Então chegou o grande dia, quando faríamos o derradeiro ensaio geral com vistas à preparação para entrarmos em estúdio para gravar a canção: "1969". Um dia antes, 6 de maio, eu havia tido uma experiência sem igual, quando realizei finalmente a noite de autógrafos dos meus livros e também havia realizado um show memorável com Os Kurandeiros, durante o mesmo evento.
Durante a minha noite de autógrafos e show d'Os Kurandeiros no Instituto Cultural Bolívia Rock, três quartos do Boca do Céu versão 2023, reunidos: Laert Sarrumor, eu (Luiz Domingues) e Osvaldo Vicino. 6 de maio de 2023. Click, acervo e cortesia: Marcos Kishi
Como se não bastasse a noite plena de alegrias que eu tivera, tal acontecimento teve repercussão para o Boca do Céu, pois Laert Sarrumor e Osvaldo Vicino compareceram ao evento, se divertiram muito, se emocionaram e tiveram surpresas ali no ambiente do Instituto Cultural Bolívia Rock, o ICBR, aonde ocorreu o evento, pois algumas pessoas comentaram abertamente estarem a par do trabalho de resgate do Boca do Céu, no sentido de que eram leitoras dos meus blogs e a história desse resgate até esse ponto já estava disponibilizada para a leitura pública.
E foi com esse aporte emocional que nos encontramos no dia 7 de maio, domingo, novamente nas dependências do estúdio Red Star de São Paulo para trabalharmos com o apronto que seria o final antes de entrarmos diretamente no trabalho de gravação.
A banda a se preparar para ensaiar. Abaixado, no canto esquerdo: o fotógrafo e cinegrafista, Moacir Barbosa de Lima (Moah). Em pé (de costas), Osvaldo Vicino, com Wilton Rentero à frente, além do rapaz, funcionário do estúdio, a atendê-los. No canto direito, só por detalhes, Laert Sarrumor. Boca do Céu no estúdio Red Star de São Paulo. 7 de maio 2023. Click e acervo: Luiz Domingues
Wilton Rentero já havia proposto (e concretizou tal ação, com a nossa total aprovação), que nós pudéssemos contar com a presença de um amigo seu que era fotógrafo, cinegrafista e também grande apreciador de música vintage e colecionador de discos para registrar o ensaio, na presença de Moacir Barbosa de Lima, popular "Moah", e daí saiu uma boa quantidade de fotos ótimas e dois clips com excelente fotografia, a denotar que esse rapaz era mesmo do ramo. Discreto, porém extremamente gentil e eficaz, Moah deu o seu ótimo recado da melhor forma possível, ou seja, a nos entregar um belo material para enriquecer a nossa história.
Flagrantes do ensaio do Boca do Céu no dia 7 de maio de 2023 no estúdio Red Star de São Paulo. Foto 1: Wilton Rentero em destaque, com Osvaldo Vicino (encoberto) e eu (Luiz Domingues), atrás. Foto 2: Osvaldo Vicino. Foto 3: O nosso convidado especial, Carlinhos Machado à bateria. Foto 4: Laert Sarrumor e Wilton Rentero. Clicks, acervo e cortesia: Moacir Barbosa de Lima (Moah)
Com um objetivo único para esse apontamento, ficou perfeito para focarmos na preparação da canção, mas houve um senão para quebrar o protocolo, quando ainda na véspera, o Laert Sarrumor solicitou-nos a atenção para reivindicar uma modificação no mapa da música, exatamente para incluir um possível solo de piano, pois na sua avaliação, o solo de guitarra ficara curto. Bem, toda sugestão é bem-vinda na minha avaliação, e passível de ocorrer até no ambiente de um estúdio de gravação, em tese. No entanto, foi algo assustador no sentido de que a preparação estava frágil na minha avaliação, pois como é sabido dos leitores da minha autobiografia, eu sempre gravei discos com preparação férrea da parte da banda e neste caso, chegáramos a um único ensaio prévio com o baterista convidado, e neste momento, com um ensaio geral apenas com a banda completa em sua base primordial para chegarmos a uma situação de gravação.
Isso tudo além de acrescentar que lidávamos com um caso excepcional, no sentido de que Osvaldo e Wilton não detinham experiência de estúdio acumulada e assim, na contramão do que tivemos na prática, foi algo na contramão da necessidade de ensaiarmos muito mais, como uma obrigação premente na minha ótica, a dar conta sobre como funciona um trabalho de pré-produção adequado para se gravar em estúdio.
Bem, tirante a situação limítrofe da produção em si, a ideia, sob o ponto de vista da criação artística, e sobretudo pela intenção da parte do Laert, foi válida e assim, antes de iniciarmos a tocar, perdemos cerca de quarenta minutos para ajeitar uma situação na qual esse espaço de solo fosse acrescentado e sobretudo, mediante uma variante na harmonia para que não se tornasse algo redundante no arranjo, ao simplesmente se reservar o espaço a se utilizar o surrado clichê do uso de um pedaço da harmonia das partes cantadas a mais, como repetição pura e simples.
