão superior, sob um volume ensurdecedor a atrapalhar a sua arte. 

Paciência, ficamos chateados com tal situação e aí começou um novo problema para nós, visto que a incumbência de convidar artistas foi nossa, mas diante de tal realidade, como justificar aos nossos convidados que as condições eram essas?

O ótimo Cris Stuani, ao centro, também fez participação conosco, no decorrer do espetáculo. Foto: Regina de Fátima Galassi 

Bem, apesar dos pesares, com guerra de PA's, e públicos distintos e desinteressados a passarem para lá e para cá, ainda assim, nos momentos de pico, onde pequenas aglomerações traziam-nos atenção e sinalização de euforia até, fazia valer a pena acreditar no projeto e claro, não resignamo-nos ao continuarmos a reivindicar melhorias e houve o compromisso de ao menos analisarem os nossos pedidos e mais uma vez eu realço, só pedíamos mudanças plausíveis, a visar melhorar a qualidade sonora e visual dos espetáculos, ou seja, nada "estrambótico", mas pelo contrário, foram questões mais do que justas e necessárias. 

Bem, o set acústico de Cris Stuani foi muito bom, ao propor versões acústicas para Rocks e Blues clássicos. Violão bem tocado e vozeirão que já conhecíamos há tempos, foi muito bom contar com o seu brilhantismo. 

Kim Kehl a andar pelo salão em momento de solo, em meio aos freaks a dançarem. Luiz Domingues compenetrado no palco, a manter a base da banda, com Carlinhos Machado na bateria e a estar fora do enquadramento. Os Kurandeiros no Fofinho Rock Bar, em 5 de fevereiro de 2017. Foto: Regina de Fátima Galassi

Mais uma vez tocamos as músicas novas, contidas no EP Seja Feliz e foi incrível como esse trio de novas canções agradavam em cheio ao vivo, não somente nessa apresentação, mas desde que incorporaram-se ao set list das nossas apresentações. Aconteceu no dia 5 de fevereiro de 2017. no Fofinho Rock Bar, de São Paulo.

Mais momentos do show dos Kurandeiros em 5 de fevereiro de 2017, no Fofinho Rock Bar. Fotos: Regina de Fátima Galassi

A próxima investida seria no mesmo espaço e dentro do espírito do mesmo projeto do qual estávamos a nos esforçarmos a dar o nosso melhor, aliás a outorgar sucessivos votos de confiança para a casa, que a cada edição não demonstrava modificar algumas questões que foram gritantes e sendo a principal, certamente a presença de dois PA's acionados com música mecânica, em patamar de volume altíssimo e simultaneamente ao nosso próprio PA e backline. 

Essa questão foi crucial ali, não resta dúvida e de certa forma levou-nos ao constrangimento no tocante a convidarmos outros artistas e nesse caso, justificara-se a nossa relutância, no sentido de que não queríamos expor outros artistas e no caso, invariavelmente amigos nossos, a esse tipo de incômodo. 

Contudo, mesmo ao avisarmos a próxima banda convidada, previamente sobre a situação ali instaurada, eles aceitaram participar e assim, nós fomos lá, para exercer o Rock guerrilha dominical...

Dessa maneira, convidamos os amigos do "Pompeia 72", anda com proposta centrada no repertório Classic Rock das décadas de 1960 & 1970, a participarem. 

Foi muito prazeroso ter a tarde/noite compartilhada com tal banda, não só pela sua performance musical ótima e escolha de repertório agradável ao nosso gosto pessoal, mas também pelo convívio e conversa boa que travamos. 

O baterista, por exemplo, o excelente Henrique Iafelice, lembrou-se  dos seus momentos como integrante da ótima banda "Zângoba", contemporânea da minha banda nos anos 1980, e tal qual "A Chave do Sol", esse grupo tratava-se de um trabalho anacrônico para aquela década, pois era calcado no Jazz-Rock setentista e ali no calor oitentista, isso era execrado pela "intelligentsia" reinante. 

Conversei também com o tecladista (J. Eduardo Delboux), ao parabenizá-lo por ter executado "Tarkus" do Emerson/Lake & Palmer à perfeição durante o soundcheck, a demonstrar o seu alto nível como músico. 

E também com o sempre simpático guitarrista, Geraldo "Gegê" Guimarães e o vocalista da banda, sobre reminiscências dos anos setenta. Fora o caso também do baixista, Walter "Alemão", que era naquele instante, um veterano com tantas histórias acumuladas na música quanto todos nós ali e eu recordava-me dele presente no compacto da banda paulistana "Santa Gang", em que Rubens Gióia, meu colega d'A Chave do Sol fora componente também, lá pelos idos de 1981, e igualmente em nosso convívio em tantos bastidores de shows compartilhados quando ele foi baixista da banda punk, "Não Religião" nos anos noventa, e nessa época eu estava no "Pitbulls on Crack". 

Enfim, as conexões ali foram múltiplas e essa edição foi das mais agradáveis do Projeto "Sunday Rock", pelo aspecto lúdico, extra- show. Aconteceu no dia 19 de fevereiro de 2017, no Fofinho Rock Bar, de São Paulo.

Pelo fato da apresentação deles ter sido só baseada em covers internacionais, resolvemos oferecer uma contrapartida, e assim, a nossa foi 100 % autoral. Dessa forma, creio que o público da casa saiu satisfeito por ter as duas opções, de maneira farta. 

Alguns dias depois e fizemos parte da celebração do natalício de Gegê Guimarães, em uma outra casa, com show compartilhado, novamente. Falo sobre isso no próximo capítulo.

Continua...

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