quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

Crônicas da Autobiografia - Fatos que Estragam Momentos Mágicos em um Show de Rock - Por Luiz Domingues

Aconteceu no tempo do... (nesta crônica, eu menciono fatos que ocorreram-me em um período elástico, do final dos anos oitenta, ao final dos anos noventa, portanto sob um período a compreender entre o meu tempo de atuação com A Chave/The Key, até a minha saída do Pitbulls on Crack)

Ali pela metade dos anos oitenta, foi que houve uma aceleração mais visível do processo iniciado timidamente nos anos sessenta (com o avançar gradual pela década de setenta), em prol de tornar o Brasil um país preparado para entrar no circuito mundial de turnês dos grandes e médios artistas internacionais. 
 
E nessa onda de profissionalismo que enfim começou neste país, muitos artistas do Rock das décadas de sessenta e setenta, pejorativamente chamados como “dinossauros”, mediante uma nítida intenção deliberada para estigmatizá-los como “velhos & decadentes”, vieram ao Brasil em sequência, dali até o início dos anos noventa e independente da fase em que viviam, envelhecidos ou não, fãs tupiniquins que não tiveram a oportunidade de assisti-los em seu auge criativo, não furtaram-se diante de tais oportunidades e lotaram os espaços por onde tais veteranos astros apresentaram-se em São Paulo, Rio de Janeiro e outras capitais brasileiras. 
 
Foi o meu caso, igualmente, pois eu assisti a vários shows de artistas internacionais que gostava e acompanhava de longa data, a relevar se estes estivessem velhos e sem o élan de seu auge de carreira, tampouco com seu vigor artístico renovado, pois o importante ali naquela circunstância foi o fator sentimental para amenizar a sensação do tempo perdido e ver dessa forma, o artista admirado em ação. 
 
Todavia, o que não se imagina em meio a uma circunstância dessas, é que aquele momento mágico da emoção ao se assistir um artista que muito admiramos e fez parte de nossa formação musical, pode ser atrapalhado da maneira mais torpe possível.
Em minhas lembranças, recordo-me por exemplo da primeira vez que assisti um show do Jethro Tull, em 1988. Não foi nem de longe o "velho Tull" de seus momentos gloriosos vividos na década de setenta, porém claro que ainda em boa forma e com uma formação consistente para lhe representar bem etc. e tal. 
 
Que maravilha ver o Ian Anderson, mesmo já a viver a  sua meia-idade, em plena ação, a empreender a sua performance toda teatralizada, a tocar flauta divinamente, cantar e movimentar-se pelo palco com um ótimo preparo físico! Martin Barre ao seu lado a tocar sua guitarra “classuda” e o bom Dave Pegg a ocupar o baixo com bastante dignidade, ao executar as ótimas linhas criadas por seus predecessores, Glenn Cornick, Jeffrey Hammond-Hammond e o excepcional, John Glascock (gosto dos quatro, devo dizer, mas reconheço que Glascock fora o melhor de todos os baixistas que passaram pela formação do Jethro Tull). 
 
Tudo muito digno, a conter um repertório recheado com clássicos da discografia setentista da banda e por ter sido a sua primeira e tardia passagem pelo Brasil, claro que a banda caprichou no set list, a privilegiar o repertório mais esperado pelos seus fãs. 
 
Até um medley de “Thick as a Brick”, um disco seminal e temático, em ritmo de Ópera-Rock, portanto difícil para separar os seus trechos da suíte como músicas em execuções individuais, ocorreu e levou o público ao delírio, mas aí, eis que o imponderável aconteceu...
Veio então a hora mais esperada, o clássico dos clássicos do repertório do velho Tull prenunciou-se assim que Martin Barre tocou as primeiras notas na sua guitarra. 
 
O Riff mais famoso, capaz de provocar o frenesi mais desejado e a despertar-me a sensação de trinta e tantos anos a ouvir o LP homônimo dessa canção, ao ver fotos e vídeos da banda ao vivo e sonhar em ter a sorte que os europeus, japoneses, australianos e norte-americanos tiveram à sua disposição o tempo todo, enquanto nós, pobres terceiro-mundistas latino-americanos ficávamos só com o sonho: o glorioso Riff de “Aqualung” soou em São Paulo!
 
Todavia, eu mal começara a mergulhar nessa euforia e um imbecil, completamente alcoolizado, apareceu repentinamente próximo de minha pessoa e de minha namorada na ocasião e aos berros, passara a gritar: -“toca Aqualung” e pior, veio a apoiar-se sobre as pessoas à minha volta. 
 
