Eu, Luiz Domingues", preparado para receber os leitores na minha noite de autógrafos dos meus primeiros quatro livros. 6 de maio de 2023. Acervo e cortesia: ICBR/Catia Bolívia. Click: Alexandre Chagas
Eu sempre gostei de muito de ler e concomitantemente a minha voracidade para ler jornais, revistas e sobretudo, livros, posso afirmar que gostava de ler antes mesmo de me alfabetizar, porquanto pedia para os adultos que me cercavam (principalmente a minha mãe), que lessem em voz alta tudo o que eu me interessava, para poder absorver o teor dos textos.
Daí foi natural que eu também nutrisse a vontade muito grande de escrever, o que veio a acorrer com voracidade eu diria, assim que iniciei o processo de alfabetização. Tanto foi assim, que ainda de forma muito rudimentar no trato às palavras, eu esbocei escrever um "livro", aos sete para oito anos de idade, para dar vazão à minha vontade de me expressar.
A maravilhosa coleção: "Trópico-Enciclopédia ilustrada em cores"
Claro que guardo com carinho o manuscrito que redigi no longínquo ano de 1968, ao escrever essa "obra" que chamar-se-ia: "O mundo em qualquer época", que de uma forma muito audaciosa e ao mesmo tempo absolutamente ingênua, haveria de ser na minha concepção infantil, um livro de história geral da humanidade, a refletir as influências que me impressionaram nesses primeiros anos de vida, isto é: os filmes, principalmente de origem norte-americana que eu via na TV, seriados com tal teor, como "O Túnel do Tempo", de Irwin Allen, a leitura da enciclopédia Barsa e sobretudo a coleção com o mesmo teor chamada: "Trópico - Enciclopédia Ilustrada em Cores", da editora Martins (licenciada pela editora Larousse da França), que eu ganhara de presente de aniversário em 1963, mas que só comecei a ler de fato, em 1968. Todavia, desde que ganhei a coleção e na mesma predisposição que eu mencionei acima, esperava avidamente a passagem do almoço familiar, todo dia, quando a minha mãe dedicava o início do período vespertino para ler as páginas dessa enciclopédia que me fascinava.
A singela capa da minha suposta primeira obra escrita em 1968, "O mundo em qualquer época", um pretenso livro de história geral da humanidade, ou sendo mais realista, uma ingênua, porém sincera forma de expressão da minha infância, a viver o início do processo de alfabetização e ao mesmo tempo a desejar desesperadamente me expressar nos mesmos moldes das obras cinematográficas e literárias que me impactavam
Na medida em que cresci e cheguei à adolescência, tive a convicção de que estudaria jornalismo e enveredaria para essa profissão, provavelmente a me dedicar às editorias de cultura, esportes ou política, que mais me interessavam e em paralelo, a escrever livros para fomentar uma possível carreira como escritor.
Só que aquele negócio da "tal" da música e do Rock mais em específico, também vinha a acontecer na minha vida, desde 1963, mas a ficar mais próximo da minha percepção após o ano de 1966 em diante e assim, no decorrer da década de setenta, ao entrar no período da adolescência, foi a vez do cabelo crescer e o mergulho profundo que eu dei, me levou de encontro a um outro mundo, embora, na prática, fosse o mesmo mundo, a englobar o espectro da cultura como um todo, é claro.
Enfim, entre 1970 e 1975, eu não deixei de gostar de escrever, ler e a viver a minha rotina como cinéfilo inveterado e nem mesmo deixei de ser um acompanhante assíduo das arquibancadas de estádios de futebol, no entanto, a verdade foi que o Rock me arrebatou e assim, de 1976 em diante esse foi o meu foco principal e salvo um poema que eu publiquei em um jornal de bairro em 1979, e uma matéria que escrevi para a revista "Rock Brigade" a pedido do editor-chefe dessa publicação, Toninho Pirani (em 1988), ocorreu que não dei vazão para esse meu lado de "escritor", obscurecido desde a tenra infância.