Na sequência de fotos: Osvaldo Vicino, eu (Luiz Domingues), Laert Sarrumor, o convidado especial, Carlinhos Machado e Wilton Rentero. Boca do Céu no estúdio Red Star de São Paulo. 7 de maio de 2023. Clicks, acervo e cortesia: Moacir Barbosa de Lima (Moah)
Acertada essa parte nova acrescentada no mapa da canção, passamos efetivamente ao ensaio de polimento da canção e a intenção da nossa parte foi mantermos o andamento em torno de "62 bpm" batidas por minuto a caracterizar um padrão de velocidade do metrônomo em torno da figura rítmica de uma nota com valor de "semínima"), algo resolvido de comum acordo, a seguirmos a ideia advinda do Laert, para que a canção fosse conduzida mais como um blues e não Soul Music, e ao ir além, a delinear que o crescimento previsto da intensidade no refrão duplo estipulado para a parte final, não significasse aceleração, e neste caso, é claro, isso já era ponto pacífico.
Bem, tocar ao vivo, mesmo a tomar cuidado para não acelerar o andamento é uma missão inglória e assim, nos vídeos que temos de ensaio ficou claro que se a intenção foi tocar nesse patamar mais lento, na prática, ficamos entre 66 e 68 bpm, no mínimo e de fato, era muito difícil controlar o andamento, principalmente na parte final, e com o Laert a cantar e interpretar, ao impor o elemento da emoção na sua performance, ou seja, realmente a tendência foi essa.
Na ordem das fotos: Wilton Rentero, eu (Luiz Domingues), Osvaldo Vicino e Laert Sarrumor (com o convidado especial, Carlinhos Machado, ao fundo, na bateria). Boca do Céu no estúdio Red Star de São Paulo, 7 de maio de 2023. Clicks, acervo e cortesia: Moacir Barbosa de Lima (Moah)
Fora dessa questão e a se levar em conta a parte nova acrescentada de última hora, fechamos ensaio com a música enfim estruturada e mediante a voz do Laert para não apenas cantar a melodia de forma correta, quanto interpretar com desenvoltura, finalmente tivemos uma versão de ensaio, elétrica e mediante bateria, com a música completa e só a deixar em branco o novo espaço para solo de piano em aberto, porém, se visto pela praticidade, a se revelar como uma guia segura para que o nosso convidado, Rodrigo Hid, pudesse gravar o solo imaginado pelo Laert, quando fosse registrar a sua participação na gravação.
A se levar a ferro e fogo a maneira pela qual eu estava acostumado a gravar discos, um único ensaio geral preparatório se mostrara absolutamente insuficiente, entretanto, diante das circunstâncias, foi a melhor maneira que encontramos, dada a dificuldade de agenda para reunir todos os envolvidos para fazer parte do núcleo duro a prover a base da gravação. Portanto, cônscio dessa dificuldade estrutural, aceitei com resiliência a situação adversa.
Na ordem das fotos acima: Laert Sarrumor a se pronunciar, com a minha presença (Luiz Domingues) a prestar atenção na sua explanação e Wilton Rentero também a interagir. Na foto 2, O nosso convidado, Carlinhos Machado. Foto 3: Laert Sarrumor. Foto 4: Osvaldo Vicino. Foto 5: Eu (Luiz Domingues) e na foto 6: Wilton Rentero. Boca do Céu no estúdio Red Star de São Paulo. 7 de maio de 2023. Clicks, acervo e cortesia: Moacir Barbosa de Lima (Moah)
Pelo lado mais emocional, nem essa preocupante falta de um melhor apuro mais adequado tirou a minha felicidade por ver a banda chegar nesse ponto tão perto da realização de algo que se tornara impossível nos anos setenta, portanto, que momento incrível para aproveitar ao máximo, assim eu regozijei e repercuti com os meus colegas!
Inacreditável pelo fato em si de algo que agora se mostrara palpável, mas sobretudo pela realização do que foi sonhado nos idos dos anos setenta mas que era impossível na época, eis que ao término do ensaio do dia 7 de maio, tivemos a perspectiva concreta de entrarmos no estúdio Prismathias do ótimo, Danilo Gomes Santos, em quinze dias para dar início a essa grande realização para a nossa banda e história.
Eis o link para ver no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=FZpYJxtJZh0
Uma outra versão da canção "1969". Estúdio Red Star de São Paulo. 7 de maio de 2023.Eis o link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=_arGK0YJOIU
Eis o link para ver no YouTube:
https://youtu.be/ZFGi1btHxyQ
Eis o link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=vVGnpinv-dk&list=PL3-MvRpDYtfGdr-qnn_sJSlpbAyHRf5OE&index=86
Eis o link para ver no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=QOao4767kYs&list=PL3-MvRpDYtfGdr-qnn_sJSlpbAyHRf5OE&index=86
No saguão de convivência do estúdio Red Star de São Paulo, após o ensaio realizado em 7 de maio de 2023. Da esquerda para a direita: O nosso convidado especial, Carlinhos Machado, Osvaldo Vicino, Wilton Rentero e eu, Luiz Domingues. Boca do Céu no ensaio preparatório para a gravação da música "1969". Click, acervo e cortesia: Moacir Barbosa de Lima (Moah)
Enfim chegamos nesse ponto crucial da concretização do projeto do resgate e felizes, apenas nos concentramos para o início do processo de gravação oficial da música: "1969".
Continua...
Nenhum comentário:
Postar um comentário