Este energúmeno não parou de gritar e não entendia quando algumas pessoas no entorno tentaram explicar-lhe que a banda executava justamente tal canção, pois, completamente fora de si, ele só berrava e despencava sobre as pessoas, sem coordenação motora alguma, graças ao seu estado etílico avançado. 
 
Esteve estragado o momento de magia tão aguardado, pois o ébrio não parou de gritar e mesmo expulso pelas pessoas, ainda ouvia-se a sua voz tresloucada durante os momentos posteriores à realização do espetáculo, a pedir “Aqualung”, alucinadamente em outros cantos da casa de shows.
Pareceu ser um sonho, mas eu assistiria um Beatle em ação, enfim. Paul McCartney no palco do Maracanã, com quase cento e oitenta mil pessoas presentes, inveterados beatlemaníacos ávidos por verem o mito em ação pela primeira vez no Brasil. 
 
Mas o clima ali, apesar de haver gente bem-informada, não parecia o de um concerto de Rock na acepção da palavra, mas o de um baile suburbano popularesco da pior espécie. 
 
Uma lastimável sessão de “lambada”, o ritmo popularesco que fazia sucesso nas novelas da Rede Globo na ocasião, foi o som torturante que nos foi impingido mediante o som ambiente ao estilo “muzak/lounge ”, na ambientação do pré-show e sob um volume ensurdecedor, impossível de ser ignorado, tal qual uma dor de dente. 
 
Evidentemente que esqueceram-se de avisar os organizadores do show que não teria sido a escolha mais adequada disparar tal som ambiente normalmente usado nos alto-falantes durante o intervalo dos jogos de futebol, mas enfim... 
No mesmo ano, 1990, o "camaleão do Rock" veio ao nosso país, com a sua nova turnê: “Sound and Vision”, sob uma proposta dos sonhos para quem nunca o vira antes, a conter uma retrospectiva geral de sua carreira, a tocar músicas de todos os discos, algumas que ele não executava há anos, décadas, até.
 
Incrível, finalmente eu fui assistir David Bowie ao vivo e com a minha imaginação fortemente impactada pelos discos e vídeos dos "Spiders From Mars" que apreciara desde sempre, que momento inesquecível haveria de ser!
 
Bem, entrei então no estádio pronto para embarcar nessa emoção, que eu sabia, seria de “estação em estação”, através de uma viagem de trem ao infinito. 
 
Entretanto, ao contrário da minha expectativa pessoal entusiasmada, logo na abertura do show do Bowie, a reação da plateia mostrou-se gelada. Os Titãs, com os seus hits oitentistas haviam feito o estádio Palestra Itália, do Palmeiras, cantar e vibrar, mas tal reação também deixara nítido que a imensa maioria estava ali pelo “oba oba” em torno de David Bowie e demonstrara claramente que não conhecia a carreira do artista, além da superficialidade de algumas poucas músicas mais modernas e massacradas pelas emissoras de rádio nos anos oitenta ou através da MTV. 
 
Mega clássicos de seu repertório setentista, tais como: “Space Oddity”, “Jean Genie”, “Life on Mars” e “Suffragette City” foram executadas com volúpia e para a grande maioria das pessoas, ficara claro em minha avaliação que poucas ali presentes esboçavam conhecê-las o suficiente para lhes motivar aplicarem um aplauso pálido que fosse. 
 
Isso no entanto não foi um problema meu, todavia revelou o mero reflexo de estarmos em 1990 e tal geração não manter conexão alguma com o Rock, um aspecto a se lastimar, mas sendo inevitável dentro do processo cultural e midiático em voga, de maneira inevitável. 
 
Contudo, o pior mesmo veio da parte de um casal que estava sentado bem na minha frente. Mesmo a ocupar a arquibancada numerada, sentados em cadeiras teoricamente mais confortáveis (e caras), assim que se apagaram as luzes de serviço do estádio e o show começou, eles levantaram-se e colocaram-se a namorar, a ignorar o show e os pedidos incessantes para que se sentassem, pois é claro que atrapalhavam à todos ali naquele raio de visão ofuscado por seus corpos. 
 