Eu, Luiz Domingues, na sala de ensaio d'A Chave do Sol, em janeiro de 1984. Click, acervo e cortesia: Fabio Rubinato
Nesse ínterim, de certa forma eu exerci a escrita quando sempre tomei a frente para escrever releases, históricos, curriculum e até documentos burocráticos para suprir a parte de textos, praticamente para todas as bandas das quais fui componente, além de escrever todo o texto para o fã-clube de uma delas, no caso, "A Chave do Sol", inclusive a manter um jornal informativo trimestral para ser enviado aos membros cadastrados desse clube de admiradores da nossa banda. Nesse mesmo sentido, no tempo do "Sidharta", outra banda que eu tive entre 1997 e 1999, eu participei de uma tentativa de editarmos um fanzine cultural que seria uma publicação para movimentar o ambiente pelo qual tencionávamos transitar, mas desta feita não prosperou tal intento.
Mais ou menos em 2009, eis que fui solicitado pelo guitarrista do "Pedra", banda pela qual eu atuava na ocasião, a escrever alguns textos com tema livre para serem publicados no Blog que a banda mantinha no ar, como uma novidade extra aos boletins de atividades específicas da banda que ali eram publicadas, mas ao se deparar com a minha completa vontade de não falar sobre música e abordar temas do cotidiano de uma forma livre, a minha participação não prosperou.
De uma forma muito tardia, mas não por alguma resistência da minha parte contra a tecnologia, todavia, por absoluta falta de oportunidade anterior, finalmente eu me conectei com a internet e mesmo a tatear o mais básico do básico da aprendizagem inicial do uso de um computador bem simples, pus-me a interagir imediatamente em diversas comunidades de meu interesse que existiam na extinta rede social Orkut, mesmo que aquele ambiente estivesse decadente em 2010, quando ali ingressei, graças a uma campanha difamatória insuflada exatamente com tal objetivo de degastá-la e esvaziá-la, ação sabotadora esta que fora supostamente orquestrada pela concorrência, no entanto, e foi algo que logo percebi nitidamente, com total anuência da própria rede vilipendiada, ou seja, tudo foi fruto de uma fonte única de manipulação.
Juma Durski, o blogueiro & Rocker que me deu a primeira chance de escrever oficialmente para um veículo de internet, no longínquo ano de 2011
Foi quando eu recebi o primeiro convite para escrever para um Blog, da parte de um abnegado Rocker da cidade de Campo Mourão, no estado do Paraná, que se chama: Juma Durski. Graças ao seu apoio, eu passei a lhe enviar textos quinzenais, inicialmente com temas díspares entre si, contudo, ele desejava algo mais direcionado ao Rock e ao mesmo tempo, me deu mais um impulso extraordinário ao me indicar blogs de amigos seus para eu enviar textos com outras temáticas, como por exemplo o Blog Pedro da Veiga, gerido pelo simpático senhor do mesmo nome, que mantinha o seu Blog sobre política com nítido viés conservador, mas ele nunca reclamou dos textos que lhe enviei com outra visão bem mais amena do que a dele.
Então eu passei a escrever resenhas de cinema, baseadas em filmes de Rock para o Blog do Juma e como a receptividade do público leitor foi muito acima da esperada nas redes sociais, ele me incentivou a tratar o tema com assiduidade e assim, quinzenalmente eu me esforcei para lançar uma nova resenha sobre um filme e claro, os primeiros que eu escolhi para analisar foram os que eu mantinha mais nítidos na minha memória afetiva.
Logo o Blog do Juma também se transformou em uma emissora de rádio web e ganhou uma boa notoriedade, e sendo assim, ele se entusiasmou com o sucesso da emissora e me forneceu o terceiro impulso de sua parte para me ajudar, ao abrir uma plataforma para eu criar o meu próprio Blog, no sentido de que não usaria mais o seu Blog para tal. E foi assim que em janeiro de 2012, coloquei no ar o meu primeiro Blog, "Blog do Luiz Domingues". Inicialmente, me dediquei a republicar todos os textos que eu havia escrito não só para o Blog do Juma e Blog Pedro da Veiga, mas também publicados em outros blogs que haviam me convidado ainda em 2010 e com intensificação forte no decorrer dos anos de 2011 e 2012.
