domingo, 19 de maio de 2019

Crônicas da Autobiografia - Avisa esse Baixista Preguiçoso, que Ele Precisa Tocar em Pé - Por Luiz Domingues


      Aconteceu no tempo de Kim Kehl & Os Kurandeiros, em 2012

Já havíamos tocado muitas vezes nessa casa chamada: Magnólia Villa Bar e antes mesmo de eu ter ingressado na banda, em agosto de 2011, Os Kurandeiros já possuíam uma tradição de ali se apresentarem com regularidade. 
 
Pois foi certa vez, no início do ano de 2012, que um fato curioso ocorreu e não foi ali no calor da apresentação, mas sim, graças a exibição de um vídeo dessa referida ocasião, assim que ele foi postado devidamente no portal da Internet, YouTube. 
Ocorreu que especificamente nesse show, eu havia mexido no estojo do meu instrumento que usaria para tal apresentação, durante a tarde e quando cheguei ao estabelecimento e fui preparar o meu "set", verifiquei que havia esquecido-me da minha correia e para piorar a situação, nem mesmo continha a correia sobressalente que eu sempre levo e que também fora suprimida indevidamente durante a arrumação vespertina que eu promovi, portanto a caracterizar o lapso que cometi ao mexer no estojo e não repor todos os acessórios necessários nos compartimentos do estojo, mediante uma checagem básica. 
 
Fiquei muito chateado na hora, pois um deslize desses é imperdoável para qualquer profissional que se preze, mas de nada adiantava lamentar. Pedi desculpas aos companheiros e logo solicitei ao Kim a gentileza dele emprestar-me uma correia de suas guitarras, mas ele também não tinha uma sobressalente, pois apenas contava com a sua usual, para poder trabalhar. 
 
Enfim, como resultado imediato, eu não tive outra alternativa a não ser tocar sentado, nessa apresentação. Foi deselegante em face que a nossa postura não era igual a de músicos eruditos ou mesmo de jazzistas tradicionais, que tocam normalmente sentados, sem nenhum problema, mas em nosso caso, com a postura Rocker de tocar em pé. 
Bem, diante da impossibilidade e com a solidária compreensão dos colegas, lá fui eu tocar a noite inteira sentado em uma cadeira, um tanto quanto constrangido, internamente, mas a tocar tranquilo pelo respaldo dos colegas, sobretudo e também das pessoas da audiência que não demonstraram nenhum incômodo por tal situação. 
 
E pelo contrário, tal circunstância motivou a geração de piadas amenas entre nós, como por exemplo quando o Kim ao apresentar-me, haver falado alguma coisa sobre eu ser preguiçoso, mas em tom de brincadeira super respeitosa, que eu (e todo mundo) entendi (eu) perfeitamente por se tratar de algo bem-humorado.

Todavia, alguns vídeos dessa noite foram postados no YouTube, posteriormente e assim, eis que no dia seguinte, um rapaz que dizia-se músico e um estudioso do Blues, oriundo de alguma cidade de um estado da região Centro-Oeste, Mato Grosso ou Goiás, não recordo-me, postou um comentário com uma certa dose de agressividade, que chamou-nos a atenção. 
 
Ele iniciou a sua "resenha" com uma boa dose de soberba a falar sobre si mesmo e o quanto “entendia” de Blues, para depois passar a analisar a nossa performance como se fosse um crítico renomado de algum órgão importante da imprensa. Até aí, tudo bem, as pessoas são livres para externarem as suas impressões. 
 
Todavia, o rapaz, nitidamente, mais pareceu estar preocupado em exibir-se como um “expert” no assunto e neste caso, muito pelo contrário, o seu suposto conhecimento mostrou-se bem limitado pelas colocações que emitiu em termos de explanações sobre teoria musical, produção de áudio e musicologia. 
 
E o auge de seu comentário veio diretamente relacionado ao meu esquecimento daquela noite, pois ele finalizou da seguinte maneira: -“a banda é boazinha, até que interpretou bem o Blues em questão, mas avisa esse baixista aí, que ele precisa largar mão de tocar sentado e aprender que o Blues merece o respeito de ser tocado em pé”. 
Um vídeo dessa noite que suscitou a criação desta crônica, a mostrar a performance da banda ao executar: "Sweet Home Chicago", com Renata "Tata" Martinelli no comando da voz e participações especiais do tecladista, Alexandre Rioli e do hoje saudoso guitarrista, Claudio "Urso" Camargo. Kim Kehl & Os Kurandeiros no Magnólia Villa Bar de São Paulo, em 15 de fevereiro de 2012. Filmagem: Lara Pap

Eis o link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=0iHvrpQLtpg        

Ora, ora, eu respeito o Blues! Fiquei chateado por haver tocado sentado naquela noite e tudo fora fruto de um acidente motivado por uma distração fortuita, ao preparar o meu instrumento previamente em minha residência. 
 
Todavia, o rapaz não soube dessa particularidade e assim teceu o seu julgamento impiedoso e com direito a advertir-me sem saber da situação que motivara-me a tocar dessa forma e muito menos ter o conhecimento da minha trajetória na música e o zelo que eu sempre tive, tenho e terei para apresentar-me da melhor forma possível. 
 
Foi o tal negócio: como é fácil tecer críticas gratuitas! E que prazer mórbido a maioria das pessoas que prestam-se a tomar tal tipo de atitude nociva em redes sociais, parecem obter com isso.

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