E chegou-se em um ponto em que as pessoas indignadas começaram a tomar atitudes mais extremas, como arremessarem objetos, ou seja, mesmo ao terem pago um ingresso caro, além de não verem o show com a visão a que tinham direito e a terem que aguentar a atitude de escárnio da parte do casal (que deveria ter ido ao motel naquela noite, visto que estavam nitidamente desinteressados da exibição do Bowie), o fato foi que eu ainda corri risco de machucar-me com os detritos que ali surgiram e que visaram acertá-los. 
 
E assim, mesmo ao pagar caro, eu tive que abrir mão de minha cadeira numerada e assistir o restante do show em pé e sob um ângulo de visão inadequado, fora o desprazer de ficar a ouvir comentários da parte de incautos ao meu redor, a exprimirem as suas opiniões pouco embasadas sobre o Bowie ser “chato”... ou seja, foi o meu “Rock’n' Roll Suicide” ali, ou, "This ain’t Rock”n Roll, this is genocide"...
Poucos meses depois, eis que outro artista setentista da mesma envergadura anunciara shows na terra dos tupiniquins. Os componentes do Deep Purple a respirarem o mesmo ar que nós, e lá foram os fãs terceiro-mundistas sequiosos por vê-los em ação, cônscios de que foram outros tempos e aquela energia de uma “bola de fogo a queimar, feita no Japão e na Europa”, não seria a mesma. Paciência, veríamos quatro dos cinco componentes mais clássicos da formação da banda em ação. 
 
Ginásio do Ibirapuera lotado e eis que um bando de vagabundos mobilizara-se para pular o cerco de um setor mais barato a fim de tentar chegar à pista, mais cara, e da qual não teriam em tese, o direito de ocuparem. Nessa tentativa para burlar a atenção dos seguranças do evento, esses rapazes astutos pararam bem na minha frente, a aguardarem uma oportunidade para empreender tal ato ilícito, longe da vigilância dos seguranças do espetáculo. 
 
Com o show já a ocorrer, eu via a figura lendária de Ritchie Blackmore a jogar a sua guitarra Fender Stratocaster para o alto, Jon Lord ainda com saúde para tal, a se digladiar com o órgão Hammond e aqueles imbecis ali em pé, a obscurecerem a nossa visão! 
 
Eis que educadamente, apesar de que estes trastes não mereciam ser tratados dessa forma, alguém pediu-lhes para que ao menos se mantivessem agachados, pois estavam acintosamente a nos atrapalhar. Mas a reação foi imediata e típica de todo mau-caráter em potencial, que não suporta ser advertido, independentemente dos atos ilícitos que esteja a fazer, mas que ao contrário, sente-se "ofendido" muito quando é chamado à atenção...  
 
E foi então que eles esboçaram partir para as vias de fato. Por sorte, a nossa turma ali era bem grande e quando a animosidade se instaurou, ao notarem que muitos amigos nossos já se levantaram para intervir, os safados saíram em debandada. Pois é... "smoke on the water, and fire in the sky"...
No ano seguinte, 1992, ocorreu um fato que não chegou a incomodar-me diretamente, mas levou-me a uma reflexão. Show do Black Sabbath no estádio de atletismo do Ibirapuera. Sento-me em minha cadeira e alguns metros abaixo, vejo um garoto novo, prostrado no solo e nitidamente embriagado. Passado o show, eis que eu vejo a deprimente cena de seus amigos a tentar reanimá-lo, com um tipo de diálogo unilateral pois o rapazinho certamente não estava a entender nada: -“ fulano, acorda, o show acabou, temos que ir embora”. 
 
Bem, esse pagou caro e "apagou", literalmente, a não ver nada e certamente ficou ali... jogado em um “Hole in the Sky”, digamos assim...  
Um ano depois, 1993, Paul McCartney voltou ao Brasil e desta feita com show em São Paulo. Na fila do estádio do Pacaembu, eis que vejo uma cena deprimente e que marcou-me. 
 
Isso não teve nada a ver com o show em si (que foi ótimo, bem melhor do que o do Maracanã, no Rio de Janeiro, três anos antes), mas tratou de estragá-lo, ao menos na minha percepção pessoal, pois eu ouvi duas mulheres a comentarem com um tom de desprezo, sobre uma outra moça, com baixa estatura à frente, alguns metros distante delas e de onde eu estava também: 
 
-“ o que essa "anãzinha" está a fazer aqui? Credo, não deveriam permitir”... 
 