Por exemplo, em paralelo ao Blog do Juma, eu já havia recebido o convite para escrever textos para uma revista eletrônica de cinema, denominada: "Cinema Paradiso", conduzida pela professora de cinema, Claudia Mogadouro, e eu ali fui introduzido graças a intervenção de uma amiga querida que também havia conhecido através da rede social Orkut, que me abordou inicialmente após ler uma resenha que eu publiquei sobre um filme brasileiro chamado: "Noite vazia", na comunidade específica do diretor dessa obra, Walter Hugo Khoury. Tal amiga se chama: Janete Palma e ela como cinéfila e esposa de um professor universitário de cinema, conhece como ninguém a obra desse cineasta e gostou da minha abordagem, embora o meu texto estivesse muito longe do rigor acadêmico e profundo da compreensão do cinema como o seu marido, o professor Renato Pucci mantém pela sua formação avantajada sobre o tema, porém, ainda assim ela gostou da minha escrita e me indicou para colaborar nessa revista sobre cinema.
Na mesma época, colaborei com um dos projetos do inquieto poeta e ativista cultural, Luiz Carlos Cichetto, o popular, "Barata" e assim escrevi para o Blog da emissora webradio que ele criara nessa ocasião, a "KFK".
Através do jovem jornalista esportivo, Thomas Lagôa, filho do baixista. Norton Lagôa (do grupo "Burmah", famosa banda de Blues-Rock setentista, brasileira e argentina), a minha paixão pelo futebol também ganhou vazão quando escrevi textos para o seu blog, "Futebol apaixonante" e com temas a envolver os bastidores desse esporte e não necessariamente sobre o jogo em si. Isso inclusive até surpreendeu o Thomas, pois ele me deu carta branca referente à pauta, mas é claro que esperava algo em torno da análise de um rodada ou de um jogo em específico.
O músico e blogueiro, Eduardo Sandoval, que me convidou para escrever em dois blogs seus: Planet Polêmica e "Rock Imortal"
Foi então que surgiu o convite de um músico e ativista cultural de Santa Catarina, chamado: Eduardo Sandoval, que usava o pseudônimo, "Brian Priest", nessa ocasião. Foi dessa maneira que eu passei a ser colunista do seu Blog denominado: "Planet Polêmica", que em princípio eu relutei para participar, pois a proposta da parte dele foi no sentido de que eu escrevesse textos provocativos para gerar polêmica, mas esse não é meu estilo, pacificador e diplomata por natureza que sou, ou seja, não é o meu estilo pessoal buscar confrontos e nesse sentido, eu tenho como norma de conduta jamais provocar ninguém, pois sou respeitoso ao extremo com a opinião adversa.
Mas nesse caso eu dei um jeito de escrever sobre temas fortes, mediante margem para a controvérsia, porém sem desrespeitar ninguém, e assim mantive uma atuação contundente e profícua nesse blog por vários anos. E também colaborei com outro blog do Eduardo, este mais direcionado ao Rock, chamado: "Rock Imortal".
Fernanda Valente, musicista, professora e blogueira que me convidou para escrever para o seu Blog: "Limonada Hippie"
Ainda em 2012, eu recebi o convite de uma jovem blogueira de Niterói-RJ, chamada: Fernanda Valente, que mantinha no ar um blog com forte inspiração sessenta-setentista, sob a alcunha de: "Limonada Hippie" e com o qual eu colaborei bastante, a escrever sobre contracultura, geralmente, e dessa forma a repercutir fatos do passado e do presente sobre tal tema. Dessa colaboração, eu tenho como um ponto de honra o fato de que o grande filósofo, Luiz Carlos Maciel, considerado como o "guru" da contracultura no Brasil, tenha lido um texto meu a falar ao seu respeito e ter gostado, pois se manifestou de forma pública a demonstrar o seu agrado pelo teor do meu texto.
Também abordei o tema da contracultura nos blogs Psychedelic Girl e Olhar Poético, além de tratar sobre assuntos gerais no Blog Bicho do Paraná (este também do Juma Durski).
Por um bom tempo eu mais usei o meu Blog próprio para republicar textos que estavam a ser publicados nesses diversos blogs nos quais eu atuava como colunista fixo ou com colaborações sazonais, e logo percebi que para fomentar melhor o meu próprio blog, também precisava criar textos inéditos nessa plataforma e assim comecei a criar textos especialmente concebidos para o meu blog, sem no entanto deixar de alimentar os blogs de outros amigos com a minha colaboração.
