No embalo dos lançamentos programados em torno do chamado: "projeto Bootlegs", eis que ficou pronto o segundo álbum dessa linhagem. Desta feita, e a seguir uma ordem cronológica pré-estabelecida, eis que surgiu o álbum: "Teatro Piratininga/SP 1983", a tratar-se de um show que realizamos nesse citado espaço em 30 de abril de 1983.
Sobre o show em si, toda a sua história (que foi rica em detalhes, não apenas pelo espetáculo em si, mas a conter um longo preâmbulo a descrever diversas particularidades a respeito da sua produção), está devidamente descrita no capítulo correspondente sobre A Chave do Sol em meus Blogs 2 e 3 e que compõe o texto da minha autobiografia que em livro impresso, é chamado como: "Quatro Décadas de Rock"
Sobre o disco, particularmente, ele foi fruto da digitalização de uma fita K7 que conseguiu capturar grande parte do show, evidentemente ao perder a sua íntegra, devido à sua prosaica falta de espaço físico. Apesar das suas óbvias limitações tecnológicas, a notícia boa foi que a captura se mostrou surpreendente, dentro da sua realidade inerente, logicamente, e tal qualidade se explica pelo fato da fita ter sido usada através de um bom tape-deck, acoplado diretamente à linha da mesa de mixagem do show e o técnico que nos assistiu na ocasião, ao operar o nosso som ao vivo, teve a perspicácia de ligar na mandada do PA e não do monitor, ou seja, o som se mostra mais encorpado e com os instrumentos e vozes bem melhor mixados e mais uma vez eu faço a ressalva, dentro das limitações de uma gravação feita através de uma parca fita K7.
Uma única ressalva nesse sentido se faz em relação ao som da guitarra que poderia ter sido melhor por um detalhe prosaico que o técnico e (e nem nós), percebemos naquele dia: o microfone instalado na boca do amplificador do Rubens Gióia, foi mal posicionado.
Por ter sido usado um microfone Shure SM 57, este deveria ter sido colocado direcionado frontalmente ao alto-falante e ao ser colocado pendurado e por tal modelo de microfone ser unidirecional por natureza, é óbvio que não captou da maneira mais adequada a emissão do som de guitarra.
Uma boa nova em termos de repertório, foi que já a partir deste show, este que foi o primeiro sem a presença da nossa ex-vocalista, Verônica Luhr, nós já tivemos mais músicas autorais para apresentar, embora a balança ainda pendesse para as releituras com material alheio, para preenchermos o espaço de um show.
O lado ruim foi que ainda estávamos a nos readaptar com a ideia da perda da nossa espetacular cantora, Verônica Luhr, e assim, nós distribuímos as músicas entre os três componentes de então, para a tarefa vocal. Nesse quesito, as melhores interpretações que são ouvidas nesse disco, na verdade são apenas as mais razoáveis, pois nenhum de nós três, membros remanescentes, chegou nem perto do potencial que ela possuía, mas o Rubens sempre foi o mais afinado e que melhor interpretava entre nós. E o Zé Luiz demonstrava ter potencial para desenvolver a sua performance.
Já no meu caso, Luiz, bem, ao longo do disco eu até fiz alguns backing vocals razoáveis, mas a minha performance como cantor solo, foi sofrível. Tanto que eu segui apenas mais alguns meses a cumprir tal participação na divisão de vozes, mas desisti da ideia por uma questão de autocrítica.
Muitos anos depois, eu melhorei bastante a minha performance, mas nunca mais tentei cantar de forma solo, embora eu considere hoje em dia que até poderia, pela melhora que tive, porém, mesmo assim, sempre irei preferir ficar restrito aos backing vocals e deixar a função solo para quem realmente sabe cantar e interpretar de fato.
Sobre o repertório do disco, eis a seguir as minhas considerações sobre a performance e as características do áudio alcançado para chegarmos a este disco. Primeiro e muito importante ponto: eu mesmo pedi para providenciara mudança da ordem original contida na fita K7, que gravara o show, quase na íntegra, pois a minha intenção ao montar o repertório do disco, foi priorizar o repertório autoral no início e deixar as releituras de covers, para o final, e não seguir o roteiro do show como ele foi montado ao vivo em 1983, de maneira intercalada.
Sobre a nossa composição, "Átila", só para constar, foi uma coincidência o fato dela ter sido realmente a primeira música do show, e veio a calhar que tenhamos mantido a fala proferida pelo nosso baterista, José Luiz Dinola, ao atuar como um apresentador da própria banda (ele diz: -"senhoras e senhores, A Chave do Sol"), mas tudo bem, não tínhamos condição para contar com uma produção mais requintada que nos garantisse o glamour que gostaríamos, no entanto, eu acho que foi interessante.