Cáspite, pensei eu! A pergunta na verdade deveria ser outra, pois não foi possível acreditar que essas duas senhoritas, com esse tipo de preconceito odioso, estivessem ali para assistir o show de um artista que escrevera uma linha de pensamento bem diferente, muitos anos antes, através de uma de suas canções: “And in the End, the Love You Take, is equal to the Love You Make” ("e no final, o amor que você recebe é igual ao amor que você criou"). Precisa explicação?
Mais magia interrompida: show dos Rolling Stones em 1995, no estádio do Pacaembu, em São Paulo. Não acredito que vou ver Mick Jagger a engatinhar pelo palco com Keith Richards a tocar o Riff de “Midnight Rambler”, que momento mágico, histórico e seminal!
 
Entretanto, a completa dispersão de um público de estádio de futebol, lotado por fãs de ocasião que nem faziam ideia do que isso representava para as tradições dessa mega banda, ícone de um espectro de mega Rock que não existia mais, chegou a ser constrangedora. 
 
E no mesmo dia, com a chuva torrencial que ameaçava chegar (e de fato veio, em forma de dilúvio), um amigo meu que também era um entusiasta da contracultura dos anos sessenta, não teve dúvida, ao achar estar em meio a pessoas igualmente "antenadas" nessas tradições perdidas no tempo, e assim, ele começou a bradar em plenos pulmões:
 
 -“No Rain, No Rain, No Rain”... 
 
Todavia, ali em janeiro de 1995, poucos entenderam a sua intenção e o silêncio constrangedor em contraste com a sua ode aos anos sessenta, deu a medida exata de que os laços estavam rompidos. Ninguém ali havia assistido o documentário sobre o Festival de Woodstock, pelo visto, e se alguém assistira, não se empolgou ao ponto de adotar tais ideais de vida e por consequência, esse amigo frustrou-se ao gritar sozinho. 
 
E talvez pela falta de energia maior desse mantra de voz isolada, São Pedro ignorou completamente o pálido clamor e mandou uma tempestade forte sobre nós. Bem, tal santo com atribuições hidráulicas também ignorou o pedido dos hippies em 1969, é bem verdade...
No mesmo ano de 1995, lá estava eu com amigos na pista do estádio de atletismo do Ibirapuera, com a perspectiva de assistir o Elton John em ação. 
 
De sua banda incrível dos anos setenta só não haveria a presença do ótimo baixista, Dee Murray, falecido há tempos, infelizmente (e do qual sou grande fã), portanto, apesar dessa ausência forçada, a expectativa foi boa. 
 
Infelizmente, revelou-se como mais um show morno por parte do público incauto que não conhecia o seu repertório mais clássico e certamente foi decepcionante sentir o gelo das pessoas enquanto o Reginaldo, digo, Elton, destruía o piano ao tocar: “Honky Cat” e Take me to the Pilot”, por exemplo e sob um contraste só explicável pela ação maciça da mídia, a audiência pouco informada sobre a sua carreira, vibrou muito ao som da trilha do desenho animado: “Rei Leão”, uma das poucas canções que tal massa de pessoas conseguiu identificar e apreciar, mas isso foi esperado, infelizmente. 
 
Todavia, o pior mesmo veio quando na iminência de um momento sublime do espetáculo, eu iria finalmente viajar no "slide" tocado pelo guitarrista Davey Johnstone, após mais de trinta anos de espera: “Rocket Man” a alçar voo, we’ve have a lift off, só que não… pois uma outra briga esdrúxula estourou perto de minha presença. 
 
Um energúmeno passara a berrar com um outro sujeito que era bem mais alto e estava à sua frente. Acontece que ali era a pista e diferentemente de um teatro ou cinema onde o bom senso faz com que pessoas mais altas procurem lugares mais atrás para não atrapalharem a visão dos mais baixos, ali, foi um território livre e portanto, ao seguir a ética popular, os incomodados que se mudassem, mas o embate verbal entre os dois tratou de arruinar o “Rocket Man” de todos ali no mesmo quadrante, incluso eu...  
Outra ocorrência desagradável deu-se quando o “Steppenwolf” veio para Pindorama, na metade dos anos noventa. 
 
Incrível, não dava nem para acreditar que eu assistiria, John Kay, com aqueles óculos escuros, a cantar: “The Pusher”, “Magic Carpet Ride” e claro, “Born to Be Wild”. Aquela lembrança a retumbar na minha mente, eu e meus amigos freaks nos anos setenta, a assistirmos pela enésima vez o filme: “Easy Rider”, no Cine Bijou, da Praça Roosevelt em São Paulo e o som do velho Lobo da Estepe a dizer tudo ali!
 