Mario Figueiredo Filho, o popular: "Marinho", que impulsionou a comunidade "Luiz Domingues" no Orkut e abriu campo para eu começar a escrever a minha autobiografia na música
Em 2011, um amigo querido de Lavras-MG, chamado: Mario Figueiredo Filho, popular "Marinho", abriu tópicos baseados em todas as bandas pelas quais eu atuei e atuava na ocasião, em uma comunidade que existia na rede social Orkut desde 2006, chamada: "Luiz Domingues", aberta por fãs e admiradores da minha carreira musical e que eu sabia que existia, mas somente passei a interagir diretamente com os meus admiradores em 2010.
Esse foi o estopim para eu começar a escrever a minha autobiografia na música, pois em cada tópico ali aberto pelo Marinho, eu respondia as perguntas que ele formulava a respeito daquele trabalho em específico e nesse esforço de memória que tive que fazer, passei a escrever o longo texto que compõe o meu livro: "Quatro Décadas de Rock", que eu finalizei em 2015, e que se encontra inteiramente publicado nos meus blogs 2 e 3 e aguarda apenas um tempo a mais para ser publicado de forma tradicional, mediante livro impresso.
E foi por conta desse texto que já se fazia enorme nessa época, escrito como rascunho inicial a usar a plataforma dessa comunidade do Orkut, que em abril de 2012, eu lancei o meu Blog número dois, para dar vazão ao que eu já tinha escrito da minha autobiografia e prosseguir rumo à finalização do texto. Concomitantemente, ao pensar na função de um segundo blog, eu também pensei em dar espaço para textos alternativos de minha autoria que não caberiam no meu Blog número um, como crônicas, contos e até poemas, além de uma outra vertente que abracei, ao investir nas entrevistas de personalidades da cultura em geral e também, ao convidar outros autores para colaborar, na contramão de que eu sempre usei o espaço generoso de muitos blogueiros que me convidaram para atuar nos seus blogs e sites.
E assim, o poeta e meu amigo de velha data, Julio Revoredo, autor de letras para três bandas que eu tive ao logo da minha carreira musical (A Chave do Sol, Sidharta e Patrulha do Espaço), ali esteve atuante como colunista meu por muitos anos, além do escritor, Marcelino Rodriguez e as cronistas espiritualistas, Telma Jábali Barretto e Tereza Abranches, além de participações sazonais de Luiz Cichetto, Juma Durski, Eduardo Sandoval e Fernanda Valente.
Nesse blog dois (Blog do Luiz Domingues 2), eu decidi usar a partir do texto que eu já havia escrito no Orkut, uma formatação da minha autobiografia dividida em micro-capítulos, ou seja, como se fossem micro crônicas, eu pude tornar a leitura muito leve, rápida e muita gente acompanhou e ainda acompanha o texto por esse blog, com atualizações constantes, mediante uma rígida organização numerada que lhes permite ler o texto continuado sem confusão alguma, a lhes bastar seguir a ordem e procurar no arquivo do Blog.
Eis que surgiram oportunidades maiores, quando a partir de 2013, fui convidado a escrever para o Blog Junk Box do saudoso jornalista, Dum de Lucca, da revista Dynamite. Ali ele mantinha uma audiência gigantesca, assim como o Luiz Cichetto que me convidou para escrever para uma revista impressa, a "Gatos & Alfaces" que acabara de lançar. Nessa mesma dinâmica, eis que surgiu a seguir o convite para outra revista impressa, a "Bass Player" e embora eu nunca tenha sido fã de revistas para músicos baseadas em pautas sobre técnica, equipamentos e afins, propus uma linha de atuação mais a ver com o meu gosto, a falar sobre a vida e obra de baixistas do Rock Brasileiro sessenta-setentistas e por incrível que pareça, a pauta agradou a cúpula editorial da revista e também aos seus leitores, pois eu mantive essa temática por quase dois anos, em uma ambiente tem como público alvo um nicho de músicos e aspirantes a músicos, majoritariamente, e que tende a valorizar mais os músicos virtuoses oriundos da vertente do Jazz-Fusion ou do Hard-Heavy virtuosístico pós-anos 1980. Fui parar na editoria da revista Bass Player por conta da generosidade de grandes músicos e amigos meus, Fernando Tavares e Milton Medusa.
