Então, o Terra no Asfalto foi cumprir a segunda data agendada para a Escola Cultura Inglesa, na unidade localizada na cidade de Campinas / SP. Esse show ocorreu no dia 9 de maio de 1980. O time foi o mesmo do primeiro show realizado nessa mesma escola de idiomas, em abril, no seu teatro próprio, no bairro de Higienópolis, na zona oeste de São Paulo, com o acréscimo do amigo, Edmundo, que tocou percussão, em Campinas.
A unidade da Cultura Inglesa, ficava nessa rua, retratada na foto acima, no bairro do Cambuí, em Campinas / SP
Assim que chegamos à unidade da Cultura Inglesa, no bonito bairro do Cambuí, em Campinas, descobrimos o por quê daquele show não ter sido cancelado como os demais : tratava-se de uma unidade instalada em um sobrado outrora residencial, agora adaptado como escola, portanto, tocaríamos de uma forma improvisada em um pequeno salão que devia ser um antigo, "Living Room" do imóvel, sem iluminação, e com um modesto P.A, adequado apenas para uma apresentação em bar de pequeno porte, como por exemplo, um Pub de pequeno porte. Dessa forma, a tocar sem glamour algum, sob um volume muito baixo; espremidos em um espaço reduzido (e sem palco minimamente adequado, nem mesmo com estrutura de eletricidade adequada), foi uma apresentação comedida, exatamente como os pedagogos esperavam, ou seja, uma aula e não um show, com os alunos em silêncio, e sentados no chão, a limitar-se a ler as letras das músicas sob um impresso preparado pela escola. Foi um anticlímax, a contrapor-se ao show de São Paulo, sem dúvida. Mas a encararmos a realidade, éramos apenas uma banda cover, e essa fora de fato, a nossa sina.
Sem Tato Fischer, doravante, voltamos ao formato como quinteto, e fizemos mais dois shows no bar Opção. O primeiro, aconteceu no dia 11 de maio de 1980, e foi o penúltimo show do Terra no Asfalto, com a presença de 30 pessoas, aproximadamente. E no dia 18 de maio de 1980, o realizamos enfim, o último show dessa fase da banda, com o mesmo público presente, com 30 pessoas, mais ou menos. A banda com essa formação não foi feliz em seus planos de expansão, tampouco continuidade, apesar da efêmera euforia gerada pelo show no Cultura Inglesa de Higienópolis. Sentimos muito a falta do Fernando Mu, e a despeito do Luis Bola ser um bom baterista, o Cido Trindade tinha mais a ver com a banda, sem dúvida.
Outro fator que atrapalhou os planos da banda, foi o cancelamento de diversos shows nas unidades da escola de inglês, Cultura Inglesa. Com isso, ficamos sem agenda, e o Paulo Eugênio iria demorar para reestruturar uma retomada dos contatos nas casas noturnas. Além disso, eu estava a ingressar em uma fase onde realizaria shows e participações em festivais com o embrião do Língua de Trapo (assunto comentado com detalhes no respectivo capítulo dessa banda), e diversos trabalhos avulsos (comentado nesse capítulo em específico, também).
Continua...
Neste meu segundo Blog, convido amigos para escrever; publico material alternativo de minha autoria, e não publicado em meu Blog 1, além de estar a publicar sob um formato em micro capítulos, o texto de minha autobiografia na música, inclusive com atualizações que não constam no livro oficial. E também anuncio as minhas atividades musicais mais recentes.
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quarta-feira, 24 de abril de 2013
domingo, 2 de dezembro de 2012
Autobiografia na Música - Trabalhos Avulsos (Cínthia) - Capítulo 16 - Por Luiz Domingues
O dono do salão, desesperado por ver o clima tenso com a saída repentina da cantora, e o publico enlouquecido, pediu-nos para tocar qualquer coisa, na esperança do ânimo acalmar-se. O Gereba, mesmo bêbado, foi esperto e iniciou o riff da música, "I'm Goin' Home", do Ten Years After, que ele tocava à perfeição. Ele começou o solo, e eu e o Luis Bola fomos juntos, sem pestanejar.
Temíamos que um Rock naquele lugar, e com aquele público, pudesse até piorar as coisas, mas os rapazes enlouqueceram completamente !
E aí fomos a emendar Beatles; Led Zeppelin; Grand Funk, enfim, tudo o que eu e o Gereba tocávamos normalmente no Terra no Asfalto, incluso Novos Baianos, especialidade dele, Gereba, e salvamos a noite. Ao final, o empresário veio pagar-nos, e nessa altura, já havia esquecido todo o mal-estar, e nesses termos, disse-nos que a cantora era temperamental, mas que chamar-nos-ia outras vezes etc e tal.
E para ficar mais engraçado ainda : o dono do salão estava eufórico, ao dizer-nos que contratar-nos-ia para uma apresentação solo, pois fomos considerados a "melhor banda que já tocara ali"...
Bem, ao considerar-se o nível de músicos que ali tocavam regularmente, acho que ele teve razão em sua afirmativa. E para agradar-nos, ofereceu-nos comida e mais bebidas. Nesse instante, o Gereba enlouqueceu de vez, e algo mais bizarro aconteceria !
Mas o Gereba, bêbado como encontrava-se, resolveu aceitar a "gentil oferta", e ficou com as três moças, com padrão de beleza aprovadas pelo dono do salão, digamos assim...