Pois bem na hora mais esperada, lá estou eu no calor da emoção gerada, quando os primeiros acordes de “Born to Be Wild” soaram nessa casa de espetáculos situada do bairro de Moema, na zona sul de São Paulo. Com o coração na boca, a sensação foi: agora voarei no meu carpete mágico junto com John Kay, que “barato” incrível, voltei para os anos sessenta!
 
Contudo, subitamente tudo foi por água baixo, quando uma briga eclodiu em uma mesa próxima. Foram muitos socos, chutes, garrafadas & palavrões a competirem com o Steppenwolf no palco e por conta de tal infortúnio, foi-se pelo ralo a minha conexão com a vibração de 1969...
Dois anos depois e uma outra banda sessentista que muito aprecio, veio para São Paulo e com sua formação clássica. Alvin Lee & Cia, todos bem envelhecidos é verdade, mas em boa forma musical, a tocarem muito bem. Foi inacreditável assistir o “Ten Years After”, ali na segunda metade dos anos noventa. 
 
Nesse dia em específico, eu resolvi radicalizar e fui ao show "paramentado". Tirei do guarda-roupa uma calça do estilo "boca-de-sino" que usava como figurino de meus próprios shows e lá fui eu. E não é que chamei a atenção em demasia por conta do figurino? 
 
Eu via as pessoas a comentarem na fila de entrada e a se cutucarem para chamarem a atenção uma das outras ao apontarem-me, como se eu fosse um alienígena, quando na verdade, deduzia-se que ali só deveria haver apreciadores do velho Ten Years After, mas tal reação causou-me estupefação, pois eu pensei que estava em um Concerto de Rock à moda antiga e não no bingo da quermesse da Igreja... fazer o que? “I’m Going Home”... by helicopter...

Ao falar sobre incômodos, além disso tudo que eu arrolei acima, acrescento alguns itens que obedecem a um "padrão" em qualquer show, independente de qual artista for apresentar-se: o inferno para estacionar o carro (e a incrível exploração monetária, com cobrança de tarifas astronômicas em estacionamentos das redondezas do local da apresentação), a revista sempre truculenta da parte da polícia que opera com a incrível mentalidade beligerante de tratar todo cidadão como "suspeito", punguistas sempre a postos para assaltar, golpistas também aos montes com abordagens as mais inusitadas, bolinadores da mulher alheia (mais “mão boba” e assédio descarado, portanto, pense mil vezes antes de levar a esposa/namorada ou irmã para um show de estádio), desorganização e desrespeito da parte de tudo e de todos.

E nem vou mencionar os banheiros insalubres (creio que não vale a pena trazer tal lembrança à baila) e os inconvenientes vendedores de bebidas, lanches, sorvetes & afins. 

Então, eis que você está ali a ver Page & Plant tocar uma música significativa como “Kashmir”, com a lágrima a escorregar pelo rosto, e aí, um idiota pisa no seu pé e berra na sua orelha:

- “sovete”... assim mesmo, sem pronunciar a letra “R”, para ficar ainda mais irritante a experiência traumática de se quebrar a magia em que você estava, mergulhado em meio às brumas de Avalon... 

E lá se foi aquele momento transcendental em que tanto sonhara, desde que ouvira pela primeira vez o LP "Physical Graffiti", do Led Zeppelin, no longínquo ano de 1975...

4 comentários:

  1. Muito legal, rí muito amigo me desculpe...principalmente no “Ten Years After” gostaria de ter visto o seu figurino, com certeza show com a sua pinta de galã, anos 60s e 70s nunca saem de moda, principalmente nas roupas, muito bom e agradável de ler a sua narrativa, me senti lá em todos os shows (com ou sem calça boca de sino).😀✌☮

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    1. Que legal, amigo Kim Lima !! Foram situações tragicômicas, portanto, risíveis, certamente, você tem razão ! E sim, visual de Rocker 60's / 70's sempre é bonito demais e cai bem !!

      Maravilha, fiquei feliz por saber que a crônica agradou-lhe em cheio ! Galã, eu ? Quisera eu, hein ?
      E viva a calça boca de sino !!

      Abraço, amigo !!

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  2. Estou honrado com sua visita, amigo Fuzato !

    Muito bom saber que identificou-se com o texto, a concordar com meu ponto de vista. Grato e volte ao Blog, sempre !!

    Grande abraço !!

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