Os Kurandeiros em ação no Santa Sede Rock Bar de São Paulo, em 21 de dezembro de 2017. Clicks: Lara Pap
E para coroar a ótima temporada que realizamos nessa casa em novembro, com direito a dois shows extras em dezembro, o show do dia 21 de dezembro foi espetacular pelo quesito da "animação". Casa muito cheia e com momentos de euforia bem proeminentes, deu-nos assim a sensação boa da reverberação perfeita que provocamos e cujo eco veio forte da parte do público, isto é, aquela decantada "sinergia" que sempre gostamos de estabelecer e nem sempre acontece, mas desta feita, veio forte, eu posso garantir e guardo na memória essa feliz conjunção de fatores que levaram-nos a tal resultado.
O tradicional "Walk Solo" de Kim Kehl pelas dependências da casa. Foto 1: Kim Kehl a tocar com o guitarrista, Adilson Oliveira (Lee Recorda) e sua esposa sentada a gesticularem. Foto 2: A artista plástica e artesã, Pat Freire e Kim Kehl, além de estranhos nas imediações. Foto 3: Da esquerda para a direita: Rogério Utrila (radialista e produtor musical), Sandra Marque (produtora musical), Gigi Jardim (produtora musical), Kim Kehl e mais afastados, Jani Santana Morales (produtora musical) e Adilson Oliveira (guitarrista e radialista. Os Kurandeiros no Santa Sede Rock Bar de São Paulo, em 21 de dezembro de 2017. Clicks: Lara Pap
Prestigiado por muitos amigos, foi também o show de natal Rocker que veio a calhar para uma confraternização tão especial.
Uma boa nova, ainda nessa semana, Kim Kehl comunicara à banda que estava a trabalhar em uma nova compilação, desta feita a selecionar tracks ao vivo de diversos shows e assim, abriu-se a perspectiva concreta para o lançamento de um álbum ao estilo "bootleg", a conter material ao vivo oriundo de várias ocasiões e não necessariamente a ter grande apuro no áudio.
Pois no espírito de disco pirata, o que importa é a energia da banda, a se tornar facilmente um item colecionável e importante para todo fã. Portanto, ficara para o começo de 2018, tal novidade alvissareira.
Mas o ano ainda teria um último compromisso e que realizar-se-ia em um simpático espaço noturno onde apresentáramo-nos anteriormente por três vezes, nesse ano de 2017, que findara-se. O Tchê Café...
E assim, fechamos o ano de 2017 com um show no Tchê Café, simpática casa administrada por gaúchos radicados em São Paulo, próximo ao aeroporto de Congonhas.
Clima de fim de ano, com a cidade vazia a ostentar uma facilidade incomum para a locomoção, foi fácil ao extremo para eu chegar ao endereço em questão, quando em outras ocasiões, normalmente geraria um certo cansaço pelo trânsito pesado em avenidas como a Rubem Berta e Washington Luiz.
Fizemos o soundcheck com tranquilidade e logo a seguir, nós iniciamos a apresentação. No entanto, assim que começamos a primeira entrada, o Kim sofreu com o amplificador ali disponibilizado, que apresentou problemas, mas após efetuarmos uma troca, com um outro aparelho e desta feita em ordem, foi incrível, mas o som no palco e via PA ficou bem encorpado e a preservar os timbres com bastante qualidade, portanto, tal fator técnico aliado ao fato de que a casa lotou e mediante um tipo de público animado que interagiu bastante conosco o tempo todo, empolgamo-nos e fizemos um show bastante inspirado.
Outra foto da banda sob panorâmica geral. Os Kurandeiros no Tchê Café de São Paulo, em 30 de dezembro de 2017. Foto: Lara Pap
Tivemos as presenças ilustres de Fulvio Siciliano e do também guitarrista, Vander Bourbon, a prestigiar-nos, além do vocalista Alexandre Ruger, este que ao ser reconhecidamente um especialista em Rolling Stones/Mick Jagger, atuava há anos em bandas tributos dos Stones (naquela atualidade em ação com a banda cover/tributo, "Rockinstones"), e ele subiu ao palco para cantar conosco, duas canções dos Glimmer Twins: "Honk Tonk Women" e "Jumpin' Jack Flash", com uma atuação vocal e sobretudo pelo mise-en-scène, muito parecida com a performance do Mick Jagger, a demonstrar que realmente esmerava-se em suas apresentações regulares, em bandas Tributo aos Rolling Stones.