A respeito da performance dessa música em específico, o andamento um pouco mais acelerado e típico de apresentação ao vivo, sob efeito natural da adrenalina, se faz presente. Na ordem natural do show, não seria "Luz", a próxima canção, mas para compor melhor o disco, e conforme eu já esclareci anteriormente, eu preferi privilegiar todo o material autoral, concentrado no início do álbum.
Bem, "Luz" saiu com aquela energia típica das nossas apresentações ao vivo entre 1982 & 1983. O baixo ficou um pouco aquém nesta captura, mas em compensação, a minha voz no backing vocals aparece mais do que a do Zé Luiz.
Rubens faz uma breve introdução para explicar ao público que éramos, A Chave do Sol e que tocaríamos música autoral e algumas releituras sessenta-setentistas naquele noite, e que a seguir, tocaríamos: "Utopia".
E nesta canção anunciada, a performance é boa no geral. Zé Luiz a canta com segurança, embora ele não soubesse modular na época e assim, é um tipo de interpretação linear, afinada, mas sem desenhar, a explorar as possibilidades para burilar melhor a sua melodia.
Chama a atenção o forte sotaque paulistano que ele apresenta, fator natural para ele e também para eu e Rubens, é claro, mas deve soar gritante para quem não for de São Paulo. Entretanto, o lado bom foi que ele se soltou, vide ao final, quando até improvisou um vocalise solo para costurar o backing vocals que eu e Rubens mantivemos em uníssono sob o sentido do "looping".
Vem a seguir: "Intenções", cujo vocal solo é meu e a despeito de eu ter sido o mais fraco componente nesse quesito dentro da nossa banda, a minha performance é razoável. Falta emissão em uma ou outra palavra, mas não patinei na afinação e dentro do meu estreito limite à época, a interpretação foi razoável. Zé Luiz apoia no contraponto proposto para o refrão e na parte instrumental, a performance é bastante vibrante da banda.
A música soa bem e chama a atenção pela quantidade grande de pontes, convenções, bruscas mudanças de ritmo com desdobradas, ou seja, por conta de tais atributos, eu sempre lamentarei muito que essa peça não tenha sido gravada em discos oficiais, visto que em minha opinião, foi uma das melhores composições e concepção de arranjo que tivemos no início das atividades da nossa banda.
O nosso clássico tema instrumental, "18 Horas", entra de forma abrupta neste disco, infelizmente, por conta de ter sido mutilada, pois na captura da fita K7, ela fechara o lado A, e o técnico, ao demorar para perceber isso ao vivo e tratar por virar a fita para prosseguir a gravar a partir do lado B, naturalmente perdeu tempo e assim, além do começo que entrou já com o tema avançado, ele cortou praticamente todo o solo do Rubens, uma grande pena. Portanto, uma ginástica foi feita da parte do Kim Kehl que preparou esse áudio para o disco em 2020 e assim, a emenda quase que conseguiu disfarçar o corte brusco ao final com o intuito de providenciar um fechamento razoável para uma faixa que nós tínhamos toda mutilada nesta gravação original da fita K7.
Pensei em não incluir o tema, justamente por essa deficiência, no entanto, creio que como material arqueológico, tudo é válido e assim, pedi ao Kim o esforço para fazer o melhor possível para termos ao menos uma amostra dessa peça tão importante do nosso repertório.
Vem a seguir, "Crisis (Maya)", com uma boa performance da banda, embora eu ache (e sempre achei) que a aceleração do andamento na parte B da música, sempre prejudicou a sua execução ao vivo.
Surpreende a próxima faixa, a primeira da parte de releituras e que eu deixei para o final do disco, pelo fato da música em si não ter sido um mega sucesso reconhecível de forma inexorável da parte do grande público. Por sugestão do Rubens Gióia, executamos a canção: "Let me In", proveniente de um disco solo do guitarrista, cantor e compositor, Rick Derringer.
Peça com sabor ultra-setentista, tem um sentido Pop/Rock'n' Roll muito interessante. A nossa releitura foi acelerada, no entanto, em relação à versão de estúdio do disco de Rick Derringer (LP "Derringer", de 1976), contudo, nós seguimos mais a versão ao vivo do disco posterior dele (LP "Derringer Live", de 1977).
O Rubens estava gripado no dia do show e assim, em alguns trechos onde a música exigiu a subida da tonalidade, a sua voz quase não saiu, com a emissão de um quase sussurro de sua parte, mas a despeito da questão do seu impedimento para cantar com maior desenvoltura nesse dia, ele não comprometeu de forma alguma. No todo, acho uma interpretação boa e certamente que surpreendeu o público presente no auditório naquele dia e mais ainda aos fãs d'A Chave do Sol que agora a ouvem nos dias atuais, através desse disco com caráter bootleg.