Dessa forma transcorreu meu segundo trabalho paralelo, realizado no dia 22 de abril de 1980, em um salão cujo nome não recordo-me e infelizmente não anotei, perante um público com aproximadamente quinhentas pessoas presentes. Nunca mais acompanhamos a Cínthia, depois dessa noite. Essa história foi mesmo sui generis.
Ela mataria o Gereba, a esganá-lo, se pudesse. Não sei o que foi pior : se o fato dele ter ficado bêbado e assim errar demais a harmonia das músicas e derrubá-la no seu show, perante o seu público; ou se pela paquera de baixo nível que perpetrou para cima da cantora...
E sem dúvida, uma coisa que abomino como músico : tocar com bêbados ou Junkies. Essa história do Gereba não foi a primeira em que passei vergonha por conta de irresponsáveis que não controlam seus instintos antes dos shows e sobem ao palco, fora de si. Em relação à pressão do público, é verdade... os soldados só queriam divertir-se. E quanto às promessas do dono do salão, nunca retornamos, ali, de fato. Não teria o menor cabimento agendar show em uma espelunca obscura daquelas, com aquela ambientação brega de baixo nível. Por fim, recusar as "beldades" ali presentes foi uma questão de sobrevivência...
Tocamos por uns 45 minutos, talvez um pouco mais, depois que o show da Cínthia, encerrou-se, prematuramente. Voltamos rapidamente para São Paulo com os instrumentos e equipamentos, eu, Luis Bola e o motorista da Kombi. O Gereba permaneceu no salão periférico, por sua conta. Acreditávamos que quando ele acordasse, submetido a uma ressaca, e com aquelas mulheres ao seu redor, teria um sentimento forte de arrependimento pelas más escolhas feitas sem conscîencia alguma na noite anterior. E como agravante, ainda estar em algum lugar de Carapicuíba, longe, mas muito longe de sua casa. Deveria usar dois ou três ônibus para voltar para a sua casa. Mas a história ficou ainda mais hilária se eu contar para você, leitor, que ele apareceu no dia seguinte, e feliz da vida. Ele apreciou a noitada e não demonstrou arrepender-se, de forma alguma.
Não houve nenhuma brincadeira entre nós, pois o Gereba era um sujeito muito simples. Ele certamente não entenderia o teor de nossas brincadeiras, e poderia até ofender-se com as nossas observações, enfim... e diante desse desfecho, convenci-me de que tem gosto para tudo neste mundo...
Para ilustrar essa história, achei um blog que tem uma matéria com a Cínthia. Ela tornou-se radialista, há muitos anos.
http://webcache.googleusercontent.com/se
Encerrada essa etapa, no próximo capítulo de meus relatos sobre os "Trabalhos Avulsos", que realizei, vou narrar uma passagem ainda mais hilária do que essa aventura brega, vivida em um salão de periferia.
Continua...
sábado, 1 de dezembro de 2012
Autobiografia na Música - Trabalhos Avulsos (Cínthia) - Capítulo 15 - Por Luiz Domingues
Eu e o Luis Bola com visual de Rockers, aquela Tama imensa...
Mas tudo dissipou-se quando a Cínthia entrou em cena, com uma roupa provocante, e trejeitos ao estilo da Gretchen, a enlouquecer os soldados, que urravam com aquela lascividade ali expressa.
Tocamos uma; duas; tocamos a canção das Frenéticas e daí, subitamente, o Gereba começou a errar a harmonia das músicas.
Quando percebemos, ele já estava completamente bêbado, e na sua loucura, passou a flertar abertamente com a cantora, que pôs-se a ficar nervosa. Ela anunciava a próxima música e o Gereba, transtornado, virava-se em minha direção e perguntava-me : -"como é mesmo essa aí ?
O show arruinou-se, com vários erros crassos, e ela só a fulminar o o Gereba com seus olhares carregados com ódio, por estar envergonhada pelos seus erros de harmonia, na guitarra.
Ele por sua vez, bêbado e lânguido com ela, interpretava seus olhares raivosos, como correspondência aos seus anseios... Foi hilário, mas trágico na hora, é claro ! Lembro-me dela a tentar disfarçar o mal estar, quando falou com o seu público, mas este por sua vez também estava embriagado, e na prática, aqueles soldados só queriam saber do corpo dela...
Então ela virava-se para o Gereba, após anunciar a próxima música e dizia : -"maestro, vamos"... e ele respondia-lhe com gracejos...
O clima tornou-se insuportável, e a faltar ainda duas músicas para o encerramento, ela decidiu acabar, ao despedir-se do público, e a sair furiosa do palco, ao xingar o Gereba. No meio daquela balbúrdia, com mais de quinhentos soldados a urrar, ainda assim conseguíamos ouvir seus gritos no camarim, a exigir que o seu empresário não pagasse-nos etc e tal.
Não tiro a razão dela, pois o Gereba agiu muito mal ao embriagar-se e pior ainda por ser inconveniente com ela, mas na verdade, estava tudo errado, desde o começo, pois aquele esquema amadorístico em de tirar músicas ao meio dia, para tocar a meia noite, por mais simples que fossem, fora lamentável. Mas aí aconteceu algo muito insólito, que salvou a nossa noite... como se estivesse por adivinhar, o Luis Bola acabou por divertir-se, enfim...
Continua...
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