Mais que isso, Kim Kehl relatou-nos que Ruger era um músico com profunda formação erudita, por haver estudado composição e regência na Universidade e por ter nascido em meio a uma família com muitos músicos ligados à música erudita, daí a sua sólida formação musical. Além de tudo isso, ele era um multi-instrumentista brilhante, portanto, mais um desses talentos incríveis que o Brasil não valoriza em detrimento de fomentar uma horrenda ode à subcultura e anticultura de massa no patamar mainstream. Acostumamo-nos a conviver com tal realidade atroz, mas um dia essa inversão de valores há de cair.
A banda a posar na parte externa da casa, minutos antes de dar início ao espetáculo. Os Kurandeiros no Tchê Café de São Paulo, em 30 de dezembro de 2017. Foto: Lara Pap
Foi uma noitada memorável pela euforia gerada e certamente coroou a última apresentação d'Os Kurandeiros em 2017, a poucas horas do encerramento desse ano e a anunciar o novo ano, 2018, que teria tudo para manter a boa fase em que a nossa banda se encointrava.
Como se não bastasse tudo isso, ainda tivemos o requinte de executar a releitura de uma canção do "Mixto Quente", banda pregressa da carreira do Kim, chamada: "Desprevenida".
Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=41PFEl02-QA
Os Kurandeiros no Tchê Café de São Paulo, em 30 de dezembro de 2017, com cerca de cinquenta pessoas presentes na casa. E assim, encerrou-se o ano de 2017 e cabe uma análise sobre tal período, que revelou-se tão fértil na carreira de nossa banda.
Bem, o ano de 2017 mostrou-se muito produtivo para a nossa banda, não só pela agenda promissora que arregimentou quarenta e dois shows ao longo do ano, o que foi um expressivo resultado ao levar-se em conta a nossa condição como artista a militar no patamar underground da música.
Sem medo de cometer exagero algum, esse número foi tão extraordinário, que não tenho dúvida que ultrapassou a marca de muito artista de médio porte, com infraestrutura muito maior do que a nossa, portanto, foi extraordinário ter tido uma agenda tão boa, em meio a uma crise cultural a se mostrar crônica que assolava o Brasil como um todo e com o dramático reflexo no âmbito do show business/área musical e cultural em geral e a amplificar-se ainda mais ao se considerar que especificamente, o funil cruel estreitava o nosso nicho de maneira a sermos tratados como outsiders dentro do minúsculo universo do Rock underground.
Portanto, ser Rocker e atuante no panorama da avassaladora crise cultural em meio a uma política de difusão completamente dominada pelos artífices da anticultura, representara uma morte lenta por inanição para qualquer artista, mas ante tal resultado, Os Kurandeiros tiveram que comemorar e muito, por termos tocado ao vivo, tantas vezes, a alcançar uma média impressionante em contraste com as dificuldades imensas que desenharam-se à nossa frente.
Mas não foi só pela construção de uma agenda histórica que deveríamos comemorar o ano de 2017. O fato de termos conseguido lançar mais dois álbuns, a se tratar de um CD com inéditas a apresentar formações anteriores ("Sete Anos") e o outro a se mostrar como uma coletânea a mesclar material antigo e/ou engavetado e inéditas/ao vivo de nossa formação, incluso ("O Baú dos Kurandeiros"), também foi um ato heroico, a seguir a mesma linha de raciocínio anterior, ou seja, ante a crise geral, a derrocada da indústria fonográfica, a dispersão completa do público pela pulverização fútil proposta pela internet e principalmente pela massacrante formação de opinião a favor da anticultura etc.
E ainda tivemos o convite a participar de uma coletânea coletiva produzida por terceiros, outra boa nova, via: "Quem Sabe Faz Autoral/Volume 2".
Em suma, foi um ano muito bom para Os Kurandeiros e fora tudo isso que eu arrolei para ser comemorado, já abriu por conseguinte uma perspectiva alvissareira para 2018 poder ser igual, quiçá melhor, e assim o desejávamos, certamente.
E a reforçar tal conceito com um dado concreto, ao final de 2017, houveram os esforços empreendidos da parte do Kim Kehl, ao produzir um novo álbum a ser lançado no início de 2018, a conter material gravado ao vivo pela nossa formação e com acréscimos de material mais antigo, a apresentar também gravações perpetradas por formações anteriores.
Sendo assim, em 2017, levamos ao pé da letra a máxima proferida em 2016, quando a banda bradou aos quatro ventos: Seja Feliz!
Pois não só cumprimos tal profecia e passamos a revirar o Baú dos Kurandeiros com bastante vigor, mas também fomos tocar muitas vezes pelos palcos da Grande São Paulo, em 2017, ou seja, como dizia o Sérgio Sampaio: "botamos o nosso bloco na rua"...
Continua...
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