Nessa mesma época, eu senti a necessidade de criar um terceiro blog próprio, a abranger todo o texto da minha autobiografia, já no formato preparado para o livro impresso, ou seja, a juntar diversos micro capítulos publicados anteriormente no meu Blog 2, para formatar capítulos longos com uma linha narrativa coerente ao desenvolvimento da abordagem histórica e neste caso a formatar o texto para o padrão de um livro impresso. E a aproveitar o ensejo, para armazenar todo o material da carreira a envolver, fotos, portfólio, documentos, vídeos, áudio de todos os discos e demo tapes gravados, fotos de objetos de "memorabilia" e material em geral, ou seja a tornar o Blog do Luiz Domingues 3, o meu museu virtual da carreira musical.
Eu, Luiz Domingues, a atuar com Kim Kehl & Os Kurandeiros em 2018. Click, acervo e cortesia: Marcos Kishi
Nessa altura, os textos complementares da minha carreira após abril de 2016, também passaram a formatar um segundo livro autobiográfico, denominado: "Mais Rock depois dos quarenta" e as inúmeras crônicas que eu publiquei no meu Blog 2, a narrar casos não contidos nos livros "Quatro décadas de Rock" e "Mais Rock depois dos quarenta", se avolumaram ao ponto de me deixar claro que eu já tinha mais um livro pronto em mãos, que receberia o nome de "Crônicas da autobiografia".
Concomitantemente, o texto do segundo livro autobiográfico, "Mais Rock depois dos quarenta", também ficou enorme e assim, abriu campo para que de um determinado ponto em diante, eu separasse a continuação da narrativa de carreira para formatar um terceiro livro, chamado: "Rock no fim do Mundo".
Em paralelo, também escrevi contos e crônicas livres, sem conotação alguma com a minha autobiografia e daí saiu a essência para finalizar o livro: "Humanos Pitorescos", que foi publicado em 2023.
Assim como há também já em curso, uma boa quantidade de textos criados sob uma linha de crônicas que escrevi sobre o tema da percepção inicial da vida sob o ponto de vista do bebê recém-nascido e absorto naquela confusão mental que o norteia em seus primeiros meses de vida, em contraponto à visão dele mesmo como adulto ao relembrar tais sensações pelo ponto de vista positivo e negativo de tais percepções. Esse projeto ainda está em fase de elaboração, mas possivelmente também culminará em um livro impresso.
Esboço feito por Cesar Benatti e Sérgio Rocha por volta de 2017, para o que seria a capa do meu livro: "Quatro Décadas de Rock", no qual eles trabalharam para me ajudar em termos de diagramação
Bem, foi por volta de 2016, que eu fui abordado por um profissional da editoração de livros e revistas (Cesar Benatti), que também era admirador da minha obra musical, e ele, ao saber da existência do meu texto autobiográfico inicial (o livro: "Quatro Décadas de Rock" compreende a minha carreira de seu ponto inicial, em abril de 1976, até abril de 2016, ou seja a delimitar a marca de quatro décadas preconizada pelo seu título), ele se prontificou a prover a diagramação e mais do que isso, agregar uma colega sua, bem experiente também, para fazer a revisão gramatical e melhor ainda, César me disse que conhecia algumas editoras que possivelmente publicariam a obra de forma gratuita, graças aos seus bons contatos no ramo e que eu teria que arcar com pequenas despesas de praxe. O serviço dele seria feito de forma gratuita, pela amizade e apreço à minha pessoa e obra musical.
Foi nessa fase que eu verdadeiramente me senti um escritor, pois nem mesmo o fato que nessa altura os meus textos espalhados nos meus três blogs e muitos nos Blogs, sites e revistas impressas com as quais colaborava desde 2010, me garantiam tal sensação sedimentada, pois tal como uma banda de Rock pode realizar centenas de shows, mas se não gravou um disco sequer com a sua música autoral, permaneça com a sensação de que não se realizou inteiramente (embora muitos colegas pensem o contrário, como músicos de baile ou bandas cover de reprodução do trabalho de artistas consagrados e claro que os respeito muito por isso). Porém, na minha ótica pessoal, se eu tivesse chegado até aqui, 2023, sem ter gravado sequer um álbum de música autoral, eu não me sentiria realizado.
"Still" do documentário: "Onde está a música" (produção de Ronaldo Estevam e Renata Corrêa), do qual participei com um depoimento.
