domingo, 1 de novembro de 2020

Autobiografia na Música - A Chave do Sol - Capítulo 402 - Por Luiz Domingues

Foi então que eu sugeri um nome que supriria com bastante naturalidade a nossa necessidade de uma voz principal potente e com um potencial gigantesco para atuar como guitarrista e tecladista, igualmente, ou seja, quem mais a não ser, Rodrigo Hid?

Preciso explicar ao leitor da minha autobiografia quem ele é, ou sobre a ligação que nós temos como amigos e parceiros na música? Pois é, ao citar a minha ligação de amizade com ele que remonta ao meu tempo como professor e expresso no capítulo "Sala de Aulas" da minha autobiografia, ele como um adolescente e agregado das minhas aulas por tocar em uma banda de um aluno meu, o Alexandre Peres "Leco" Rodrigues, depois já a tornar-se colega de banda no Sidharta, o desdobramento desse projeto que nos levou juntos a tocarmos com Patrulha do Espaço e como se não bastasse tudo isso, o fato de termos tocado por quase dez anos em uma outra banda, o Pedra, fez dele um personagem recorrente em meu texto autobiográfico.
Rodrigo Hid durante as sessões de gravação do CD Chronophagia da Patrulha do Espaço. Estúdio Camerati de Santo André-SP, em janeiro de 2000. Acervo: Luiz Domingues. Click: Eduardo Donato. Revelação e digitalização em 2020: Vinicius Troyan 

E havia mais, pois o Zé Luiz Dinola também esteve junto conosco no Sidharta e ambos tiveram uma banda que tocou na noite por um tempo a tocar covers de Classic Rock, o "Tarantula". E eu e Dinola tocamos algumas vezes com o "Hid Trio" outra banda cover a atuar pela noite, com membros flutuantes e graváramos duas músicas em 2017, para compor o seu ainda não lançado disco solo, portanto, Dinola conhecia muito o Hid e claro que adorou a ideia.

Rubens também aprovou a sugestão, pois mesmo sendo o único entre nós do Power-Trio d'A Chave do Sol que nunca tocara com o Rodrigo Hid em alguma banda, por outro lado, conhecia bem a sua carreira e portanto, soube de imediato que fora uma boa escolha.

Rodrigo Hid em destaque (com Ivan Scartezini ao fundo), durante o show "Reunion" do Pedra em 5 de abril de 2019, no Teatro do Sesc Belenzinho, em São Paulo. Click, acervo e cortesia: Cesar Gavin

Feito o convite, Rodrigo Hid mostrou-se feliz pela lembrança e aceitou o convite para participar do nosso show "reunion", marcado para 15 de julho de 2020, a ser realizado no Teatro Cacilda Becker, no bairro da Lapa, na zona oeste de São Paulo. 

A ideia inicial foi formular então um repertório base para os quatro músicos se concentrarem em trabalhar e assim marcar-se ensaios entre maio e junho de 2020. No caso do Rodrigo, seria vital definir o quanto antes o que tocaríamos, pois ele precisava mais dos que os membros originais da banda, familiarizar-se com as canções e fazer as suas escolhas sobre qual instrumento tocar em cada, uma, se a guitarra ou a suprir com teclados. 

Eu antecipei-me e lhe disse que gostaria que ele tocasse mais teclados nessa missão, justamente para encorpar o som da nossa banda com uma orientação mais setentista e assim a resgatar a raiz mais primordial d'A Chave do Sol que nasceu assim em 1982, sob forte orientação setentista em seu rol de influências, então, eu mal poderia esperar para ensaiar e ter em músicas como "18 Horas" e "Átila", por exemplo, um som vigoroso de órgão Hammond com a caixa Leslie a rodar rápida, piano ao estilo Honk Tonk em "Luz" etc.

Dessa maneira, sob uma votação simples, entre eu (Luiz), José Luiz Dinola e Rubens Gióia, fechamos com as seguintes músicas para compor o set list do show:
1) Luz
2) 18 Horas
3) Anjo Rebelde
4) Crisis (Maya)
5) Intenções
6) Um Minuto Além
7) Átila
8) Sun City
9) Saudade

Dessa forma a revelar-se como um set curto, definimos que a canção: "Luz" seria cantada pelo Rubens para demarcar bem a sua gravação original do Compacto de 1984 e tirante as instrumentais (18 Horas, Crisis/Maya e Átila), as demais ficariam sob a responsabilidade vocal do Rodrigo.

Zé Luiz Dinola em destaque no show realizado em 21 de maio de 1984, na Faap em São Paulo. Acervo: Luiz Domingues. Click: Seizi Ogawa 

Uma segunda frente foi iniciada, pois se iríamos fazer esse show, a oportunidade de estarmos ensaiados novamente, abriu essa chance e uma tratativa de bastidores foi feita de imediato, mas eis que em meados de fevereiro a pandemia chegou com força devastadora ao Brasil e a quarentena foi imposta como medida sanitária acertada e mesmo que tudo tenha sido assustador, nessa época e até meados de março, houve a vã esperança de que se atingisse o platô da doença por volta de maio e assim, em julho a nossa data já agendada não sofresse nenhum dano. Mas à medida que o tempo avançou, percebemos que essa possibilidade não seria plausível.

Rubens Gióia em um dos shows de lançamento feitos no Teatro Lira Paulistana, de São Paulo, em 30 e 31 de julho de 1984. Acervo: Luiz Domingues. Click: Carlos Muniz Ventura

Tudo bem, a pandemia atrapalhou os nossos planos mas não arrefeceu a nossa animação. Montamos o grupo de Whatsapp para falarmos sobre os nossos planos e eu fiquei contente por saber que o nosso convidado especial, Rodrigo Hid se integrou com muita alegria, ali também. 

Então, mesmo sem perspectivas concretas para se pensar em remarcar oficialmente a data prevista anteriormente para o Teatro Cacilda Becker e muito menos seguir em tratativas para um segundo show em um outro teatro famoso da cidade, ao menos a nossa banda seguiu a gerar novidades sensacionais no campo do marketing e melhor ainda, com lançamentos há muito tempo sonhados e somente nesse momento a se concretizar efetivamente!

Continua...

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