"Blue Suede Shoes" do Carl Perkins, seguiu o padrão de nossa interpretação para essa releitura, praticada nesse período entre 1982 e 1983, quando mais a tocamos em nossos shows. Chama-me a atenção que a minha voz no backing vocals esteja mais alta que a do Zé Luiz e claro que isso foi por conta do técnico de PA que assim preparou a mixagem do show ao vivo.
"Black Night" do Deep Purple tem a sua versão bastante poderosa neste disco. É curioso um detalhe, antes de iniciarmos a performance em si, quando o Rubens a introduziu mediante um questionamento que fez para o público ao microfone: -"será que alguém se lembra de Deep Purple?" Bem, se houve alguém ali sentado no auditório em abril de 1983, que não se lembrava dessa banda britânica, acho que nós tratamos por refrescar-lhe a memória.
Outro ponto interessante, a frase final de encerramento, feita dentro do andamento, mas claramente caracterizada por ser um clichê típico para ser utilizado em sentido de "rallentando", forçou uma sutil diferenciação na concepção do nosso arranjo, creio eu.
Mesmo gripado, Rubens a canta bem, dentro de uma linha mais comedida, ele não teria a pretensão de buscar a emissão do vocalista, Ian Gillan com o Deep Purple, mas ao mesmo tempo a sua voz era (é) afinada e mais uma vez ao ouvi-lo, eu fico com a certeza de que a nossa busca frenética por um vocalista, por anos a fio, jamais foi vital pois o Rubens supriria o comando da voz, com alternância com o Zé Luiz Dinola e apoio de backing de nós três, eu incluso.
Vem a seguir a versão para: "Tie Your Mother Down", peça energética do Queen (contida no álbum: "A Day at the Races" de 1976), quando nós programamos para haver um solo de baixo no meio da performance. Interessante como eu busquei uma construção de solo muito inspirada nos solos do Chris Squire em meio aos shows do "Yes" nos anos setenta, inclusive a introduzir o recurso da dinâmica mediante o uso do volume feito no botão do instrumento para criar efeito e trechos ritmados para angariar a participação do público, mediante bicordes percutidos como se fosse uma guitarra e não um baixo. Bem, sempre estive anos-luz de distância desse saudoso mestre, mas ele é uma influência confessa de minha parte e com muito orgulho!
E a seguir, mediante uma deixa bem ensaiada, voltamos para a música com sentido apoteótico e a encerrarmos com pompa e circunstância. Ao final, o Zé Luiz enaltece-me ao microfone ao dizer: -"o bruxo da loucura paulistana, agitando no baixo... Tigueis" (ao usar o apelido que eu ostentava à época). Tal menção ao "bruxo" foi fruto de uma brincadeira interna, por eu ter usado um chapéu de bruxo em diversas apresentações da nossa banda, ocorridas em 1982.
A foto acima mostra uma cena do filme: The Phantom of the Paradise", de Brian De Palma, com o personagem: "Winslow"
A minha voz na condução dos backing vocals é estranha, pois eu busquei imprimir um "drive" natural que evidentemente eu não tinha, e assim, o que se ouve é uma voz metálica, com registro médio anasalado, bem esquisita, mesmo. Me inspirei no Johnny Winter para buscar tal resultado, mas na prática, saiu a voz do personagem, Winslow, do filme de Brian De Palma: "The Phantom of the Paradise" ("O Fantasma do Paraíso").
"My My Hey Hey" do Neil Young/Crazy Horse foi um outro tema recorrente em nosso repertório de releituras e que sob a interpretação da Verônica Luhr, a nossa ex-vocalista, soava muito bem. Rubens passou a cantá-la nessa fase do Power-Trio, novamente instaurado e a defendeu com dignidade e posso dizer, mais se aproximou do original do Neil Young do que na interpretação da Verônica Luhr que por sua vez, insinuava a presença de Tina Turner.
Uma boa interpretação de "Purple Haze" vem a seguir, ainda que um tanto quanto acelerada em minha opinião. Rubens se dava muito bem ao interpretar o som de Jimi Hendrix, tanto na atuação à guitarra, obviamente parte vital desse processo, quanto na atuação vocal, inclusive ao balbuciar frases em meio à canção (algumas obscenidades são faladas bem ao estilo do que o Jimi costumava proferir em seus shows), e solos, tal como Hendrix o fazia.
Tal interpretação de nossa parte foi programada para conter um solo do Rubens para o show, sem a banda no palco, para destacá-lo. E neste caso, é muito bom esse solo, inclusive com direito à citação de: "Hear my Train Coming", uma peça Blues do repertório do próprio, Jimi Hendrix, portanto, uma feliz menção.