Em suma, eu precisava lançar um livro impresso para me sentir verdadeiramente um escritor e sem que nesse caso viesse a importar se a obra não atingisse a notoriedade popular para me elevar nesse sentido de uma consagração pública e notória.
Mas o tempo passou e as reuniões que eu realizei com esse rapaz, nunca passaram das especulações sobre editoras que eu gostaria de abordar e conversas sobre diagramação que ele travou com um outro rapaz que se agregou para colaborar no meu projeto. Da parte desse segundo rapaz (Sérgio Rocha, que também é um bom músico, além de profissional da editoração), houve um avanço até, pois ele chegou a preparar uma diagramação bonita do trabalho, para o formato "e-book", mas como a parte do livro impresso diagramado não avançou com o outro rapaz, o projeto foi abandonado.
Além do mais, por ser um texto autobiográfico, a quantidade de pessoas que eu citei, ficou enorme e em muitos casos, eu precisei repensar a forma como abordar certas situações e sobretudo, como citar seus nomes nesse aspecto, sem que houvesse margem para que alguém citado tivesse a interpretação errônea e assim se sentisse ofendido com certas colocações. Por outro lado, simplesmente omitir certas passagens mais espinhosas para não melindrar ninguém citado, seria contraproducente para a inteligibilidade da obra, pois mediante um corte desse porte, várias situações ficariam confusas para a compreensão do leitor.
Portanto, o texto que já era gigantesco por natureza, me gerou trabalho extra, pois perdi meses de trabalho duro, com dias de até 16 horas gastas atrás do monitor de um computador, a reformular o texto, além de aproveitar para colocar inserções extras na medida em que sempre fui a me lembrar de fatos não narrados anteriormente, ou nas citações, ao descobrir o nome completo de certas pessoas ou a citar datas e acontecimentos com maior precisão, mediante descobertas novas que se revelaram na minha pesquisa.
Nesse sentido, tive a colaboração de muitos colegas de ex-bandas, e de certos colaboradores tais como Chris Skepis, Deca, Jason Machado, Rubens Gióia, José Luiz Dinola, Beto Cruz, Laert Sarrumor, Aru Junior, Edmundo Gusso, Rodrigo Hid, Adelaide Giantomaso e Pollyana Alves, entre outros, que me relembraram fatos que eu havia esquecido ou me forneceram dados e datas precisas para eu citar com maior complexidade acrescida ao texto.
Em outubro de 2015 com o saudoso amigo, Ciro Pessoa, em meio à sua noite de autógrafos e solenidade essa que gerou uma apresentação, quando subimos juntos ao palco do Café Delirium de São Paulo para realizarmos o show da nossa banda. Acervo e cortesia: Herdeiros de Ciro Pessoa. Click: Isabela Johansen
Então, eis que o meu saudoso amigo, Ciro Pessoa, lançou finalmente o seu livro ("Relatos da Existência Caótica"), e eu participei da sua noite de autógrafos, pois a nossa banda "Nu descendo a escada" fez o show no mesmo espaço dessa celebração literária. Mais ou menos na mesma época, um outro amigo músico, Walter Possibom, também lançou um livro de romance: "Um Brilho nas Sombras" e logo a seguir, mais um amigo músico (Áureo Alessandri), lançou: "Conspiração Andron", um romance com teor Sci-fi em clima de guerra fria. Li os três, prestigiei os seus respectivos lançamentos e os resenhei no meu Blog 1. Isso sem contar que o músico e ativista cultural, Antonio Celso Barbieri, também lançara na mesma época a sua obra: "O Livro negro do Rock".
E claro que ao ver amigos próximos, todos ligados na música e também a escrever e lançar livros, tal precipitação resultou que tal iniciativa da parte deles viesse a me motivar no sentido de que tal coincidência culminasse na obviedade de que eu me sentisse ainda mais estimulado a lançar enfim a minha autobiografia.
No entanto, após a frustrada experiência adquirida com os rapazes que haviam se prontificado a me ajudar em 2016/2017, eu decidi repensar o projeto, pois eles haviam me advertido na ocasião que o meu texto era gigantesco e seria impossível ser acomodado em um tomo apenas. Foi sugerido dividi-lo em dois ou três volumes e mesmo assim, seriam livros com bem mais de quinhentas páginas cada um, a tornar tudo muito caro e inviável para o leitor padrão.
Continua...
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