Bem, a nossa releitura para "Jumping Jack Flash" dos Rolling Stones tem uma execução boa, vibrante, certamente, mas a minha performance vocal deixa muito a desejar, devo fazer a minha autocrítica sem pudor. Eu não desafino acintosamente, mas a absoluta falta de maleabilidade para modular, aliada à minha parca emissão e ao inglês macarrônico e indecifrável, realmente torna a experiência para o ouvinte, como algo radical, digamos assim. Em alguns trechos, eu cometi o desatino de perder o senso da melodia e praticamente passei a recitar alguns versos, ao invés de entoá-los.
No entanto, entre omitir a peça e colocá-la no disco, eu novamente pensei que um disco bootleg tem a característica diferente de um álbum regular oficial e assim, somado ao fato cabal da raridade arqueológica que guarda em si, creio que não poderia ficar de fora. A nossa versão era mais inspirada na gravação do Johnny Winter do que a original dos Rolling Stones, devo acrescentar como um dado.
Vem a seguir a nossa interpretação para "Cocaine", canção Country/Folk-Rock composta por J.J. Cale, mas geralmente atribuída a sua criação para o guitarrista, Eric Clapton, graças à sua versão que ficou mais famosa.
Zé Luiz a canta com certa desenvoltura, mas chama muito a atenção o seu sotaque ultra paulistano (o termo: "hang out" quando pronunciado nas ruas do bairro da Mooca, certamente é um bom exemplo), e o inglês macarrônico, ao pronunciar de forma bizarra algumas palavras, como por exemplo: "Forget" e há mais uma ocorrência nesta versão em específico: ele se esqueceu de um pedaço da letra e assim houve um hiato na sua performance. Mas tirante esses detalhes, é uma versão boa, bem tocada.
Ao final, a minha fala ao microfone foi uma intervenção combinada, feita em todos os shows. Nós julgamos na época ter sido um ornamento interessante para o espetáculo, mas que na prática, se revelara apenas como uma piada interna e bem sem graça, devo acrescentar. Eis a minha voz a afirmar: -"é o brilho da cidade', para estabelecer uma espécie de ode, lastimável, eu digo hoje em dia, a um tipo de malandragem de rua, descabida pela insinuação infeliz.
A seguir, vem uma super vibrante performance do tema instrumental, "Blue Wind" do guitarrista, Jeff Beck, com direito a uma menção ao tema: "Train Kept a Rollin' (de autoria de Tiny Bradshaw em 1951), e também pela introdução com bastante improviso criado com felicidade pelo Rubens Gióia. Tanto que logo no começo e não ao final como seria mais esperado, o Zé Luiz exalta a performance do Rubens ao microfone para o público: -"esse garoto incrível na guitarra, Rubão!" Ainda com a introdução em andamento, eu mesmo grito ao microfone: "Blue Wind".
De fato, entre todas as releituras que foram regulares em nossos shows nesse período, a nossa interpretação para "Blue Wind", ao lado das canções de Jimi Hendrix, foram as que mais marcaram. Várias pessoas comentam sobre se lembrarem de nos verem a tocar "Blue Wind", até nos dias atuais, pois realmente marcou positivamente para muitos. Após um final apoteótico, o Rubens se despede do público ao dizer: -"Boa noite, muito obrigado, até uma próxima oportunidade"...
Na edição do disco, ficou bem demarcada a ideia de que o último tema: "Wild Thing" (tema do grupo: "The Troggs", mas a nossa versão certamente inspirada na regravação do Jimi Hendrix), foi a nossa volta ao palco para a execução de um pedido de "bis", pela reação da plateia. Soamos bem sessentistas nessa execução, algo muito estimulante para o meu gosto e formação pessoal, porém anacrônico para a década de oitenta em que vivíamos quando dessa gravação.
Então, é isso, creio que a missão foi cumprida com esse lançamento, pois eu fiquei muito feliz pelo resgate estabelecido e a imortalidade garantida para uma audição da banda ao vivo em 1983, ou seja, que presente para a memória da nossa banda, para nós, que somos os seus componentes e sobretudo para os fãs do trabalho.
Show no Teatro Piratininga de São Paulo, em 30 de abril de 1983, com operação de áudio de Pérsio (PA e monitor). Fotos: Seizi Ogawa. Produção de áudio e lay-out de capa em 2020: Kim Kehl. Um lançamento da Crossover Records. Coordenação geral: Luiz Domingues
Sobre a concepção da capa, contracapa e label do disco, o Kim Kehl optou pelo uso de uma foto ao vivo do próprio show, bem escolhida, embora no recorte a presença do Zé Luiz, atrás na bateria, ficou um pouco prejudicada, mas na contracapa isso ficou recompensado com uma foto individual dele, onde se vê bem o seu rosto. De resto, a concepção a seguir o padrão desses lançamentos "Bootlegs", a conter o logotipo da nossa banda de 1984 e o nosso nome em arco, com cor amarela.
Enquanto a pandemia do Covid-19 persistia, ao menos mais uma novidade da nossa banda já estava a aquecer no forno.
Continua...
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